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Comparação dos níveis de depressão entre 

sedentários e praticantes de ciclismo indoor

Comparación de los niveles de depresión entre sedentarios y practicantes de ciclismo indoor

Comparison of the depression level between sedentary and practitioners of indoor cycling

 

*Instituto Brasileiro de Educação e Saúde – IBES

Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde – SESPA

Faculdade Ideal. Grupo de Estudos em Fisiologia, Saúde e Treinamento Desportivo – GEFIST

**Clinica Antonios

Grupo de Estudos em Promoção à Saúde - GEPS

Rafael André de Araújo*

Rodrigo Alves França**

grupodeestudosps@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O termo depressão pode significar um sintoma que faz parte de inúmeros distúrbios, mas o estudo se foca na doença depressão. Esta doença que afeta muitas pessoas ao longo da vida e possui sintomas como o humor deprimido, a perda de interesse por atividades normais, diminuição do apetite e da concentração, cansaço, alterações no sono e nas funções cognitivas entre outros podendo ate chegar a problemas psicomotores. Ela afeta mais mulheres que homens. Ela causa alterações neurológicas agindo sobre neurotransmissores como a norepinefrina e a serotonina. Este trabalho tem por objetivo comparar os níveis de depressão entre sedentários e praticantes de ciclismo indoor. Foram avaliados 34 indivíduos com idade entre 15 e 41, divididos em dois grupos: sedentários n=16 com idade 24,75 ± 5,27 anos e praticantes de ciclismo indoor n=18 com idade 24,33 ± 6,60 anos. Na avaliação as medias de depressão encontradas foram de 9,56 ± 6,30 para sedentários e 8,22 ± 6,40 para praticantes de ciclismo indoor não observando diferença significativa entre os grupos.

          Unitermos: Ciclismo indoor. Depressão. Serotonina (5HT). Triptofano (Trp).

 

Abstract

          The term depression can signify a symptom of many others emotional disturbances but this study focus on the disease named depression. This disease affects many persons in life time and may have many symptoms like the depressed humor, interest loss for normal activities, decreased appetite, redused mental concentration, chronic tiredness, sleep disturbance, cognitive alterations and others, it may cause psicomotor problems. It affects more the female then the male subjects. This illness cause neurological problems altering neurotransmitters like serotonin and norepinephrine. This article have the objective of compare the depression level between sedentary persons and practitioners of indoor cycling. Was evaluated 34 individuals with the age between 15 and 41, and they were divided in two groups: sedentary n=16 age 24,75 ± 5,27 years and the indoor cycling practitioners n=18 age 24,33 ± 6,60 years. At evaluation the averages of depression found were of 9,56 ± 6,30 for sedentary and 8,22 ± 6,40 for the indoor cycling practitioners not observing significant difference between the groups.

          Keywords: Indoor cyclism. Depression. Serotonin (5HT). Tryptophan (Trp).

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A depressão é uma doença que possui vários sintomas e pode ser causada por inúmeros fatores. Lopes (2001) cita que a palavra depressão vem do latim deprimere (de=baixo e primere=pressionar), que literalmente significa abaixamento do nível, causado por peso e pressão. O termo depressão, na linguagem corrente, tem sido empregado para designar tanto um estado afetivo corriqueiro como a tristeza, quanto um sintoma, síndrome ou doença. As características típicas dos estados depressivos são a proeminência dos sentimentos de tristeza ou vazio, a redução da capacidade de experimentar prazer nas atividades em geral e a inibição do interesse por ambientes externos. Freqüentemente associa-se à sensação de fadiga ou perda de energia, caracterizada pela queixa de cansaço exagerado (DEL PORTO, 1999).

    Estudo realizado nos EUA afirma que a prática sistemática de exercício físico esta associada à ausência ou redução dos sintomas depressivos e de ansiedade. Mesmo em indivíduos diagnosticados como depressivos, o exercício físico tem se mostrado eficaz na redução dos sintomas associados à depressão (MELO et al., 2005).

    Esta patologia é formada por um conjunto de sintomas e comportamentos, estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entre eles o humor deprimido, a perda de interesse ou prazer por atividades, apetite diminuído, fadigabilidade ou cansaço, baixa auto-estima ou sensação continua de culpa, diminuição da concentração, pensamentos ou atos de auto-agressão e alterações no sono (OMS, 1993; Lopes (2001)).

