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Nível de conhecimento em primeiros socorros 

de professores de Educação Física

Nivel de conocimiento en primeros auxilios de profesores de Educación Física

 

*Licenciada em Educação Física (Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, IFCE)

**Professor do Curso de Licenciatura em Educação Física do IFCE

***Doutorado em Educação (Universidade Federal do Ceará, UFC)

Mestrado em Ciências do Desporto (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, UTAD)

Mestrado em Ciências Fisiológicas (Universidade Estadual do Ceará, UECE)

Maria Nadir Pereira Batista*

Francisco Cristiano da Silva Sousa** ****

Basílio Rommel Almeida Fechine** ***

Eduardo da Silva Pereira** *****

eduardonutriex@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem por objetivo identificar o nível de conhecimento de professores de Educação Física em procedimentos de primeiros socorros realizados frente às situações possíveis de ocorrer, no ensino fundamental II, em escolas públicas e particulares do município de Canindé-CE. Participaram deste estudo 18 professores de Educação Física dessas escolas. Para tanto, utilizou-se um questionário fechado composto por 17 questões acerca do tema. Os dados colhidos foram analisados por meio de média e apresentados em valores percentuais e gráficos. Concluímos que os professores de Educação Física, que atuam no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio da Cidade de Canindé-CE, não estão plenamente capacitados a prestarem um atendimento primário de qualidade.

          Unitermos: Primeiro socorros. Professores. Educação Física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os primeiros socorros caracterizam-se por ser o primeiro atendimento prestado a uma vítima que está ferida ou que adoece de forma instantânea, seja temporariamente ou de imediatismo. Eles são utilizados para identificar as diferentes situações de risco de vida de uma vítima e quais ações devem ser realizadas para que permaneçam os sinais vitais e no melhor estado para espera de um atendimento especializado (HAFEN, KARREN e FRANDSEN, 2002).

    Sabendo que o professor de Educação física atua com diferentes práticas corporais, que podem causar eventuais acidentes por contato físico ou ocasionados por movimentos corporais diversos, é imprescindível que este professor proporcione aos alunos os primeiros socorros de forma segura e com responsabilidade diante de eventuais acidentes (SIEBRA e OLIVEIRA, 2010).

    Nesse sentido, há uma grande preocupação por parte dos profissionais da área da saúde com o crescimento do índice de lesões ocasionadas com alunos dentro das escolas, pois é consensual que a demora ou um atendimento de forma incorreta pode acarretar sérios danos que podem atrapalhar na recuperação do aluno ou mesmo prolongar o tempo de recuperação do mesmo (MAGEE, 2002).

    A partir dessas observações, surgem alguns questionamentos acerca da temática: (1) Qual será o nível de conhecimento dos professores de Educação Física no que se refere aos primeiros socorros? (2) Será que esses professores estão preparados para realizar o atendimento com segurança e domínio durante a realização dos procedimentos necessários?

    Assim sendo, esta pesquisa analisou o nível de conhecimento de professores de Educação Física em procedimentos de primeiros socorros no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio, em escolas públicas e particulares do município de Canindé-CE.

Material e métodos

    O presente estudo se caracteriza por ser uma pesquisa de campo transversal e de natureza descritiva com uma abordagem quantitativa. A pesquisa ocorreu no período de fevereiro a abril de 2013 em escolas públicas e particulares do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, situadas no município de Canindé, Ceará, Brasil. Participaram deste estudo 18 professores de Educação Física do referido município.

    Utilizou-se o questionário abaixo apresentado, composto por 17 questões acerca do tema, adaptado do instrumento criado por Sell, 2010.

1. Você já teve algum tipo de treinamento em primeiro socorros, com exceção da disciplina em educação física?

2. Você foi informado sobre a localização de materiais de primeiro socorros e sobre algum procedimento a ser tomado caso haja alguma emergência?

3. Você sabe verificar a presença de sinais vitais?

4. Qual o detalhe mais importante a ser observado em uma vítima e que deve ser informado ao serviço de primeiros socorros durante a ligação de solicitação de ajuda?

