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Franklin Cascaes: cultura e brincadeiras populares

Franklin Cascaes: cultura y juegos populares

 

*Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC – Bacharel em Educação Física

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Graduanda em Licenciatura

**Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Mestre em Psicologia e Mestranda em Educação Física
(Brasil)

Josiane Guimarães*

josianeguimaraes@hotmail.com

Patrícia Barbosa Martins Trichês**

patriciatriches@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo tem o intuito de resgate da cultura açoriana como brincadeiras, jogos, brinquedos, contos, pinturas resgatados por um dos maiores folcloristas da Ilha de Florianópolis, Santa Catarina: Franklin Cascaes. A pesquisa revela a importância desse professor e artista que desempenhou um importante papel de pesquisar e divulgar a cultura de Florianópolis. Apresentaremos que os professores de Educação Física podem e devem usufruir desse legado do artista para realizarem suas aulas e assim resgatar a cultura Ilhéu. Brincadeiras, brinquedos, contos populares podem mostrar um universo amplo para desenvolver atividades físicas na educação fundamental.

          Unitermos: Educação Física. Cultura. Franklin Cascaes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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    O professor Franklin Cascaes foi, mais que um professor, foi um artista que soube resgatar a cultura de uma Ilha chamada Florianópolis. Esse resgate, desempenhado pelas suas obras: pinturas, esculturas, escrituras trouxe um imaginário lúdico, ilhéu e preservador no sentido ecológico. Suas obras são verdadeiros exercícios lúdicos onde o fascínio do céu e da terra se convergem num só. Suas recordações de quando criança e conversa com os nativos da Ilha fazem viajar num mundo do faz de conta e realidade de contos e brincadeiras populares que tanto alegravam esse povo imigrante açoriano. Relataremos neste artigo o encontro das obras de Franklin Cascaes com a cultura Ilhéu.

    Franklin Joaquim Cascaes nasceu em 16 de outubro de 1908 no Bairro de Itaguaçu hoje considerado Grande Florianópolis capital de Santa Catarina. Estudou em escola até o quarto ano, mas não continuou seus estudos impedido pelo pai que precisava dele para o trabalho na lavoura de subsistência e da pesca. Aos vinte e um anos de idade com um imenso atraso escolar foi descoberto por Cid Rocha Amaral professor de escultura na Escola de Aprendizes de Artífices hoje CEFET oportunidade na qual pode resgatar os estudos ao mesmo tempo em que trabalhava de servente na escola de artes manuais, hoje Escola Profissional feminina. Passou a ser professor da escola Técnica Federal de Educação onde ensinou escultura, desenho, modelagem, e alfaiataria.

Desenho de Franklin Cascaes feito a bico-de-pena. Fonte: http://www.pmf.sc.gov.br

    Desde menino manifestou habilidade artesanal e desenhava com carvão e papel de “venda”, pequenos estabelecimentos comerciais localizados nos bairros periféricos. Em barro moldava para outras crianças vários tipos de bichinhos, bonecas, loucinhas de mesa, que depois eram cozidos em olarias. Gostava de fazer presépios. Frequentemente montava o presépio da Catedral e de outras igrejas e na Praça 15 de novembro. Franklin casou-se com a professora Elizabeth Pavan, ambos maduros não tiveram filhos e com ela tinha o sonho de realizar um museu. Sua esposa faleceu em abril de 1970 e o entusiasmo de Franklin Cascaes se deteriorou, porém reanimou-se com apoio da Prefeitura Municipal de Florianópolis e com a Universidade Federal de Santa Catarina. Cascaes organizou no Museu de Antropologia grandes exposições com temas da tradição deixada pelos colonos açorianos. Participou de importantes exposições em Blumenau, Joinvile, Florianópolis, São Paulo, Brasília, e visitou Açores Portugal onde pode realizar pesquisas para sua obra. Em 15 de março de 1983 o professou Franklin Cascaes faleceu deixando 1.370 esculturas, 944 desenhos, mais de centenas de acessório artesanais, 22 cadernos grandes e 124 cadernos pequenos anotados pelo artista, 466 folhas de papel avulsas com manuscritos, outros objetos e documentos pessoas. Este imenso trabalho está no acervo do Museu de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina intitulado com o nome de sua esposa Elizabeth Pavan Cascaes. Franklin Cascaes nunca vendeu uma obra.

Conjunto da Obra Cultura, Folclore, Mitologia, Popular...

