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Análise do jogo formal e reduzido em situação
de aprendizagem no futsal

Análisis del juego formal y reducido en situación de aprendizaje en el futsal

 

GIEF

(Brasil)

Samuel Nascimento de Araújo

araujoedf@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho visa buscar compreender quais as situações que melhor se enquadram os fundamentos técnico-táticos que são empregados para um bom desenvolvimento do jogo, neste caso no futsal, onde através da comparação entre duas situações de jogo sendo elas: jogo formal (JF) e jogo reduzido (JR) nos escalões sub-13 e sub-15 da Associação Pró-Esporte do município de Guarani das Missões (RS), tendo como objetivo verificar qual dos métodos tem um melhor efeito no treinamento da modalidade de futsal com vistas à formação de uma capacidade de tomada de decisão e compreensão do jogo. A metodologia utilizada foi m estudo de caso, onde foram analisados dois grupos formados por 20 alunos/atletas, tendo 10 em cada grupo/escalão. Compreendemos que nas situações de jogo reduzido esteve mais presente situações que buscassem uma maior tomada de decisão e busca por espaços, bem como maior quantidade de situações de jogo que as encontradas no jogo formal, desde as situações de oposição e luta direta pela bola até as situações de finalizações nas diferentes situações de igualdade, superioridade e inferioridade numérica as quais mostraram um número maior de situações nesta forma de representação do jogo demonstrando assim que a metodologia que utiliza jogos reduzidos em seu contexto constrói no aluno uma melhor capacidade de jogo e consciência tático-estratégica.

          Unitermos: Análise do jogo. Aprendizagem. Futsal.

 

Abstract

          The present work aims at seeking to understand what the situations that best fit the technical and tactical foundations that are employed to develop a good game, this time in soccer, where by comparing two game situations which are: formal game and small game levels in sub-13 and sub-15 Pro-Sports Association of the municipality of the Guarani Missions (RS), aiming to see which of these methods has a better effect on the sport of soccer training with a view to training making capacity decision-making and understanding of the game. The methodology used was case study, which analyzed two groups made ​​up of 20 students / athletes, and 10 in each group / step. We understand that in situations of reduced set was more common situations that seek greater decision making and search for spaces as well as much of the game situations that found in the formal game, since the situations confronting and direct the ball to the submissions situations in different situations of equality, numerical superiority and inferiority which showed a greater number of situations in this form of representation of the game.

          Keywords: Analysis of the game. Learning. Futsal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As modalidades esportivas coletivas (MEC) ou jogos esportivos coletivos (JEC) por sua natureza de complexidade de situações aleatórias, sendo um ambiente imprevisível, permanentemente variável, de cooperação e oposição com o adversário, ordem e desordem, equilíbrio e desequilíbrio, onde o aluno/atleta ou individuo que o pratica necessita estar pronto para responder ou resolver estas situações que lhe são demandadas durante a realização do jogo (GARGANTA, 1995, 1996, 2002; GRECO, 1998; GARGANTA e OLIVEIRA 1996; GARGANTA e GRÉHAIGNE, 1999; GARGANTA, CUNHA e SILVA, 2000).

    O futsal, como esporte coletivo de invasão de território e de constantes situações de imprevisibilidade, instabilidade, adaptação, tomada de decisão e cooperações/oposição, onde a participação simultânea das duas equipes, sendo uma atuando no ataque e outra na defesa, prima por uma permanente atitude tático-estratégica na busca da superação dos obstáculos criados pelo oponente a fim de obter um melhor desempenho ou rendimento, que destacamos como um forte entendimento tático e conhecimento do jogo propriamente dito (SILVA e GRECO, 2009; GARGANTA, 1998, 2000; TAVARES, GRECO E GARGANTA, 2006; TEIXEIRA, 2010).

    Nesta perspectiva o ensino deve priorizar uma metodologia que proporcione aos alunos uma maior capacidade de tomada de decisão e percepção do jogo, bem como dos princípios operacionais dos JDC que conforme Bayer (1994) compreende a no ataque: manter a posse de bola, realizar a progressão para o campo de defesa do adversário, realizar a finalização com o intuito de converter o ponto ou marcar o gol, e na defesa: recuperar a posse de bola, evitar a progressão do adversário, defender sua baliza ou gol das investidas do adversário.

