Crescimento e aptidão física de crianças participantes dos Centros Municipais de Esporte e Lazer Crecimiento y aptitud física de los niños que participan de los Centros Municipales de Deporte y Recreación Growth and physical fitness of children participating in the Centers of Sports and Recreations |
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*Graduado em Educação Física, Faculdade de Educação Física e Fisioterapia Universidade Federal do Amazonas, Amazonas **Mestre em Treino de Alto Rendimento Desportivo pela Faculdade de Desporto, Universidade do Porto ***Professor Mestre em Educação Física, Faculdade de Educação Física e Fisioterapia Universidade Federal do Amazonas. Laboratório de Estudo do Desempenho Humano e Laboratório de Estudo da Aptidão Física, Amazonas (Brasil) |
Wagner Jorge Ribeiro Domingues* João Cláudio Machado** Ivan de Jesus Ferreira*** Daurimar Leão*** Ewertton de Souza Bezerra*** |
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Resumo Nos últimos anos, assuntos relacionados aos aspectos e condições de saúde na população de crianças e adolescentes, de diferentes etnias, tem sido enfatizados através de pesquisas desenvolvidas em todo o mundo. Verificar o comportamento das variáveis da aptidão física e dos indicadores de crescimento de crianças participantes dos Centros Municipais de Esporte e Lazer de Manaus. Foi estudada uma amostra de 941 sujeitos, de ambos os sexos, com idade entre sete a 12 anos, sendo 469 meninos e 472 meninas selecionados aleatoriamente. Para a composição corporal foi verificado o peso, altura, medidas antropométricas tricipital e subescapular. Para os testes motores foi utilizado o sentar e alcançar, o abdominal modificado e a corrida/caminhada de nove minutos. As meninas apresentaram um maior acúmulo de gordura corporal do que os meninos. Com base nos testes motores, a análise revelou diferenças com elevados níveis de desempenho dos meninos em relação às meninas, particularmente nos testes de abdominal modificado, corrida/caminhada de nove minutos e em quase todas as idades no teste de sentar e alcançar. Com isso, conclui-se que os meninos são mais fortes e mais resistentes que as meninas e quando comparados com valores médios dos estudos de referências, observou-se que, de maneira geral as diferenças entre os sexos foram favoráveis aos meninos, com exceção do teste de sentar e alcançar, pois se sabe que as meninas são em média mais flexíveis. Unitermos: Aptidão física. Crescimento. Esporte e lazer.
Abstract In recent years, issues related to the aspects and the health conditions of the population of children and adolescents from different ethnic groups, have been widely emphasized through research conducted in various parts of the word. This study aimed to verify the behavior of physical fitness components and the indicators of growth of children participating in the Municipal Centers of Sports and Leisure of Manaus. The sample consisted of 941 individuals of both sexes, aged seven to 12 years, being those 469 boys and 472 girls randomly selected. For body composition was checked weight, triceps and subscapular anthropometric measurements. For the motor tests was used to sit and reach, modified abdominal and run/walk for nine minutes. The girls proved to be more sensitive to be a larger accumulation of body fat than boys. Based on engine testing, the analysis revealed differences with high performance levels of boys over girls, particularly in the abdominal modified tests, run/walk for nine minutes and nearly all ages in the sit and reach test. The study could be inferred that the boys are stronger and more resilient than girls and compared with average values of the reference studies, we observed that in general the gender differences favoring boys were except for the sit and reach test, since it is known that girls are on average more flexible. Keywords: Physical fitness. Growth. Sports and recreation.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Estudos1,2 sobre crescimento, desenvolvimento físico, composição corporal e desempenho motor tem recebido enorme atenção e valor de pesquisadores da área da saúde, isso porque são reconhecidamente importantes indicadores do estado de saúde de um indivíduo. Nestes se destacam as variáveis das medidas antropométricas de massa corporal, estatura e a espessura das dobras cutâneas, consensualmente utilizadas pelos pesquisadores para estabelecer valores referentes aos indicadores de crescimento físico e da composição corporal em crianças e adolescentes.
