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A importância da manutenção da força em idosos

La importancia del mantenimiento de la fuerza en personas mayores

 

*Discentes do Curso de Educação Física

**Orientador. Universidade Salgado de Oliveira, UNIVERSO

(Brasil)

Pedro Henrique Silva Ferreira*

Hugo Gabriel Rosa Canedo*

Ademir Schmidt**

pedro_judoca1@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Os avanços da medicina e as melhorias nas condições gerais de vida da população repercutem no sentido de elevar a média de vida do brasileiro. Com o avanço da idade observa-se o declínio funcional de diversas capacidades devido ao estilo de vida sedentário, sendo que o exercício físico orientado compreende uma grande potencialidade de reverter estes fatores. Desse modo, a partir de uma revisão de literatura, este trabalho teve como objetivo a investigar a importância da manutenção da força em indivíduos idosos. Considerando os estudos apresentados, o exercício de força para idosos, de maneira regular e orientada, é um componente fundamental para minimizar os efeitos prejudiciais do envelhecimento, bem como prevenir e colaborar no tratamento das doenças associadas, promovendo um estilo de vida mais ativa e com mais qualidade.

          Unitermos: Envelhecimento. Manutenção. Força.

 

Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Os avanços da medicina e as melhorias nas condições gerais de vida da população repercutem no sentido de elevar a expectativa de vida do brasileiro. Segundo dados da Organização das Nações Unidas, a ONU, em 2000 a população idosa brasileira era de 14 milhões e estima-se que esse número mais que dobrará em 2025, chegando a 32 milhões de idosos (CANÇADO, 1994).

    O envelhecimento é um fenômeno natural caracterizado por diversas alterações orgânicas, que são influenciados por fatores extrínsecos como o ambiente, o estilo de vida e a posição socioeconômica e também pelos fatores intrínsecos como a genética. Portanto, o envelhecimento interfere no processo de qualidade de vida, levando o indivíduo a obter uma desestruturação orgânica mais rápida afetando assim a aptidão funcional do idoso (PADILHA e DELGADO, 2010). Com o avanço da idade observa-se o declínio funcional de diversas capacidades devido ao estilo de vida sedentário, sendo que o exercício físico orientado compreende uma grande potencialidade de reverter estes fatores. Segundo Souza (2006), o exercício físico é de ótimo benefício e pode ajudar no processo contra o envelhecimento, fazendo com que a qualidade de vida dele melhore e se mantenha.

    Desse modo, a partir de uma revisão de literatura, este trabalho teve como objetivo investigar a importância da manutenção da força em indivíduos idosos.

2.     Metodologia

    O presente estudo foi uma pesquisa bibliográfica, realizada através de pesquisas em livros, artigos científicos e pela internet. Segundo Moresi (2003) a pesquisa bibliográfica é o processo de levantamento e análise do que já foi publicado sobre o tema de pesquisa escolhido, permitindo efetuar um mapeamento do que já foi escrito e de quem já escreveu algo sobre o tema da pesquisa.

3.     Alterações orgânicas na 3ª idade e os benefícios dos exercícios de força

3.1.     Alterações orgânicas com o envelhecimento

    O aumento do número de pessoas na terceira idade está cada vez maior e crescendo não só nos países desenvolvidos que já era esperado devido as suas políticas, mas também em países pobres. A expectativa de vida dos idosos está cada vez maior e por isso é necessário a implementação de uma atividade física para esse grupo de pessoas, para a obtenção de uma vida mais saudável e ativa sem dependência de familiares que ajudem a realizar atividades do seu dia (KOPILER, 1997). Muitos idosos não querem viver por completarem mais anos de vida, eles querem se sentir úteis, sem depender de ninguém e ter sua própria autonomia para cumprir as atividades da vida diária (SILVA e MATSUURA, 2002).

    O envelhecimento está interligado aos fatores biológicos, psicológicos e sociais que são alterados com o passar dos anos e assim vários efeitos prejudiciais à saúde comprometem a qualidade de vida das pessoas que estão nesse processo (ZAGO e GOBBI, 2003).

    Entre os 25 e 65 anos de idade há uma queda de 10 a 16% da massa magra ou massa livre de gordura, devido às perdas de massa óssea no músculo esquelético e na água total do corpo como conseqüência do envelhecimento. Essa perda gradativa da massa muscular e da força é conhecida como sarcopenia (MATSUDO; MATSUDO, NETO et al., 2003).

    A perda da massa muscular e, como conseqüência, da força, é a principal responsável pela alteração na qualidade e na capacidade funcional do ser humano em processo de envelhecimento. Por isso é importante criar estratégias para reduzir esses efeitos nocivos à saúde e manter ou melhorar a qualidade de vida desse grupo etário (MATSUDO; MATSUDO, NETO et al., 2003).