5. Dos serviços de emergência da cidade de Canindé, qual você sabe o número do telefone?

6. Quando uma pessoa estiver convulsionando, o que devemos fazer?

7. Como verificar se a vítima está respirando?

8. Como é possível facilitar a respiração da vítima, caso não haja suspeita de fratura (quebra) na coluna vertebral?

9. Quais os sinais e sintomas e como proceder diante de uma contusão, até a chegada do atendimento especializado?

10. Como proceder diante de uma distensão muscular, até o atendimento especializado?

11. Como proceder diante de cãibras musculares?

12. Quais os sinais e sintomas de entorses?

13. Como proceder em caso de luxação, até o socorro especializado?

14. Como proceder em caso de suspeita de fratura, até o socorro especializado?

15. Como proceder em caso de suspeita de fratura da coluna cervical, até a chegada de socorro especializado?

16. Como proceder diante de hemorragias?

17. Como proceder em caso de desmaio ou estado de choque, até a chegada do socorro especializado?

    Os voluntários na pesquisa leram e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecimento e esta pesquisa foi estruturada de acordo com a resolução Nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – CNS para experimentos com seres humanos.

    Os resultados foram tabulados em uma planilha eletrônica do programa Microsoft Excel, 2010. Em seguida, os dados foram analisados e expressos em valores percentuais. Além disso, para uma melhor visualização dos resultados, foram criados vários gráficos.

Resultados e discussão

    O gráfico 1 apresenta o percentual de respostas positivas e negativas dos voluntários quando perguntados se tinham participado de algum tipo de treinamento em primeiro socorros, com exceção da disciplina de socorros urgentes cursada na graduação em Educação Física. 61,1% dos professores responderam que Sim, enquanto que 38,9% responderam que Não.

Gráfico 1. Percentual de respostas positivas e negativas

    No trabalho de Maia e colaboradores (2012), os resultados evidenciaram que 94% da amostra respondeu que possuía os saberes necessários sobre o assunto.

    O gráfico 2, apresenta os resultados da questão 2, onde apenas 22,2% dos entrevistados disseram já terem sido informados sobre a disposição de materiais de Primeiros Socorros, enquanto que 77,8% afirmaram não saberem sobre estes materiais na escola. Isso indica uma negligência por parte dos profissionais e por parte da escola, considerando-se a grande potencialidade para acidentes dentro do ambiente escolar.

Gráfico 2. Percentual de acertos e erros da questão 2

    Todos os professores afirmaram saber verificar os sinais vitais. Segundo Silva e Marques Sá (2007), os sinais vitais são parâmetros que levarão a tomada de decisões que melhorem as condições de saúde das vítimas. Esses sinais vitais são: freqüência cardíaca, freqüência ventilatória, reflexo pupilar, temperatura, cor da pele, pressão arterial, nível de consciência e capacidade de movimentação. A verificação dos sinais vitais pode orientar o diagnóstico inicial e acompanhar a evolução do quadro clínico da vítima (CABRAL e OLIVEIRA apud OLIVEIRA et al., 2004).

    O gráfico 3 mostra os resultados da questão 4, quando perguntados sobre o que é mais importante de se observar numa vítima, 16,6% dos entrevistados não responderam corretamente, o que já demonstra desconhecimento ou inaptidão ao realizar os atendimentos primários. Já 83,4% dos entrevistados responderam corretamente: verificar se há sinais vitais. Assim, podemos deduzir que talvez nem todos os professores saibam realmente verificar os sinais vitais, uma vez que uma parte deles não apontou que esses sinais vitais são uma prioridade no atendimento.

Gráfico 3. Percentual de acertos e erros da questão 4

    Nesse aspecto, os nossos dados concordam com o ponto de vista de Rabuske e colaboradores (2002), onde eles afirmam que os professores não estão capacitados para o pronto atendimento ou agem de forma inadequada.

    O gráfico 4 apresenta os resultados da questão 5, quando perguntados sobre os números telefônicos de emergência da cidade de Canindé. Um professor (5,5%) sabia apenas o número do GSU (Grupo de Socorro de Urgências). Dois professores (11,1%) sabiam os números do GSU, dos Bombeiros e da Polícia. Quatro professores (22,3%) sabiam os números do GSU e da Polícia e os 11 restante (61,1%) sabiam apenas o número da Polícia. É importante salientar, que os policiais, apesar de terem cursos na área de socorros urgentes, não têm o material necessário para socorrer uma vítima de forma correta, portanto nesta pesquisa foram consideradas como corretos os números dos bombeiros ou do GSU.