    Cultura (do latim colere, que significa cultivar) é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada por Edward B. Taylor (, segundo a qual cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade” (2006, p. 26).

    Cultura popular, cultura de massa é a cultura vernacular - isto é, do povo. Cultura Popular pode ser definida como qualquer manifestação cultural (dança, música, festas, literatura, folclore, arte, etc.) em que o povo produz e participa de forma ativa. A cultura popular é o resultado de uma interação contínua entre pessoas de determinadas regiões e recobre um complexo de padrões de comportamento e crenças de um povo. Nasceu da adaptação do homem ao ambiente onde vive e abrange inúmeras áreas de conhecimento: crenças, artes, moral, linguagem, ideias, hábitos, tradições, usos e costumes, artesanatos, folclore, etc.

    Franklin Cascaes reflete em suas obras a memória da cultura popular ilhéu em múltiplos aspectos de seu viver diário, a partir de técnicas artesanais empregadas nos meios de subsistência, arquitetura, tipos populares, aspectos lúdicos festas religiosas, festas profanas, festas juninas, folguedos infantis, costumes tradicionais e ocorrências diárias.

    Franklin Cascaes em suas obras descrevia a cultura, cultura popular de um povo açoriano. E foi um etnógrafo que além de ir aos lugares, vilarejos para saber e pesquisar as tradições e cultura daquele município, participava com as pessoas dos seus afazeres, isto é, ele vivia o cotidiana daquele povo. Por exemplo, participava da pesca no Pântano do Sul puxando a rede, escamava o peixe, ajudava arrumar a tarrafa, estava sempre presente. Após o fim de cada obra sobre a comunidade Cascaes dava um retorno aos moradores, mostrando o resultado de seu trabalho.

    Além de escrever Franklin se preocupou com as pessoas que não sabiam ler e também com o turista que não sabia o idioma nativo e se preocupou também em dar vida as suas obras, em seus desenhos e esculturas é como que suas peças falassem, tudo estava em movimento, nenhuma figura estava parada, tudo caminhava e se mexia. Podemos relatar que além de descrever a cultura esse professor era a própria cultura. O que nos faz pensar que o mais importante na arte popular, ou cultura popular, não é o objeto produzido, mas sim o artista, o povo, a periferia, isso faz com que a arte popular seja contemporânea ao seu tempo. A obra de arte popular constitui um tipo de linguagem por meio da qual o homem do povo expressa sua luta pela sobrevivência. Cada objeto é um momento de vida. Ele manifesta o testemunho de algum acontecimento. Nas obras de Franklin Cascaes podemos observar estes momentos nas esculturas e desenhos de engenho de farinha de mandioca, na pesca, na limpeza do peixe, no debulhar do milho, do fazer de bilro (renda), do fazer corda de cipó, no arrementar tarrafa. Franklin Cascaes trabalhava com a cultura do índio, do negro, do açoriano todos imigrantes que povoaram a Ilha de Florianópolis. Em suas escrituras ele escreve no linguajar do nativo açoriano onde a segunda pessoa “tu” se usa abundantemente e onde algumas palavras somente quem é nascido nessa Ilha pode decifrar o significado. O linguajar cascaesiano é impregnado de uma poética peculiar que lança as bases de um estilo narrativo tipicamente ilhéu. Atuam no resgate de uma espécie de dialeto popular local, características como simplicidade, humor pitoresco, devoção religiosa, superstição, poder do imaginário e sonoridade que se fundem. Essa linguagem diferencia e classifica um povo, é o que dá o tom e a cor a uma dada sociedade e abrange um modo de vida denominado por muitos “Mané”.

    Sua obra é ao mesmo tempo conservadora e inovadora, ligada a tradição, mas com os novos elementos que surgem com o tempo. A inspiração da cultura popular vem dos acontecimentos corriqueiros, diferente da cultura erudita, que é aquela ensinada nas escolas, e que às vezes é vista como um “produto” e faz parte de uma elite. Ao ver a cultura como algo amplo, sem ser um produto, chega-se a conclusão que toda cultura é por definição popular. Não existe cultura pertencente a um único grupo social, toda cultura é baseada em fatos históricos sociais que implicam na formação cultural e na aceitação de valores e costumes. O professor Cascaes queria que a tradição da Ilha passasse adiante e que não fosse perdido com o advento da tecnologia que estava chegando à cidade, para ele o progresso era um grande vilão contra a cultura popular.

