Síndrome da fibromialgia juvenil e atividade física El síndrome de fibromialgia juvenil y la actividad física |
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Licenciada e Bacharel em Educação Física pelas Faculdades Integradas de Itararé, FAFIT Especialista em Educação Física Escolar pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, UEPG |
Lucinéia Darlyene Silveira (Brasil) |
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Resumo O presente trabalho procura abordar a FM juvenil, os comprometimentos esta causa à vida dos jovens e como os exercícios físicos podem auxiliar na melhora da dor. Partiu-se de um estudo exploratório apoiado por bibliografias específicas da área, aprofundando por meio de literaturas científicas especificas. Conclui-se que por meio de uma prática de atividade física com baixa intensidade e impacto há melhoras significativas no quadro clínico de crianças e adolescentes com FM juvenil, as quais melhoram as funções musculares, o sono, a aptidão física, fatores psicológicos e aumenta a tolerância à dor. Unitermos: Fibromialgia. Crianças e adolescentes. Qualidade de vida. Atividade física.
Abstract This paper seeks to address the FM juvenile commitments this cause young people's lives and how exercise can help in reducing pain. Starting from an exploratory study supported by bibliographies specific area, deepening through specific scientific literature. It is concluded that through a physical activity with low intensity and impact is significant improvement in the clinical picture of children and adolescents with juvenile FM, which improves muscle function, sleep, physical fitness, psychological factors and increases pain tolerance. Keywords: Fibromyalgia. Children and adolescents. Quality of life. Physical activity.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
A FM é uma síndrome dolorosa, mas não inflamatória caracterizada pela presença de pontos dolorosos no musculoesquelético, chegando a envolver outros sintomas como sono, depressão e fadiga. Esta tende a acometer mulheres que se encontram tanto na puberdade quanto na menopausa e por se tratar de um conjunto de sintomas, muitos médicos a denominam de síndrome fibromiálgica.
Suas causas ainda são desconhecidas, embora o Colégio Americano de Reumatologia (CAR) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) aceite-a como doença, suas causas, patogenia e etiologia ainda são consideradas raras. Já que seu diagnóstico inclui sintomas de dor crônica e difusa, ambas combinadas aos 11 dos 18 pontos dolorosos denominados tender points.
Por ser uma síndrome descoberta a menos de 20 anos, a FM tende a causar no indivíduo dores pelo corpo, fadiga, baixo rendimento escolar decorrente de noites mal dormidas, além de afastamento de brincadeiras consideradas “corriqueiras” para crianças e adolescentes. Esta dor inexplicável aliada ao cansaço, à falta de energia e de noites mal dormidas faz parte do cotidiano de muitos adolescentes com FM.
Diagnosticar dor em uma criança ainda é tarefa difícil, já que estas muitas vezes não conseguem definir onde está doendo. Desta forma, a pesquisa para diagnosticar a FM em crianças é muito mais cautelosa, sendo assim, preciso diversas consultas para se chegar a um resultado final. Portanto, quanto mais nova for à criança, mais difícil é o diagnóstico da FM.
Assim, entende-se que é durante as aulas de educação física que se podem observar melhor os alunos, pois estes estão “livres” e se movimentando. O fato é que a incidência e o impacto da FM em crianças e adolescentes têm sido subestimados, não sendo conduzidas muitas pesquisas nesta área. Alguns médicos acreditam que a síndrome da fadiga crônica e a síndrome da fibromialgia são desordens que se manifestam similarmente. Desta forma, muitos jovens permanecem sem um diagnóstico correto, já que muitos não conseguem descrever seus sintomas.
Portanto, o presente estudo foi desenvolvido para uma melhor compreensão da síndrome FM juvenil e como a atividade física pode auxiliar no tratamento desta síndrome. Para tanto, buscou-se bibliografias específicas da área, para melhor entendimento da FM e os efeitos que o tratamento com o exercício físico pode proporcionar ao indivíduo com FM.
2. Fibromialgia e seus sintomas
Como já comentado anteriormente a FM é uma síndrome muito complexa e suas causas ainda encontram-se desconhecidas. Esta não é uma síndrome nova, porém é pouca estudada no campo da FM juvenil.
De acordo com Berne (2007, p.29) o termo “fibromialgia” foi introduzido em 1976, e a desordem tem sido descrita, mas conhecida por outros nomes desde o século XVII – ou em eras anteriores, possivelmente no tempo de Hipócrates -, que sofreu de dores musculoesqueléticas difusas. Ou seja, é uma desordem, pois esta não é uma síndrome nova, sendo suas causas ainda complexas.