Gráfico 4. Percentual de acertos e erros da questão 5

    Sardinha e Carvalho (2006), para os quais o ato de utilizar os primeiros socorros envolve duas importantes tarefas: em primeiro lugar, ter o telefone dos pais e de um resgate; e, em segundo, prestar o atendimento adequado, para minimizar danos ao aluno. Num estudo conduzido por Maia e colaboradores (2012), verificou-se que em 33,9% dos casos de acidentes as vítimas/alunos são encaminhados diretamente a um hospital, em 32,1% os alunos são cuidados na própria escola e em 19,6% o atendimento especializado é acionado.

    O gráfico 5 mostra os resultados da questão 6, onde se constata que 88,8% dos professores de Educação Física sabem realizar o procedimento correto quando uma pessoa está convulsionando.

Gráfico 5. Percentual de acertos e erros da questão 6

    Segundo Rojo (2002), a crise convulsiva costuma ser um momento muito estressante, entretanto a maioria das crises dura menos que 5 minutos e a mortalidade durante a crise é baixa. Assim, deve-se manter a calma para que se possa, efetivamente, ajudar a pessoa e, além disso, devem-se tomar medidas protetoras no momento da crise, como apoiar a cabeça da vítima, afrouxar tudo que possa estar apertado e afastar qualquer objeto que possa feri-la. Diferentemente dos nossos resultados, Júnior e colaboradores (2013), afirma que 63% dos pesquisados não sabem o que fazer quando uma pessoa está convulsionando.

    O gráfico 6 mostra o número de acertos da questão 7, onde 66,6% dos avaliados sabem verificar quando a vítima está respirando. Porém, de maneira surpreendente, 33,4% responderam, incorretamente, que para saber se a pessoa está respirando, deve-se verificar a pulsação.

ACERTOS ERROS

Gráfico 6. Percentual de acertos e erros da questão 7

    O gráfico 7 mostra os resultados da questão 8 que apesar desse expressivo índice de erros ao verificar a respiração, apenas 28% dos professores não sabem realizar procedimentos para facilitar a respiração de uma vítima. Já 72% sabem realizar corretamente este procedimento, como afrouxar roupas, fazer uma extensão da cervical para abrir as vias aéreas.

Gráfico 7. Percentual de acertos e erros da questão 8

    O gráfico 8 mostra os resultados da questão 9 onde, apenas 38,9% responderam corretamente sobre sintomas e sinais e como proceder diante de contusões e o mais impressionante é que 44,5% não sabem sequer definir os sinais e sintomas da contusão e 16,6% apesar de saberem identificar os sinais e sintomas, não sabem como proceder diante destas lesões

Gráfico 8. Percentual de acertos e erros da questão 9

    Contusão é o resultado de um forte impacto na superfície do corpo. Ela pode causar uma lesão nos tecidos moles da superfície, nos músculos ou em cápsulas ou ligamentos articulares. Para aliviar a dor na área de contato, deve-se aplicar gelo no local imediatamente. Massagem e aplicação de calor só são recomendadas 24 horas após a contusão (MANUAL DE PRIMEIROS SOCORROS, 2013).

    O gráfico 9 apresenta os resultados da questão 10, quanto aos procedimentos diante de distensões musculares, 94,4% dos professores de Educação Física responderam corretamente que se deve aplicar compressas frias e imobilizar o local da distensão.

Gráfico 9. Percentual de acertos e erros da questão 10

    O gráfico 10 mostra os resultados da questão 11, onde 55,5% dos entrevistados responderam corretamente como proceder diante de câimbras, mas 44,5% dos avaliados não sabem como proceder diante desta ocorrência.

Gráfico 10. Percentual de acertos e erros da questão 11

    Segundo Thompson (1995), a cãibra é uma contração involuntária repentina e dolorosa, que pode ocorrer por excesso de esforço e por perda de eletrólitos e fluídos corporais. O alto percentual de professores de Educação Física que não sabem como proceder diante desse evento é preocupante, uma vez que durante as atividades físicas conduzidas dentro das aulas de Educação Física, os alunos perdem quantidades expressivas de água e eletrólitos, o que pode levar uma maior freqüência de câimbras durante as aulas.