    O folclore é a tradição e usos populares, constituído pelos costumes e tradições transmitidos de geração em geração. Todos os povos possuem suas tradições, crenças e superstições, que se transmitem através das tradições, lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas e dialetos característicos, adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo. A UNESCO declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa a identidade social de uma comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, e é também uma parte essencial da cultura de cada nação. O folclore da Ilha de Florianópolis foi bem representado nas obras de Franklin Cascaes em sua escultura tais como os ternos de Natal, de Ano Novo, de Reis, de Santo Amaro, Procissões do Divino, do Nosso Senhor dos Passos, folguedos infantis como batizado de bonecas, cirandas, malhação do Judas, boi de mamão. A obra de Franklin Cascaes representa um elo entre o passado caboclo, açoriano e o presente em suas tendências, o artista é considerado o maior mitológico do Sul é o mito vivo da Ilha. O termo mitologia pode referir-se tanto ao estudo de mitos, ou a um conjunto de mitos. Por exemplo, mitologia comparada é o estudo das conexões entre os mitos de diferentes culturas, ao passo que mitologia grega é o conjunto de mitos originários da Grécia Antiga. O termo "mito" é frequentemente utilizado coloquialmente para se referir a uma história falsa, mas o uso acadêmico do termo não denota geralmente um julgamento quanto à verdade ou falsidade. No estudo de folclore, um mito é uma narrativa sagrada que explica como o mundo e a humanidade vieram a ser da forma que é atualmente. Muitos estudiosos em outros campos usam o termo "mito" de forma um pouco diferente. Em um sentido muito amplo, a palavra pode se referir a qualquer história tradicional. Os mitos são, geralmente, histórias baseadas em tradições e lendas feitas para explicar o universo, a criação do mundo, fenômenos naturais e qualquer outra coisa a que explicações simples não são atribuíveis, mas nem todos os mitos têm esse propósito explicativo. Em comum, a maioria dos mitos envolve uma força sobrenatural ou uma divindade, mas alguns são apenas lendas passadas oralmente de geração em geração. Os personagens principais nos mitos são geralmente deuses ou heróis sobrenaturais. Como histórias sagradas, os mitos são muitas vezes endossados pelos governantes e sacerdotes e intimamente ligados à religião. Na sociedade em que é divulgado, um mito é geralmente considerado como um relato “verdadeiro” de um passado remoto.

    Nas obras de Franklin Cascaes de temática mítica ele solta totalmente a imaginação criando um clima entre o impressionismo e o surrealismo. Os demônios símbolos da função negativa, as bruxas suas agentes assumem atitudes ameaçadoras e as mesmas metamorfoseiam-se nas coisas mais impensadas como pé de animais ou de pessoas, árvore, disco voador. Existem também nesses mitos contados por Franklin o lobisomem, mula sem cabeça, boitatás, vampiros, porco-homem etc. Franklin Cascaes teve uma família bastante religiosa e as esculturas de santo foram sempre presentes em sua casa. O respeito e admiração pelos santos fazem com que sua primeira escultura realizada na adolescência fosse um Santo Antônio. As cruzes foram também símbolos bastante utilizados em sua obra. Os rituais da Igreja Católica estiveram sempre presentes em sua vida, integrado a Liga de São Pedro, ele animava a religiosidade levando mensagens de fé aos mais remotos cantos da Ilha de Santa Catarina. Franklin iniciou sua obra realizando esculturas de Santos e assim como participava também de muitos encontros da Igreja, trabalhava na pesca e no engenho de farinha onde ouvia muitas estórias de nativos, sobretudo estórias de mitos e começou a investiga-las isto é transpor no papel e nos desenhos esses contos tão populares perante os nativos. Suas composições documentação fabulosa são subdivididas em gêneros profano, marandubas ilhoas, fábulas de bicho que falam narrativas de mentirosos, religiosos e lendas. Para este professor o povo era o seu verdadeiro mestre. Cascaes teve uma imaginação única, pois diante da natureza e dos seus mistérios ele conserva uma surpreendente pureza infantil. Aquela mesma pureza da criança que acredita nas bruxas que voam e que é capaz de sonhar o sonho inventado em novo sonho. Podemos citar como exemplo o boitatá, lenda contada por ele no qual inventou a esposa do boitatá chamada Enréa ( En-canto, Re-pouso, A-mor) logo após o filho do boitatá, bezerro-tatá ilhéu. Os mitos contidos na Ilha de Florianópolis passam pelas mãos de Franklin Cascaes com grande inspiração e são descritos em contos que se transformaram em eternos contos folclóricos passando de geração para geração. A ilha da Magia foi denominada assim devido a lenda que diz que aqui foram encontradas inúmeras bruxas que se mordifizaram em forma de gente, onde ao final da noite elas voltavam a ser pessoas normais, assim se deveria cuidar o Ilhéu e principalmente quem tinha filhos recém nascidos, pois estas bruxas embruxavam essas crianças. Devido a essa crença, várias mães protegiam seus pupilos com as mais diferentes simpatias e benzedeiras que eram encontradas no cotidiano da ilha somando-se ao folclore ilhéu que muito foi escrito por Cascaes.