    De acordo com Holmes (2001), os sintomas como a baixa auto-estima, motivação reduzida, perda de sono e pouco apetite pode contribuir para um aprofundamento da depressão (HOLMES, 2001). O autor ainda afirma que a depressão possui um sintoma motor proeminente, o retardo psicomotor, que causa fadiga, cansaço, lentidão nos movimentos e pouca comunicação. Homens e mulheres são atingidos em uma proporção diferente, as mulheres são mais afetadas pela doença que os homens (KAPLAM et al., 1999), o mesmo afirma que mais homens que mulheres cometem suicídio.

    A doença pode ser causada por vários sintomas, que vão subdividir vários tipos de depressão. Quando não decorrente de fatores patogênicos ela pode ser causada pro uma falsa alto-imagem do indivíduo, que quando aumentada da inicio a estes sintomas. Pode também ser exemplificado com o recebimento de recompensas que o individuo considera imerecidas a suas atitudes, podendo levar a uma diminuição da auto-estima, que é um dos sintomas desencadeadores da depressão (KAPLAM et al., 1999).

    A depressão tem uma prevalência muito alta na população e constitui um fator de risco para diabetes e doenças cardiovasculares. O risco nestes casos aumenta devido ao envolvimento de vários peptídeos e monoaminas que controlam a saciedade alimentar e controle do peso corporal, como a serotonina, a norepinefrina, a dopamina, o neuropeptidio Y e o hormônio corticotropina, mas a relação pode não aparecer em todos os casos (HASLER et al., 2005). Goodman e Whitaker (2002) afirmam que quando a depressão esta presente na infância é geralmente associada a um índice de massa corporal aumentado na fase adulta, mas esse resultado não é linear já que ela sofre forte impacto da obesidade infantil e da dieta tanto no adulto quanto na criança (PINE, 2001).

    De um ponto de vista neurológico, a depressão resulta de um baixo nível de atividade neurológica nas áreas do cérebro que são responsáveis pelo prazer. Considera-se que esta baixa de atividade origina-se de quantidades insuficientes de neurotransmissores nas sinapses (BUNNEY & DAVIS, 1965; MAAS, 1975; SHILDKAUT, 1965; SHILDKRAUT & KETS, 1967). Os dois neurotransmissores que estam implicados na depressão são a norepinefrina e a serotonina. A norepinefrina é conhecida como catecolamina e a serotonina conhecida como Índole Amina, coletivamente são conhecidas como aminas, podendo então a depressão ser chamada de Hipótese Amina (HOLMES, 2001).

    A serotonina, ou hidroxitriptmina (5-HT), foi originalmente descoberta em 1948, Época em que estava sendo pesquisada a identidade de uma substância vasoconstritora liberada após a coagulação do sangue. Foi chamada serotonina para indicar sua origem, serum, e ação biológica, vasoconstrição. Atualmente, após ter sido observado o envolvimento desse neurotransmissor com outras ações e encontrada em outras fontes, que não o sangue, talvez esse não seja o nome mais apropriado (RANG, DALE & RITTER, 1997, apud LOPES 2001).

    Ciclismo indoor é uma atividade ministrada por um profissional de educação física, para um grupo de indivíduos que variam em idade, sexo e aptidão física, em bicicleta estacionária com variação de treinamento de resistência aeróbia e anaeróbia com simulação de terrenos inclinados e planos, acompanhadas de um ritmo musical. Durante uma aula de ciclismo indoor pessoas de diferentes níveis de condicionamento físico podem participar em conjunto, pois a velocidade e resistência imposta são de controle individual. Existem situações de esforço considerável variando entre 55% a 92% da freqüência cardíaca máxima, alternada com recuperação ativa objetivando bem estar (SILVA & OLIVEIRA, 2002).

    O treinamento intervalado consiste numa variação de estímulos, compreendendo períodos de maior esforço seguido de recuperação para reduzir a possibilidade de fadiga. Este método de treinamento vem sendo muito utilizado por aumentar o gasto energético dos músculos trabalhados, sem ocorrer grande fadiga. A menor fadiga é devido à maior atuação da via energética no sistema ATP-CP e conseqüentemente menor produção de lactato. Nos intervalos de descanso as cotas de ATP-CP são reabastecidas pelo sistema aeróbio compensando, parte do débito de oxigênio e colocando novamente o ATP-CP como fonte geradora de energia (COSTIL & WILMORE, 2001).

