Os benefícios do exercício físico para idosos diabéticos e hipertensos Los beneficios del ejercicio físico para personas mayores diabéticas e hipertensas The benefits of physical exercise for diabetics and elderly hypertensive |
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Pós-Graduando em Especialização em Ciência do Exercício Físico: da saúde a performance Unifadra, Dracena |
Guilherme Silva Araujo (Brasil) |
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Resumo A prevalência do diabetes mellitus tipo 2 está aumentando de forma exponencial, adquirindo características epidêmicas em vários países, particularmente os em desenvolvimento. A diabetes tipo 2 é caracterizada pela incapacidade da insulina captar a glicose da corrente sanguínea para os músculos, assim causando uma hiperglicemia, esta patologia diretamente associado à HAS que é o aumento da pressão sanguínea nos vasos e artérias, estas patologias são causadas por sedentarismo, colesterol auto e obesidade. Desta pesquisa foi verificar a influência da atividade física regular no tratamento da diabetes tipo 2 e na hipertensão arterial sistêmica de idosos, participaram desse estudo 40 idosos sendo 32 mulheres e 8 homens. Foram aplicadas atividades para se obter uma melhora no tratamento das patologias diminuindo o consumo de remédios e melhorando a qualidade de vida dos idosos através de exercícios para melhorar a força muscular, resistência aeróbia, equilíbrio corporal e a flexibilidade, para que possam desenvolver suas atividades diárias sem o incomodo da dor e sem o desprazer de não conseguir efetuar essas atividades. Os resultados obtidos com as aulas e através de testes foi constatado uma melhora no desempenho físico dos idosos e uma diminuição no consumo de remédios no tratamento farmacológico. Unitermos: Diabetes. Hipertensão. Idosos. Exercício físico.
Abstract The prevalence of type 2 diabetes mellitus is increasing exponentially; gaining epidemic characteristics in several countries, particularly developing ones.The diabetes 2 is characterized by the insulin incapacity of getting glucose from the circulatory system and sends it to the muscles. This is what causes the hyperglycemia – a pathology directly associated to the HAS (a high blood pressure in the arteries and blood vessels). These pathologies are caused by sedentarism, high cholesterol and obesity. This research has the objective of studying the effects of regular physical activities in the treatment of high blood pressure and diabetes 2 in elderly people that took. Forty four people (32 women and 8 men) participated in the project. We proposed exercises in order to improve their muscular strength, their aerobic resistance, their body balance and flexibility. In that way, the intention was to get an improvement in their treatment, reducing the ingestion of medicines and increasing the quality of their lives. As a result they would be able to develop their daily activities without any pain and the displeasure of not being able to do simple tasks. At the end of the project was possible to verify an improvement in their physical performance and a reduction of the medicines in the pharmacological treatment. Keywords: Diabetes. Hypertension. Elderly people. Physical activities.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Um estudo multicêntrico de base populacional conduzido em 1988 em nove capitais de estados brasileiros, demonstrou que a prevalência do diabetes e a tolerância a glicose diminuída em população urbana, entre 30 e 69 anos de idade é de 7,6 e 7,8, respectivamente (GROSS, 2002).
Os casos de diabetes previamente diagnosticados correspondem a 54% dos casos identificados ou seja, 46% dos casos existentes desconheciam o diagnostico que provavelmente seria feito por ocasião de manifestação de alguma complicação crônica do diabetes (MALERBI & FRANCO,1992).
Segundo a OMS (2002), o Ministério da Saúde define a diabetes mellitus como uma síndrome de etiologia múltipla, ocorrida pela não utilização da insulina adequadamente no organismo, isso acaba caracterizando-se por uma hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, proteínas e lipídeos.
Segundo Costa et al (2009), a diabetes mellitus não insulina dependente diabete mellitus, é um tipo de patologia onde o pâncreas produz a insulina, mas essa mesma não age adequadamente retirando a glicose da corrente sangüínea e levando para dentro dos músculos.
Um dos fatores de risco para a ocorrência da diabetes são os fatores hereditários, é a falta da pratica de atividade física regular, sendo assim uma pessoa sedentária.
