Imagem corporal nos transtornos alimentares: bulimia e anorexia La imagen corporal en los trastornos alimentarios: bulimia y anorexia |
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*Acadêmica do curso de Licenciatura em Educação Física **Professora do curso de Licenciatura em Educação Física Universidade do Oeste de Santa Catarina, UNOESC (Brasil) |
Samara Jéssica da Veiga* Jaquelini Perondi* Elis Regina Frigeri** |
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Resumo Os modelos de corpos ideais que surgem a cada dia, corpos magérrimos, o padrão de beleza imposto à sociedade, os conceitos criados a partir do senso comum, tem desencadeado nas pessoas doenças que partem dos fatores biológicos e principalmente psicológicos, em especial nas mulheres, que possuem grande preocupação com seu corpo, e sua imagem demonstrada à sociedade. As doenças bulimia e anorexia já vêm sendo estudadas há muito tempo e cada vez mais a sociedade tem sido alertada, pois estas trazem terríveis consequências à vida, à saúde e ao corpo, dos indivíduos afetados. Partindo deste contexto, o objetivo deste artigo é elaborar uma pesquisa bibliográfica sobre o tema de Imagem corporal nos transtornos alimentares: bulimia e anorexia, apresentando seus conceitos, demonstrando as consequências e orientando a cerca das possíveis causas desses problemas. Para o alcance do objetivo utilizou-se de pesquisas feitas em revistas e artigos científicos encontrados na internet, reunindo o conteúdo necessário para enriquecer o trabalho, e situar-nos sobre o assunto posto em pauta. Percebe-se então que essas doenças são graves e necessitam de maior e constante cuidado aliando uma mudança na visão das pessoas sobre o padrão ideal de beleza, que por muitas vezes não tem ligação alguma com aspectos relacionados à saúde e uma adaptação das formas de tratamento, para que assim seja melhorada a qualidade de vida dos indivíduos que vivem em meio a uma sociedade tão influente. Unitermos: Imagem corporal. Transtornos alimentares. Bulimia. Anorexia.
Abstract The ideal body models that arise every day, both skinny bodies, the standard of beauty imposed on society, the concepts created from common sense, has triggered the illnesses that leave people of mainly psychological and biological factors, especially in women, who have great concern for his body, and his image shown to the society. The disease has bulimia and anorexia have been studied for a long time and increasingly society has been advised as these bring dire consequences to life, health and the body of the affected individuals. From this context, the aim of this paper is to develop a literature search on the topic of body image in eating disorders: anorexia and bulimia, presenting their concepts, demonstrating the consequences and directing some of the possible causes of these problems. To reach the goal we used research done in magazines and papers found on the internet, gathering the necessary content to enrich the work, and to place us on the issue put on the agenda. Realize then that these diseases are serious and require more care and constant combining a change in people's views about the ideal standard of beauty, which often has no connection with issues related to health and adaptation of forms of treatment, so that it improved the quality of life of individuals living in the midst of society as influential. Keywords: Body image. Eating disorders. Bulimia. Anorexia.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
As doenças relacionadas ao corpo costumam trazer além de consequências físicas, também consequências psicológicas, estas necessitam ter uma abordagem e tratamento especial para que as marcas geradas por tais problemas não tornem-se permanentes.
O modelo de beleza imposto pela sociedade atual corresponde a um corpo magro sem, contudo, considerar aspectos relacionados com a saúde e as diferentes constituições físicas da população. Esse padrão distorcido de beleza acarreta um número cada vez maior de mulheres que se submetem a dietas para controle do peso corporal, ao excesso de exercícios físicos e ao uso indiscriminado de laxantes, diuréticos e drogas anorexígenas. Esses comportamentos são considerados como precursores de transtornos do comportamento alimentar (TCAs) – que compreendem a anorexia e bulimia nervosa [...] (OLIVEIRA et al., 2003).
Doenças relacionadas ao corpo, que em muitos dos casos são consequências psicológicas tem ganhado muita força nos últimos anos, levando a ciência a elaborar estudos mais aprofundados, buscando um possível tratamento. Porém muito já se tem feito para que estes problemas sejam resolvidos e tratados, mas doenças envolvendo o psicológico costumam demandar um estudo mais preciso para uma melhor eficácia no tratamento.