    A duração do esforço deve ser inversamente proporcional à sua intensidade, devendo os estímulos mais intensos ser aplicados em curtos intervalos de tempo e vice-versa. No trabalho intermitente, as repetições variam em função do sistema energético trabalhado, repetindo-se em maior número os estímulos anaeróbicos em relação aos estímulos aeróbicos. O condicionamento intervalado pode aumentar a capacidade de suportar por mais tempo trabalhos no limite do metabolismo aeróbio. Em virtude disso, os níveis de aptidão e dispêndio calórico total podem aumentar consideravelmente, sendo mais efetivo na redução de gordura corporal do que o treinamento contínuo para alguns indivíduos (SMITH et al., 1993; LAMB, 1984; TREMBLAY et al., 1994; apud SANTOS et al., 2005).

    Com o aumento progressivo da intensidade da atividade física ocorre um fenômeno de mudança de qual substrato energético esta sendo prioritariamente metabolizado, mas a teoria do treino intervalado não esta baseada no substrato usado, e sim no gasto energético total e no aumento do metabolismo pós-treino. A captação de oxigênio é maior em altas intensidades, permanecendo elevada durante um período mais longo após o exercício, sendo que estudos revelaram que somente cerca de 20% do oxigênio consumido é utilizado para converter em glicose o ácido lático produzido durante o exercício (COSTIL e WILMORE, 2001).

    Melo et al., (2005), observou em seu estudo o efeito de oito semanas de exercício físico aeróbio nos níveis de serotonina e depressão em mulheres entre 50 e 72 anos. Os resultados obtidos indicaram que houve redução do percentual de gordura e dos níveis plasmáticos de serotonina, sugerindo que a relação entre exercício físico e a mobilização de gordura proporcionou as participantes uma melhora nos estados de humor. Os benefícios da prática de exercício refletem na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos que sofrem dos transtornos de humor.

    Segundo Rom et al. (2000), a serotonina é sintetizada a partir do triptofano (Trp) e descreve que a taxa de captação de triptofano no cérebro determina sua taxa de síntese. A publicação afirma também que 90% do Trp plasmático, esta ligada à albumina e os 10% restantes, Trp livres, ficando disponível para ser transportado para o cérebro. Ele ainda demonstra que o exercício de longa duração aumenta a circulação de ácido graxo, que desloca o triptofano de seus sítios de ligação na albumina, aumentando a concentração de triptofano livre, ressaltando que os efeitos do exercício prolongado devem estimular a captação de Trp pelo cérebro e possivelmente a liberação de 5-HT.

    Curzon Friedel & Knott (1973) (apud Lopes, 2001), ressaltaram que o triptofano livre concorre com os aminoácidos de cadeia ramificada pelo transportador para passar pela barreira hamatoencefálica, portanto quanto maior a proporção de triptofano livre em relação aos aminoácidos maiores serão seus níveis centrais. Sharma et al. (1996) (apud Lopes, 2001), também levantou a possibilidade de o exercício físico alterar a permeabilidade da barreira hematoencefálica.

    A relação da redução dos níveis de depressão em praticantes de atividades físicas foi abordada por Harris, Cronkite e Moss (2006). Mesmo que a ligação entre atividade física e depressão fosse desconhecida os autores levantaram a hipótese sobre a ação da serotonina e da endorfina nesse processo. Portanto o objetivo deste estudo é de comparar os níveis de depressão entre sedentários e praticantes de ciclismo indoor.

Materiais e métodos

    A amostra foi composta por 34 indivíduos com idade entre 15 e 41 anos submetidos a um questionário de hábitos de vida juntamente com o Inventario de Depressão de Beck (BDI). Estes foram divididos em dois grupos: sedentários (S) n=16 com idade media de 24,75 anos (± 5,27) e praticantes de ciclismo indoor (CI) n=18 com idade media de 24,33 anos (± 6,60). Foram considerados sedentários todos aqueles que responderam não praticar atividades físicas ou praticam atividades físicas de forma esporádica, sendo considerado esporádico um máximo de 1 vez por semana. O perfil da amostra foi determinado através dos dados obtidos pela aplicação do questionário de hábitos de vida.