O crescimento é a somatória de fenômenos celulares, bioquímicos, biofísicos e morfogenéticos, onde a interação é feita em um segundo plano predeterminado pela herança e modificado pelo ambiente3. O mesmo autor, afirma ainda que o desenvolvimento é um processo de mudanças graduais das disposições físicas, mentais e emocionais causados por influências de um conjunto de fenômenos que atua de forma dirigida e ordenada sobre todos os seres humanos, permitindo-o evoluir de um nível simples para um mais complexo desde a concepção até a morte.
Além disso, o desenvolvimento significa um processo de mudanças graduais das disposições físicas, mentais e emocionais causados por influências de um conjunto de fenômenos que atua de forma dirigida e ordenada sobre todos os seres humanos, permitindo-o evoluir de um nível simples para um mais complexo desde a concepção até a morte.2,4
A definição de saúde é o estado ideal de completo bem-estar físico, psicológico e social6. Esta proposta pode ser destacada como saúde, sendo uma condição de bem-estar que influencia extensivamente no comportamento das pessoas4. Com base nessa definição, a aptidão física tem sido o foco de diversas pesquisas populacionais com diversos significados, como um dos principais e importantes indicadores de saúde, entretanto, apresenta-se caracterizada por um conjunto de atributos. Com isso a aptidão física relacionada à saúde envolve os componentes de resistência cardiorrespiratória, força muscular, resistência muscular, flexibilidade e composição corporal5-9.
Portanto, a aplicação das medidas antropométricas e dos testes de aptidão física como recursos fundamentais, são exaustivamente explorados e enfatizados nos estudos epidemiológicos e de saúde pública com as crianças e os adolescentes de várias partes do mundo, principalmente por atribuir maior significado aos valores de dimensões corporais e apresentar uma íntima relação com a maturação biológica e o desempenho motor.
Com isso, o estudo tem como objetivo verificar o comportamento das variáveis da aptidão física e dos indicadores de crescimento de crianças na faixa etária de sete a doze anos de idade dos Centros Municipais de Esporte e Lazer de Manaus.
Métodos
Amostra
Amostra foi baseada na quantidade de alunos matriculados em 11 Centros Municipais de Esporte e Lazer (CEL) de Manaus, de ambos os sexos e na faixa etárias de sete a 12 anos. Foram abordadas apenas 30% da população de cada idade, conforme tabela 1. Todos receberam os termos de consentimento livre e esclarecido com encaminhamento aos responsáveis legais e só participaram do procedimento de coleta após assinatura de liberação. O trabalho foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (protocolo No 0130.1.115.000-07) de acordo com a Resolução No 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisa com seres vivos.
Tabela 1. Total da amostra de sete a 12 anos, de ambos os sexos, dos
Centros Municipais de Esporte e Lazer de Manaus, AM
Procedimento de coleta
A coleta de dados ocorreu em dois dias, onde no primeiro verificou-se a massa corporal, a estatura e as espessuras das dobras cutâneas (tricipital e subescapular) e no segundo o teste de flexibilidade, de força resistência muscular abdominal e a resistência aeróbica, entre os dias foi dado pelo menos 24 horas de intervalo.
Medidas antropométricas
A massa corporal foi verificada com uma balança (FILIZOLLA®, São Paulo, Brasil), graduada de zero a 150 Kg . O sujeito era posicionado em pé e descalço na região central da plataforma da balança, onde a leitura final foi feita em quilograma com o centigrama mais próximo. A cada dez medidas houve nova aferição do instrumento.
Um estadiômetro (Sanny®, São Paulo, Brasil) fixo a uma prancha de madeira (prancha), graduado de zero a 2,10 metros foi utilizado para a estatura, a medida foi registrada em milímetros. O sujeito se posicionou em pé, ereto, com os pés unidos e descalço, com a cabeça, as costas e os calcanhares encostados na prancha e com o olhar direcionado para o horizonte, considerando o plano de Frankfurt. Para as duas medidas utilizou-se o protocolo sugerido18.
As medidas das dobras cutâneas tricipital (TR) e subescapular (SE) seguiu o protocolo sugerido11, onde a dobra TR foi tomada no ponto médio localizado entre e o acrômio da escápula e o olecrano da ulna da região posterior do membro direito, este foi verificado com uma trena metálica. Para a medida da dobra SE se observou a região oblíqua ao eixo longitudinal dos arcos costais ao longo da linha de segmentação natural da pele, a dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula. Um compasso de dobras cutâneas (John Bull®, Londres, Inglaterra) com precisão de 0,2 mm foi utilizado para ambas as medidas. O valor utilizado para comparações foi a mediana de três medidas consecutivas.
