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Comparação dos métodos de IMC e de Deurenberg na constatação de gordura corporal e classificação quanto ao sobrepeso e obesidade infantil

Comparación de los métodos de IMC y de Deurenberg en la comprobación
de la grasa corporal y clasificación de sobrepeso y obesidad infantil

Comparison of methods BMI and Deurenberg the observation of body fat
and classification of childhood overweight and obesity

 

*Graduados em Educação Física pela FAGAMMON

** Discente de Nutrição UFLA

***Professor do UNIS, MG - UNIFOR, MG e FAGAMMON

(Brasil)

Alan Peloso Figueiredo***

Bianca Martins de Figueiredo**

Maykeline Stéphani Pereira*

Rafael da Cunha Mângia*

alanpf@terra.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo tem a função de alertar os profissionais da saúde quanto ao uso dos métodos de aferição da gordura corporal com o objetivo de detectar graus de sobrepeso e obesidade em crianças de 7-8 anos, comparando os resultados das equações do IMC (índice de massa corporal) e as equações propostas por Deurenberg (dobras cutâneas). O resultado da amostra, composta por 400 crianças com idade de 7-8 anos, do gênero masculino, expõe que há uma grande diferença de valores, sendo 25% das crianças avaliadas pelo método IMC apresentavam sobrepeso e obesidade, contra 48% das crianças analisadas pelo protocolo das dobras apresentaram sobrepeso e obesidade. Essa diferença compõe 23% da amostra, e, em termos absolutos, é o equivalente a 92 crianças. Em conclusão, o método proposto por Deurenberg, se mostra mais adequado para a avaliação da gordura corporal em crianças brasileiras.

          Unitermos: Obesidade. Métodos e análise. Gordura corporal.

 

Resumen
         
Este estudio sirve para orientar a los profesionales de la salud sobre el uso de los métodos de medición de la grasa corporal con el fin de detectar los grados de sobrepeso y obesidad en niños de 7-8 años de edad, comparando los resultados de las ecuaciones de IMC (índice de masa corporal cuerpo) y las ecuaciones propuestas por Deurenberg (pliegues cutáneos). El resultado de la muestra de 400 niños varones de 7-8 años de edad, afirma que hay una gran diferencia en los valores, siendo que el 25% de los niños evaluados por el método del IMC presentaban sobrepeso u obesidad, en comparación con el 48% de los niños estudiados por el protocolo de los pliegues que presentaron sobrepeso y obesidad. Esta diferencia se compone del 23% de la muestra y, en términos absolutos, es el equivalente a 92 niños. En conclusión, el método propuesto por Deurenberg, resulta más apropiado para la evaluación de la grasa corporal en niños brasileños.

          Palabras clave: Obesidad. Métodos y análisis. Grasa corporal.

 

Abstract

          This study has the function of alerting the health professionals about the use of ad measurement methods of body fat with the objective of detecting levels of overweight and obesity in children between 7-8 years old, comparing the results of the BMI (body mass index) and the equations proposed by Deurenberg (skin folds). The sample’s result, composed by 400 kids between 7-8 years old, male, exposes a huge difference, with 25% of the kids evaluated by the BMI method showing overweight and obesity while 48% of them were considered overweight or obese when evaluated by the skin folds protocol. This variation composes 23% of the sample, which in absolute terms represents 92 kids. In conclusion, the method proposed by Deurenberg shows to be more accurate to the evaluation of the body fat in Brazilian children.
          Keywords: Obesity. Methods and análisis. Body fat.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A obesidade já está sendo considerada uma doença universal de prevalência crescente e hoje assume caráter epidemiológico, como o principal problema de saúde publica na sociedade moderna (POLLOCK; WILMORE, 1993). Também pode ser considerada como doença psicossomática, de caráter crônico, com determinantes genéticos, neuroendócrinos, metabólicos, dietéticos, ambientais, sociais, familiares e psicológicos (FELIPPE, 2001).

    A obesidade é compreendida como prejudicial à saúde em aspectos físicos e psicológicos. É uma doença complexa, que possui causas multifatoriais, como nutricional, psicológica, fisiológica social e médica, associadas à interação com uma possível predisposição. Entre os fatores ambientais, podem – se citar dietas hipercalóricas, nível de atividade física, o fumo e a ingestão de álcool (MELLO, 2001).

    Também são considerados riscos associados à obesidade: as diabetes, a hipertensão arterial, as doenças cardiológicas, o câncer (especialmente de mamas e intestino), os acidentes vasculares cerebrais, apneias e artroses (FELIPPE, 2001).

