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A importância do aprendizado na fase motora fundamental

La importancia del aprendizaje en la etapa motora fundamental

 

*Graduandos em Educação Física na Universo, Goiânia

**Orientadora. Regente da disciplina de Aprendizagem Motora

(Brasil)

Lorena Ferreira da Silva*

Stephany Fernandes dos Santos*

Daniela Barros**

lorena_998749@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O projeto teve como objetivo principal verificar a importância de se trabalhar o desenvolvimento motor em uma de suas mais longas e determinantes fases dentro do ambiente infantil. A fase motora fundamental abrange dentro de si os maiores fatores influenciadores no que se diz respeito aos aspectos de coordenação e controle motor e é através dessa fase que as crianças darão inicio as suas primeiras experiências e ações, levando-as a buscarem habilidades e movimentos coordenativos que influenciarão seus desenvolvimentos nas demais fases, contribuindo para uma aprendizagem motora “perfeita”. Para isso foi observada e analisada uma criança com faixa etária entre 6 e 7 anos de idade, devendo obedecer aos três estágios: inicial, elementar e amadurecido. Segundo Gallahue (2005), estes estágios caracterizam a fase motora fundamental do desenvolvimento. A metodologia usada foi a descritiva fazendo uso da observação, filmagens e fotos visando que a coleta de dados resultasse em mais exatidão. Importante se faz, também, salientar que o objeto de estudo foi apenas um parâmetro, haja vista o desenvolvimento das crianças em geral obedecer às mesmas fases, divergindo-se apenas no ritmo e no momento em que cada uma delas acontece em cada indivíduo na faixa etária em estudo

          Unitermos: Desenvolvimento. Aprendizagem. Controle motor.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A fase fundamental envolve a criança que se encontra no período entre 4 e 7 anos de idade, onde é desenvolvida a coordenação motora, o controle motor e habilidades de cada fase da criança. Tendo assim uma base para seu desenvolvimento nas outras fases durante os processos de ensino e aprendizagem ao longo da vida.

    Nessa fase, é importante a exploração de habilidades do individuo para que no futuro não seja detectada algum tipo de deficiência. É importante em todas as faixas etárias da criança um acompanhamento familiar, médico e, também, em casos de crianças que freqüentam o ambiente escolar, o acompanhamento pedagógico.

    Essa fase é marcada por movimentos básicos que são classificados em três categorias: Estabilizadores, Locomotores e Manipulativos. Essas categorias pertencem às experiências motoras e devem estar presentes no dia-a-dia das crianças. Tais categorias são representadas por toda e qualquer atividade corporal realizada em casa, na escola e nas brincadeiras.

    Nessas condições, crianças na fase da Educação Infantil são geralmente relegadas a brinquedos, na maioria das vezes eletrônicos, ou a atividades desenvolvidas em pequenos espaços, que limitam a aventura lúdica e a experimentação ampla de movimentos.

    O desenvolvimento dos padrões fundamentais de movimento como andar, correr, saltar, arremessar, etc. segue uma seqüência de estágios, representando níveis graduais de proficiência, isto é, de controle motor. O desenvolvimento humano compreende todas as mudanças contínuas que ocorrem no indivíduo desde a concepção ao nascimento, e do nascimento à morte (FONSECA, 1998).

    Desta forma, pode ser observada a existência de várias etapas de aquisição de habilidades motoras ao longo da vida e, conseqüentemente, a aquisição de padrões fundamentais de movimento torna-se de vital importância para o desenvolvimento da criança, como em particular às atividades motoras na educação física.

Metodologia

    Para realização deste trabalho utilizamos uma pesquisa descritiva e bibliográfica, que segundo Gil (1991) quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na internet. O público alvo para essa pesquisa, foi uma criança entre 5 e 6 anos de idade, foram utilizados fotos e filmagens da criança

    Para fazer a coleta de dados, foi necessária a autorização do responsável. Tal coleta ocorreu de forma dinâmica e também descontraída. Por meio desta análise foi possível descobrir suas deficiências e se a criança obtém um bom desenvolvimento nessa fase motora fundamental.