    Outra alteração funcional é a diminuição da massa óssea, conhecida como osteoporose que é caracterizada pela deterioração estrutural do tecido ósseo (Frontera et al. 2001) ou também, como uma doença ósseo sistêmica caracterizada por uma baixa densidade óssea e pela deteriorização microestrutural do tecido ósseo. Por volta dos 30 e 35 anos, é que nós atingimos a nossa massa óssea máxima e, entre os 40 e 45 anos, essa massa óssea permanece estável. Após esse período, a perda é de 1% ao ano (Fleck e Junior, 2003).

3.2.     Benefícios do treinamento de força

    A força muscular pode ser definir definida como a força ou tensão que um músculo ou, mais corretamente, um grupo muscular consegue exercer contra uma resistência ou um esforço máximo (FOSS e KETEYIAN, 2000). O treinamento de força inclui o uso regular de pesos livres, máquinas, peso corporal e outras formas de equipamento para melhorar a força, potência e resistência muscular (SIMÃO, 2004).

    De acordo com Barbanti (1997) o objetivo principal do exercício de sobrecarga é desenvolver a capacidade de ativação do maior número possível de unidades motoras, ou seja, estimular e desenvolver a capacidade neuromuscular de recrutamento.

    O treinamento de força em prática na musculação é de suma importância para pessoas da terceira idade, onde há uma melhora das diversas funções do organismo, do equilíbrio e também auxilia no cotidiano em atividades da sua vida diária (PEDRO e AMORIM, 2008).

    De acordo com o American College of Sports Medicine (2003), o treinamento de força ajuda preservar e aprimorar a autonomia dos indivíduos mais velhos, podendo também, prevenir as quedas, melhorar a mobilidade e contrabalançar a fraqueza e a fragilidade muscular. Para ter uma boa mobilidade o idoso necessita estar com um bom equilíbrio e para isso é necessário que ele faça um treinamento de força para os membros inferiores, sendo assim o idoso que está com força adequada em ambos os membros corporais tem uma boa postura e uma marcha ideal (PEDRO e AMORIM, 2008).

    Outros benefícios também são encontrados, como o aumento da densidade óssea, melhor motilidade intestinal, redução dos riscos de doenças cardiovasculares, redução do risco de desenvolver diabetes tipo II, redução do risco de lesões por quedas, aumento da capacidade funcional, melhora da postura, da agilidade e da auto-imagem, aumento da flexibilidade e resistência (CAMPOS, 2000).

    Segundo Fleck e Kraemer (2006) os processos de desenvolvimento de um programa de treinamento de força em adultos mais velhos consistem na pré-testagem e na avaliação, na determinação dos objetivos individuais, no planejamento do programa e do desenvolvimento de métodos de avaliação. Quando se inicia um programa de treinamento para a população idosa, é importante ter o conhecimento específico sobre a faixa etária em que o indivíduo está inserido e sobre as modificações que ocorrem neste período, além de considerar também as peculiaridades individuais (TAKAHASHI e TUMELERO, 2004). Neste sentido, diversos autores têm procurado apontar alterações decorrentes do processo de envelhecimento, bem como as implicações dessas alterações na elaboração e supervisão desses programas.

    É de fundamental importância o profissional de educação física começar a inteirar-se mais acerca das especificidades, fisiologia, e necessidades das pessoas de terceira idade, visando desenvolver programas de prevenção para esse público que tanto sofre com as alterações funcionais próprias do envelhecimento. Além do mais a musculação também passa a ter um novo destaque, uma nova função, uma nova aplicação, muito diferente do que hoje lhe é atribuída. A musculação vista até então apenas para esculpir corpos jovens, passa a ser considerada como a principal arma na garantia de uma velhice saudável e com qualidade de vida (SILVA, ALMEIDA, CASSILHAS et al., 2008).

3.2.1.     Métodos e resultados de treino de força

    A grande eficiência em estimular a massa muscular e óssea apresentada pelos exercícios localizados com carga, chamados genericamente de exercícios resistidos e geralmente realizados com pesos, chamou a atenção de pesquisadores para a possibilidade de sua utilização em promoção de saúde, particularmente no caso de idosos. Esta idéia foi estimulada pela constatação de que a mobilidade articular geralmente limitada do idoso também melhorava rapidamente (SILVA, ALMEIDA, CASSILHAS et .al., 2008).