Testes de desempenho motor
Para os testes de desempenho motor foi utilizado o protocolo sugerido12. Na aferição da condição cardiorrespiratória foi utilizado um campo de futebol com percurso demarcado em 10 setores de 10 metros cada, totalizando 100 metros de percurso. Os sujeitos foram divididos em grupos de 20, estes eram instruídos a percorrer a maior distância possível no período de nove minutos. Registrava-se a quantidade de voltas mais os acréscimos da distância da volta não completada após o sinal sonoro que sinalizava o final do teste. Durante a realização da corrida, era informado aos participantes o tempo do percurso com a finalidade de orientar sobre o ritmo a ser empregado. A distância final era a multiplicação do total de voltas pela distância do percurso, mais o trecho percorrido na volta não completada antes do final do testes.
A flexibilidade foi verificada com o teste de sentar e alcançar. Utilizou-se uma caixa de madeira com formato de cubo, sendo padronizada com as medidas de 30,5 x 30,5 x 30,5 cm tendo a parte superior plana com 53,5 cm , na qual é afixada uma escala de medida de 0 a 53,5 cm , de modo que o valor 23 coincida com a linha onde o sujeito colocará os pés. O registro é feito no centímetro inferior mais próximo. Para a realização do mesmo, o sujeito deverá está descalço sentado com os joelhos estendidos, os pés juntos e pressionados ao aparelho de medição, as mãos se colocaram sobrepostas e os braços estendidos, apoiando ao longo na parte superior da escala de medida da caixa, devendo o sujeito alcançar a máxima distância possível sem flexionar os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço em duas tentativas, sendo registrada com o auxílio de um esquadro a maior distância das duas tentativas
A resistência muscular abdominal foi verificada com o teste de abdominal modificado, onde o sujeito colocava-se deitado sobre um colchonete, em decúbito dorsal, com as pernas semi-flexionadas, os pés com a região plantar ao solo e apoiados pelo avaliador (posição inicial). Os braços ficavam cruzados em frente ao peito, com as mãos apoiadas sobre os ombros, devendo o executante encostar o queixo ao peito e elevar o tronco até o nível em que ocorresse o contato da face anterior dos antebraços com as coxas (execução), sendo permitida uma única tentativa de avaliação com o registro do maior número de tentativas validada no tempo previsto de 60 segundos.
Tratamento estatístico
Os resultados foram expressos pela média e desvio padrão e sua normalidade testada por um teste de Kolmogorov Smirnov e homogeneidade pelo teste de Levene. A comparação entre os gêneros foi feita por um teste T-Student para amostras independentes. Foi adotado p < 0.05 como nível de significância estatística e os dados foram analisados no software SPSS, versão 17.0.
Resultados
As diferenças significativas entre meninos e meninas podem ser percebidos para a massa corporal nas idades de oito, nove e 11 anos, já para a estatura ocorreu apenas nos 11 anos (Tabela 2).
Tabela 2. Comparação entre as médias da medida de massa corporal e estatura
para ambos os sexos de sete a 12 anos dos CEL de Manaus (AM)
Em relação às dobras cutâneas tricipital e subescapular, as idades que apresentaram diferenças significativas foram oito, nove e onze para ambos os sexos, embora os meninos tenham apresentado também para sete anos na dobra tricipital (Tabela 3). Para os testes de desempenho motor, diferenças significativas foram observadas na flexibilidade entre os sexos nas idades de sete, 10 e 12 anos. Na resistência abdominal estas ocorreram em todas as idades, exceção feita aos 12 anos. Já em relação a resistência aeróbia somente oito, 11 e 12 anos apresentaram diferenças entre os sexos de forma significativas (Tabela 4).