Desta forma, este artigo tem como objetivo principal, elaborar uma pesquisa bibliográfica sobre os temas de imagem corporal nos transtornos alimentares: bulimia e anorexia, identificando e comprovando a relação existente entre estes fatores e doenças, compreendendo e demonstrando os seus conceitos para uma melhor compreensão deste tema tão relevante.
Para o alcance dos resultados foi efetuada uma pesquisa bibliográfica em revistas e artigos publicados em sítios da internet, baseada em autores que já abordaram sobre estes temas e já realizaram pesquisas científicas sobre tais assuntos.
Sendo assim o presente artigo estrutura-se da seguinte forma: primeiramente está apresentada a descrição metodológica do artigo, demonstrando quais as diretrizes que foram utilizadas para a elaboração do artigo. Depois apresenta-se a pesquisa bibliográfica, demonstrando os temas pesquisados. Após as considerações finais e as referências utilizadas para elaboração do artigo.
2. Descrição metodológica
Para o alcance dos resultados propostos, é importante o uso de um método para que se torne mais adequada e objetiva a descrição e apresentação dos dados pesquisados. De acordo com Galliano (1986, p. 6. apud DMITRUK, 2004. p. 40) metodologia “[...] é o conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar um determinado fim”. Desta forma, a metodologia é importante para que os resultados sejam atingidos com o máximo de exatidão e eficiência. Severino (2007, p. 117) afirma que “[...] a ciência se constitui aplicando técnicas, seguindo um método e apoiando-se em fundamentos epistemológicos. Tem assim elementos gerais que são comuns a todos os processos de conhecimento que pretenda realizar, marcando toda atividade de pesquisa”.
Perante o exposto, os métodos utilizados para este artigo são qualitativos, fazendo-se primeiramente uma fundamentação teórica do tema pesquisado, orientando sobre o assunto, resgatando conceitos, como também alguns dados específicos, comprovando a relevância do tema em estudo com base em publicações e artigos de renomados pesquisadores da área. Nascimento e Póvoas (2002, p. 73) definem a pesquisa qualitativa: “[...] visa descrever a complexidade de certos fenômenos sociais, históricos, antropológicos não captáveis por abordagens quantitativas”.
Onde são apresentados dados específicos do tema, demonstrando os conceitos de cada doença pesquisada, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfico, Marconi e Lakatos (2011, p. 43) afirmam que a pesquisa bibliográfica “trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita, sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto”. Para auxiliar na compreensão destes dados, foi dividido cada assunto em subtítulos para uma melhor compreensão dos conceitos.
Desta forma, têm-se definidos os métodos utilizados para a elaboração deste artigo.
3. Conceitos
Os constantes transtornos alimentares desencadeados pelos aspectos biológicos e psicológicos das pessoas trazem a tona assuntos de grande relevância para a sociedade. A seguir estarão relacionados conceitos, baseados em autores que elaboraram artigos científicos na área, onde procuraram esclarecer o tema em destaque.
3.1. Imagem corporal
A imagem corporal é como a pessoa enxerga a si própria, são imagens criadas psicologicamente que podem ou não serem verdadeiras. “A imagem corporal é a representação mental do próprio corpo, o modo como ele é percebido pelo indivíduo. Compreende não só o que é percebido pelos sentidos, mas também as ideias e sentimentos referentes ao próprio corpo, em grande parte inconscientes”. (SCHILDER, 1999 apud CAMPAGNA, SOUZA, 2006). Compreende-se que a imagem corporal não trata realmente do que a pessoa é fisicamente, mas sim, a maneira de como ela entende que é o seu corpo. Ainda Kolk (1984 apud CAMPAGNA; SOUZA, 2006), afirma que “a imagem corporal vai se desenvolvendo como um produto da relação do indivíduo consigo mesmo e com os outros [...] a imagem corporal é uma unidade adquirida, é dinâmica, portanto alterações corporais provocam mudanças na imagem corporal [...]”. Desta forma, têm se o conceito de imagem corporal definido.
3.2. Transtornos alimentares
Relacionados aos transtornos alimentares, compreende-se que este também é um tema de grande valia, pois como na Imagem Corporal, estes transtornos podem trazer doenças graves às pessoas. “Os transtornos alimentares são doenças que afetam particularmente adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, levando a marcantes prejuízos psicológicos, sociais e aumento de morbidade e mortalidade”. (CORDÁS, 2004). Ainda Cash e Dealge (1997 apud SAIKALI et al., 2004) destacam uma relação entre a Imagem corporal e os transtornos alimentares. “O distúrbio da imagem corporal é um sintoma nuclear dos transtornos alimentares, caracterizado por uma auto-avaliação dos indivíduos que sofrem desse transtorno, influenciada pela experiência com seu peso e forma corporal”.