    Divergindo dos nossos resultados, o estudo realizado por Rosatelli (1996), constatou que 70% dos pesquisados sabiam como proceder corretamente em casos de câimbras.

    O gráfico 11, mostra os resultados da questão 12 quanto aos sinais e sintomas de entorses, 83,3% dos pesquisados responderam corretamente que seria dor ao movimentar-se, deformidade da articulação, inchaço (edema) e perda da mobilidade. Somente 16,7% responderam incorretamente que seria: dor no local, hematomas, fratura interna e inchaço.

Gráfico 11. Percentual de acertos e erros da questão 12

    O gráfico 12, apresenta os resultados da questão 13, quando perguntados sobre como proceder em caso de luxação, até a chegada do socorro especializado, 94,4% dos professores de Educação Física responderam de forma correta, que seria imobilizar o local e aplicar gelo, e somente, 5,6% dos entrevistados responderam de forma incorreta que seria imobilizar o local, aplicar calor.

Gráfico 12. Percentual de acertos e erros da questão 13

    O gráfico 13 apresenta os resultados da questão 14, onde ao serem questionados sobre como proceder diante de um caso de suspeita de fratura, até a chegada do socorro especializado, 55,5% dos pesquisados responderam corretamente que seria imobilizar a região, elevar o membro lesionado, aplicar gelo, 22,3% responderam que seria movimentar de leve a região, aplicar gelo, imobilizar o local, 16,7% responderam que seria aplicar calor e imobilizar o local. Somente 5,5% responderam que seria movimentar de leve a região, aplicar calor, imobilizar o local.

Gráfico 13. Percentual de acertos e erros da questão 14

    Pode-se definir uma fratura como a perda na continuidade de um osso, podendo ser de dois tipos: (1) fechadas, nas quais a pele sobrejacente permanece intacta e não há ferimentos em volta e (2) expostas, quando o osso se rompe, projetando sua extremidade para fora ocorrendo corte na pele, sangramento externo, existindo o risco iminente de infecção (SAFRAN, MCKEAG e CAMP, 2002; TREVISANE et al., 2004).

    Um estudo realizado por Bernardes e colaboradores (2007), demonstrou que 65% dos professores pesquisados sabem reconhecer casos de fratura e 87,5% sabem socorrer a vítima acometida por fratura de maneira correta, indicando uma diferença de 32% no número de acertos em relação aos nossos resultados.

    O gráfico 14 apresenta os resultados da questão 15, que no caso de suspeita de fratura da coluna cervical, 77,8% dos professores afirmaram saber realizar os primeiros procedimentos corretamente, que seria imobilizar a vítima deitada de costas, se for necessário movimentá-la como um bloco não mexendo a cabeça, tronco, ou membros separadamente. Somente 22,2% responderam que deitariam a vítima de bruços e aguardariam socorro. Apesar de apenas 22,2% dos pesquisados terem errado na resposta, uma fratura na coluna vertebral pode causar lesões medulares irreversíveis, como paralisia das pernas. Assim, este percentual demanda uma preocupação adicional com os procedimentos adotados por esses profissionais diante desse tipo sério de lesão.

Gráfico 14. Percentual de acertos e erros da questão 15

    O gráfico 15, mostra os resultados da questão 16 onde os professores de Educação Física foram indagados como proceder em casos de hemorragias, 33,3% responderam corretamente que iriam estancar com pano limpo e se o ferimento for em um dos membros elevar e estender o mesmo. Já 27,8% fariam um torniquete, (amarrar acima do local) e estancariam com pano limpo, 27,8% responderam que fariam um torniquete e estenderiam até parar de sangrar, caso ocorra no tronco estancar com pano limpo. Por fim, 11,1% responderam que iriam estancar com pano limpo, elevar e flexionar o membro atingido colocando um chumaço de pano, algodão ou papel atrás da articulação flexionada, comprimir com panos limpos se forem outros locais.

