Avaliação da imagem corporal e conhecimento nutricional de educadores físicos de uma academia de grande porte Evaluación de la imagen corporal y el conocimiento nutricional de los educadores físicos de un gran gimnasio |
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*Graduandas do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo, São Paulo **Nutricionista do Clube EcoFit ***Especialista em Nutrição Esportiva pela ASBRAN. Coordenadora da Pós em Nutrição Esportiva e Estética em Wellness do Centro Universitário São Camilo, São Paulo (Brasil) |
Madalena Gouveia Batista* madalena@batistalegumes.com.br Bianca De Fiore* Luis Ricardo de Alves** Luciana Rossi*** |
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Resumo A alimentação balanceada é um dos pilares da saúde e desempenho; já o grau de conhecimento nutricional pode exercer impacto positivo na qualidade de vida, tanto em nível individual como populacional. Os profissionais envolvidos na orientação da prática de exercício, que exibem conhecimento nutricional adequado, são formadores de opiniões apropriadas sobre a alimentação, atividade física e imagem corporal dos seus clientes. O estudo teve com objetivo avaliar o conhecimento nutricional e imagem corporal de educadores físicos de uma academia de grande porte. Foram avaliados 13 indivíduos do sexo masculino com idade de 21 a 39 anos, sendo o protocolo aprovado por um Comitê de Ética (COEP 47/05). Os indivíduos preencheram três questionários com seus dados pessoais e antropométricos; avaliação do conhecimento nutricional (Scagliusi et al, 2006) e da imagem corporal, especialmente desenvolvido para avaliar a muscularidade (Lima et al, 2008). A amostra possuía em média 32,5(9,0) anos, 82,8(6,9) kg, 1,77(0,06) m e IMC de 26,62 (3,80) kg/m2. A pontuação média no questionário de conhecimento nutricional foi de 8,0(1,7) classificando-os com “moderado conhecimento nutricional”. Os valores médios de imagem corporal atual e ideal foram respectivamente: 5(1,8) e de 6(1,5), sugestivos de adequação. Apesar do ineditismo da pesquisa, a principal limitação foi o baixo número amostral. Como contribuição, observou-se a importância de uma equipe multidisciplinar composta por educadores físicos, nutricionistas, médicos, fisioterapeutas entre outros, para promoção da saúde, qualidade de vida, rendimento e prevenção de lesões na pratica esportiva em ambiente de academia. Unitermos: Conhecimento nutricional. Imagem corporal. Educadores físicos. Nutrição. Academia.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Tanto para esportistas como para atletas, uma alimentação adequada é necessária para suprir a demanda energética exigida pelo exercício, Através da oferta de nutrientes importantes para o rendimento físico. Porém, muito mais do que o rendimento no esporte, o conhecimento sobre nutrição para prevenção de doenças é fundamental para a população (NICASTRO et al., 2008).
A imagem corporal consiste na representação da forma, do tamanho e da aparência do nosso corpo produzida em nossa mente (MATARUNA, 2004). Esta é composta por quatro dimensões: cognitiva, afetiva, comportamental e perceptiva. A dimensão perceptiva vem sendo utilizada freqüentemente na área da saúde, na tentativa de avaliar como o individuo percebe seu corpo (CASH; PRUSINSKY, 2002).
Por ser um instrumento simples, de baixo custo, fácil entendimento e aplicação, o conjunto de silhuetas proposto por Lima et al. (2008) tem sido utilizado para avaliação da imagem corporal. As silhuetas propostas possibilitam caracterizar os contornos dos grupos grandes grupos musculares o que é importante para estudar a imagem corporal de indivíduos que têm como objetivo o aumento da massa muscular e do volume corporal. A diferença entre silhueta atual (SA) e silhueta ideal (SI) pode indicar o grau de insatisfação com a imagem corporal.
O conhecimento nutricional é caracterizado como um construto científico criado por educadores nutricionais para representar o processo cognitivo individual relacionado à informação sobre alimentação e nutrição (NICASTRO, 2008 Apud AXELSON e BRINBERG, 1992).