De acordo com Konrad (2005) desde 1843 estudiosos como Froriep e Gower já mencionavam pontos dolorosos reumáticos em seus corpos. Estes autores descreveram que estes pontos comprometiam a região lombar, tendo palpitações em pontos específicos. Desta forma, criou-se a hipótese de inflamações nos tecidos conectivos.
Neste sentido, começou-se a adotar algumas terminologias associadas a esta síndrome generalizada de dor. Auxiliando assim, diversos diagnósticos que diferenciariam a FM de outros pontos dolorosos no sistema musculoesquelético.
A FM atinge mais comumente mulheres de meia idade (20 aos 50 anos), no entanto, pode ser encontrada também em homens, crianças e idosos. A prevalência entre as mulheres é de uma a cada cinco mulheres (BERNE, 2007).
Em 1990, o CAR estabeleceu dois critérios para classificar a FM, sendo eles: (1) dor musculoesquelética crônica e generalizada e (2) dor à digitopressão em pelo menos 11 dos 18 pontos dolorosos determinados anatomicamente tender points (nome dado aos 18 pontos dolorosos). Mas, a dor somente é considerada crônica e generalizada quando esta se estende acima e abaixo da linha da cintura, bilateralmente e durar mais de três meses (KONRAD, 2005).
De acordo com Konrad (2005, p.08), os pontos dolorosos definidos pelo CAR para classificar a fibromialgia são:
Ponto occipital: na inserção do músculo suboccipital;
Cervical baixa: na face anterior dos espaços intertransversos de C5-C7;
Trapézio: ponto mediano da superfície do músculo na borda superior;
Supra-espinhoso: origem medial, acima da espinha escapular;
Segunda costela: na segunda junção costocondral, imediatamente lateral às junções nas superfícies superiores;
Epicôndilo lateral: distal 2 cm ao epicôndilo lateral;
Grande trocânter: posterior à proeminência trocantérica;
Glúteo: no quadrante superior externo das nádegas, na fáscia anterior do músculo;
Joelho: no coxim medial de gordura próximo à linha articular.
Em 1999 a população brasileira passou por uma validação dos critérios de diagnósticos da FM propostas pelo CAR. Sendo feito um estudo similar aos dos norte-americanos, observando apenas 09 pontos dolorosos positivos, dentro dos 18 existentes, que seriam o suficiente para definir um critério de exame físico (HAUN, FERRAZ & POLLAK, 1999 apud KONRAD, 2005).
O que se procurou verificar neste estudo é se a população brasileira teria uma menor tolerância à dor quando comparada aos norte-americanos, sendo necessária a alteração dos critérios estabelecidos. Contudo, a diferença de sensibilidade à dor pode ter ocorrido porque algumas pessoas com FM já tinham sido incluídas nos critérios norte-americanos de 1990 (KONRAD, 2005).
Ou seja, o grupo que fosse mais sensível acabaria dando a impressão que o grupo de controle era mais resistente à dor, sendo necessário um número menor de pontos para diagnósticos. Logo, houve o propósito de 11 pontos positivos para critérios de avaliação no Brasil.
Muitos dos pacientes com FM relatam sono não reparador, fadiga e falta de energia durante o dia. Estas dores podem ser acompanhadas de dor de cabeça, bexiga e intestino irritável, desordem no sono, zumbidos no ouvido, tontura, dormência e disfunção cognitiva. Esta sensação pode decrescer em algumas partes do corpo, principalmente nas extremidades (BERNE, 2007).
O paciente com FM tem movimentos limitados, movimentos de flexão, extensão e torção devido à rigidez muscular além dos espasmos. Vale ressaltar que a FM não esta associada à perda de alongamento, atrofia, deterioração muscular ou inflamação, mas, quando existentes estes sintomas são atribuídos a enfermidades concomitantes (BERNE, 2007).
De acordo com Berne (2007, p.34),
os sintomas são exacerbados (agravados) pela falta de sono, reduzida qualidade de sono, ambientes frios e úmidos, esforço, movimento repetitivo ou sem nenhum agente desencadeador aparente. Os estados hormonais podem afetar os sintomas da FM, com intensificação dos sintomas pré-menstrual e menopáusico.