A anorexia nervosa e a bulimia nervosa são transtornos alimentares caracterizados por um padrão de comportamento alimentar gravemente perturbado, um controle patológico do peso corporal e por distúrbios da percepção do formato corporal. Está presente, na anorexia nervosa, um inexplicável medo de ganhar peso ou de tornar-se obeso, mesmo estando abaixo do peso, ou mais intensamente, uma supervalorização da forma corporal como um todo ou de suas partes, classicamente descrito como distorção da imagem corporal. (SAIKALI, et al., 2004). Para Russell (2002 apud SAIKALI, et al., 2004) a bulimia nervosa é uma vontade irresistível de comer demais, comportamento que traz consigo arrependimento, seguido de vômitos auto-induzidos [...].
Apesar de ainda desconhecida, sabe-se que a etiologia dos transtornos alimentares traz em sua gênese uma associação de fatores sociais, psicológicos e biológicos (ABOTT, et al.,1993 apud VILELA et al., 2004).
Entendido este contexto apresentado, já estão sendo elaborados estudos para tratamentos deste problema. “O aumento do interesse e da importância epidemiológica levou a uma rápida evolução na discussão dos critérios diagnósticos dos transtornos alimentares nas últimas décadas”. (CORDÁS, 2004)
3.3. Bulimia
Russell (2002 apud SAIKALI, et al., 2004) descreve a bulimia nervosa como uma urgência poderosa e irresistível de comer demais, comportamentos compensatórios conseqüentes, tais como vômitos, uso inadequado de laxantes e diuréticos e exercícios físicos abusivos acompanhados de um medo mórbido de tornar-se obeso. Como já observado, a bulimia se enquadra nos transtornos alimentares, esta também traz consequências graves à pessoa. “A bulimia nervosa não leva ao estado nutricional seriamente depletado visto na anorexia. Os bulímicos geralmente se mantêm próximos ao peso normal ou até mesmo com um leve sobrepeso, alternando crises de hiperfagia com vômitos auto-induzidos” (MIRANDÉ; CELADA; CASAS, 1999 apud VILELA et al., 2003). Apesar de não ser um comportamento tão degradante como o da anorexia, esta doença acaba trazendo complicações bem negativas. Herzog et al.; Abott et al. (1993) e Fisher et al. (1995 apud VILELA et al., 2003). Abordam sobre o comportamento do bulímico.
O comportamento bulímico tem como principais complicações distúrbios eletrolíticos, irritação e sangramento gástrico e esofágico, anormalidades intestinais, erosão do esmalte dental e aumento das parótidas. Bradicardia de repouso, hipotensão e diminuição da taxa metabólica são observados em alguns bulímicos, podendo refletir na diminuição da atividade do sistema nervoso simpático e do eixo tireoidiano.
Portanto, esta doença necessita tratamento especial e rápido, para que as consequências que estes problemas trazem, não venham a prejudicar o desenvolvimento físico e psicológico da pessoa de maneira irreversível.
3.4. Anorexia
Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) (1994 apud ALVES et al., 2008), a anorexia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado pela recusa do indivíduo em manter um peso adequado para a sua estatura.
Anorexia nervosa [...] são transtornos alimentares frequentemente crônicos e associados com um alto índice de comorbidade. (HERZOG et al., 1993 apud VILELA et al., 2003). Esta doença não é recente, e cada vez mais vem atingindo as pessoas, em grande parte as mulheres, e trazendo problemas graves.
Descrita pela primeira vez em 1667, a anorexia nervosa, é uma doença que leva à inanição, com excessiva perda de peso (auto imposta) e com grande desgaste físico e psicológico. Em função de uma distorção da imagem corporal, os indivíduos com anorexia nervosa não se percebem magros, mas sempre gordos, continuando a restringir suas refeições de uma maneira ritualizada. (SILVERMAN, 1993; MAHAN; STUMP, 1998 apud VILELA et al., 2003)
Bruch (1962 apud SAIKALI, et al., 2004) desenvolveu a primeira teoria sistemática a respeito de problemas de imagem corporal nos transtornos alimentares, sendo que esta distorção da imagem corporal é um dos três fatores necessários ao desenvolvimento da anorexia. Mais ainda, afirma que este é o aspecto mais importante do transtorno e também notou que a melhora dos sintomas da anorexia pode ser temporária se não houver uma mudança corretiva na imagem corporal.