Gráfico 15. Percentual de acertos e erros da questão 16

    Sabendo que a hemorragia é a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso sanguíneo, veia ou artéria, alterando o fluxo normal da circulação e que se a hemorragia abundante se não for controlada pode levar a morte de 3 a 5 minutos. Segundo Nogueira (1994), pressionar o ferimento até que pare de sangrar, pedir para a vítima elevar o membro ferido e pressionar pontos específicos são os procedimentos adotados para estancar hemorragias. Entretanto, se o sangramento não parar é necessário rever a técnica quantas vezes for preciso. Já a aplicação de torniquete só deve ocorrer em caso de amputação com sangramento abundante.

    O gráfico 16, mostra os resultados da questão 17, quando perguntados se saberiam como proceder em caso de desmaio ou estado de choque até a chegada do socorro especializado, metade dos pesquisados responderam que procederia verificando sinais vitais, afrouxando a roupa da vítima, repousando e aquecendo a mesma, tentando acordá-la, enquanto que apenas 33,3% procederia corretamente, ou seja, verificando sinais vitais, afrouxando a roupa da vítima, repousar e aquecer a mesma, já 11,1% iria verificar sinais vitais, repousar a vítima, tentar acordá-la, e ainda 5,5% responderam que iria tentar acordá-la, dar água para beber, arejar a vítima.

Gráfico 16. Percentual de acertos e erros da questão 17

    O desmaio pode ser definido como a perda temporária de consciência, que pode ser provocada por fatores diversos, sendo o mais comum a hipoglicemia e desidratação. Já os casos de estado de choque são provocados geralmente por lesões graves, tais como: hemorragias ou emoções intensas, queimaduras graves, ferimentos graves ou extensos, entre outras causas.

    As medidas gerais para tratamento são manter a vítima deitada com a cabeça abaixo do corpo para aumentar a circulação sanguínea no cérebro, afrouxar roupas apertadas, não dar nada para o paciente comer ou beber e se estiver em local mal ventilado providenciar a remoção para outro local mais apropriado (OLIVEIRA e PAROLIN, 2004).

    Por meio dos gráficos, percebe-se que a maioria dos entrevistados não respondeu corretamente sobre as especificidades e procedimentos acerca de contusões, hemorragias e desmaios.

    Além disso, percebemos que, apesar da maioria dos professores de Educação Física saberem como proceder diante de câimbras e fraturas, um expressivo número desses profissionais não sabem os procedimentos corretos que devem ser adotados nestes dois casos.

    Assim, podemos deduzir que, caso os alunos sejam acometidos por contusões, câimbras, fraturas, hemorragias e desmaios, durante as aulas de Educação Física, estarão sujeitos a um risco potencialmente alto para agravos após acidentes, uma vez que um número considerável de professores respondeu incorretamente sobre os procedimentos supracitados e, portanto, não saberão como prestar os primeiro atendimentos de maneira correta e isso implica, inclusive, num aumento das seqüelas desses acidentes.

Conclusões

    Concluímos que os professores de Educação Física, que atuam no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio da Cidade de Canindé-CE, não estão plenamente capacitados a prestarem um atendimento primário de qualidade, pois apesar de a maioria dos professores terem respondido corretamente a 13 das 17 perguntas do questionário, quatro perguntas foram respondidas erradamente pela maioria desses professores.

    Considerando o fato de os professores de Educação Física terem cursado na graduação a disciplina de primeiros socorros ou socorros urgentes, e que mesmo assim alguns desses professores demonstraram não saberem sequer como proceder diante de situações comuns de ocorrerem durante as aulas de Educação Física, como no caso de câimbras e contusões, mostra o despreparo de alguns desses profissionais diante das potenciais situações de risco de acidentes dentro do ambiente escolar.

    Por fim, para que haja uma reversão ou melhora desse quadro de inaptidão, é necessário que algumas medidas sejam tomadas, como por exemplo, atualização dos procedimentos adotados através de cursos de capacitação teórico-práticos na área de socorros urgentes. Isso contribuirá não apenas para um melhor atendimento primário em caso de acidentes, mas também permitirá o desenvolvimento de atitudes preventivas, que diminuirão a freqüência de acidentes na escola, proporcionando aos alunos uma maior segurança, principalmente durante as aulas de Educação Física.

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