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Comportamento agudo do salto vertical após uma 

sessão de treinamento de ataque e de bloqueio no voleibol

Comportamiento agudo del salto vertical luego de una sesión de entrenamiento de ataque y de bloqueo en el voleibol

 

*Universidade Nove de Julho

**Universidade Paulista

(Brasil)

Eder Luis de Souza Melo*

Fábio Yoshiaki*

Anderson Caetano Paulo* **

acpaulo@usp.br

 

 

 

 

Resumo

          Espera-se que ao final de uma sessão de treino de voleibol ocorra o aparecimento da fadiga, como a redução do desempenho agudo do salto vertical. Entretanto dependendo da intensidade e abordagem de conteúdo da sessão de treino a magnitude dessa fadiga pode ser diferente. Assim essa pesquisa teve o intuito de verificar o desempenho agudo do salto vertical específico após uma sessão de treino de ataque ou de bloqueio com a mesma classificação do grau de esforço. Os resultados revelaram que para sessão de treino de moderado esforço não foi suficiente para reduzir o salto vertical de bloqueio ou cortada em jogadores da categoria infanto-juvenil masculino.

          Unitermos: Alto vertical. Voleibol. Fadiga.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O voleibol é uma das modalidades esportivas mais praticadas no Mundo e o Brasil mantém um lugar de destaque nas competições internacionais há mais de três décadas. Acredita-se que todo esse tempo obtendo resultados expressivos não é mérito de uma única geração de bons jogadores, pois a qualidade do treinamento nas categorias de base desse país pode ser um dos motivos que possibilita uma constante renovação de bons jogadores.

    A dinâmica de jogo do voleibol envolve dois processos que envolvem situações comuns e distintas. O primeiro é o chamado de processo de ataque ou complexo I que tem como objetivo finalizar um rally a partir da recepção do saque adversário, levantamento e ataque. E o segundo é o chamado processo de contra-ataque ou complexo II que tem como objetivo defender o ataque adversário e armar um novo ataque partindo do bloqueio, defesa, levantamento e ataque (EOM e SCHUTS, 1992). Assim por causa do limite de um número de toques permitidos por uma equipe antes de uma ação de ataque a dinâmica o jogo de voleibol se limita em seis ações de jogos (saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa). Nesse restrito conjunto ações de jogo existem várias fundamentos técnicos como a cortada que é bastante utilizada nas ações de ataque. Assim as ações motoras do jogo de voleibol podem ser resumidas em três grupos: ações de defesa e ações de ataque (PROENÇA, 2002) e uma de transição ações de levantamento (ROCHA, 2001).

    O sucesso de ações motoras como o ataque, bloqueio, saque e até o mesmo o levantamento, está diretamente relacionado à altura que se toca a bola. Por exemplo, quanto mais alto for o ponto de contato com a bola numa cortada do voleibol, maior será o ângulo de projeção da bola em relação ao solo e, desta forma, há uma diminuição da probabilidade da bola golpeada no ataque ou no saque de cair fora da quadra adversária (COLEMAN, BENHAM & NORTHCOTT, 1993; ROCHA, 2001). E para bater a bola num ponto alto nas ações de ataque conclui-se que a capacidade de salto vertical é essencial no voleibol, pois quanto mais alto o salto do atleta maior será a permanência no ar, o que possibilita a utilização de vários recursos táticos individuais que podem ser relevantes tanto para o ataque quanto para o bloqueio (DRISS, VANDEWALLE & MONOD, 1998; TRICOLI, 1994; UGRINOWITSCH, 1997; PAULO, 2004). Já no levantamento, o salto é igualmente importante, pois quanto maior for à altura de contato com a bola, menor será o espaço de tempo para que ocorra a ação subseqüente (ataque). Isso possibilita ao levantador imprimir uma maior velocidade às jogadas ofensivas (ROCHA, 2000). Portanto o enfoque do treinamento para a melhora da capacidade de salto é altamente retratado na literatura (FRY, KRAEMER & WESEMAN, 1991; HERTOGH & HUE, 2002; MAFFIULETTI, DUGNANI, FOLZ, DI PIERNO & MAURO, 2002; NEWTON, KRAEMER & HAKKINEN, 1999) e a monitorização do desempenho do salto vertical ao longo do treinamento passa ser importante no voleibol.

