efdeportes.com

Grupo educativo de violência contra a mulher:
instituindo uma cultura de paz

Grupo educativo de violencia contra la mujer: instituyendo una cultura de paz

Educational group of violence against women: instituting a culture of peace

 

*Acadêmicas do 8° período de Graduação em Enfermagem

da Universidade Estadual de Montes Claros-MG Unimontes

**Enfermeira. Doutora em Ciências da saúde pela Universidade Federal de São Paulo

Professora do Departamento de Enfermagem

da Universidade Estadual de Montes Claros-MG

(Brasil)

Juliana Pereira Alves*

julianapereira066@gmail.com

Camila Rodrigues de Figueiredo*

Sibelle Gonçalves de Almeida*

Maisa Tavares de Souza Leite**

maisa.leite@unimontes.br

 

 

 

 

Resumo

          O artigo trata-se de um relato de experiência vivenciada por acadêmicas de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros-Unimontes no Grupo Educativo de Violência Contra Mulher sobre Cultura de Paz. Com o objetivo de descrever as oficinas educativas as quais trabalhou a Cultura de Paz na família e comunidade, preparando-as para atuarem na quebra do ciclo de violência. Os grupos ocorreram no período de novembro a dezembro de 2012, em uma seqüência de dez encontros. Em todos os encontros foram trabalhados temas relacionados à violência com ênfase na Lei Maria da Penha. Obteve-se um resultado positivo, pois houve uma troca de experiências que possibilitará enquanto acadêmicas e futuras profissionais uma melhor desenvoltura para lidarmos com a violência e também a percepção de que as mulheres participantes serão multiplicadoras de conhecimento e terão papel importante no rompimento do ciclo de violência.

          Unitermos: Educação em saúde. Saúde da mulher. Violência doméstica.

 

Abstract

          Article it is an experience report experienced by academic Nursing, State University of Montes Claros-Unimontes Group Education on Violence Against Women on Culture of Peace Aiming to describe the educational workshops which worked a Culture of Peace in the family and community, preparing them to work on breaking the cycle of violence. Groups occurred in the period from November to December 2012, in a sequence of ten meetings. In all the meetings were discussed subjects related to violence with emphasis on Maria da Penha Law. Yielded a positive result, because there was an exchange of experiences which will enable future academic and professional while better resourcefulness to deal with violence and the perception that women are participating multipliers of knowledge and have important role in breaking the cycle violence.

          Keywords: Health education. Women's health. Domestic violence.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Atualmente, a violência contra as mulheres tem recebido crescente atenção como problema social de considerável magnitude que requer grandes esforços por parte dos governos e da sociedade para a sua superação (GOMES, 2008).

    A violência é um fenômeno complexo que é resultado da interação de muitos fatores, sendo que entender cada um deles é fundamental para se construir políticas públicas eficientes que se propõem a enfrentar todos os aspectos que envolvem esse problema (FERREIRA, 2012).

    Constitui-se um fenômeno contemporâneo que, além da inquietude social que provoca, causa um contingente substancial de vítimas todos os anos. Medidas de prevenção da violência e de promoção de uma cultura da paz têm sido propostas pelos organismos internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas (UNESCO). O Brasil tem investido esforços nos últimos anos em uma série de legislações e normativas na área da saúde, direcionadas para a prevenção da violência e promoção da saúde, que atendem às recomendações internacionais e avançam de forma mais substancial do que vinha sendo proposto até então pelo setor saúde (GALHEIGO, 2008).

    A Organização das Nações Unidas (ONU) designou cultura da paz, em 1999, como um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida de pessoas, grupos e nações baseados no respeito pleno à vida e na promoção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, na prática da não-violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação, podendo ser uma estratégia política para a transformação da realidade social (BRASIL, 2009).

    É essencial o envolvimento de instituições públicas, acadêmicas e organizações da sociedade civil na implementação de políticas públicas, programas, projetos e ações de prevenção que busquem enfrentar as causas e interferir nos fatores que estimulam e favorecem a ocorrência de violência (FERREIRA, 2012).

    Visto que a paz é um fenômeno complexo que envolve a construção de uma estrutura e de relações sociais em que exista justiça, igualdade, respeito, liberdade, e pela ausência de todo o tipo de violência. Está relacionada ao desenvolvimento, aos direitos humanos, à diversidade e à cooperação de pessoas, grupos ou nações (BRASIL, 2009).

    Neste sentido devem existir ações coletivas, envolvendo instituições de educação e ensino, da saúde e assistência social, associações, grupos formais e informais e lideranças comunitárias e juvenis, dentre outros, como parceiros fundamentais. As ações preventivas na comunidade são fundamentais para a redução regional dos riscos de violência e promoção da cultura de paz (FERREIRA, 2012).

    O objetivo desse artigo foi descrever a experiência vivenciada por acadêmicas de enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros-Unimontes, no grupo Educativo de Violência Contra Mulher sobre a condução do 9° e 10° encontro com o tema Cultura de Paz, desenvolvido por meio de metodologias ativas, dando assim, maior visibilidade as participantes valorizando seus saberes e tornando-as sujeitos no processo ensino-aprendizagem, procurando sempre manter a identidade das participantes.