Tabela 3. Comparação entre as médias da medida das dobras cutâneas tricipital
e subescapular para ambos os sexos de sete a 12 anos dos CEL de Manaus (AM)
Tabela 4. Comparação entre as médias dos testes de flexibilidade, resistência abdominal e aeróbia para ambos os sexos de sete a 12 anos dos CEL de Manaus (AM)
Discussão dos resultados
As meninas aos oito e nove anos se mostraram mais pesadas do que os meninos, havendo uma inversão aos 11 anos. Porém, quando observados os meninos em relação aos de outros estudos, podem-se observar estes foram maiores13, porém não apresentaram diferenças significativas. No entanto, estes foram maiores apenas nas idades de sete, 10, 11 e 12 anos, ocorrendo similaridade nos resultados de oito e nove anos1. Ao serem comparados com os valores médios do estudo14, os resultados com os escores dos meninos foram considerados similares nas idades de sete e onze anos e menores nas idades de oito, nove, dez e doze anos.
Em relação a estatura, as meninas mostraram um melhor resultado nas faixas etárias de 7, 8, 11 e 12 anos. Pode-se observar também que os meninos obtiveram um maior crescimento entre os 11 e 12 anos, enquanto que o maior crescimento das meninas aconteceu entre os 10 e 11 anos, este fato pode ser explicado ao surto de crescimento das meninas tendem a acontecer antes dos meninos15. Isso pode ser exemplificado, que, assim como o presente estudo, mostra uma diferença estatística entre as médias de estatura entre meninos e meninas por volta dos 12 anos, tendo as meninas uma média maior nesta faixa etária16.
Ao comparar o resultado deste estudo com um estudo aplicado em escolares do município de Ponta Grossa no Paraná17, a média de estatura se mostrou muito abaixo, tanto para meninos quanto para meninas, em todas as faixas etárias, isso pode ser explicado pelo fato de serem dependentes de fatores sazonais18, que não foram controlados pelo estudo. Em relação a escolares do Rio Grande do Sul, de diferentes etnias19, também chegou a um resultado semelhante, tendo uma média de altura superior a meninos e meninas participantes dos CEL’s de Manaus. Essa inferioridade em relação às médias de estatura pode ser comprovada ainda em outros estudos20.
Quando é levada em consideração a medida tricipital, as meninas mostram uma média maior do que a dos meninos, sendo as diferenças significativas nas faixas de sete, oito, nove e onze anos. Isso pode ser comprovado por estudos que observam uma maior média nos valores de adiposidade cutânea nas meninas quando comparadas aos meninos entre quatro e 18 anos, acentuando-se esta diferença entre seis e sete anos15.
Ao comparar as informações do presente estudo em comparação a outros estudos13, observou-se que os resultados dos meninos e meninas deste estudo apresentaram-se maiores que os dos meninos e meninas baianos em todas as idades. Comparando os valores com os encontrados, em um estudo do mesmo município3, as médias do presente estudo se mostraram maiores em todas as faixas etárias, tanto para meninos quanto para meninas.
Enquanto que na dobra subescapular, as meninas mostraram uma média superior a dos meninos, mas houveram diferenças significativas apenas durante os oito, nove e onze anos. Na faixa etária de sete e dez anos, os meninos mostraram valores maiores do que os achados pelos estudos1,21. Ao comparar o presente estudo com o realizado em meninos baianos13, os valores foram maiores em todas as faixas etárias para os meninos, enquanto nas meninas, as médias do presente estudo, em todas as faixas etárias, foram maiores do que as achadas pelo mesmo autor, assim como também ao serem comparadas aos valores preconizados ao estudo21. Em relação ao estudo realizado no município de Londrina1, as meninas apresentaram valores menores apenas durante os sete anos, sendo em outras faixas etárias valores maiores. Em relação ao estudo realizado em escolares do município de Manaus3, os valores deste estudo se mostraram maiores, com exceção feita para os meninos de nove anos, onde os resultados foram semelhantes.
Para o teste de sentar e alcançar houve diferenças significativas entre os resultados de meninos e meninas, na faixa etária de sete, 10 e 12 anos, onde as meninas conseguiram uma média maior do que os meninos. Durante a segunda infância, as diferenças no desempenho motor em função do sexo aparecem com regularidade, sugerindo melhor desempenho das meninas na realização de tarefas que envolvam equilíbrio e flexibilidade15,22. Essa diferença pode ser explicada através de vários fatores como o treinamento e instrução ao exercício, familiarização com a atividade proposta, fatores biológicos como maturidade neurológica, função fisiológica e características antropométricas23,24, podendo também ser incluídos fatores sociais e culturais25.
