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Percepção quanto à adoção de hábitos de vida 

saudáveis em adolescentes: estudo epidemiológico

La percepción sobre la adopción de hábitos de vida saludables en adolescentes: un estudio epidemiológico

Perception of healthy habits among adolescents: epidemiological study

 

*Associação Educativa do Brasil – SOEBRAS. Montes Claros, MG

**Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Montes Claros, MG

***Faculdades Santo Agostinho – FASA. Montes Claros, MG

(Brasil)

Camila Guedes de Freitas*

Roberta Souto Santos*

Danilo Lima Carreiro* ** ***

Laura Tatiany Mineiro Coutinho* **

Wagner Luiz Mineiro Coutinho* **

coutinhowlm@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: descrever a percepção quanto à adoção de hábitos de vida saudáveis em adolescentes. Metodologia: estudo epidemiológico descritivo no qual participaram 345 escolares da cidade de São Francisco-MG. Os dados foram coletados por pesquisadores previamente treinados sendo utilizados: Questionário de Percepção de Hábitos Saudáveis, Critério de Classificação Econômica Brasil e questionário sociodemográfico. Resultados: registrou-se que em média, a percepção de hábitos saudáveis dos adolescentes estudados foi 44,7%. Melhores níveis de percepção foram identificados nas questões referentes à relação entre excesso de gordura corporal, elevada ingestão de alimentos e inatividade física; alimentos de origem vegetal possuem menos gordura e são fontes de nutrientes; e que o nível de intensidade dos exercícios físicos devem considerar as condições físicas de cada pessoa. Conclusão: de modo geral, a percepção quanto à adoção de hábitos de vida saudáveis foi abaixo das identificadas em estudos nacionais. Os piores níveis de percepções foram identificados entre as questões alusivas ao controle do peso corporal e sua repercussão para a saúde, seguidas pela percepção quanto à alimentação saudável e por fim das questões referentes à prática de atividade física.

          Unitermos: Percepção. Hábitos. Adolescente.

 

Abstract

          Objective: to describe the perception about adopting healthy lifestyle habits in adolescents. Methodology: descriptive epidemiological study in which participated 345 students from the city of São Francisco-MG. Data were collected by trained researchers being used: Questionnaire Perception Healthy Habits, Economic Classification Criterion Brazil and sociodemographic questionnaire. Results: reported that on average, the perception of healthy habits of the subjects was 44.7%. Top levels of perception were identified in the questions concerning the relationship between excess body fat, elevated food intake and physical inativade; plant foods have less fat and are a source of nutrients, and that the level of intensity of exercise should consider the physical condition of each person. Conclusion: In general, the perception about adopting healthy lifestyle habits was below that identified in national studies. The worst levels of perceptions were identified among the questions alluded to the control of body weight and its impact on health, followed by the perception of healthy eating and finally issues related to physical activity.

          Keywords: Perception. Habits. Adolescents.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A transição nutricional, caracterizada pela redução da desnutrição e aumento de sobrepeso e obesidade é considerada um processo mundial, tendo sido observada no Brasil a partir da década de 19801,2. O sobrepeso e obesidade se mostram associados a fatores comportamentais como consumo excessivo de calorias e inatividade física; bem como a fatores genéticos e ambientais3,4. Destaca-se que o controle do peso corporal na adolescência é de suma importância uma vez que o sobre peso e obesidade nesta faixa etária apresentam-se como um dos fatores de risco para diversas comorbidades na vida adulta dentre as quais hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, insuficiência renal, acidente vascular encefálico e coronariopatias5,6, sendo que tal controle pode ser alcançado a partir de uma de alimentação balanceada e da prática de exercícios físicos7,8. Todavia, entre adolescentes os fatores de risco que mais contribuem para desenvolver sobre peso e obesidade são hábitos alimentares inadequados, caracterizados pela preferência por refeições rápidas e práticas, geralmente ricas em gorduras, de alto teor calórico e baixo valor nutritivo9,10 associadas ao comportamento físico sedentário propiciado por maior tempo gasto em atividades de baixa intensidade, como assistir televisão, usar o computador e jogar videogame11,12.