O diabético apresenta sintomas como sede excessiva, urinação freqüente, perda de peso sem explicação, fome extrema, visão embaçada, falta de sensibilidade nas mãos e nos pés fadiga recorrente, feridas com dificuldade de cicatrização, pele seca e mais infecções do que o comum (HOWLEY, 2000).
A prática de atividade física regular melhora a qualidade de vida das pessoas com diabete mellitus, pois na prática da atividade física o seu organismo utiliza a glicose que está no músculo e ao mesmo tempo ele consegue captar com mais eficiência a glicose que esta na corrente sanguínea (COSTA e NETO, 1992).
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um dos principais problemas em adultos sendo um fator de risco para patologias cardiovasculares. Considerando – se hipertenso o indivíduo que apresenta uma pressão arterial sistólica superior a 140 mmHg e a diastólica superior a 90 mmHg (Sociedade Brasileira de Cardiologia, SBC; Sociedade Brasileira de Hipertensão, SBH; Sociedade Brasileira de Nefrologia, SBC, 2006).
Algumas das causas da hipertensão arterial podem ser causadas por problemas renais, ou por pequenas glândulas chamadas adrenais que são glândulas endócrinas com formato triangular, envolvida por uma cápsula fibrosa e localizada acima do rim. A sua principal função é estimular a conversão de proteínas e de gorduras em glicose, ao mesmo tempo que diminuem a captação de glicose pelas células, aumentando, assim, a utilização de gorduras, e consiste na síntese e libertação de hormonios corticosteroides e de catecolaminas, como o cortisol e a adrenalina. (POLLOCK, 1993).
O exercício físico regular torna o coração mais forte e mais resistente melhorando assim sua capacidade contrátil do miocárdio isto resulta em maior volume de sangue exigindo menos do coração contribuindo para uma melhora na pressão arterial sistêmica e melhorando o funcionamento do sistema circulatório (BIBLIOTECA SAÚDE, 1996).
2. Objetivos
A verificar os benefícios que a atividade física regular tem sobre os índices glicêmicos e pressóricos em idosos diabéticos e hipertensos, e também verificar se houve uma melhora nessas patologias em sua manutenção, também se houve uma diminuição significativa no consumo de remédios no tratamento farmacológico dos idosos, e as melhoras significativas nas atividades diárias.
3. Levantamento bibliográfico
3.1. Diabetes
O diabetes tipo 2 é mais comum que o tipo 1, perfazendo cerca de 90% dos casos de diabetes É uma entidade heterogênea, caracterizada por distúrbio da ação e secreção da insulina, com predomínio de um ou outro componente (CIOLAC, 2004).
A diabetes mellitus é uma patologia onde causa a não produção de insulina no organismo ou esta insulina é produzida, mas não atua no organismo.
Na diabetes mellitus o pâncreas estimula a liberação de insulina, mas esta mesma não atua metabolizando a glicose que esta na corrente sanguínea para o interior do músculo, trazendo vários problemas a saúde (POLLOCK, 1993).
A diabetes mellitus esta quase sempre unida a outros problemas de saúde como doenças cardíacas coronárias, doenças vasculares periféricas insuficiência renal, retinopatia e neuropatias (HELMRICH, 1991; BONEN, 1995).
Os principais fatores de risco são: obesidade, hereditariedade, sedentarismo, estresse e alimentação (CAMPAIGNE e LAMPMAN, 1994; HOUGH, 1994; HORTON, 1995; HELMRICH, 1991; BONEN, 1995; MINISTERIO DA SAUDE, 1990).
A prática de atividade física regular contribui no tratamento e prevenção da diabetes mellitus, e também de várias outras patologias, tanto em homens, quanto em mulheres, independente do histórico familiar, hábitos alimentares, peso e outros hábitos do estilo de vida (CIOLAC, 2004).
3.2. Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estipula que a pessoa com HAS igual ou superior a 140/90 mmHg é considerada uma pessoa hipertensa.
Segundo Henrique (2008), a HAS é um problema de saúde comum nas pessoas, mas que necessita de cuidados para que não se torne um problema mais grave.
A HAS é causadora de pelo menos 40% das mortes ocorridas por acidente vascular cerebral e 25% das mortes por doenças coronarianas (BARBOSA et al, 2010).