Referencial teórico

Desenvolvimento motor

    À medida que o cérebro amadurece, torna-se cada vez mais capaz de realizar diversas ações, porém não é possível queimar etapas, ou seja, se o corpo não está suficientemente preparado para realizar a ação especifica, não é possível tentar ensinar, pois não surtirá efeito algum. O exemplo citado se refere ao desenvolvimento motor de uma criança, como é possível observar no dia a dia, um bebê aprendendo a sentar, engatinhar, segurar coisas com as mãos, andar e até correr com idades bem diferentes de outro bebê, porém a seqüência do desenvolvimento motor é praticamente a mesma.

    Mesmo sendo esse assunto bem claro, ainda existem discussões sobre crianças, em que vários especialistas determinam um período médio no qual a criança deve realizar certas ações. Não obstante existam coincidências no tempo em que a criança leva para isso, não é possível determinar um prazo, pois o único determinante para tal é o próprio corpo da criança, seu sistema nervoso central, os músculos e ossos, que devem estar suficientemente desenvolvidos para realizar a ação.

    Segundo Gallardo (1998) faz uma citação em seu artigo, dividindo-as em seis fases:

    Clark (1994) descreve as mudanças no desenvolvimento motor em seis principais fases: 1) reflexiva ; 2) pré-adaptativa; 3) de habilidades motoras fundamentais; 4) de habilidades motoras especificas do contexto; 5) habilidosa; 6) compensatória. A progressão de um período para outro vai depender das mudanças nas restrições criticas, onde as habilidades e as experiências adquiridas, no período anterior, servem como base para aquisição de habilidades posteriores. No entanto, neste modelo, as idades dadas para cada período são apenas estimativas, a ordem dos períodos é que é significante, e não a idade proposta. (GALLARDO,1998).

    Claramente observa-se que quando se trata de desenvolvimento motor, tudo tem seu tempo, ou seja, não se pode pular nenhuma fase, pois cada uma é de suma importância durante todo o processo de desenvolvimento.

Fase de habilidades motoras fundamentais

    O objeto de estudo escolhido para desenvolvimento deste artigo, foi uma criança de 5 anos e 8 meses, que atualmente se encontra na fase motora fundamental. Esta foi observada durante o período de 20 dias e foram identificadas várias ações características da fase fundamental, são elas: andar, correr, saltar, pular, chutar, bater, entre outras características e ações específicas da fase. Com base no relato da mãe, a criança obteve um desenvolvimento normal no decorrer de seu crescimento, ela acredita que isso se deve ao fato de sua filha ter convivido com grupos de crianças de sua mesma faixa etária, o que resultou em estímulo para ela, uma vez que por meio de sua observação, por ações de crianças às vezes ate maiores, brincadeiras e por se tratar de uma criança independente, ela conseguiu desenvolver as atividades e movimentos básicos para sua idade, não apresentando nenhuma dificuldade na execução deles.

    Mas o que vem a ser a fase motora fundamental? É a fase mais importante do desenvolvimento motor que acontece durante o período da infância, sendo justamente neste período que os profissionais de educação física devem aproveitar a maior convivência com as crianças para perceberem suas necessidades de desenvolvimento/habilidades, e trabalhá-las de acordo com o ritmo e dificuldade de cada criança. Esta fase se inicia desde o primeiro ano de vida da criança e estende-se até os 6 a 7 anos de idade e é determinante ao desenvolvimento futuro, principalmente pelo fato de ser nesta fase que os movimentos são aprendidos isoladamente e, à medida que a criança vai os dominando, poderão ser trabalhados de forma combinada para formar as competências motoras especializadas.