    Desta forma é relevante identificar a percepção de adolescentes quanto à adoção de hábitos de vida saudáveis favoráveis uma vez que, a caracterização de tal percepção poderá subsidiar gestores da educação e/ou saúde a implantar e/ou implementar políticas educacionais e de saúde entre sujeitos nesta faixa etária, o que por sua vez poderá implicar em uma vida adulta saudável. Neste sentido este estudo objetivou descrever a percepção quanto à adoção de hábitos de vida saudáveis em adolescentes.

Metodologia

    Trata-se de um estudo com delineamento epidemiológico descritivo. A população constitui-se por sujeitos com idade compreendida entre 12 a 18 anos e matriculados nas escolas da rede estadual e privada no município de São Francisco, no norte de Minas Gerais (MG). Segundo dados da Secretaria Estadual de Educação de São Francisco, o número de adolescentes elegíveis para participarem do estudo correspondia a 3.100 sujeitos. A amostra probabilística do tipo aleatória simples constituída por 343 adolescentes foi determinada através de cálculo amostral, considerando um intervalo de confiança de 95%, erro de 5% e prevalência de sobrepeso/obesidade em 50% (prevalência desconhecida para o desfecho). Os adolescentes foram sorteados a partir de lista nominal fornecida pela direção das escolas, considerando a proporção de cada unidade escolar.

    Para a coleta de dados utilizou-se: Questionário de Percepção de Hábitos Saudáveis (QPHAS), Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) e questionário sociodemográfico. O QPHAS trata-se de um questionário autoaplicado, estruturado, validado para língua portuguesa e cultura brasileira que tem por objetivo avaliar a percepção de adolescentes em relação ao controle de peso corporal, à alimentação saudável e à prática de atividades físicas relacionadas à saúde. Constituído por 30 questões subdivididas em três grupos, onde o primeiro grupo refere-se à percepção dos adolescentes quanto ao controle do peso corporal e sua repercussão para a saúde; o segundo relaciona-se às percepções quanto à alimentação saudável por meio de questões relacionadas à ingestão de macro e micronutrientes e às consequências para o organismo humano do uso de dietas hipocalóricas e hipercalóricas e o terceiro aborda aspectos associados à prática de atividade física com o intuito de promover a saúde. Cada questão possui alternativas distribuídas em escala de Likert que varia de 0 a 4 e correspondem de ‘não tenho opinião formada’, à ‘concordo totalmente’. A pontuação varia de ‘zero’ a 120 pontos onde maior escore representa maior nível de percepção de hábitos saudáveis13. A partir da interpretação de cada resposta se agrupou os grupos de respostas em: ‘sem opinião formada’, ‘má percepção’ e ‘boa percepção’.

    O CCEB trata-se de um questionário autoaplicado, estruturado, elaborado originalmente na língua portuguesa e cultura brasileira e que estima o poder de compra de famílias urbanas e determinar a segmentação econômica dos sujeitos14. Tais segmentações representam as respectivas classes de renda familiar: A1: R$ 12.926,00/$6.501,69; A2: R$ 8.418,00/$4.234,19; B1: R$ 4.418,00/$ 2.222,22; B2: R$ 2.565,00/$1.290,18; C1: R$ 1.541,00/$775,11; C2: R$ 1.024,00/$515,06; D: R$ 714,00/$359,14 e E: R$ 477,00/$239,9314,15.

    O Questionário sociodemográfico foi utilizado para caracterizar os sujeitos quanto variáveis sociais e variáveis demográficas. As variáveis nível de escolaridade e raça ou cor consideraram o Questionário da Amostra CD 2010 proposto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística16.