Os fatores de risco para a HAS envolvem principalmente os hábitos diários de vida da pessoa como na sua alimentação na ingestão de quantidades elevadas de sal, gordura, álcool e também o tabaco, outro fator de risco pode ser o genético com históricos na família tudo isso se agrava mais com se aliando ao sedentarismo (MANO, 2005).
O governo implantou nos postos de saúde a distribuição de remédios como o captopril 25mg, hidrocloretigida 25mg entre outros para o controle da HAS (RENAME, 2006).
Estudos verificaram que a prática de exercícios aeróbios de médio à longo prazo diminui consideravelmente os riscos de se adquirir a HAS, podendo os exercícios ser em baixa e media intensidade com eficácia comprovada no controle e prevenção da HAS (FARINATI, 2005).
A realização de exercício físico proporciona maior dilatação dos vasos sanguíneos havendo uma menor pressão sanguínea nestes vasos, este efeito dura até 24 horas após o exercício físico (FOLLI, 2010).
O efeito de médio em longo prazo é benéfico por estimular o sistema nervoso simpático que controla os batimentos cardíacos, fazendo com que o organismo possa adquirir um condicionamento capaz de reduzir os batimentos cardíacos e conseqüentemente havendo uma diminuição da HAS e prolongando o efeito vasodilatador (FOLLI,2010).
4. Materiais e métodos
4.1. Amostra
Participaram deste estudo 40 idosos sendo 32 mulheres e 8 homens participaram, os sujeitos apresentavam uma média de idade de 68,3 ± 5,5 anos, com média de peso de 64,3 ± 13,2kg, índice de massa médio de (IMC) de 26,7 ± 3,7Kg/m² , e consumo de remédio diário entre 3 e 5 comprimidos, e que não eram praticantes de nenhum tipo de atividade física.
4.2. Protocolo de treinamento
Os exercícios foram realizados 2 vezes por semana no período da manha das 07h00min as 08h00min horas, com temperatura ambiente na media de 27 ºC. Foram feitos exercícios de resistência aeróbia e anaeróbia, por meio dos componentes funcionais, força muscular e equilíbrio corporal.
Foram aplicados exercícios para a melhora da força muscular, resistência aeróbia, equilíbrio corporal e flexibilidade dos idosos, com a utilização de materiais disponíveis como caixotes com 40 cm de altura e 60 cm de comprimento, garrafas de plástico com areia no peso de 1 kg para usar como halteres, arcos com 90 cm de diâmetro, cadeiras com 45 cm de altura e bastões com 1 metro de altura, visando com os exercícios melhorar as atividades do dia a dia e também o condicionamento físico dos idosos com patologias.
As aulas foram divididas em três partes, alongamento, parte principal e volta à calma, sendo aferida a pressão arterial no início e no fim da atividade.
Para a força muscular foram aplicados exercícios com halteres como rosca direta, rosca inversa, rosca alternada que são exercícios de flexão do cotovelo que requerem a atuação dos músculos do braço e do antebraço como bíceps, braquial e braquioradial, elevação lateral para fortalecimento dos músculos do ombro como o deltóide, todos os exercícios com 3 séries de 12 repetições.
Para resistência aeróbia foram realizadas atividades como caminhadas de leve e moderada intensidade utilizando o frequêncimetro para aferir a frequência cardíaca do idoso, antes durante e depois das atividades.
Para o equilíbrio corporal foram aplicados exercícios como andar sobre uma corda que não está em linha reta com os braços abertos e os olhos vendados, exercícios apoiando – se em apenas uma das pernas e exercícios de circuitos com cadeiras, arcos e caixotes.
Para a flexibilidade foram aplicados exercícios de alongamentos e exercícios de alcançar o objeto no chão e objetos colocados no alto.
4.3. Protocolo de avaliação
Foi utilizado o esfignomanômetro para aferir a pressão arterial da artéria braquial, o glicosímetro para medir a concentração de glicose no sangue, e o frequêncimetro para aferir a freqüência cardíaca antes, durante e depois dos exercícios a pressão arterial sistêmica e a glicemia dos idosos foram verificadas no momento pré, durante e no pós aos exercícios físicos.