    Greco e Benda (1998) apresentam uma metodologia pautada na compreensão dos jogos, coletivo onde o aluno é imposto a situações-problemas tendo como base formas de jogo modificadas em relação ao espaço, número de jogadores, alvos, etc.

    Gréhaigne & Guillon (1992) citados por Garganta e Oliveira (1995) apontam que o problema fundamental nos JEC está relacionado à situação de oposição onde os jogadores devem coordenar as ações com a finalidade de recuperar, conservar e fazer progredir a bola, tendo como objetivo criar situações de finalização e marcar o gol ou ponto. Seguindo este pensamento serão apresentadas três categorias de subproblemas:

    “No plano espacial temporal:

    No ataque: problemas de utilização da bola, individual e coletivamente, na tentativa de ultrapassar obstáculos móveis não uniformes (adversários).

    Na defesa: problemas na produção de obstáculos, com a finalidade de dificultar ou parar o movimento da bola e dos jogadores adversários, no intuito de conseguir a posse de bola.

    No plano da informação: problemas ligados à produção de incerteza para os adversários e de certeza para os colegas de equipes.

    No plano da organização: problemas na transição de um projeto individual para um projeto coletivo, dando o melhor de si à equipe, isto é, integrando o projeto coletivo na ação pessoal”.

    Desta forma o aluno deverá escolher uma técnica que seja adequada para solucionar estes problemas durante a situação de jogo, a qual é decorrente do conhecimento que o aluno/atleta possui do jogo, neste caso o futsal.

Tabela 1. Princípios de ataque e defesa no futsal

    Os princípios fundamentais de jogo estão diretamente ligados às ações desempenhadas pelos jogadores, bem como suas equipes nas fases de ataque e defesa, e transição, na busca de criar obstáculos para a equipe adversária em situação defensiva e superar os obstáculos criados pelos adversários em uma situação de ataque, adaptando-se às diferentes situações de imprevisibilidade, adaptação e tomada de decisão que cercam este ambiente, situação que necessita do aluno/atleta uma capacidade maior de percepção e compreensão das informações para uma melhor ou mais eficiente resposta motora. (GRÉGAIGNE & GUILLON, 1992 apud GARGANTA E OLIVEIRA, 1995), (GARGANTA E OLIVEIRA, 1995).

    Tendo como princípios fundamentais defensivos: (i) contenção; (ii) cobertura defensiva; (iii) equilíbrio; (iv) concentração; e no ataque: (i) penetração; (ii) mobilidade; (iii) cobertura ofensiva; (iv) espaço (WORTHINGTON, 1974; HAINAUT; BENOIT, 1979; QUEIROZ, 1983; GARGANTA e PINTO, 1994; CASTELO, 1999) apud (COSTA, et. al., 2009).

    Estes princípios correspondem à situação que o individuo se encontra durante a execução do jogo o que se baseia principalmente na forma de compreensão e leitura do jogo, o que afeta o desenvolvimento do desempenho durante a execução ou realização do jogo.

    Em função das características do jogo dos iniciantes, o autor apresentou um modelo onde o ensino das MEC, faseado e progressivo: do conhecido para o desconhecido, do fácil para o difícil, do menos para o mais complexo. As etapas a que o autor se refere, que correspondem a diversos níveis de relação, são:

    Para Garganta (1998): “...o problema primeiro que se coloca ao individuo que joga, é sempre de natureza táctica, isto é, o praticante deve saber o que fazer, para poder resolver o problema subsequente, e como fazer, selecionando e utilizando a resposta motora mais adequada”.

    A técnica surge em sequencia de uma de um a situação tática, decorrente da capacidade de tomada de decisão que será influenciada pela percepção de jogo que o aluno possui, bem como a leitura de jogo que este apresenta, Garganta e Pinto (1998) afirma que um bom executante é aquele individuo que possui uma clara percepção dos elementos de jogo em que este seleciona a melhor ou mais adequada técnica a fim de responder as demandas decorrentes da situação do jogo, onde aponta um ensino voltado a situação de jogo e não ao ensino do gesto técnico.

    Concordamos com Paes (2002) quando o mesmo fala do equilíbrio que deve existir no ensino dos esportes, no que diz respeito ao ensino da técnica e dos valores éticos e sociais que podem e devem ser potencializadas nestas práticas.