    Os dados foram coletados no mês de outubro de 2012 por duas pesquisadoras examinadoras, acadêmicas de um curso de graduação em Nutrição previamente treinadas e calibradas. A princípio apresentavam-se aos adolescentes os objetivos e metodologia do estudo. Uma vez esclarecidas quaisquer dúvidas, se aplicava os questionários para coleta de dados nas dependências das escolas. Os questionários preenchidos foram digitados no programa Microsoft Office Excel 2010® por cada pesquisadora examinadora devidamente orientada para tal. Finalizada a tabulação gerou-se um único banco que fora exportado para o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) – 17 para proceder análise dos dados. Os resultados são apresentados de forma descritiva. Para comparar as proporções de pontos por grupo de perguntas entre os sexos recorreu-se ao teste t-Student considerando valor de p < 0,05 como estatisticamente significativo.

    O estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Associação Educativa do Brasil (CEP SOEBRAS) com parecer consubstanciado nº 68453. O termo de consentimento para participar do estudo foi assinado pelos pais e/ou responsáveis pelos adolescentes.

Resultados e discussão

    Participaram do estudo 345 estudantes que apresentaram média de idade de 14,99 anos (±0,108; IC95%: 14,78 – 15,20 e amplitude de 12 a 18). Na Tabela 1 os sujeitos são caracterizados quanto às variáveis sociodemográficas.

    Registrou-se predomínio de adolescentes na segmentação econômica C2 e C1. Estudos que avaliaram a percepção quanto à adoção de hábitos saudáveis em adolescentes de Londrina (PR) identificaram que os adolescentes daquela cidade apresentaram segmentação econômica superior ao registrado nesta pesquisa. No primeiro identificou-se 73,9% das moças e 62,5% dos rapazes como pertencentes à segmentação econômica B13 e no segundo estudo 54,0% das moças e 59,5% dos rapazes também pertenciam à segmentação econômica B17. Acredita-se que tal divergência de segmentação econômica possa ser explicada pelas características diferenciadas entre os municípios em questão18, uma vez que Londrina é uma cidade de grande porte e desenvolvida localizada no Sul do Brasil, enquanto São Francisco é um município de pequeno porte localizado em uma região pouco desenvolvida, o norte de MG. Outro registro importante deste estudo se refere ao predomínio de pais e mães com nível de escolaridade correspondente ao ensino fundamental.

    Na Tabela 2 são apresentadas as proporções de pontos para as questões que compõem o QPHAS por sexo.

    O principal resultado deste estudo foi a observação de que em média, a percepção de hábitos saudáveis dos adolescentes estudados foi 44,7%. Resultado inferior quando comparado às pesquisas com estudantes de Londrina (PR), adolescentes de Piraúba (MG) e adolescentes de Londrina (PR) onde as respectivas médias foram: 77,3%, 78,7% e 81,6%17,19,13. Possível justificativa para tal divergência seria a diferença entre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios em estudo. Neste sentido, estudo que avaliou a aptidão física relacionada à saúde (AFRS) em adolescentes de uma cidade com médio/baixo IDH, também no norte de MG, constatou que a AFRS dos adolescentes residentes em áreas com médio/baixo IDH é inadequada, evidenciando riscos à saúde, independente do sexo e idade20. Assim sendo salienta-se a importância da implementação de políticas educacionais, sociais e/ou de saúde voltadas para adolescência que possam interferir no nível de percepção destes quanto a importância dos hábitos saudáveis de vida.

    Apesar de adolescentes de ambos os sexos apresentarem índices semelhantes de ‘boa percepção’ constatou-se que adolescentes do sexo feminino obtiveram médias gerais superiores em comparação aos adolescentes do sexo masculino, tendo sido registradas diferenças estatisticamente significantes no conjunto de perguntas alusivas à percepção quanto à prática de atividade física e no QPHAS total. A pesquisa com adolescentes de Londrina (PR) também identificou que as moças apresentaram melhores índices de percepção13. Todavia o estudo com escolares de Londrina (PR) identificou que os rapazes apresentaram índices de percepção ligeiramente superiores17 e na pesquisa com adolescentes de Piraúba (MG) constatou-se que os rapazes obtiveram um nível de conhecimento superior nos conjuntos de questões alusivas às percepções de controle de peso corporal e da prática de atividade física19. Apesar desta divergência de resultados, a literatura demonstra que de modo geral, sujeitos do sexo feminino podem apresentar melhores níveis de autocuidado com a saúde. Dentre as hipóteses para tal comportamento destacam-se: a característica da identidade masculina associada à desvalorização do autocuidado; a elementar preocupação masculina com a saúde; a noção de invulnerabilidade masculina e consequente comportamento de risco; e a dificuldade do homem em verbalizar suas necessidades de saúde, dentre outras21.