Os resultados, quando comparados com de outros autores, se mostraram muito abaixo. No estudo16 foram encontrados resultados melhores em todas as faixas etárias, tanto para meninos quanto para meninos, como podemos visualizar na faixa etária de oito anos para os meninos (28,31 ± 4,43cm), enquanto que os meninos que freqüentam os CEL’s de Manaus obtiveram resultados muito mais baixos (23,6 ± 4,46cm). Para os padrões sugeridos26, no Projeto Esporte Brasil (PROESP), os resultados dos meninos se mostraram fracos para a faixa etária de sete anos e razoável para as outras idades. Enquanto que para as meninas, os valores obtidos em todas as faixas etárias se mostraram razoáveis.
No teste de resistência abdominal, houve diferenças significativas nos resultados encontrados em todas as faixas etárias, com a exceção para os doze anos, com os meninos tendo uma maior média de repetições por minuto em relação as meninas. Essa superioridade pode estar relacionada ao início da puberdade, período em que as meninas tendem a ter uma maior quantidade de tecido adiposo em relação aos meninos15.
Ao comparar com os outros estudos1-13, os valores encontrados se mostram abaixo das meninas e meninos norte-americanos, paulistas e paranaenses em todas as faixas etárias. Apenas no estudo realizado no município Manaus3, os resultados se mostraram superiores em todas as idades.
Seguindo os padrões sugeridos pelo estudo26, os resultados dos meninos se mostraram fracos para todas as faixas etárias, exceção feita aos meninos de doze anos que obtiveram resultados muito fracos. As meninas, para as faixas etárias de sete, oito, nove e 10 anos alcançaram um resultado muito fraco, enquanto que as de 11 e 12 anos, mostraram um resultado apenas fraco.
Ao levar em consideração o teste de Resistência Aeróbia, as diferenças entre meninos e meninas se mostraram significativas apenas durante os 8, 11 e 12 anos de idade. A explicação para essas diferenças aparentemente está relacionada à composição corporal, pois estima-se que as diferenças nos valores do VO2pico estejam relacionadas 69% com o peso corporal absoluto, 4% com a altura e 1% com o peso corporal “magro” 27. Ressaltando que as mulheres, em geral, tendem a ter 10% de gordura total a mais que o homem, que por sua vez, tende a ter possui níveis mais elevados de massa muscular, podendo, assim, gerar mais energia aerobiamente28. Outra explicação pode estar fundamentada a partir do estudo29, que afirmam que os homens apresentam maiores concentrações de hemoglobina do que as mulheres, o que lhes garante uma maior capacidade sangüínea de carrear oxigênio e, conseqüentemente, uma melhor circulação durante o exercício físico.
Quando comparados com os achados pelos estudos1-12, nas faixas etárias de sete, oito, nove e dez anos, os valores médios foram considerados relativamente menores em todas as idades, exceto em relação ao estudo12, cujos valores das meninas do presente estudo, demonstraram índices ligeiramente maiores nas faixas etárias de sete e oito anos. A partir dos padrões sugeridos pelo estudo26, os valores encontrados para os meninos se mostraram muito bons para os de sete anos, bons para os de oito, nove, 11 e 12 anos e apenas razoável para os de 10 anos. Enquanto que as meninas obtiveram um resultado muito bom para as de sete anos e bom para as outras faixas etárias.
Através do estudo, pode-se concluir que em relação à composição corporal, quando comparados com valores médios de referências, as meninas tendem a apresentar um maior acúmulo de gordura corporal. Com base nos testes motores, a análise revelou diferenças com elevados níveis de desempenho dos meninos em relação às meninas, particularmente nos testes de abdominal modificado, corrida/caminhada de nove minutos e em quase todas as idades no teste de sentar e alcançar. Permitindo inferir que, os meninos são mais fortes e mais resistentes que as meninas. Quando comparados com valores médios dos estudos de referências, observou-se que, de maneira geral as diferenças entre os sexos foram favoráveis aos meninos. Exceto para o teste de sentar e alcançar, onde se sabe que as meninas são em média mais flexíveis que os meninos.
Referências
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