“A anorexia nervosa tem complicações sérias associadas com a desnutrição, como comprometimento cardiovascular, desidratação [...], infertilidade, hipotermia [...] (HERZOG et al., 1993; SILVERMAN, 1993 apud VILELA et al., 2003). Ainda de acordo com Bruch (1962 apud SAIKALI, et al., 2004), mais alarmante do que a má nutrição em si na anorexia nervosa é sua associação com a distorção da imagem corporal que, entre outros fatores, apresenta-se como uma ausência de preocupação com a magreza, mesmo quando esta já está em um estágio bem avançado.
Este problema quando identificado necessita de ligeiro tratamento, para completa solvência do mesmo, antes que traga complicações mais sérias e até mesmo irreversíveis.
4. Considerações finais
Conclui-se com o presente estudo que os transtornos alimentares, bulimia e anorexia são decorrentes de vários fatores, mas principalmente dos biológicos e psicológicos. Estes têm uma estreita ligação com o desenvolvimento da imagem corporal, que resulta da relação do indivíduo consigo e com os outros, como o mesmo se percebe e a imagem que se tem do próprio corpo, de si. Vivemos numa sociedade a qual está em constante desenvolvimento, demonstrando e impondo a cada dia um padrão ideal de beleza diferenciado, estas imposições trazem demasiadas preocupações aos indivíduos da sociedade com sua imagem corporal, resultando nesses transtornos alimentares gravíssimos. A bulimia nervosa e anorexia enquadram-se nos transtornos alimentares mais comuns encontrados entre as pessoas. A bulimia nervosa é reconhecida como o ato impulsivo de comer demais, e depois provocar o próprio vômito, por sentir-se arrependido, esta não traz consequências tão graves em relação à desnutrição, pois o indivíduo mantém-se num peso ideal ou até mesmo com sobrepeso, porém prejudicam gravemente o sistema nervoso. Já a anorexia nervosa é caracterizada pelo medo excessivo de tornar-se obeso, a pessoa que sofre com esta doença restringe-se da alimentação, isto se torna uma constante em sua vida, pois todas as vezes que se olha no espelho percebe-se gorda, mesmo estando num grau de desnutrição muito baixo. Contudo o que pode-se concluir então, é que a preocupação do indivíduo com a sua imagem corporal, resultam nos transtornos alimentares, mais frequentemente, bulimia e anorexia.
Porém em sã consciência sabemos que esse não é o modo como devemos agir, mesmo vivendo numa sociedade onde o padrão de beleza é a magreza, pois estes padrões não têm ligação alguma com a saúde, e estas doenças trazem quadros irreversíveis às pessoas, podendo levá-las até mesmo a morte. Sendo assim deve-se apreciar por completo, tanto a imagem corporal quanto a pessoa que se é, pois é nas individualidades que está à verdadeira beleza.
Referências
ALVES, E. et al. Prevalência de sintomas de anorexia nervosa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo feminino do Município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(3):503-512, mar, 2008.
DMITRUK, Hilda Beatriz. Cadernos metodológicos: diretrizes da metodologia científica. 6. ed. rev. atual. Chapecó, SC: Argos, 2004. 214 p.
CORDÁS, T. A. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico. Revista de psiquiatria clínica, São Paulo, Universidade de São Paulo, v. 31, n. 4. 2004.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalho científicos. 7. ed., rev. e ampl. São Paulo: 2007. Atlas, 226 p.
NASCIMENTO, Dinalva Melo do; PÓVOAS, Ruy do Carmo. Metodologia do trabalho científico: teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2002. 190 p.
OLIVEIRA, F. P. De et al. Comportamento alimentar e imagem corporal em atletas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, v. 9, n. 6, 2003.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007. 304 p.
SAIKALI, C. J. et al. Imagem corporal nos transtornos alimentares. Revista de psiquiatria clínica, São Paulo, Universidade de São Paulo, v. 31, n. 4, 2004.
VILELA, J. E. M. et al. Transtornos alimentares em escolares. Jornal de Pediatria, Brasília, Sociedade Brasileira de Pediatria, v. 80, n. 1, 2004.
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