    A obesidade é bastante preocupante, pois a associação da obesidade com alterações metabólicas, como a dislipidemia, a hipertensão e a intolerância à glicose, considerados fatores de risco para o diabetes mellitus tipo II e as doenças cardiovasculares até alguns anos atrás, eram mais evidentes em adultos; no entanto, hoje já podem ser observadas freqüentemente na faixa etária bem mais jovem (POLLOCK, WILMORE, 1993; RITO et al, 2012).

    De acordo com Andrade (1995), um alto nível de ansiedade pode ter como sintoma a obesidade, que possivelmente mascara dificuldades internas, afetivas e relacionadas, requerendo um tratamento psicológico rápido e eficiente.

    Tornando-se um problema cada vez mais frequente na infância e na adolescência, a obesidade esta relacionada a diversas doenças, com o aumento do risco de morbilidade e mortalidade (LAMOUNIER, 2000).

    Em todo mundo, a obesidade infantil vem aumentando significativamente. No Brasil, teve um aumento em torno dos 50% na ultima década, e cerca de ¼ das crianças são obesas ou apresentam sobrepeso. Diversos estudos estimam que cerca de 50% das crianças obesas aos sete anos serão adultos obesos e cerca de 80% dos adolescentes obesos se tornarão adultos obesos (OLIVEIRA, 2000).

    O IMC parece ser o mais difundido, uma vez que é calculado a partir da medida de peso e estatura (que em certos casos são obtidos em relato) e possui pontos de corte mundialmente empregados (FELIPPE, 2001). Todavia, o IMC é um tanto limitado por não ser capaz de distinguir o peso proveniente de gordura (MELLO, 2001).

    Em estudo epidemiológico, consiste na mensuração da espessura de determinadas pregas cutâneas. Essas técnicas têm o diferencial (em comparação aos demais métodos antropométricos) de estimar a gordura corporal relativa através de equações especificas destinada a calcular a densidade corporal e o percentual de gorduras (OLIVEIRA, 2000; STYNE, 2001).

Materiais e métodos

    A pesquisa caracteriza-se com transversal que segundo Rouquayrol (1994), é o estudo epidemiológico no qual fator e efeito são observados num mesmo momento (BORDALO, 2006).

Termo livre e esclarecido

    Aos pais ou responsáveis foi enviado um termo de livre e esclarecido, no qual estavam explícitos o propósito e os métodos empregados no estudo.

Amostra

    A amostra da pesquisa foi composta por 400 crianças (pré-púberes) com idade de 7-8 anos, do gênero masculino. As variáveis antropométricas utilizadas para a determinação dos níveis de sobrepeso e obesidade foram duas, a do IMC (índice de massa corpórea) e o método de Deurenberg (dobras cutâneas). As medidas foram avaliadas no mesmo dia e subsequentes.

Aparelhagem

    Para determinação do percentual de gordura foi utilizado o adipômetro da Marca Sanny Adipômetro Científico Classic, com variação de 0,1 mm e para identificação do IMC, foi utilizada balança Balança Digital Antropométrica Toledo com Estadiômetro Acoplado.

Índice de Massa Corporal (IMC)

    O IMC pretende relacionar a massa corporal e a altura de um indivíduo, através da divisão do peso pelo quadrado da altura. O IMC é uma fórmula matemática com objetivo de sinalizar a magreza excessiva, obesidade ou obesidade mórbida. No entanto na análise das variáveis em crianças utilizam-se tabelas especificas de percentil. Considerou-se pré-obesidade quando P85≤IMC<P95 e obesidade quando IMC≥P95.

Método de Deurenberg

    A mensuração aferidas das seguintes Dobras Cutâneas: Subescapular (DSE), Tricipital (DT), Abdominal (DAB) e da Panturrilha (DPant).

Resultados

    Apresentação dos dados obtidos para a classificação de acordo com os métodos.

Gráfico I. Classificação dos valores Deurenberg

    O gráfico I apresenta a distribuição de gordura após coleta de dados das dobras e consequente cálculo do percentual de gordura, verifica-se que somados os valores de moderadamente alto e alto as crianças acima do peso alcançam 48%.

Gráfico II. Comparação dos resultados

    O gráfico II compara as crianças acima do peso entre os dois métodos empregados na pesquisa.

