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Motivação nas aulas de Educação Física escolar: experiências e reflexões do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID)

La motivación en las clases de Educación Física escolar: experiencias y reflexiones 

del Programa Institucional de Becas de Iniciación a la Docencia (PIBID)

 

*Bolsista do programa de institucional de bolsas de Iniciação à Docência

PIBID/CAPES da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

**Coordenador do subprojeto educação física do programa institucional de bolsas

de iniciação à docência PIBID/CAPES da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

(Brasil)



Luíse Pinto Beltram*

Andrio Rogério Martins da Rosa*

Prof. Dr. Gabriel Gustavo Bergmann**

gabrielgbergmann@gmail.com


 

 

 

 

Resumo

          Conhecer os fatores motivacionais para prática da Educação Física (EF) deve fazer parte das preocupações dos professores. Nossos objetivos foram analisar aspectos motivacionais para a prática da EF escolar a partir de um levantamento bibliográfico e apresentar experiências provenientes das ações do subprojeto Educação Física do PIBID. A inserção de conteúdos como atletismo e dança são fatores que tornam as aulas mais atrativas. As ações do PIBID, principalmente a de inserir diferentes conteúdos, motivaram os alunos para as práticas. Entendendo quais são os fatores motivacionais podemos criar um ambiente mais propício para a participação dos alunos nas aulas de EF.

          Unitermos: Educação Física. Escola. Motivação. Conteúdos.

 

Abstract

          To know the motivational factors for the Physical Education (PE) practice should make part of the concerns of teachers. Our objectives were to analyze motivational aspects to the practice of school PE from a bibliographical review and to present experiences coming from actions of the subproject PE of PIBID. The insertion of contents such as athletics and dance are factors that turn the classes more attractive. The actions of PIBID, mainly to insert different contents, led the students to the practices. Understanding what the motivational factors for PE practice are, we can create an environment more conducive to the participation of students in PE classes.

          Keywords: Physical Education. School. Motivation. Content.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A educação física na escola tem como papel fundamental transmitir as diferentes manifestações que compõem a Cultura Corporal do Movimento (CCM) para as crianças e adolescentes. Para tanto, é importante que haja uma motivação dos alunos para que participem das aulas. Nesta perspectiva, o conhecimento sobre os fatores que atraem e afastam os alunos das aulas de educação física devem fazer parte das preocupações dos professores.

    Motivar os alunos é uma forma de ajudá-los a desenvolver suas capacidades, tanto as físicas, motoras, cognitivas, afetivas, comunicacionais e psíquicas (PAIM e PEREIRA, 2004). Segundo Berleze et al. (2002), o comportamento humano é movido por necessidades, interesses e estímulos vindos do meio ambiente e uma pessoa motivada a realizar certa atividade poderá ter mudanças na compreensão da aprendizagem e de seu desempenho nas atividades motoras.

    Diante destes fatos, é importante que mais estudos sobre a motivação para as aulas de educação física escolar sejam conduzidos. O objetivo deste estudo é analisar alguns aspectos que desmotivam os alunos a participarem das aulas de Educação Física na escola, como a falta de coordenação motora, desinteresse de inovação nas aulas pelos professores, conteúdos repetitivos, falta de materiais, entre outros, e também alguns aspectos motivadores como: habilidades mais desenvolvidas, inserção de novos conteúdos nas aulas, tais como atletismo, ginástica e dança. Para tanto, organizamos o nosso texto em algumas partes, onde inicialmente procuramos apresentar os conceitos de motivação e dos fatores a ela relacionados.

Conceitos

    Segundo o dicionário Aurélio, motivação é o ato de motivar; exposição de motivos ou causas; conjunto de fatores psicológicos, conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determinam certo tipo de conduta em alguém. Sendo assim, a motivação está intimamente ligada às razões, que segundo o dicionário Aurélio, é o fato que leva uma pessoa a algum estado ou atividade. Segundo Rocha (2009), a palavra motivação vem do verbo latino movere, sendo a motivação uma força que coloca a pessoa em ação e que acorda sua disponibilidade de se transformar. É aquilo que nos move, que nos leva a agir e a realizar alguma coisa. Logo, podemos dizer que motivar significa predispor-se a um comportamento desejado para determinado fim.

Motivação para a atividade física

    Existem controvérsias relacionadas com as teorias sobre o desenvolvimento da motivação do indivíduo para uma atividade física ou desporto. No entanto, a motivação é um aspecto psicológico tão importante quanto o aspecto físico. Assim, o profissional de Educação Física, deveria preocupar-se não somente com a parte física das pessoas, mas também com o aspecto psíquico, pois muitas vezes estes aspectos são determinantes para o desenvolvimento das práticas corporais, principalmente em crianças e adolescentes visando à manutenção deste comportamento quando adultos (ROCHA, 2009).