    Podemos destacar várias simpatias como: colocar tesoura aberta perto do bebê, amassar e espetar a primeira camisa que a criança vestisse, colocar cera nas fechaduras das portas para dormir, colocar corrente de alho na criança, folhas de trevo, comigo-ninguém-pode, espada de São Jorge, ramos de folhas benzidos em procissões, etc. Todas as crendices populares são descritas nas obras de Franklin, nos desenhos, escrituras e esculturas. Em suas obras Cascaes tentou beneficiar a educação tendo em vista especialmente as crianças, pois como costumava dizer: “as crianças representam o coração de Deus que pulsa na terra. São elas o elo que liga Deus a terra” (2006, p. 14). Suas representações de miniatura de figuras eram atraentes aos olhos infantis e assim buscava alcançar o objetivo que era transmitir conhecimentos histórico e cultural herdados dos colonos açorianos. Ele defendia a necessidade do contato da criança com a natureza, julgando indispensável que confeccionasse seus próprios brinquedos. Segundo ele a sociedade de consumo representava um verdadeiro bloqueio criativo. Em sua obra de escultura de brinquedos e brincadeiras surgem as brincadeiras que se apresentam como imagens sociais e culturais que descrevem o cotidiano da Ilha como: meninos brincando de engenho de açúcar, brincando de fabricar farinha de mandioca, imitando carrinhos de boi, brincando de cachorro, urso no boi de mamão e malhando Judas, isto mostra neste grupo de brincadeiras o mundo atual da época onde crianças acompanhavam os pais e se preparavam para a vida futura, ajudando na pesca, menina rendeira preparando o enxoval, menina raspando mandioca. Menino vendendo jornal, menina raspando mandioca, menina levando peixe na gamela para escamar, menino engraxate, outro grupos são os brinquedos feitos pelos pais e que os filhos também confeccionavam, pião, pandorga, perna de pau, roda de aro, carrinhos de duas rodas de madeira , bolinhas de vidro, ciranda de roda, tambor ,carrinho de boi,dança do pau de vida, botar rabo no porco, corrida de sacos, jogos dos sapatos, jogos do mingal, estilingue, pipa. Essas esculturas representam uma cultura universal expressada nas imagens das brincadeiras antigas. Essas brincadeiras retratas por Cascaes destacam a especificidade da ligação entre o mundo infantil e o mundo adulto na Ilha Florianópolis, onde o acompanhar os pais nos afazeres diários se transformam em atividades lúdicas. Verificamos que as esculturas de Cascaes representavam desde brinquedos que eram feitos de pais para filhos e com os filhos , brincadeiras populares e brincadeiras sociais, pois na própria aprendizagem do ofício futuro as crianças faziam com diversão, imitando seus pais. Nas obras de Franklin Cascaes há uma consciência ecológica, pois todas suas artes foram realizadas com materiais recolhidos na própria Ilha como barro de cores diversas e naturais, sementes,vegetais, barba de velho, cacto e flores. Esses materiais tinha o intuito de chamar a atenção para a necessidade de preservar a frágil natureza da Ilha, Cascaes acreditava que era necessário parar o crescimento urbano de Florianópolis. O professor Cascaes sempre se referiu a Ilha de Florianópolis como uma Ilha de encanto, repouso e amor fazendo com que a mesma assumisse uma mítica universal, paradisíaca, via a Ilha como um patrimônio histórico e cultural. Podemos perceber que ironia e sátira se fazem presentes nas suas obras principalmente quando critica a tecnologia e pessoas que esquecem ou deixam a cultura de lado.“Não sei o que aconteceu aqui nesta Ilha de casos e acasos raros, onde muitos destes homens ganham diplomas e tornam-se pedantes, perdendo o sentido de respeito e amizade pelo nosso patrimônio cultural e artístico nacional” (2006, p. 22). Para Cascaes a figura do Papai Noel era a de um autêntico bruxo industrial, essa crítica a moral urbana, a ciência e a religião em sua obra se referem ao homem como boneco de argila crua, pois se Deus o tivesse cozido o mesmo não quebraria, isto é não morreria. Analisando a bruxaria podemos considerar que era e é tudo que faz mal, isto é, o homem deixar de ser ele mesmo, quando perde seus valores, sua moral, sua ética quando se contamina com o bruxismo do egoísmo, egocentrismo e individualismo. Na verdade as bruxas de Cascaes sempre estão a soltas pela ilha de Florianópolis e por todos os lugares onde o homem-barro cru estiver, só depende de esse homem querer ser contaminado ou não. A fé, a cultura, a responsabilidade e o respeito com os outros são os verdadeiros antídotos para esse embruxismo.