Ou seja, quanto mais o paciente não consegue dormir, maiores serão os sintomas de dor. Desta forma, quando o indivíduo não descansa o suficiente, este acaba esgotando sua energia, acarretando num cansaço e fadiga no dia posterior. Outro fator que contribui para a dor contínua é a repetição de movimentos, que pode causar fadiga, inibindo suas funcionalidades.
Desta forma, tenta-se subdividir os pacientes com FM com base em seus sintomas, ou seja, genética, síndromes reumáticas, do SNC, endócrinas, de comportamento e psiquiátrica. Neste sentido, entende-se que subdividindo estas pessoas em grupo, pode-se prescrever de forma mais específica o tipo de tratamento que cada um deve receber.
3. Fibromialgia em crianças e adolescentes
A FM não tem suas causas definidas. Neste sentindo, pouco se sabe as causas que levam crianças e adolescentes a terem esta síndrome de dor crônica. Estudos tem reportado que fatores genéticos e familiares poderiam ter relação com síndrome da FM juvenil. No entanto, ainda não se sabe, pois nenhum estudo comprovou as causas exatas para esta síndrome (NORAMBUENA, 2005).
Vários sintomas dolorosos, tanto agudos ou crônicos, podem acometer crianças e adolescentes, gerando grande sofrimento para estes além de, aumentar os serviços de saúde. Fatores como idade, gênero, nível cognitivo podem modificar a expressão da dor em crianças. A criança por sua vez tem a percepção de dor através de experiências dolorosa anteriores como, relação familiar, dor cotidiana, participação em atividades esportivas, sociais e até mesmo domésticas (PUCCINI; BRESOLIN, 2003).
Estima-se que 15% da população mundial de crianças e adolescentes sofram de algum tipo de dor recorrente e cefaléia, e que 26% delas sejam atendidas com dores musculares e articulares que caracterizam FM. Sendo que os primeiros estudos sobre FM juvenil ocorreram em 1985 (KNOPLICH, 2007).
Portanto, é necessário estar atento desde as primeiras queixas de dor. A dor aguda pode ser bem descrita tanto pela família quanto pela criança, em contra partida a dor crônica apresenta maiores dificuldades para distingui-la, pois não apresenta causas claras.
Nas crianças menores fica difícil identificar quando a síndrome é crônica, pois nesta fase a criança ainda não desenvolveu completamente suas habilidades ou identidade. Além disso, estas têm dificuldades em distinguir quando os sintomas iniciaram, pois, muitas vezes não se recordam quando estiveram bem de saúde. Neste sentido, elas podem supor que as outras crianças também sentem o que ela sente.
Tanto meninos quanto meninas têm a mesma probabilidade de desenvolver a FM, ambos com o mesmo número de sintomas. Meninas por sua vez apresentam mais dores de cabeça, garganta e nódulos linfáticos. Já os meninos são prejudicados na memória, concentração e mal estar pós-esforço. Sendo a fadiga algo menor do que em adultos. Desta forma, percebe-se que mulheres tendem a sofrer mais com a FM do que os homens (BERNE, 2007).
A FM é algo raro em crianças pequenas, não sendo diagnosticada antes dos 05 anos de idade, devido à raridade e a dificuldade de diagnosticar esta doença. Para poder eliminar outras possíveis causas para os sintomas de dor, exames devem ser realizados de forma complexa, porém não repetidamente, para evitar exaustão ou desmotivação das crianças durante os exames (BERNE, 2007).
De acordo com Berne (2007, p.197),
as histórias médicas de crianças que desenvolveram síndrome da fibromialgia crônica e FM podem incluir queixas de dor; doenças menores recorrentes freqüentes (por exemplo, infecções respiratórias superiores, sinusite, infecções do ouvido, bronquite); um histórico familiar e pessoal de alergias e sensibilidades; e um estado de baixa energia que talvez seja percebido como “preguiça”.
Por serem pequenas e a síndrome complexa, as crianças tendem a ter dificuldade de localizar a dor. Dor esta que muitas vezes é diagnostica erroneamente como dor do crescimento. Porém, o fato é que muitas crianças acabam apresentando estas dores e não relatam por medo de serem consideradas anormais perante os demais colegas. Porém, se estes sintomas não são tratados desde o inicio, esta síndrome pode trazer graves sintomas para a vida do mesmo, sendo as dores maiores do que em adultos.
A FM causa diversos problemas na vida dos escolares, além dos comportamentais e sociais. No entanto, quando uma criança se queixa de dor na escola, esta pode ser mal interpretada, pois seus sintomas incluem: fobia à escola, preguiça, déficit de atenção, dores crescentes, artrite juvenil, pouco progresso escolar, depressão, ansiedade, dependência excessiva dos pais, hipocondria, entre outros sintomas (BERNE, 2007).