    Na Tabela 3 são apresentados os índices de acertos das questões que compõem o QPHAS.

    Observou-se quanto ao primeiro bloco de questões, que os itens com melhores índices de ‘boa percepção’ entre adolescentes de ambos os sexos foram: a 1ª a 7ª e a 9ª. Resultados convergentes ao registrado no estudo entre adolescentes de Londrina (PR) que identificou 100% de acerto na 7ª questão; 98,8% na 1ª e 96,7% na 9ª13. Entre adolescentes de Piraúba (MG) a questão com maior índice de assertividade foi a 7ª (100%), seguida da 1ª (97,2%) e da 4ª (94,4%)19. Ainda neste bloco de perguntas, a 6ª questão, a 2ª e a 8ª foram as que representaram maiores índices de ‘má percepção’ entre ambos os sexos. No estudo de Piraúba (MG) as questões com maiores índices de má percepção foram a 8ª e a 6ª com respectivos índices de 69,4% e 52,7%19. Já na pesquisa com adolescentes de Londrina (PR) menores índices de acerto registraram-se para a questão 10ª e 8ª13.

    Por meio deste primeiro bloco de questões constatou-se também que os adolescentes percebem que na maioria das vezes o excesso de gordura corporal ocorre devido à elevada ingestão de alimentos e da inatividade física e que a atividade física regular juntamente com a alimentação adequada podem beneficiar tanto sujeitos eutróficos quanto obesos. Tais percepções reproduzem os achados literários, uma vez que estudos prévios demonstraram que o desenvolvimento de sobrepeso e/ou obesidade na maioria dos casos, melhor se explica for fatores socioambientais22,23; onde o estilo de vida ocidental contemporâneo, caracterizado pelo aumento de fornecimento de energia pela dieta e pelo sedentarismo, são os aspectos que mais se relacionam ao quadro de balanço energético positivo24,25 .

    Em contra partida é preocupante a má percepção identificada quanto à associação entre distribuição de gordura corporal e saúde, bem como o fato de que parte dos adolescentes percebem os fatores hereditários como maiores determinantes de sobrepeso/obesidade do que os fatores ambientais. Desde a década de 1940, estudos têm demonstrado relação entre padrão de distribuição da gordura corporal e desenvolvimento ou progressão de doença coronariana26. Ainda na década de 1990 comprovou-se que o padrão androide de obesidade é um forte preditor para cardiovasculopatias, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia27-29. Destaca-se também que pesquisas prévias que investigaram associação entre aspectos genéticos e obesidade não evidenciaram tal associação entre mais de um quarto dos obesos22,23.

    No segundo bloco de questões, a 13ª e a 18ª foram as que obtiveram maiores registros de boa percepção entre adolescentes de ambos os sexos. Resultado similar foi encontrado entre escolares de Piraúba (MG) onde as questões com melhores registros de boa percepção foram a 13ª (100%) e a 18ª (97,2%)19. No estudo de Londrina (PR) 100% dos adolescentes apresentaram boa percepção para a 18ª questão13. Quanto à má percepção a questão com maior representatividade de respostas foi a 20ª para ambos os sexos. Entre adolescentes do sexo feminino, a 14ª questão registrou o segundo maior índice de má percepção enquanto entre adolescentes do sexo masculino tal registro foi para a 11ª questão. Entre adolescentes de Londrina as questões com maiores registros de má percepção foram a 12ª e a 20ª13 e com os adolescentes de Piraúba (MG) foram a 15ª e a 12ª19.