Metodologia

    As atividades desenvolvidas ao longo dos 10 encontros se relacionaram ao tema central de violência contra mulher com ênfase na Lei 11.340/2006 ou Lei Maria da Penha, sendo trabalhado nos dois últimos a Cultura de Paz como mensagem deixada para atuação dessas mulheres na quebra do ciclo de violência.

    Os encontros foram realizados em uma Estratégia Saúde da Família (ESF) situada no município de Montes Claros- MG, no período de novembro a dezembro de 2012. Compareceram em cada um dos dois últimos encontros cerca de 15 mulheres.

    O local era preparado de maneira acolhedora para que as mulheres sentissem-se à-vontade e iguais aos demais presentes. Os recursos utilizados para o desenvolvimento das oficinas foram computador e televisão para passar vídeos, que relatavam os diversos tipos de violência do dia a dia que ocorre na sociedade e atinge a todos de maneira direta ou indireta e também histórias, músicas e peças de teatro para reflexão da violência e dinâmicas que proporcionavam uma maior interação das mulheres com o tema e o grupo, de maneira que elevava sua autoestima.

Relato de experiência

    No dia 15 de dezembro de 2012 realizou-se o 9° e 10° encontro do Grupo de Violência contra Mulheres no Município de Montes Claros-MG com o tema central Cultura de Paz.

    A paz está intrinsecamente associada aos processos de transformação social pelos quais se torna possível superar a violência, instaurar a justiça, promover a igualdade e o respeito à dignidade da pessoa humana como condição para a paz. Não existe paz sem educação para a paz e sua implicação de ordem ética com justiça e realização pessoal e social (FREIRE, 2006).

    Antes de serem iniciados os encontros, sempre era relembrado o Pacto firmado no primeiro encontro sobre a importância da manutenção do sigilo, pois no decorrer dos encontros as mulheres relataram casos de violência sofridos por elas e por pessoas próximas, uma forma de garantir sua identidade sociocultural. Iniciou-se com um vídeo da música ‘A Paz’ do Grupo Roupa Nova, em que foram discutidos os aspectos que mais lhes chamaram a atenção na música e as mesmas discutiram a necessidade de iniciar a mudança em nós para deixarmos um mundo melhor para as futuras gerações, trabalhando as crianças para que estas formem uma consciência de paz. Logo em seguida, todas as participantes receberam um texto sobre a paz que foi discutido. Distribuímos em uma caixinha trechos do texto bíblico as Bem Aventuranças (Mt 5, 3-11), que são ensinamentos para a felicidade, cada mulher retirava uma e discutia a seu respeito, o que aquela mensagem significava para ela, houve uma participação ativa das mulheres nessa atividade. Todas as participantes receberam a letra da música Sal da Terra do cantor e compositor Beto Guedes, que traz mensagem de respeito ao próximo e de união das nossas forças para juntos conseguirmos mudar e fazer um mundo melhor, um mundo de Paz.

    Ao final, agradeceu-se as mulheres pela participação nos grupos e dando espaço para que falassem da experiência. Segundo relato das mulheres, esses encontros foram muito construtivos para formação de novos saberes que serão transmitidos no meio social do qual fazem parte e que esses momentos deveriam se estender a novas pessoas para que o conhecimento pudesse mudar novas vidas.

    Educar é uma forma de construir cidadania, formar indivíduos conscientes de seus direitos e deveres com capacidade de lutar por eles. Além disso, a educação é capaz de proporcionar ao homem a compreensão de sua realidade, permitindo-lhe desafiá-la em busca de soluções para o enfrentamento dos problemas individuais e coletivos (OLIVEIRA, 2011).

    Nessa perspectiva educar é praticar a liberdade, é propor as pessoas à reflexão sobre si mesmo, seu tempo, suas responsabilidades e seu papel na sociedade. Nesse sentido, a educação é corajosa, propicia ao educando a reflexão sobre seu próprio poder e no desenvolvimento desse poder, bem como a explicitação de suas potencialidades e sua capacidade de opção (FREIRE, 1999).

    Seguimos com a encenação da música Ressuscita-me de Aline Barros e confraternização com um almoço para todas.

Considerações finais

    Por meio desses encontros pode-se perceber a importância de discutirmos a paz nos grupos e, como foi relatado por elas, devemos estar unidos nessa luta pela paz, a transmissão da paz é algo que começa em mim e como em um ciclo atinge todos a minha volta, devemos difundir a cultura de paz, pois precisamos deixar um mundo melhor para aqueles que ainda virão. Foram momentos que as mulheres expressaram seus sentimentos, pensamentos e saberes e foram sensibilizadas a respeito da importância de serem agentes de mudança onde vivem a começar pela família.

    Foram momentos muito construtivos para nós acadêmicas, possibilitando troca de experiências e crescimento para vida acadêmica e futura prática profissional, dando-nos uma melhor preparação para lidarmos com a realidade de violência no nosso meio social e difundirmos a cultura de paz para quebra do ciclo de violência.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 185 | Buenos Aires, Octubre de 2013
© 1997-2013 Derechos reservados