Existem instrumentos para medir o conhecimento nutricional de diferentes populações. Como a escala sobre conhecimento desenvolvida por HARMACK et al. (1997). NICASTRO et al. (2008) publicaram resultados da aplicação pioneira desta escala de conhecimento nutricional em uma população brasileira praticante de exercícios físicos e, com isso, abriu-se uma nova perspectiva de estudos na área de avaliação do conhecimento nutricional em atletas e esportistas, com o uso de um questionário validado (PESSI e FAYH, 2011).
Reconhecendo a importância do conhecimento nutricional para escolhas alimentares, torna-se importante que indivíduos na área de esporte, como por exemplo educadores físicos, possuam o conhecimento deste tema. Sabendo-se que pessoas praticantes de musculação, possuem uma elevada demanda energética, estas escolhas alimentares precisam ser adequadas para suprir suas necessidades. Portanto, o objetivo deste estudo é avaliar o conhecimento nutricional de educadores, através da aplicação da escala de conhecimento nutricional e imagem corporal dos mesmos.
Metodologia
Amostra
O presente estudo caracteriza-se por ser transversal com coleta de dados primários. Foram avaliados onze profissionais e dois estagiários da área de educação física, trabalhadores de uma academia de grande porte, do sexo masculino e com idade entre 21 e 39 anos. Os indivíduos da amostra que aceitaram voluntariamente participar da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento e Livre e Esclarecido previamente aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário São Camilo (COEP 047/05). A coleta de dados foi auto preenchível e os indivíduos receberam instruções sobre o preenchimento.
Dados pessoais
Os dados de peso e altura foram auto-referidos, técnica validada conforme Peixoto, Benício e Jardim, (2006). A partir de um questionário composto por idade, peso, estatura e cálculo do índice de massa corporal (IMC).
Para critério de diagnóstico do IMC, foram utilizados os parâmetros recomendados pela Organização Mundial da Saúde para desnutrição (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1997) e para obesidade (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998).
Tempo de formação e treinamento
O tempo de formação e de treinamento de contra resistência foram avaliados por meio de questionamento aberto, onde os indivíduos descreveram, preferencialmente em meses e/ou anos, há quanto tempo estavam graduados ou o ano de formação, e também há quanto tempo praticavam continuamente o treinamento de hipertrofia muscular.
Mensuração do conhecimento nutricional
A escala empregada para mensuração do conhecimento nutricional (QCN) foi aquela desenvolvida por HARMACK et al. (1997) e posteriormente traduzida, adaptada e validada para o Brasil por SCAGLIUSI et al. (2006). A classificação do conhecimento empregou o critério determinado pelos autores: no qual as pontuações totais entre zero e seis indicam baixo conhecimento nutricional; entre sete e dez moderado conhecimento nutricional e acima de dez alto conhecimento nutricional.
Mensuração da imagem corporal
Para avaliar a imagem corporal dos indivíduos foi utilizada a escala de silhueta de LIMA et al. (2008). E foram feitas as seguintes questões: Qual é a sua imagem atual (IA) e em seguida: qual a sua imagem idealizada (IE).
Resultados
Os dados de idade, estatura, massa corporal, índice de massa corporal (IMC), tempo de formação, tempo de treinamento de contra resistência, silhueta atual, silhueta ideal e a pontuação obtida no questionário de conhecimento nutricional dos indivíduos podem ser visualizados na tabela 1.
Tabela 1. Dados referentes ao perfil da amostra. São Paulo, 2013
A porcentagem de educadores físicos com baixo, moderado e alto conhecimento nutricional encontra-se na figura 1. É possível observar que 69% dos indivíduos participantes da pesquisa apresentam conhecimento nutricional moderado, 23% conhecimento nutricional baixo e 8% conhecimento nutricional alto.