    Para Alves et al. (2007), a literatura revela que ainda é baixo o número de praticantes de exercício físico regular, e que poucos permanecem motivados e engajados em um programa de exercício físico por longo período de tempo. Alguns indivíduos interrompem por um determinado período e depois retornam, enquanto outros abandonam definitivamente. Portanto é interessante que o professor de Educação Física na escola, tente inserir novos conteúdos em suas aulas, além do futsal, basquete, handebol e voleibol, como é a realidade de muitas escolas (Fortes et al., 2012). Esta inserção de atividades variadas pode aumentar o repertório de conhecimentos motores e conceituais das crianças e dos adolescentes, o que pode contribuir para após os anos escolares estes indivíduos continuarem praticando alguma atividade física de forma regular.

Motivação: fatores intrínsecos e extrínsecos

    A partir das evidências disponibilizadas por alguns estudos, podemos dizer que a motivação depende de dois fatores: o intrínseco e extrínseco (ROCHA, 2009; MARZINEK e NETO, 2007; ARAUJO et al., 2008). O fator intrínseco está relacionado ao próprio individuo, ou seja, a prática pelas sensações que ela provoca ao mesmo. Segundo Berleze et al. (2002), as atitudes que o indivíduo realiza por sua própria vontade são características evidentes de motivação intrínseca. Grupos que praticam algum determinado esporte pela satisfação que sentem em jogar, em participar de certas atividades esportivas podem ser citados como sendo exemplo de motivação intrínseca.

    Para Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005), a motivação intrínseca define-se operacionalmente em duas formas: participação voluntária numa atividade, em “aparente” ausência de recompensas ou pressões externas; e, participação numa atividade, pelo interesse, satisfação e prazer que obtêm desse envolvimento, ou seja, o prazer advém unicamente da atividade.

    Neste sentido os professores de educação física na escola devem aumentar seu repertório de atividades, para que suas aulas não se tornem monótonas e repetitivas, assim estarão estimulando seus alunos a participarem de forma voluntária em suas aulas.

    Já o fator extrínseco vem de meios externos, como, por exemplo, recompensas que a atividade pode lhe proporcionar; motivação dos pais/professores para que o filho/aluno pratique tal atividade, entre outros. Para Berleze et al. (2002), a motivação extrínseca é algo artificial, pois, para ser eficiente, precisa ser fundamentada em alguma tendência, em algum motivo ou necessidade própria da pessoa ou intrínseca à sua natureza.

    Para Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005), a motivação extrínseca consiste num conjunto variado de comportamentos, que são realizados com vista a um fim, que não o próprio prazer e divertimento na atividade. Portanto, é importante que a educação física escolar permita a seus educandos uma possibilidade que venha em benefício a sua saúde e bem estar no futuro. Sendo fundamental que os pais e professores conversem com eles e os motivem para praticarem diferentes atividades físicas.

Educação Física escolar e a motivação dos alunos

    A Educação Física escolar pode ter desmotivado alguns alunos pelo fato de muitas vezes se voltar mais para os esportes coletivos e competitivos e deixando de lado outros conteúdos que também fazem parte da Educação Física escolar, tais como atletismo, ginástica, lutas e danças. O estudo de Stavistki e Cruz (2008) relata que a coordenação motora é marcante na desmotivação dos alunos nas aulas de Educação Física, pois eles se sentem inferiores em relação aos outros colegas com maior capacidade motora. Além da falta de coordenação motora que desmotiva os alunos, outro fator desmotivacional são as aulas repetitivas que muitas vezes estão ligadas com a falta de planejamento de alguns professores, em organizar e buscar novos conteúdos para aplicar em suas aulas.

    Já o que tem motivado os alunos a realizarem as atividades nas aulas de Educação Física é a habilidade de alguns, por praticarem tal esporte nas aulas, ou por já terem alguma vivencia no esporte oferecido nas aulas pelo professor ou professora. O estudo de Stavistki e Cruz (2008) mostrou que segundo os alunos, novas atividades, como atletismo, dança, e músicas nas aulas são fatores que tornam a aula mais atrativa, mais motivantes e que chamam mais atenção, o que acaba fazendo com que os alunos que se sentem incapacitados para praticarem tais exercícios sejam motivados a participar das aulas, experimentando outras atividades, e não só aquelas focadas nas atividades tradicionalmente oferecidas.

Diferenças ao longo dos anos escolares

    Em relação aos fatos mencionados, a motivação nas aulas de Educação Física é um tema ainda pouco estudado. Segundo Winstrestein (2004) a Educação Física possui por si uma “atração natural” pelo menos nas séries iniciais do ensino fundamental, quando a criança se sente mais atraída, pois não existe uma “cobrança” dos professores em fazer determinados exercícios. Esta cobrança passa a ser exigida nas séries finais do ensino fundamental e a “atração natural” dos alunos tende a diminuir, ainda mais quando os professores não buscam inovar o conteúdo, tornando as atividades repetitivas.