    O treinamento isométrico refere-se a uma ação muscular em que não ocorre mudança no comprimento do músculo (PLATONOV, 2004). Este tipo de treinamento de força é realizado normalmente contra um objeto imóvel ou não. O treinamento isométrico também pode ser realizado pela contração de um grupo muscular fraco contra um grupo muscular forte (FLECK e KRAEMER, 2006).

    O treinamento dinâmico de resistência invariável apresenta-se mais apropriado em relação à contração isotônica, em vista que a massa corporal ou a resistência deslocada é mantida constante (PLATONOV, 2004, FLECK e KRAEMER, 2006). Já o método dinâmico de resistência variável se desenvolve através de um braço de alavanca, engrenagem ou arranjo de polias, objetivando alterar a resistência em uma tentativa de acompanhar os aumentos e diminuições de força (curva de força) ao longo de toda a amplitude do movimento do exercício (FLECK e KRAEMER, 2006).

    O treinamento de força excêntrico refere-se a uma ação muscular na qual o músculo se alonga de um modo controlado e pode ser executado numa diversidade muito grande de aparelhos para o desenvolvimento de força (FLECK e KRAEMER, 2006).

    Brandon, Boyette, Gaasch et al. (2000) submeteram 43 indivíduos idosos a 16 semanas de treinamento com pesos. Os resultados indicaram aumento de 51,7% na força máxima de membros inferiores, consequentemente, os indivíduos idosos tiveram melhorias significantes nas tarefas de levantar da cadeira, caminhar e retornar à posição inicial e na tarefa de levantar do chão a partir da posição sentada.

    Fiatarone, Marks, Ryan et al. (1990), realizaram um estudo denominado: “Treinamento de força de alta intensidade para nonagenários”. Eles mediram a velocidade de deslocamento do indivíduo em uma distancia de 6 metros antes e após 8 semanas de treinamento do músculo quadríceps e identificaram um ganho bastante significativo de força muscular, chegando à média de ganho do grupo a 174%, a área muscular do quadríceps aumentou 14,5% e dos adutores 10,6%, e foram medidas por tomografia computadorizada. Verificou-se, também, que os ganhos obtidos com o treinamento tiveram seus valores superados em apenas 4 semanas de destreino, fato que comprova a perda muscular nesta idade. Em geral este grupo desenvolveu um aumento de força máxima no membro inferior de 61% para 374%. Os autores correlacionam este fato a uma melhora da velocidade de caminhada que, segundo suas conclusões ocorreram devido à melhora da potência muscular localizada do quadríceps.

    Marques e Bernardes (2008) compararam a massa e força muscular e o equilíbrio entre idosos praticantes e não praticantes de musculação. Foram realizados testes de força através de repetições máximas e testes de equilíbrio a fim de analisar o equilíbrio estático e dinâmico, através das escalas de Tinetti e Berg em 16 indivíduos idosos, sendo oito praticantes de musculação (idade 65 ±6,19 anos) e oito não praticantes (idade 68 ± 4,98 anos). Eles verificaram que os idosos treinados em musculação apresentaram maiores valores de circunferências de braço e de coxa, das escalas de Berg de Tinetti (equilibrio) e dos testes de repetição submáxima no supino e no leg press em relação aos sedentários. Eles concluíram que o treinamento de forca pode ser efetivo no equilíbrio de indivíduos idosos, podendo auxiliá-los na realização de atividades da vida diária.

    Silva e Matsuura (2002) realizaram um estudo avaliando os efeitos da prática regular de atividade física sobre o estado cognitivo e a prevenção de quedas em idosos. A amostra foi constituída por 60 idosos com idade entre 65 e 75 anos. Estes indivíduos compuseram três grupos diferenciados. O grupo de exercícios de força (GEF) foi formado por 15 indivíduos praticantes de caminhada e musculação, freqüentadores de academias de ginástica. O grupo de exercícios na praia (GEP) foi formado por praticantes de caminhadas e ginástica na praia e o terceiro grupo cumpriu tarefas comuns inerentes à vida social (GPS) foi formado por 30 indivíduos sedentários. Os parâmetros de mobilidade e marcha foram examinados através da Escala de Tinetti. Para verificação da saúde mental dos idosos utilizou-se o Mini-mental State Test. Os resultados mostraram que os idosos que realizaram treinamento de força de forma regular obtiveram índices de incidência de quedas significativamente inferior aos índices dos outros dois grupos. Eles também tiveram uma melhor mobilidade e qualidade da marcha, bem como escore mais elevado no “Mini-mental State Test”. Os grupos GEP e o GPS não apresentaram diferenças significativas entre si tanto no item de queda e tendência à mesma quanto no teste de cognição. Diante desses resultados ficou evidente a necessidade de se introduzir o treinamento de força em programas de prevenção de quedas em pessoas idosas.