    Podemos concluir após a análise e pesquisa sobre as obras de Franklin Cascaes que este professor foi um homem do povo, inteligente bem informado, que cultivava o sagrado dever de conservar e transmitir a cultura popular. Foi um intérprete de um mundo que ele próprio pertenceu, mas também um produtor de sonhos, de imaginação. Cascaes inicia suas obras relatando os afazeres diários de um povo, assim como esculpiu brinquedos e brincadeiras populares, quando sai para sua pesquisa de campo conversa com moradores, se depara com o misticismo e mentiras dos açorianos nos quais em suas obras tomam grande dimensão em seu imaginário e fazem que tais relatos virem contos e perpetuam. Sua religiosidade se fez presente nas obras e era um dualismo com o misticismo.

    Resumidamente, mais que imaginação Cascaes era um homem a frente de seu tempo e sempre soube que as “bruxas” iriam dominar a Ilha, pois para ele o progresso e seu crescimento sempre acabam com a cultura popular, pois novas culturas chegam e as anteriores se não resgatadas desaparecem. Fica claro que seu papel foi de repassar através da arte toda uma cultura deixada; suas esculturas, desenhos, escritos relatam essa cultura de um povo açoriano e nós como professores devemos perpetuar esse conhecimento e ensinar a repassar essa cultura. O presente artigo teve como objetivo mostrar aos acadêmicos do curso Educação Física a importância desse artista catarinense nascido em Itaguaçu, Grande Florianópolis, para a cultura popular Brasileira e, sobretudo regional. Esses alunos, que serão futuros professores, poderão ser eficientes transmissores da obra deste artista para com o seu público, os alunos. Podem utilizar em suas aulas o que tanto esse artista possuía: Imaginação, e ter como referencia o lúdico que o artista desenha em suas esculturas. Esses novos professores devem resgatar do velho para transformar o novo ou recriá-lo. Que o apresentado possa servir de estímulo e de conhecimento para que a cultura não se perca no caminho e que possa ser passada de pai para filho mesmo com o advento da tecnologia onde o antigo é deixado de lado. Temos que redescobrir o simples, mas não menos alegre, pois brincadeiras, estórias, brinquedos antigos sempre cultivaram os sentimentos mais valiosos: amizade, coletividade, união, carinho, paz.

Referencias bibliográficas

  • ARAUJO, Adalice Maria. Franklin Cascaes, o mito da Ilha. o mitos magia na arte catarinense. Florianópolis: Editora UFSC, 2008.

  • CASCAES, Franklin. O fantástico na Ilha de Santa Catarina. Florianópolis, 1 v.5 ed. Ed UFSC, 2006.

  • ____________. O fantástico na Ilha de Santa Catarina. Florianópolis, 2 v. 3 ed. Ed UFSC, 2006.

  • CRIPPA, A. Mito e Cultura. São Paulo, Convívio, 1975.MIGUEL, Salim, CARDOSO, Flávio José, 13 Cascaes Contos. Florianópolis. Fundação Franklin Cascaes, 2011.

  • PIACENTINI, Telma. Brincadeiras Infantis na Ilha De Santa Catarina. Florianópolis. Fundação Franklin Cascaes, 2010.

  • SOARES, Doralégio. Folclore Catarinense. Florianópolis, 2ª ed. Ed. UFSC, 2006.

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