    Para Greco e Benda (1998:59):

    “Atuar taticamente no jogo implica estar capacitado para se sobrepor às exigências deste jogo. Isso requer a elaboração de um adequado processo de ensino-aprendizagem-treinamento que contemple o desenvolvimento das capacidades táticas, pois estas representam o meio operativo de que o atleta dispõe para obter o êxito na competição. As capacidades táticas estão em direta relação de interdependência e em interação com as capacidades cognitivas, técnicas e físicas”.

Encaminhamentos metodológicos

Resultados e discussão

    As situações que apresentam um desempenho de melhor aproveitamento nas situações técnico-táticas estão presentes nas situações em que o jogo é apresentado no seu formato reduzido, por demonstrar ao aluno/atleta um jogo com maior probabilidade de conversões e finalizações, bem como um numero maior de situações de oposição-cooperação que exigem ao mesmo tempo desenvolver com mais eficácia a capacidade de tomada de decisão em paralelo ao desenvolvimento da capacidade tática.

    Quando se fala em jogo reduzido Greco e Silva (2008, p. 83) afirmam que:

    “Quando o numero de participantes no jogo é diminuída as alternativas táticas de tomada de decisão também são diminuídas, mas as dificuldades táticas e técnicas são preservadas a ideia do jogo é mantida. Paralelamente com a aprendizagem tática, integram-se jogos e atividades para desenvolver as capacidades coordenativas, através de exercícios que focalizam os diferentes condicionantes de pressão da motricidade, e as habilidades técnicas necessárias para formar uma base geral para o posterior treinamento das técnicas específicas da modalidade...”.

    A seguir apresentaremos uma tabela com as situações de finalização nestas duas situações de jogo, sendo explanado em cada uma delas o numero de finalizações realizadas, onde foi considerada como finalização a situação em que o aluno/atleta tenha proferido um arremate que atinja a meta da equipe adversária.

Tabela 2. Comparação de finalizações no Jogo Formal e no jogo Reduzido nos escalões sub-13 e sub-15 no futsal

    Nas situações de jogo formal durante os dois primeiros minutos praticamente as duas equipes se estudavam e buscavam formas de invadir o território adversário e concretizar a finalização, o que representou basicamente que os princípios operacionais em situação defensiva estão sendo bem desempenhados durante o jogo. Já no jogo reduzido percebe-se desde seu inicio todas as fases de um jogo, contendo ataques, defesas, transição, colocando sempre os alunos em situação de pressão espaço-temporal de tomada de decisão em relação ao que fazer no jogo, numa situação tática de constantes adaptações.

    Acreditamos que por serem grupos que possuem um tempo de treinamento em situação de organização sistemática dos treinamentos, e por terem um treinamento desenvolvido por meio de uma metodologia situacional, podemos perceber um padrão bem mais desenvolvido das situações de jogo, onde em constantes trocas de passes e rodízios na quadra quando em situações de ataque, e uma forma esquematizada dos padrões defensivos onde automaticamente se posicionavam de forma com que os espaços adversários eram reduzidos parcialmente dificultando e criando obstáculos nestas situações.

Tabela 3. Comparação entre interceptações no ataque e defesa no jogo formal e reduzido nos escalões sub-13 e sub-15 no futsal

    O jogo formal apresentou um melhor desempenho apenas na categoria sub-13, mas apresentou os mesmos parâmetros na forma de interceptação sendo apresentado um maior numero de interceptações no campo ofensivo em ambas as formas de jogo (formal e reduzido), o que consideramos ser relacionado à forma de jogo que os alunos/atletas são expostos, e que faz com que o jogo reduzido apresente em um período de tempo maior de treinos uma maior capacidade de jogo e forma eficiente de marcação ofensiva. O desarme no campo defensivo é realizado com a finalidade de contenção da investida do adversário à meta ou gol, já o desarme no campo ofensivo tem a finalidade de através de pressão impedir a saída de bola do adversário.

    A seguir podemos melhor visualizar as situações de jogo que foram utilizadas nos diferentes momentos do jogo tanto no ataque quanto na defesa.