Discussão

    A diferença entre 48% (Deurenberg) e 25% (IMC) é de 23%, que em termos absolutos equivale a 92 crianças, que no IMC eram consideradas normais, mas que por outro lado, apresentam segundo Deurenberg algum grau de obesidade.

    O IMC é altamente utilizado em estudos de obesidade e sobrepeso em estudos governamentais e epidemiológicos, porém segundo Mello (2001) e aqui isso se aplica diretamente, o IMC não separa nem distingue os pesos e tampouco frações corporais em massa magra, gorda ou água entre outros.

    De acordo com os estudos de Mally et al (2011), vários países na ânsia de demonstrar preocupação com a questão da obesidade infantil utilizam os métodos considerados mais fáceis e com menos erros metodológicos no sentindo de cobrir enormes áreas populacionais assim como grandes populações. No Brasil o governo tem feito isso há anos utilizando o IMC para a grande população brasileira e de vasto território nacional.

    Volgyi e colaboradores (2008) sugerem que o uso do IMC pode com certeza afastar a verdadeira realidade da imensa população mundial atingida pela obesidade. A simples pesquisa aqui apresentada ratificada os estudos anteriores visto que o percentual de crianças atingidas pelo IMC é bem inferior ao uso das dobras cutâneas.

    Rito e colegas (2012) constatam ainda que as dobras cutâneas e o método de Bioimpedância deveriam predominar em países que tivessem condições de realizar os mesmos.

Conclusão

    Os resultados encontrados de excesso de peso e obesidade com referência no IMC não se enquadram no método de dobras cutâneas de Deurenberg.

    Sendo assim, o método de IMC, mesmo sendo muito utilizado e de fácil aplicação, não se adéqua com os resultados obtidos com as dobras de Deurenberg, que apresentou ser mais eficiente em seus resultados para o diagnóstico de sobrepeso e obesidade em crianças.

    A presente pesquisa não é ponto final da relação do IMC com a obesidade, nem tem como intenção colocar o método de dobras como perfeito. Sugere-se que outras instituições em todos os estados possíveis, realizem uma pesquisa nacional a fim de verificar o melhor método de avaliação da Obesidade Infantil.

Referências

  • Andrade, T. M. Estudo psicológico de crianças e adolescentes obesos. Em M. Fisberg. (Org.) Obesidade na infância e adolescência (pp. 100-105). São Paulo: Fundação BYK. 1995.

  • Bordalo, A.A. Estudo transversal e/ou longitudinal. Revista Paraense de Medicina. Vol. 20, 2006.

  • Deurenberg P; Weststrate JA; Seidell JC. Body mass index as measure of body fatness: age-and sex-specific prediction formulas. Br J Nutr. 1991.

  • Felippe, F.M. O peso social da obesidade. 2001. Tese (Doutorado em serviço Social) – Pontifícia Universidade Católica do rio grande do sul, Rio Grande do Sul, 2001.

  • Lamounier, A.J. Situação da obesidade na adolescência no Brasil. In: Dutra de Oliveira JE, Lamounier AJ, Berezovsky MW, Portella Jr. Obesidade e anemia carencial na adolescência: Simpósio. São Paulo: Instituto Danone, 2000; 15-31.

  • Mally, K., Trentmann, J., Heller, M., Dittmar, M. Reliability and accuracy of segmental bioelectrical impedance analysis for assessing muscle and fat mass in older Europeans: a comparison with dual-energy X-ray absorptiometry. Eur J Appl Physiol. 111(8):1879-87, 2011.

  • Mello, E. D. Atendimento ambulatorial versus Programa de educação em obesidade infantil: Qual oferece mais conhecimentos e mudanças de hábito? 2001. Tese (Doutorado em pediatria) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

  • Oliveira, R. G. A. Obesidade na infância e adolescência como fator de risco para cardiovasculares do adulto. Salvador, BA, 2000.

  • Pollock ML, Wilmore JH. Medicina e esporte. In: Exercício na saúde e na doença: Avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2ºedição. Rio de Janeiro, 1993, 125-7.

  • Rito, A. et al. Prevalence of obesity among Portuguese children (6-8 years old) using three definition criteria: COSI Portugal – Pediatric Obesity, 2012.

  • Styne, D.M. Childhood and adolescent obesity. Prevalence and significance. Pediat Clin North Amer, 2001.

  • Volgy, E., Tylavsky, F.A., Lyytinen, A., Suominen, H., Alén, S. Assessing body composition with DXA and bioimpedance: effects of obesity, physical activity, and age. Obesity 16(3):700, 2008.

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