    No ensino médio os alunos passam a se preocupar com o futuro e as expectativas com a educação física acabam ficando em segundo plano. São elencados no estudo de Darido et al. (1999), algumas características resultantes no decorrer de seu trabalho tais como: As aulas no ensino médio são quase sempre uma repetição mecânica dos programas de Educação Física do ensino fundamental. Em geral não apresentam características próprias e inovadoras, que considerem a nova fase vivenciada pelos alunos; os alunos, na sua grande maioria, tiveram poucas experiências em relação à prática da Educação Física, e estas experiências em geral, não foram marcadas pelo sucesso e prazer, e assim quando requisitado para a prática o discurso do aluno é do não gostar, ou ela não ser importante; e, uma das propostas possíveis para este nível de ensino refere-se à concepção de planejamento participativo e a implementação de propostas que abordem também as danças, os jogos, as ginásticas, sempre procurando ampliar o leque de opções com a intenção de incluir o maior número de alunos.

    Diante disto, a educação física ao longo dos anos escolares deve ser repensada para que possamos motivar nossos educandos a praticarem atividades físicas ao longo de toda trajetória escolar. Isto poderia contribuir para que estes indivíduos continuassem praticando atividades físicas após os anos escolares.

Reflexões a partir das experiências do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID)

    A realidade da motivação na Escola Estadual de Ensino Médio Dom Hermeto, a qual está inserido o subprojeto Educação Física do PIBID da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) não era diferente das características motivacionais citadas anteriormente, pois a falta de materiais, de interesse dos professores em inovar suas aulas, o conteúdo repetitivo entre outros, muitas vezes tornavam-se um fator desmotivante pra os alunos a participarem e gostarem das aulas.

    Com a inserção do PIBID conseguimos mudar esta realidade. No início deste ano (2012) desenvolvemos um novo plano de ensino para a Educação Física, a qual neste plano estava inserido outros conteúdos como atletismo, danças, lutas, além dos esportes coletivos (futsal, handebol, basquetebol e voleibol) existentes na escola.

    Com isso, houve um maior número de atividades propostas para as aulas fugindo do antigo modelo de aula que na maioria das vezes era de handebol para as meninas e futsal para os meninos. Assim, os alunos que se sentiam desmotivados, em muitos casos, passaram a se sentir motivados a participarem das aulas, aumentando o seu repertório de capacidades físicas, motoras, cognitivas, afetivas, comunicacionais e psíquicas.

Considerações finais

    Em nosso ponto de vista a motivação nas aulas de educação física escolar depende em parte do professor, pois ele deve fazer com que seus alunos sintam-se motivados a participarem de suas aulas. Acreditamos que se conseguirmos motivarmos os alunos a praticarem atividades físicas desde a escola, futuramente muitos deles irão praticá-las em benefício de sua saúde.

Referências

  • ALVES, M. P.; JUNGER, W. L.; PALMA, A.; MONTEIRO, W. D.; RESENDE, H. G. Motivos que justificam a adesão de adolescentes à prática de natação: qual o espaço ocupado pela saúde? Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.13, n.6, 2007.

  • ARAUJO, S. S.; MESQUITA, T. R. R.; ARAUJO, A. C.; BASTOS, A. A. Motivação nas aulas de educação física: um estudo comparativo entre gêneros. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v.13, n.127, 2008. http://www.efdeportes.com/efd127/motivacao-nas-aulas-de-educacao-fisica.htm

  • BERLEZE, A.; VIEIRA, L. F.; KREBS, R. J. Motivos que levam crianças à prática de atividades motoras na escola. Revista da Educação Física/UEM Maringá, v.13, n.1, p.99-107, 2002.

  • DARIDO, S. C.; GALVÃO, Z.; FERREIRA, L. A.; FIORIN, G. Educação física no ensino médio: reflexões e ações. Motriz, São Paulo, v.5, n.2, 1999.

  • FERNANDES, H. M.; VASCONCELOS-RAPOSO, J. Continuum de Auto-Determinação: validade para a aplicação no contexto desportivo. Estudos de Psicologia, Portugal, v.10, n.3, p. 385-395, 2005.

  • MARZINEK, A; NETO, A. F. A motivação de adolescentes nas aulas de Educação Física. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v.11, n.105, 2007. http://www.efdeportes.com/efd105/motivacao-de-adolescentes-nas-aulas-de-educacao-fisica.htm

  • ROCHA, C. C. M. A motivação de adolescentes do ensino fundamental para a prática da educação física escolar. Tese de mestrado Universidade Técnica de Lisboa, 2009.

  • STAVISKI, G.; CRUZ, W. M. Aspectos motivadores e desmotivadores e a atratividade das aulas de Educação Física na percepção de alunos e alunas. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v.13, n.119, 2008. http://www.efdeportes.com/efd119/aspectos-motivadores-e-desmotivadores-das-aulas-de-educacao-fisica.htm

  • PAIM, M. C. C.; PEREIRA, E. F. Fatores motivacionais dos adolescentes para a prática de capoeira na escola. Motriz, Rio Claro, v.10, n.3, p.159-166, 2004.

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