    Ainda neste bloco de questões registrou-se que os adolescentes percebem que alimentos de origem vegetal possuem menos gordura e que são importantes fontes de nutrientes, bem como que, alimentos industrializados não são tão saudáveis quanto os alimentos naturais. Pesquisa desenvolvida em Piracicaba (SP) com alunos da rede pública de ensino identificou que o consumo do macronutrientes referido atendeu os critérios de adequação30. Todavia, merece atenção a má percepção registrada quanto ao fato dos alimentos ricos em carboidratos serem as maiores fontes de energia. Estudo realizado por com adolescentes da rede pública de ensino de Blumenau (SC), registrou consumo inadequado de fontes de carboidratos por apenas 12,1 e 11,8% dos meninos e meninas respectivamente31.

    No terceiro bloco, as questões que registraram melhores níveis de boa percepção foram a 22ª e a 28ª para ambos os sexos. No estudo com escolares de Piraúba (MG) as questões com melhores registros de boa percepção foram a 22ª (97,22%) e a 29ª (94,4%)19. Já pesquisa com adolescentes de Londrina as questões com maiores registros de boa percepção foram a 21ª e a 29ª13. Quanto às questões que identificaram maior concentração de adolescentes com má percepção as maiores frequências foram relativas às 30ª e 26ª questões entre adolescentes de ambos os sexos. Entre escolares de Piraúba (MG) a questão com maior representatividade de adolescentes com má percepção foi a 26ª19 e na pesquisa com adolescentes de Londrina a 30ª foi a que obteve maior frequência de má percepção13.

    Através do 3º bloco de questões registrou-se também que os adolescentes percebem que a prática de atividade física deve considerar as condições físicas de cada pessoa, bem como que cada sessão de exercício físico deve ter duração mínima de 30 minutos. A literatura é contundente em apontar os benefícios da atividade física seja como recurso preventivo ou terapêutico de doenças e agravos à saúde. Todavia tal prática pode implicar também em risco de evento cardiovascular ou de lesões musculoesqueléticas. Desta forma são recomendadas para a população em geral medidas prévias à sua prática, dentre as quais, avaliação da história clínica recente. Já ao realizar a atividade física, a atenção deve voltar-se para o uso de indumentárias adequadas e para o controle da hidratação antes e durante o exercício32. Quanto ao tempo dispensado à pratica do exercício físico, recomenda-se que um programa ideal deva envolver a maior parte dos dias de uma semana, com sessões que durem de 30 a 90 minutos de forma intermitente ou não, sendo que a medida que o nível de atividade física aumenta, diminui o risco de adquirir doenças33.

    Chama atenção o fato dos adolescentes não perceberem a importância dos exercícios físicos resistidos, bem como de acreditarem que tecido adiposo pode transformar-se em tecido muscular mediante intervenção de atividade física. Neste sentido, destaca-se que a prática de atividade física é considerada um dos elementos impactantes na redução do tecido adiposo, devendo ainda considerar os hábitos alimentares e a maturação sexual34. Treinamentos com pesos, como toda atividade física apresentam importantes efeitos para o estado geral de saúde, uma vez que podem diminuir os fatores de risco para doenças e agravos não transmissíveis, inclusive o risco para doença coronariana, bem como podem promover o ganho de força muscular, de mobilidade articular e consequentemente de funcionalidade35.

Conclusão

    De modo geral, a percepção quanto à adoção de hábitos de vida saudáveis foi abaixo das identificadas em estudos nacionais. Os piores níveis de percepções foram identificados entre as questões alusivas ao controle do peso corporal e sua repercussão para a saúde, seguidas pela percepção quanto à alimentação saudável e por fim das questões referentes à prática de atividade física.

    Agradecimento: à Secretaria Municipal de Educação de São Francisco–MG.

    Este artigo é fruto da atividade de iniciação científica das acadêmicas Camila Guedes de Freitas e Roberta Souto Santos – Programa de Iniciação Científica Voluntária da Associação Educativa do Brasil (SOEBRAS).

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