    Carvalho, Oliveira, Magalhães et al. (2003) realizaram um estudo avaliando o efeito de um programa complementar de atividade física na força muscular de idosos durante seis meses. A amostra foi composta por 19 idosos, sendo 12 mulheres e 7 homens, com idade média de 69 anos. Eles realizaram atividades de ginástica de manutenção duas vezes na semana (quarta e sexta-feira) durante 50 minutos e musculação também 2 vezes na semana (terça e quinta-feira) durante 50 minutos. A força muscular foi avaliada isotônica e isocineticamente em quatro períodos distintos: inicial, intermédio (três meses após), final (seis meses após) e destreino (um mês após término da atividade). Assim, o teste de uma repetição máxima (1RM) foi utilizado como medida da força concêntrica dinâmica para a extensão e flexão do joelho. A força máxima isocinética dos extensores e flexores do joelho foi avaliada, em ambos os membros, através de um dinamômetro isocinético. Após os seis meses de treinamento os resultados foram os seguintes: a) a força dos músculos extensores e flexores do joelho aumentou após treino, com particular evidência no membro não-dominante; b) existe uma especificidade da resposta de adaptação relativamente ao método de avaliação utilizado, sendo que os resultados da avaliação da força de forma isocinética foram inferiores aos obtidos pela avaliação isotônica através do método de 1RM; c) na avaliação pelo método de 1RM, ao contrário da avaliação isocinética, para além das melhorias após seis meses de treino, foram observadas alterações significativas, quer nos flexores, quer nos extensores do joelho após os três primeiros meses de treino, não sendo, no entanto, observadas alterações nos últimos três meses; d) em oposição aos resultados obtidos pela avaliação isotônica, o destreino não teve um impacto significativo na redução dos níveis de força isocinética dos idosos. Eles concluíram um programa complementar de atividade física parece ser suficientemente intenso e específico para induzir melhorias na força muscular de idosos independentes.

    Carvalho, Oliveira, Magalhães et al. (2004) realizaram outro estudo avaliando os efeitos de um programa combinado de atividades físicas na força máxima isocinética em idosos. Participaram da pesquisa dezenove idosos, 12 mulheres e 7 homens com idade média de 69 anos. Eles realizaram durante 6 meses um programa combinado de atividades físicas, constituindo em 4 sessões semanais (2 vezes ginástica de manutenção e 2 vezes treino de força). A força máxima isocinética dos extensores e flexores do joelho foi avaliada em todos os sujeitos através de um dinamômetro isocinético antes e depois do programa de treino. Os resultados deste estudo mostraram que 6 meses de treino de força combinado com ginástica de manutenção é exequível e está associado a um aumento significativo da força muscular em idosos, particularmente no membro não-dominante. Para além disso, os resultados mostraram que a variável sexo não influencia as adaptações induzidas pelo treino na força muscular. Apesar dos homens serem, em termos absolutos, mais fortes do que as mulheres, não foram observadas diferenças entre ambos os sexos na resposta ao treino. Assim, eles concluíram que o treino progressivo de força com intensidade moderada a elevada pode ser efetuado com elevada tolerância por idosos saudáveis, desempenhando um papel importante enquanto estratégia para a manutenção e/ou aumento da sua força independentemente do sexo.

    Vale (2004) realizou um estudo objetivando analisar os efeitos do treinamento de força sobre a autonomia e a qualidade de vida dos idosos. Após 16 semanas ele concluiu que houve uma melhorara no nível de independência e relações sociais. Além do treinamento de força melhorar os aspectos físicos dos idosos, há também benefícios psicossociais, como a independência em determinadas situações e na relação com outras pessoas.

4.     Considerações finais

    A noção que a atividade física trás benefícios ao indivíduo já existe há bastante tempo, porém até recentemente os idosos não eram incluídos. Hoje em dia novas informações de estudos nos dizem que pessoas de todas as idades e condicionamento físico conseguem benefícios através dos exercícios físicos.

    Através deste estudo foi possível constatar que o treinamento de força pode ajudar a prevenir e até mesmo prorrogar diversas doenças e problemas de saúde, além da manutenção da capacidade funcional e da autonomia física. Um dos principais causas de acidentes e até mesmo de morte na terceira idade é a queda, que geralmente acontece pela fraqueza muscular, falta de equilíbrio e desordens visuais.

    Considerando os estudos apresentados, o exercício de força para idosos, de maneira regular e orientada, é um componente fundamental para minimizar os efeitos prejudiciais do envelhecimento, bem como prevenir e colaborar no tratamento das doenças associadas, promovendo um estilo de vida mais ativo e com mais qualidade.

Referências

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