    Na dinâmica da carga de treinamento existe a necessidade de criar condições para gerar fadiga e recuperação no organismo para ocorrer um processo de supercompensação dos processos morfofuncionais e assim melhorar o rendimento (MANSO, VALDIVIELSO & CABALLERO, 1996). Assim a comissão técnica de uma equipe de voleibol aplica meios e métodos de treinamento nas sessões de treino ao longo da temporada, classificando-as previamente de acordo com um grau subjetivo de esforço. Essa classificação pode ser considerada como sessão de treino Forte, Moderada ou Fraca (CUNHA, 1988). Em geral essa classificação prévia a aplicação da sessão de treino é realizada de maneira empírica e leva-se em consideração o nível do jogador, o período e classificação da equipe na temporada e depende também do que foi realizado nas sessões de treino anteriores. Geralmente essas sessões de treino são compostas por diferentes orientações de conteúdos, como sessão de treino de bloqueio ou sessão de treino de ataque, por exemplo.

    Uma equipe de voleibol, desde as categorias de base, é composta por funções específicas: ponteiro, meio, oposto, levantador e líbero. Como cada uma dessas posições realiza movimentações específicas, as orientações de conteúdo para um treino de ataque ou um treino de defesa poderia afetar de maneira diferente o desempenho agudo do salto vertical para cada função. Além disso, as técnicas de salto para o bloqueio e para a cortada são específicas e elas poderiam ser afetadas de maneira distinta mesmo que quando realizada em sessões de treinamento específico.

    Na luz desse esclarecimento essa pesquisa teve o intuito de verificar o desempenho agudo do salto vertical específico após uma sessão de treino de ataque ou de bloqueio com a mesma classificação do grau de esforço.

Material e método

Amostra

    A amostra foi composta por 12 jogadores de uma equipe da categoria infanto-juvenil masculina de voleibol federados pelo estado de São Paulo. A equipe foi composta por dois levantadores, 3 meios, 2 opostos, 4 ponteiros e 1 libero que tinham idade de 16,5 ± 0,7 anos, peso corporal de 72,1 ± 8,3 kg, estatura de 185,7 ± 8 cm. Os atletas e seus respectivos responsáveis assinaram termo de consentimento para a pesquisa que foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Nove de Julho sob protocolo 343676.

Testes específicos de salto vertical

    Um teste de salto vertical de bloqueio foi realizado após o aquecimento para uma sessão de treino de bloqueio e logo após o término dessa sessão. Outro teste de salto vertical de cortada foi realizado em outro dia após o aquecimento para uma sessão de treino de ataque e logo após o término dessa sessão. Houveram 3 tentativas de saltos máximos com intervalos de 15 segundos entre as tentativas, e selecionou o maior salto para análise estatística. A ordem de avaliação entre os jogadores foi fixa entre duas sessões de treinamento que aconteceram em duas segundas-feiras consecutivas após um dia de descanso. A primeira sessão de treino foi de bloqueio e a segunda sessão foi de ataque.

Salto vertical da cortada e alcance de ataque

    Uma fita métrica graduada com precisão de 0,1 cm foi fixada numa parede até a altura de 3,7m. O atleta colocou pó de giz na sua mão e posicionou-se diagonalmente a uma distância de aproximadamente 3m da fita métrica e a 2m da parede. Utilizando a passada técnica da cortada do voleibol o atleta saltou tocando a fita no ponto mais alto que pôde alcançar (Figura 1). O pesquisador ficou num plano elevado de 1,5m de altura e registrou a maior altura do alcance de ataque (AA) em três tentativas.

    O salto vertical de cortada (SVC) foi calculado através da diferença entre o maior AA e a altura de alcance com um braço (ATA) que foi medida antes do teste. Para a ATA o atleta ficou ereto, parado com pés paralelos, perna, quadril e tronco, todos encostados lateralmente na parede e com o membro superior dominante estendido, formando um ângulo de 180º até o ponto distal do 3º dedo da mão que também tocava a parede:

SVC = AA – ATA

    Esse teste foi realizado no dia da sessão de treino de ataque.

Figura 1. Ilustração do momento do teste de salto vertical para a cortada

Salto vertical de bloqueio e alcance de bloqueio

    Utilizando a mesma fita métrica o atleta colocou pó de giz na sua mão e se colocou de frente na direção da fita métrica. A partir disso ele ficava numa posição de expectativa de bloqueio e executou a técnica de salto do bloqueio tocando a parede com ambas as mãos no ponto mais alto que pôde alcançar. O observador ficou num plano elevado de 1,5m de altura e registrou a maior altura do alcance de bloqueio (AB).