    Gallahue (2005) descreve três estágios que caracterizam a fase motora fundamental do desenvolvimento, quais sejam:

  • Estágio inicial: está associado aos movimentos estabilizadores, caracteriza-se pelas primeiras tentativas observáveis da criança de um padrão de movimentos.

  • Estagio elementar: nesse estagio, as crianças melhoram a coordenação e a execução de seus movimentos, o que conseqüentemente se torna um ganho maior de coordenação motora. Este estágio está associado aos movimentos locomotores.

  • Estágio amadurecido: estágio em que ocorre a integração de todos os movimentos componentes com atos bem coordenados e com um objetivo específico. Este estágio está associado aos movimentos manipulativos.

    É importante ressaltar que nem todas as crianças conseguem atingir um grau de maturação necessária para o desenvolvimento de tais estágios, sendo necessário contar também com oportunidades práticas para seu desenvolvimento, ambientes que irão contribuir e promover melhor aprendizado e obter a ajuda necessária para a desinibição da criança em casos de dificuldades, pois podem ser estes os fatores determinantes para um melhor desenvolvimento em suas fases posteriores.

Resultados e discussão

Relato de experiência

    Ao observar uma criança com faixa etária entre 5 a 6 anos, pode-se perceber que ela, em suas ações simples como andar, ficar de pé, rolar e saltar, não apresentava indisponibilidade ao realizar suas atividades, sendo uma criança com perfil bastante ativo e sem muitas dificuldades na execução das ações motoras básicas que estão inclusas na fase motora fundamental.

    Em sua rotina diária, durante nosso período de observação, foram verificados os seguintes aspectos:

  • Inicia suas atividades por volta das 09h00, momento em que ela, após tomar seu café da manhã, dirige-se ao quintal para andar de bicicleta. Possui um perfeito equilíbrio, porém não desenvolveu o suficientemente sua lateralidade, pois se pôde perceber que ela possui dificuldades ao tentar conduzir sua bicicleta para o lado esquerdo. Costuma, também nesse período, brincar com suas bonecas e manipular pequenos objetos como: mamadeira e chupeta fazendo simulação de cuidados como se fosse um bebê. A forma como manipula tais objetos é bem precisa, possui firmeza em suas mãos, o que aparentemente faz com que execute seus movimentos manipulativos normalmente.

  • No período vespertino, da 13h00 às 17h30min, ela vai para o colégio, onde cursa o 1º ano do ensino fundamental. Por ser bastante ativa, locomove-se o tempo todo pela sala, comunica-se bastante com seus amigos e apresenta déficit de atenção, uma vez que só consegue estar atenta nos momentos em que ela tem a oportunidade de explorar todo o ambiente que ocupa. Possui um bom relacionamento com seus colegas de classe e gosta de brincadeiras em grupo. Na escola, durante o período de recreação, gosta muito de brincadeiras que envolvem corridas e saltos, possui agilidade e flexibilidade, não tem medo de executar suas ações, realiza com destreza os movimentos que faz.

  • Ao final da tarde, quando chega a casa, costuma realizar atividades mais tranqüilas como assistir à televisão. Sua postura ao sentar é normal para a idade que se encontra. Por começar sua rotina de atividades cedo, acaba dormindo por volta das 20h00 e acorda somente no dia seguinte, pois não tem problemas relacionados ao sono.

Discussão dos dados

    De acordo com o observado, nas atitudes da criança em suas práticas motoras fundamentais, ela consegue executar com perfeição os movimentos da fase. Segundo o autor Gallahue e Ozmun (2001), o desenvolvimento dos padrões fundamentais de movimento como andar, correr, saltar, arremessar, etc. segue uma seqüência de estágios, representando níveis graduais de proficiência, isto é, de controle motor.

    Tais padrões constituem a primeira forma de ação voluntária no controle de movimentos e podem ser definidos como o conjunto de características básicas na seqüência e organização de movimentos dentro de uma relação espaço-temporal (GALLAHUE e OZMUN, 2001).