As crianças com FM são sintomáticas tanto nos dias da semana quanto nos finais de semana, sendo afetadas também nas brincadeiras e trabalhos escolares (BERNE, 2007). Assim como os adultos as crianças também experimentam diversos ciclos de altos e baixos, ou seja, após uma atividade elas tendem a ter uma recaída, muitas vezes causado pela dor e incapacidade funcional.
Sendo assim, uma criança que normalmente é ativa ao torna-se quieta e inativa nas atividades é sinal de que é necessária atenção especial, por meio de avaliação completa para se determinar sua causa.
4. O impacto da fibromialgia na qualidade de vida de crianças e adolescentes
O sintoma da dor é a terceira reclamação mais freqüente em crianças e adolescentes, e esta pode prejudicar a QV dos mesmos. Contudo, o diagnóstico de síndromes dolorosas para este tipo de população deve ser diferenciado, sendo necessário o acompanhamento por períodos longos quando as queixas persistem (BARBOSA et al., 2005).
Como não há um consenso sobre a QV, a OMS reuniu especialistas de várias partes do mundo, que definiram a QV como uma percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, do contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (FLECK, 2000).
Desta forma, as síndromes dolorosas em crianças e adolescentes por muitos anos foram denominadas de forma genérica como reumatismo. Estas são encontradas com maior freqüência em crianças em idade escolar (04 a 10 anos). Para diagnóstico os episódios de dor devem persistir por pelo menos três meses, os quais podem interferir nas atividades diárias. Mais de 90% das crianças nesta idade são ainda tratados sem definição concreta (PUCCINI; BRESOLIN, 2003).
A incapacidade funcional dos indivíduos com FM reflete no seu desempenho ocupacional, o que traz dificuldade na realização de tarefas cognitivas e motoras. Esta causa grande impacto na vida de crianças e adolescentes com FM, que pode manter-se por muitos anos em razão do caráter crônico. Desta forma, os impactos sociais tendem a desestabilizar as relações sociais e familiares, além de hábitos e rotinas dos mesmos, o que os obriga a se adaptarem à nova rotina (BERBER et al., 2005).
Desta forma, entende-se que a FM juvenil está associada à queda da QV, condicionamento físico, funcionalidade física, percepção da dor, funcionalidade social, saúde mental, emocional e percepção geral da saúde (BERBER et al., 2005).
Quando uma criança é diagnostica com alguma doença ou síndrome crônica, esta acaba repercutindo em sua vida familiar, social e educacional. Sua educação e comportamento são comprometidos durante sua vida escolar, acarretando em sua vida uma confusão perante sua identidade, além de incertezas para seu futuro educacional (BERNE, 2007).
Outro fator a ser observado, é a exclusão de crianças com FM pelos demais colegas, que acabam se afastando por causa das limitações que estes possam apresentar, sendo muitas vezes considerados fracassados pelos demais. Isso acaba deixando a criança afastada do seu meio social, sentindo-se alienada e excluída pelo grupo social em que se encontra (BERNE, 2007). Desta forma, muitos adolescentes acabam desenvolvendo problemas com relação ao seu comportamento.
Nas crianças e adolescentes observam-se muitas vezes as queixas em relação às dores nas pernas (e não nas articulações), impedindo o sono. Estas dores tendem a aparecer no início da manhã e final da tarde, acarretando ao paciente um cansaço mais que o normal para realizar tarefas ditas normais (KONRAD, 2005).
Portanto, é através de iniciativas que os profissionais da saúde podem aumentar suas estratégias de controlar a dor e outros problemas relacionados aos hábitos de vida do paciente, melhorando assim, a sua qualidade de vida.
5. Possíveis tratamentos para a fibromialgia juvenil
Estudos mostram que os exercícios físicos devem fazer parte do cotidiano do paciente com FM, pois estes auxiliam na melhora das suas funções físicas. Sabe-se que os exercícios físicos contribuem para a melhora dos sintomas da síndrome (CLARK, JONES, BURCKHARDT & BENNETT, 2001 apud KONRAD, 2005).
A FM não é uma inflamação, no entanto, com o uso de anti-inflamatórios as dores podem diminuir quando o paciente utiliza-se deste tipo de medicamento, mesmo sendo por um período temporário. Mas, estes devem ser associados a outros medicamentos que atuam em sintomas como a cefaléia e dor articular. O paciente deve também ficar atento aos efeitos colaterais ou dependência que este tipo de medicamento pode lhe trazer.