    O cálculo do salto vertical de bloqueio (SVB) foi feito através da diferença entre o alcance do bloqueio (AB) e a altura de alcance com os dois braços (ATB). Para a ATB o atleta ficou ereto, parado com pés paralelos, perna, quadril e tronco, todos encostados na parede e com os dois membros superiores estendidos, formando um ângulo de 180º com as mãos alinhadas e tocando a parede:

SVB = AB – ATB

Figura 2. Ilustração do momento do teste de salto vertical para o bloqueio

Sessões de treinamento de bloqueio e de ataque

    A coleta dos saltos verticais foi realizada no início do segundo semestre da temporada, e aconteceu em duas segundas-feiras consecutivas após um dia de folga. Na organização da periodização da comissão técnica as duas sessões de treino foram classificadas com um grau de esforço moderado, e a primeira sessão foi uma sessão de bloqueio e segunda sessão de ataque. Ambas as sessões tiveram uma duração de 90 minutos.

Análise estatística

    A estatística descritiva foi utilizada para cálculo das médias e desvios padrão da altura do salto vertical. Para comparar o comportamento das médias do salto vertical pré e pós nas de sessão de treino de bloqueio ou de ataque foi realizado a análise de estatística para medidas repetidas, levando em consideração os fatores TEMPO (2x) pré e pós treino e CONDIÇÃO (2x) treino de bloqueio e ataque. Foi considerado post hoc Tukey sendo considerado como significante o nível de p < 0,05.

Resultados

    A comissão técnica da equipe classificou tanto a sessão de treino de bloqueio quanto à sessão de treino de ataque como esforço moderado.

    De acordo com a tabela 1, não houve diferença nos saltos específicos entre as condições pré e pós (p > 0,05) independente do tipo de treino. Houve diferença (p<0,05) entre os saltos independente da condição (salto de ataque > salto de bloqueio).

Tabela 1. Altura do salto vertical para o bloqueio (SVB) pré e pós sessão de treino de

 bloqueio e altura do salto vertical para a cortada (CVC) pré e pós sessão de treino de ataque

 

Treino de bloqueio

SVB

Treino de ataque

SVC

 

Pré (cm)

Pós (cm)

Pré (cm)

Pós (cm)

Ponteiros

42,0 ± 8

41,6 ± 10

64,5 ± 8

62,2 ± 10

Meios

47,3 ± 8

46,4 ± 7

61,3 ± 8

62,6 ± 7

Opostos

37,3 ± 2

41,6 ± 1

53 ± 2

51,3 ± 1,1

Levantadores

39,0 ± 3

37,3 ± 4

60,7 ± 3

59,3 ± 4

Libero

37,5

39,7

59

56

Equipe

41,7 ± 7

41,8 ± 7

60,7 ± 7*

59,5 ± 7,4*

* Valor maior que o salto do treino de bloqueio no mesmo tempo. SVB = salto vertical para o bloqueio; SVC = salto vertical para a cortada

Discussão

    O estudo teve como objetivo verificar o desempenho agudo do salto vertical específico após uma sessão de treinamento de ataque e de bloqueio com a mesma classificação do grau de esforço. Nossos resultados demonstraram que não houve redução do salto vertical independente do tipo de treinamento para uma classificação de esforço moderado de sessão de treinamento de ataque e/ou bloqueio.

    Além da classificação subjetiva de esforço de uma sessão de treino, outra forma de monitorar o efeito das cargas de treinamento sob o organismo do atleta são os testes esportivo-motores (KISS, 2003). Esse método de monitoração tem por objetivo medir e avaliar as capacidades motoras (condicionantes ou coordenativas) e, as habilidades motoras específicas da modalidade esportiva, como o salto vertical para a cortada ou para o bloqueio do voleibol. O teste utilizado para avaliar a altura do salto vertical tem sido utilizado em outras pesquisas (MASSA, 1999 PAULO 2004, STANGANELLI, 2004; PIUCCO & DOS SANTOS, 2009) e se mostra reprodutivo (SALES, DE MELLO, VASCONCELLOS, ACHOUR JR., DANTAS, 2010). Assim se ocorresse uma alteração significante no desempenho do salto vertical entre os tempos pré e pós sessão de treinamento o teste seria sensível para detectar.