E também foi feito o uso de questionários para averiguar a melhora na qualidade de vida nas atividades diárias e também no consumo diário de medicamentos.
5. Resultados
Na avaliação inicial foi evidenciada um consumo de medicamentos por parte dos participantes do programa de exercícios de 3 a 5 comprimidos diários em média, na avaliação final foi constatado uma redução para a media de 3 comprimidos diários, e também uma significativa melhora no dia a dia dos idosos nas atividades diárias e qualidade de vida.
6. Discussão
Os resultados apresentados no presente estudo, confirmaram que com o programa de exercício físico regular por 6 meses atingiram significativos benefícios a saúde dos idosos hipertensos e diabéticos tanto nas patologias citadas como em sua qualidade de vida e realização das atividades diárias.
Houve redução do uso de medicamentos por parte dessa população devido a pratica de atividade física regular.
Não foram encontrados estudos na literatura para confrontar os dados obtidos no resultado de redução do tratamento farmacológico.
Porém estudos confirmam que a prática de atividade física regular proporciona uma melhora no condicionamento físico e na qualidade de vida dos idosos.
7. Conclusão
Podemos constatar que um programa de atividade física adequado e realizado de maneira apropriada proporciona melhora significativa na qualidade de vida dos idosos e nas suas atividades diárias como trabalhos domésticos e mobilidade diminuindo dores musculares, problemas de postural e também uma redução na ingestão de medicamentos no tratamento farmacológico de 52 % dos participantes, os 48 % restantes não tiveram redução no consumo de medicamentos, mas obtiveram uma melhora significante no condicionamento físico e na qualidade de vida.
Referências bibliográficas
BIBLIOTECA DA SAUDE. Exercícios, boa forma e saúde. São Paulo: Circulo do Livro, Vol. 1. 1996.
COSTA A.A. Diabetes. Ed. Savier, 4ª Edição, 2004.
COSTA, A. A, e NETO, J S. A, Manual de diabetes: Alimentação, Medicamentos e Exercícios. São Paulo, Sarvier, 1992.
DUARTE AC FAILLACE GBD, WADI MT, PINHEIRO RL. Síndrome metabólica: semiologia, bioquímica e prescrição nutricional. Axcel Books. Rio de Janeiro, 2005. 255p.
DULLIUS J. Diabetes Mellitus: Saúde, Educação, Atividade Física. Brasília, DF: Editora Universitária de Brasília, FINATEC, 2007.
GALLOP, R. A dieta do índice glicêmico. Rio de Janeiro, RJ: Sextame, 2006.
GROSS, L.J. Diabetes Melito: Diagnóstico, Classificação e Avaliação do Controle Glicêmico. Arq Bras Endocrinol Metab vol 46 nº 1 Fevereiro 2002.
HELMRICH, S.P., et al. Physical activity and reduced occurrence of noninsulin – dependent diabetes mellitus. The New England Journal of Medicine, v. 325, n. 3, p. 147 – 152, 1991.
HORTON, E.S.: Diabetes mellitus. In Goldberg, Barry G.: Sports and exercise for children with health conditions. Champaign, Human Kinetics Publisher, 1995.
HOUGH, D. O.: Diabetes mellitus in sports. Medical Clinics of North America, v.78, n. 2, p. 423 – 429, 1994.
HONLEY, Edward T. Manual do instrutor de condicionamento físico para a saúde, trad. Cecy Ramires Maduro. Porto Alegre: Artmed, 2000, pg.298-311.
MALERBI, D. A. & FRANCO, L. J. Multicenter study of the prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Brazilian population aged 30-69 Yr. Diabetes Care, 15:1509-1516.1992.
MANO, Gisele Machado Peixoto; PIERIN, Angela Maria Geraldo. Avaliação de pacientes hipertensos acompanhados pelo Programa Saúde da Família em um Centro de Saúde. Acta Paul.enferm., São Paulo, v.18, n. 3, Sept, 2005.
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SILVA.M.D, et al. O exercício: Exercício e qualidade de Vida, Atheneu: São Paulo; 1999.pg. 256.
Sociedade Brasileira de Hipertensão, Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Nefrologia. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. São Paulo, SP. 2006.50p.
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