Um medicamento muito usado no tratamento da FM é a ciclobenzaprina, um tricíclico similar a amitriptilina. Esta ajuda na melhora das funções globais, na dor, na qualidade do sono e na redução dos tender points. Este medicamento é um relaxante muscular que atua na capacidade moduladora do tônus muscular supra-espinhal reduzindo a atividade do neurônio motor eferente (KONRAD, 2005).
Os benzodiazepínicos atuam na FM como relaxante muscular, além de diminuir os movimentos das pernas durante o sono. Mas, vale ressaltar que o uso de forma continua deste medicamento pode trazer alguns prejuízos ao sono, já que este inibe o chamado sono profundo. O mesmo pode desencadear sintomas depressivos além de, causar dependência (KONRAD, 2005).
Observa-se que os antidepressivos tricíclicos inibem a captação de serotonina, reduzindo assim a depressão de pacientes com FM, além de auxiliar no relaxamento muscular e no sono. Muitos pacientes utilizam-se da amitriptilina juntamente com a fluoxetina para melhorar sua condição de sono, já que as presenças de alterações no sono são comuns entre pacientes com FM (KONRAD, 2005).
Desta forma, ao fazer uma combinação de analgésicos e amitriptilina, o paciente consegue a redução da fadiga, dor, rigidez e distúrbio do sono. Mas, esta é reduzida com o tempo de uso do medicamento, já que o organismo se adapta ao medicamento.
Entende-se que o tratamento da FM não pode ser apenas restrito a medicamentos, ou seja, o paciente deve fazer o uso de medicamentos associados a outras formas de tratamento como exercícios físicos, terapia psicológica, quiropraxia, hidroterapia, entre outros, que podem auxiliar na melhora das capacidades funcionais do paciente.
Segundo Guerra; Estanqueiro e Salgado (2009, p.48) na fase inicial, o reinício da atividade física pode condicionar aumento da dor. Contudo, o sucesso da reabilitação e a melhoria da dor dependem fundamentalmente da persistência da reutilização muscular, pelo que é absolutamente necessário não desistir.
Os exercícios físicos combinados com outros tratamentos auxiliam na diminuição da dor, no aumento da força, na melhora do sono, da aptidão física e cardiorrespiratória, psicológica e do tremor (ÁLVAREZ, 2003).
Neste sentido, os exercícios físicos atuam no organismo como um analgésico e antidepressivo, proporcionando sensações de bem estar e autocontrole em que o experimenta. Isso se dá porque o exercício físico eleva não só os níveis de serotonina como de outras substâncias. Aumentando também a temperatura corporal que lhe trará um efeito tranquilizante.
Sabe-se que os exercícios físicos trazem benefícios para os pacientes com FM. O que não se sabe, é quais os mecanismos que ajudam no alivio do sintoma da dor. Outro fator comprovado é que indivíduos com FM são menos ativos do que pessoas consideradas ativas, ou seja, por sentirem desconforto decorrente da dor estas pessoas tornam-se inativas fisicamente, reduzindo assim suas capacidades funcionais (MARQUES et al., 2002).
De acordo com Marques et al. (2002, p.44), “exercícios como caminhada combinados com exercícios de alongamentos, fortalecimento entre outros auxiliam na melhora dos sintomas da FM”. Portanto, o referido autor verifica que em todos os segmentos de exercícios os pacientes tiveram uma melhora no seu quadro clinico, em especial à fadiga, capacidade aeróbica e bem estar.
Um dos exercícios aeróbicos bem aceitos pelos pacientes com FM é a caminhada, pois esta é prática, tem custo reduzido e baixa complexidade na execução. Sendo este tipo de exercício o que proporciona maiores benefícios aos pacientes, melhorando assim, sua condição cardiorrespiratória e qualidade de vida (KONRAD, 2005).
Sabe-se que a atividade física proporciona um efeito analgésico, estimulando a liberação de endorfina que funciona como um antidepressivo, ou seja, este tende a causar a sensação de bem estar global e autocontrole (PROVENZA et al., 2004).
Contudo, deve-se levar em conta que este tipo de programa deve ser aplicado ao paciente com FM na intensidade baixa e não ter como seu principal objetivo o condicionamento físico. Um método muito utilizado para medir esta intensidade é a escala de percepção de esforço, onde baixas intensidades de exercícios são suficientes para que este paciente tenha êxito significativo na capacidade aeróbica. Caso contrário, se o exercício é aplicado com intensidade mais alta, o paciente pode apresentar intensidade de dor e esforço elevados (KONRAD, 2005).