Tabela 4. Comparação entre as situações de jogo, no jogo formal e reduzido nos escalões sub-13 e sub-15 no futsal

    As situações de jogo em diferentes estruturas funcionais, sempre sendo iniciadas de uma situação de superioridade numérica até atingir a igualdade com o objetivo de chegar à forma de jogo ideal, 5x5. Acreditamos que a partir destas situações de ensino-aprendizagem desenvolve-se nos alunos/atletas uma maior capacidade de jogo e capacidade de tomada de decisão durante toda e qualquer situação que o jogo lhe impõe. Na situação acima apresentamos um numero de situações de jogo maior no jogo reduzido que no formal o que nos faz afirmar que estas situações são de ordem básica para a construção de uma sólida base de repertório para futuras ações de jogo não que o numero de ações represente uma maior qualidade destas ações, enfim as ações que são desempenhadas no JF apresentam um espaço/tempo maior para a decisão ser tomada em ambos os casos, tanto no ataque quanto na defesa, já o JR expõe o aluno à situações de pressão espaço-temporal relacionada a tomada de decisão, não colocando apenas o aluno em um numero maior de situações em relação ao JF como cria no aluno um repertório maior de ações que lhe serão uteis durante a realização do jogo formal propriamente dito.

Tabela 5. Total geral das situações de jogo presentes no Jogo Formal (JF) e no Jogo Reduzido (JR)

    Podemos considerar que metade das situações de jogo é de igualdade numérica e outra metade parcialmente dividida entre inferioridade e superioridade numérica, somente no jogo formal da categoria sub-13 obteve um percentual maior em situações de superioridade numérica já a categoria sub-15 obteve um percentual maior em situações de igualdade numérica, o que no jogo reduzido podemos considerar nas duas categorias percentual maior em situações de igualdade numérica seguidas de situações de inferioridade numérica com um percentual menor.

    Desta forma os jogos reduzidos (JR) presentam uma série de situações, que combinadas representam o jogo propriamente dito, porém numa forma espaço-temporal diferenciada do jogo formal o que proporciona ao aluno/atleta maior numero de situações de oposição e luta direta com os adversários criando assim uma maior capacidade de jogo, pelas situações que nele são apresentados.

Considerações finais

    As situações de ensino-aprendizagem-treinamento das modalidades esportivas coletivas, independente do ambiente em que ocorra, devem em primeiro lugar buscar desenvolver no aluno o hábito do jogo limpo, do respeito às regras, aos colegas e adversários, deve enfim dispor ao aluno situações em que valores éticos e morais (SANMARTIN, 1995; BENTO, 2007) sejam desenvolvidos em paralelo com as habilidades técnicas e táticas das modalidades, salientando ainda que o ensino irá percorrer o caminho que o professor/treinador traçar para que sejam atingidos os objetivos do esporte para crianças e jovens.

    Então utilizamos o jogo reduzido (JR) no ensino dos esportes coletivos como a finalidade de otimização das ações que são apresentadas no jogo formal (JF), partindo desta perspectiva concordamos com Tavares e Vileirinho (1999) que falam que o JR não pode substituir com exclusividade o JF, mas entendemos que no JR possibilitamos ao aluno maiores situações de tomada de decisão, bem com a exposição a situações do jogo propriamente dito.

    Desta forma podemos dizer que o JR em situação de ensino-aprendizagem-treinamento possibilita uma maior participação nas ações e situações de jogo, com maior participação dos alunos nas ações e situações de jogo, como maiores situações de contato com a bola por todos os alunos, maior frequência de finalizações e maiores possibilidades de marcar o gol, ações de confrontos individuais e coletivos colocando o aluno/atleta o mais perto possível da lógica interna do jogo. Assim podemos considerar que no ensino do futsal podemos utilizar como unidade temática de ensino o JR, assim como no trabalho de Tavares e Vileirinho (1999).

    Buscamos assim contribuir com este trabalho para que o ensino dos esportes utilize-se do JR como uma das possibilidades metodológicas de ensino-aprendizagem-treinamento, desta forma este estudo não deve esgotar-se em si próprio por se tratar de um estudo em um grupo inicial no ensino dos esportes, mas que ele venha sim servir de incentivos para outros trabalhos na área da pedagogia do esporte vindo a enriquecer ainda mais a gama de possibilidades de intervenção que é possível neste campo.

Referências bibliográficas

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