    As variações de desempenho agudo no salto vertical ocasionado por uma única sessão de treino também estariam ligadas ao potencial dos exercícios propostos sob o nível de condicionamento físico do jogador (MANSO, VALDIVIELSO & CABALLERO, 1996). Nesse sentido a literatura aponta cinco tipos de carga de treinamento (FRY, MORTON & KEAST, 1992; MANSO, VALDIVIELSO & CABALLERO, 1996; McKENZIE, 1999): a) Carga de desenvolvimento – o estímulo de treino é moderado a alto e pode chegar a níveis máximos de esforços, esse tipo de carga ocasiona fadiga no organismo e necessita ser intercalada com as cargas de recuperação; b) Carga de recuperação – o estímulo de treino é fraco, não degenerativo e tem o intuito de acelerar a recuperação após uma aplicação de cargas de desenvolvimento; c) Carga de manutenção – o estímulo de treino já está num limiar alto e sua aplicação não é capaz de melhorar o rendimento mas é suficiente para não deixá-lo diminuir; d) Carga ineficaz – se caracteriza com um erro no treinamento, pois o estímulo de treino pode ser muito baixo por muito tempo ou pode estar fora da especificidade do objetivo proposto, o resultado desse tipo de carga é o destreinamento; e) Carga excessiva – é um outro tipo de erro no treinamento, significa que o atleta ficou muito tempo com uma carga de desenvolvimento e gerou-se uma fadiga crônica, assim o resultado desse tipo de carga é o overtraining.

    A estrutura de uma sessão de treino com um grau de esforço moderado para um treino de bloqueio ou um treino de ataque tem que estar de um conceito de carga de desenvolvimento, pois ela tem o intuito de gerar uma fadiga moderada nos componentes específicos de treinamento. Por isso, o nível de conhecimento do conteúdo de treinamento e a experiência profissional da comissão técnica para essa avaliação é muito importante. As duas sessões de treino para o nosso estudo foram estruturadas por um técnico e um assistente técnico que tem mais de dez anos de experiência com o voleibol no nível de federação e a equipe ficou entre os três primeiros colocados nessa temporada. Foram escolhidos as sessões de treino de bloqueio e de ataque porque neste tipo de sessão ocorre um grande número de saltos específicos e esperávamos que ocorresse uma redução no desempenho agudo do salto vertical para uma sessão de esforço moderado, mas isso não aconteceu.

    Isso comprova a necessidade de uma periódica monitorização da carga de treino entre diferentes sessões de treino. Isto é, deve-se sempre comparar o conteúdo de treino planejado com o conteúdo de treino realmente realizado, pois ao longo da temporada os jogadores podem sofrer influências do clima, de contusões, da ausência às sessões e a própria alteração da forma esportiva (MATVEEV et al. 1985).

    As duas sessões de treino aconteceram no retorno das férias para início da segunda fase da competição, assim os treinos foram mais focados na movimentação técnica do bloqueio e da cortada. Assim pode-se afirmar que na sessão do treinamento de bloqueio não houveram muitos saltos de ataque, pois em 60 dos 90 minutos da duração da sessão a comissão técnica realizou ataques de um plano elevado. Já na sessão de ataque não houveram confrontos entre ataque e bloqueio, o que também se pode afirmar que não houveram muitos de bloqueio. Assim as sessões de treino tiveram um volume de saltos específicos, entretanto uma limitação do nosso estudo foi o fato não computar a quantidade de saltos de bloqueio e de ataque realizados nas duas sessões de treinamento.

    De fato, além da duração da abordagem dos conteúdos uma das importantes variáveis da carga de treinamento é o número de repetições executadas. Tanto a duração do conteúdo focado nos saltos quanto o seu número de repetições podem ser considerados como o volume de treinamento (MATVEEV, 1985) e se houvesse uma significante diferença do número de saltos de bloqueio e entre as sessões seria esperado que houvesse uma maior redução do desempenho agudo na sessão mais volumosa (MANSO, VALDIVIELSO & CABALLERO, 1996).