Desta forma, os exercícios de leves a moderados devem ser realizados de forma progressiva e em pequenas quantidades, sem sobrecargas e esforços repetitivos, evitando sempre uma má postura durante o exercício. No entanto, o esforço pode ser determinado pelo próprio indivíduo com FM (KONRAD, 2005).
O tratamento da FM juvenil tem como principal objetivo a motivação de crianças e do adolescente a voltar a praticar atividade física, além da promoção da reintegração social. O tratamento da FM juvenil assim como a FM em adultos deve abranger o uso de medicamentos, abordagem psicossocial, orientação dos pais e reabilitação, sendo a participação da criança e adolescente fundamental para o sucesso do tratamento (YUNUS et al., 1995).
Exercícios físicos como natação, dança e hidroginástica auxiliam no fortalecimento muscular reduzindo assim, a dor e melhorando a qualidade de vida dos indivíduos que possuem esta síndrome. A princípio qualquer atividade física de baixo impacto é recomendada, sendo a caminhada a mais empregada (PROVENZA et al., 2004).
O objetivo do tratamento da FM juvenil é orientar as crianças e adolescentes a recuperar suas funcionalidades e autonomia. É importante ressaltar que quando uma criança ou adolescente sofre de dor crônica é necessário à utilização de meios farmacológicos, psicológicos, familiar, social, além da prática de atividade física. Portanto, a atividade física deve ser bem planejada pelo profissional de educação física, afim de que, o indivíduo possa tolerar a dor desde o início e manter esta atividade por um período mais prolongado.
6. Considerações finais
Com o presente trabalho pode-se observar que a FM é uma síndrome crônica que acomete principalmente as mulheres de meia idade, mas ocorre em crianças e adolescentes de 04 a 17 anos de idade também, a qual é denominada FM juvenil.
Neste trabalho buscou-se abordar os comprometimentos que a FM juvenil traz para a vida de crianças e adolescentes e como os exercícios físicos podem auxiliar no tratamento e na melhora da qualidade de vida dos mesmos. Por ser um tema discutido desde 1995, a FM juvenil ainda é pouco pesquisada. Por isso, conclui-se também que os objetivos propostos pela pesquisa alcançada, o tema estudado (FM juvenil), no entanto, ainda oferece um vasto campo de exploração, já que o mesmo é escasso.
Por ser uma síndrome que causa incapacidade funcional, esta dificulta a realização de tarefas cognitivas e motoras tanto em crianças como adolescentes, o que pode causar impacto negativo na qualidade de vida dos mesmos, como desestabilização na relação familiar e social, além da sua rotina e hábitos, o que muitas vezes obriga estes indivíduos a se esforçarem para se adaptar a uma nova rotina.
Com este estudo pode-se observar que a prática de atividade física de baixo impacto pode trazer melhoras no quadro clínico de indivíduos com FM juvenil, com reestabilização das funções musculares e aumento na tolerância à dor.
Desta forma, o tratamento da FM juvenil inclui a prática de exercícios em conjunto a tratamentos medicamentos e terapias psicológicas, os quais tendem a auxiliar na melhora da qualidade de vida de crianças e adolescentes com esta síndrome.
Conclui-se, portanto, que a atividade física de baixo impacto e intensidade combinada com o uso de medicamentos e terapias tendem a auxiliar na diminuição da dor, no aumento da força, na melhora do sono e na aptidão física e psicológica de forma significativa.
Ressalta-se que as atividades físicas devem ser bem planejadas pelo profissional de educação física, afim de que, a criança ou adolescente consiga tolerar a dor e manter a prática da mesma por um período prolongado. E por fim, observou-se a importância de novos estudos nesta área, uma vez que os aspectos que compreendem a FM juvenil são extremamente amplos e subjetivos, tornando-a instigante e passiva de inúmeras pesquisas.
Referências
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BERBER, J. S. S.; KUPEK, E.; BERBER, S. C. Prevalência de depressão e sua relação com a qualidade de vida em pacientes com síndrome da fibromialgia. Rev. Bras Reumatol, v.45, n.2, p. 47-54, mar./abr., 2005.
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KNOPLICH, J. Fibromialgia: dor e fadiga. 2 ed. São Caetano do Sul/SP: Yendis Editora, 2007.
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