    Todos os participantes preencheram a assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que descreve sobre os procedimentos aos quais seriam submetidas, mostrando estar de acordo com uso de seus dados para fins de pesquisa.

Resultados e discussão

Figura 1. Quadro comparativo da freqüência (%) observada nas respostas do questionário de hábitos de vida

    Em analise as respostas obtidas no questionário de hábitos de vida observaram-se que tanto sedentários (68,75 %) como praticantes de ciclismo indoor (66,67%) não possuem o habito de submeter-se regularmente a um check-up. Também foi observado um baixo índice de fumantes em ambos os grupos, sedentários (12,5%) e praticantes ciclismo indoor (11,11%). Uma freqüência de 16,67% dos praticantes de ciclismo indoor faz uso de bebidas alcoólicas, mas apenas 6,25% dos sedentários apresenta a mesma característica o que se reflete nas respostas a “pergunta você fuma e bebe?” onde se observa que 11,11% dos praticantes de ciclismo indoor fumam e bebem o que não é observado nos sedentários (0,0%).

    A avaliação dos níveis de depressão dos participantes deste estudo foram baseados nos escores indicativos de depressão do Inventario de Depressão de Beck (Beck Depression Inventory – BDI), um dos mais freqüentes instrumentos de medida para avaliar o estado de depressão na população, versão em português, validada para a população brasileira. O BDI consistiu de 21 grupos de afirmações contendo quatro frases cada um. Após uma leitura cuidadosa, o avaliado teve que escolher a frase que mais se adequava à maneira como ela ou ele estava se sentido na semana que antecedeu a avaliação até o momento do preenchimento do questionário. Os itens do inventário tiveram por finalidade avaliar os sintomas e atitudes como: tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de satisfação, sentimento de culpa, sentimento de punição, auto depreciação, auto-acusação, idéias suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbios no sono, fatigabilidade, perda de apetite, perda de peso, preocupação somática e diminuição da libido. O ponto de corte para distinguir os níveis de depressão utilizado pelo BDI usado por este trabalho seguiu a proposta do Center for Cognitive Therapy que, em escores menores que 10, o individuo é considerado sem depressão; de 10 a 18, com depressão leve; de 19 a 29, com depressão moderada e escores de 30 a 63 são considerados portadores de depressão grave (GORESTEIN e ANDRADE citados por LOPES, 2001).

Figura 2. Gráfico mostrando os níveis de depressão de sedentários e praticantes de ciclismo indoor com média ± desvio padrão

    O grupo dos sedentários apresentou um nível de depressão 9,56 ± 6,30 e o grupo de praticantes de ciclismo indoor um nível 8,22 ± 6,40 (figura 2). No entanto a aplicação do teste-t de Student, para amostras independentes com um p ≤ 0,05 não apresentou diferença significativa entre as duas média (p > 0,05), demonstrando que os grupos sedentários e praticantes de ciclismo indoor pertencem à mesma população.

    O sistema serotoninérgico não responde de forma uniforme e linear aos protocolos que utilizam o exercício físico como modelo de estresse. Diferentes intensidades e duração, durante uma sessão de exercícios, podem alterar as respostas deste sistema significativamente ou não. Estudos que utilizaram protocolo com pequena duração e baixa intensidade não apresentaram alterações significativas nas concentrações de 5-HT a nível periférico (JENSEN et al., 1995; STRUDER et al., 1997) citados em Lopes (2001).

Conclusão

    Baseado nos dados encontrados neste estudo, observou-se que não existem diferenças significativas na comparação entre os grupos sedentários e praticantes de ciclismo indoor estudados neste trabalho, talvez isso seja devido a um alto valor de desvio padrão de ambas as amostras o que não permitiu fazer mais analises ou afirmações. Mesmo assim é possível sugerir que seja feita uma pesquisa que avalie os níveis de depressão antes e depois do treinamento com ciclismo indoor. Ainda mais trabalhos nessa área deverão apresentar melhores respostas sobre o ciclismo indoor e suas motivações, melhorando então o perfil psicológico que está dominando nossa sociedade na época contemporânea. Assim outros trabalhos deverão continuar o estudo para melhores respostas do mesmo.

Referências bibliográficas

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