    A criança segue esse estágio inicial de movimentos estabilizadores, que propiciam um bom desenvolvimento de equilíbrio. A ajuda da escola é de fundamental importância para se ter uma forma de aprendizagem desses movimentos, com brincadeiras lúdicas, por exemplo. Dessa forma, a criança consegue fazer os movimentos como forma de socialização e experiências, que permitem, com o passar do tempo a obtenção de mais habilidades, que estimulam novas necessidades de aquisição de movimentos ainda não utilizados.

    Foi observado na criança uma deficiência relacionada à lateralidade, isso se deve ao fato de que o estágio elementar que a criança se encontra, ainda não foi completamente desenvolvido, pois somente nesse momento começou a estimular a execução de movimentos mediante atividades pedagógicas.

    Outra constatação foi o déficit de atenção da criança durante suas aulas, tendo maior facilidade de aprendizagem, quando da manipulação de objetos. A criança em seu estágio amadurecido sente a necessidade de integrar os movimentos já aprendidos em prol de um objetivo específico.

    Até o momento em que ela se encontra, vem obedecendo aos estágios que lhe foram propostos, uma vez que executa com exatidão suas habilidades, por não ter nenhum tipo de trauma aparente, o que facilita o seu desenvolvimento, por não restar prejudicado o seu rendimento ou até mesmo sua performance diante desses estágios.

    Caso houvesse traumas ou pulasse alguma fase, poderia prejudicar seu desempenho, pois isso causaria conseqüências futuras. Quando uma criança sofre alguma deficiência em determinado estágio, poderia se tornar um adulto frustrado quando deparasse com situações adversas, podendo ate mesmo atingir de forma permanente seu psicológico, emocional e social.

    A criança quando segue certos princípios impostos pela fase em que está vivendo ou pela família à sua volta, passa pelos estágios, conseguindo atingir seus objetivos em cada um deles. Tal vitória será benéfica à criança, juntamente com a escola, que tem um papel de suma importância nessa fase, uma vez que auxilia na sua socialização e transforma essa criança num futuro cidadão.

Conclusão

    De acordo com o que foi abordado preliminarmente, a fase motora fundamental é de valor inestimável para o desenvolvimento das crianças, uma vez que é nesta fase que as crianças consolidam os seus movimentos, explorando e experimentando seus limites e capacidades corporais.

    Vale ressaltar que cada etapa dessa fase deve ser trabalhada de forma eficaz, uma vez que não tendo sido desenvolvida no momento adequado, poderá suscitar conseqüências irreparáveis quando atingir a idade adulta.

    Outro fato determinante para o desenvolvimento da criança é o meio em que ela vive, uma vez que pode ser mais ou menos propício caso a criança conviva com outras da mesma idade ou apenas com adultos, respectivamente.

    Importante se faz, também, salientar que o objeto de estudo foi apenas um parâmetro, haja vista o desenvolvimento das crianças em geral obedecer às mesmas fases, divergindo-se apenas no ritmo e no momento em que cada uma delas acontece em cada indivíduo na faixa etária em estudo.

Referências bibliográficas

  • ALBUQUERQUE, Maicon. Desenvolvimento motor de crianças. Disponível em: http://www.academiavictory.com.br/pagina_taekwondo/Desenvolvimento_Motor_de_Criancas.pdf Acesso em 05 de outubro de 2011.

  • FONSECA, Vítor da. Psicomotricidade: Filogênese, ontogênese e retrogênese. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 394p.

  • GALLARDO, Jorge. Desenvolvimento motor: Analise dos estudos brasileiros sobre habilidades motoras fundamentais. Revista de Educação Física UEM, v. 9, n. 1, 1998.

  • GALLAHUE D. & OSMUN, J. Compreendendo o desenvolvimento motor. São Paulo, Ed. Phorte, 2001.

  • GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

  • MANNING, Sidney. Desenvolvimento da criança e do adolescente. São Paulo: Cultrix. 1987.

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