    Através da quantificação do número de saltos nas ações de jogo durante partidas de voleibol, alguns estudos procuraram determinar os volumes ideais de carga de treinamento (ROCHA, 2000; RODACKI, 1997). RODACKI (1997) analisou atletas da categoria infanto-juvenil masculino do estado do Paraná e observou que o número de saltos efetuado por partida, em função das posições, era 19,0 ± 7,6 para levantadores, 14,8 ± 6,3 para os meios, 8,9 ± 4,3 para os ponteiros com média de 12,5 ± 6,5 saltos por partida. Já ROCHA (2000) analisou 12 jogos da Super Liga feminina para quantificar o número de saltos e propôs a partir dessa observação o seguinte volume de saltos para o treinamento em cada posição de jogo: a) Levantadoras: aproximadamente 12% para o salto com deslocamento para o bloqueio, 30% para o bloqueio sem deslocamento e 58% dos saltos destinados ao aperfeiçoamento do levantamento; b) Ponteiras: aproximadamente 48% para o desenvolvimento do salto com deslocamento de ataque, 16% para o salto com deslocamento para o bloqueio e 30% para o salto sem deslocamento para o bloqueio; c) Meios: aproximadamente 35% destinados ao aperfeiçoamento do salto com deslocamento para o ataque, 25% para o salto sem deslocamento para o bloqueio e 40% para o salto com deslocamento para o bloqueio.

    Os dados do estudo anterior são bastante interessantes para controlar o volume da carga de treino de salto específico dos atletas, porém, é importante salientar que as pesquisas encontradas computam os saltos que ocorrem durante as ações de jogo, o que é válido para caracterizar a modalidade e de grande importância para prescrição do treinamento. Por outro lado, se pensarmos num restrito controle de carga para prever as adaptações temporais de cunho funcional e estrutural no organismo decorrentes da quantidade de saltos, há muitos jogadores que saltam uma, duas ou três vezes a fim de comemorar um ponto de sua equipe no jogo e nas sessões de treinamento. Apenas esse fator poderia afetar significantemente a estatística apresentada num estudo de controle de quantificação de saltos executados durante uma partida ou sessão de treinamento por posição.

    Outra limitação encontrada seria em função da intensidade de cada salto vertical. Como como revelado nos resultados de RODACKI (1997) o levantador é o jogador que mais salta nas equipes de alto rendimento, entretanto os saltos para execução do levantamento desse jogador na maioria das vezes não acontecem com uma intensidade tão alta quando comparadas ao saltos de ataque. No nosso estudo durante a sessão de treinamento de ataque os levantadores saltaram praticamente para realizar os levantamentos e observou uma redução não significativa de 2,3% para o teste de ataque, já no treinamento de bloqueio que os levantadores saltaram na mesma dinâmica dos outros jogadores a redução também não significativa foi de 4,5% para o teste de bloqueio. Isso sugere a influência do princípio da especificidade, pois a maior redução de desempenho aconteceu na direção de onde foi realizado o número de saltos específicos.

    Não houve uma programação para que o líbero realizasse uma sequência de saltos de bloqueio ou cortada durantes as duas sessões, entretanto durante os 10 minutos de aquecimento da sessão de ataque o líbero da equipe realizou os saltos de cortada e depois treinou sem realizar saltos. Nessa sessão houve uma redução não significante de 5,3%, além das cortadas do aquecimento somado as postura de defesa durante o treino de ataque podem ter gerado uma fadiga que também refletiu no salto vertical. Já no treino de bloqueio, o líbero não fez o mesmo aquecimento que os outros jogadores e em grande parte do treino ele auxiliou nos ataques em plano elevado, portanto houve um menor envolvimento no número de ações motoras desse jogador e, essa dinâmica na sessão de treino refletiu no comportamento do salto vertical, pois no final da sessão de treinamento o libero teve uma aumento de 5,8%.

    Já o atacantes (meios, ponteiros e opostos) saltaram dentro das suas especificidades. Os ponteiros e os meios, praticamente não tiveram alteração na altura do salto vertical. Entretanto um dado interessante foi um aumento não significativo da altura do salto vertical após a sessão do treino de bloqueio para os opostos. Uma possível explicação para esse resultado é que talvez para essa posição essa sessão de treino não teve um grau de esforço moderado e sim fraco, podendo até ser uma carga ineficaz.

    Portanto um próximo passo nessa linha de pesquisa seria confrontar a classificação do grau de esforço da sessão de treino planejada e percebida pela comissão técnica com a percepção subjetiva de esforço dos próprios atletas (MOREIRA, FREITAS, NAKAMURA & AOKI, 2010). Outra pergunta que pode ser respondida é a verificar do comportamento do salto vertical com a aplicação da mesma sessão de treino em momentos diferentes da temporada.

    Por fim nossos resultados indicaram que uma sessão de treinamento classificada pela comissão técnica como um grau de esforço moderado não influenciaram no desempenho agudo do salto vertical em uma equipe infanto-juvenil masculina.

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