Figura 1. Porcentagem de educadores físicos com pontuação baixa,
moderada e alta de conhecimento nutricional. São Paulo, 2013
Discussão
Até o presente momento não foram encontrados estudos avaliando o conhecimento nutricional de educadores físicos. Cabe ressaltar que apenas cinco estudos utilizaram a escala de conhecimento nutricional desse estudo (SCAGLIUSI et al., 2006; NICASTRO et al., 2008; PESSI e FAYH, 2011; FREITAS et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2009). Embora haja uma escassez de estudos o tema é relevante para a população do meio esportivo, já que um bom conhecimento nutricional por parte de todos os profissionais envolvidos com essa população poderia auxiliar no aprimoramento do seu desenvolvimento físico.
O principal achado do presente estudo foi que, em sua maioria os educadores físicos possuem moderado conhecimento nutricional. Embora não existam trabalhos avaliando a mesma população de nosso estudo, alguns outros autores mensuraram o conhecimento nutricional de atletas e desportistas por meio de diferentes escalas. RASTMANESH et al. (2007) avaliaram o conhecimento nutricional de 42 atletas do sexo masculino e verificaram moderado conhecimento. Porem, vale ressaltar que nesse trabalho a escala aplicada foi desenvolvida especificamente para seu estudo e não sofreram avaliação psicrométrica necessária para testar sua validade e confiabilidade (SCAGLIUSI et al., 2006).
Estudos que avaliaram o conhecimento nutricional de atletas de atletismo e judô encontraram pontuação de 8,9 ± 1,7 (NICASTRO et al., 2008) e 6,9 ± 2,2 (OLIVEIRA et al., 2009), respectivamente. E nosso estudo que avaliou os educadores físicos apresentou pontuação de 8,0 ± 1,7. A discordância nos valores encontrados em atletas de diferentes modalidades nos mostra a necessidade de educação nutricional para este público.
Não foi encontrado em grande porcentagem de profissionais alto conhecimento nutricional, justificado pela sua formação acadêmica. Este reforça a importância do nutricionista atuando na área esportiva, pois a nutrição apropriada constitui um dos alicerces para o desempenho físico.
Segundo LIMA et al. (2008) a escala de silhuetas constitui um instrumento bastante eficaz para avaliar o grau de insatisfação das dimensões corporais na avaliação do componente perceptivo da imagem corporal. Os valores médios de imagem corporal atual e ideal encontrados em nosso estudo foram de 5 ±1,8 e de 6 ±1,5 respectivamente, o que nos mostra que os indivíduos da amostra não apresentam alteração de imagem corporal.
Conclusão
Podemos concluir que profissionais e estagiários da área de educação física, de modo geral, possuem conhecimento nutricional moderado. É necessário que outros estudos acerca desta temática sejam executados para termos um panorama do conhecimento nutricional de todos os profissionais envolvidos com o meio esportivo. Com isso, podemos ampliar o conhecimento acerca do papel da nutrição para o rendimento esportivo, bem como elucidar a importância deste tema para atletas e treinadores.
Os indivíduos avaliados neste estudo não apresentaram alteração de imagem corporal, porém fica evidenciado que o corpo é considerado pelos mesmos como sendo importante para o sucesso profissional na área. Novas investigações sobre o tema serão bem vindas, e poderão contribuir para progressos nessa linha de pesquisa, pois não são encontrados muitos artigos que abordam a avaliação da imagem corporal utilizando a escala de silhuetas proposta por LIMA et al. (2008).
A principal limitação do presente estudo é o baixo numero amostral, mas o estudo já aponta a importância de uma equipe multidisciplinar composta por educadores físicos, nutricionistas, médicos, fisioterapeutas entre outros, para melhor rendimento e prevenção de lesões na pratica esportiva.
Referências bibliográficas
FREITAS, ECB, Alvarenga MS, Scagliusi MS. Avaliação do conhecimento nutricional e freqüência de ingestão de grupos alimentares em vegetarianos e não vegetarianos. Revista Brasileira de Nutrição Clinica, n. 21, p.267-272, 2006.
L, HARMACK et al. Association of cancer prevention-related nutrition knowledge, beliefs, and attitudes to cancer prevention dietary behavior. J. Am. Diet. Assoc., California, p. 957-965. Set. 1997.
LIMA, Jorge Roberto Perrout de et al. Avaliação da imagem corporal em professores de educação física atuantes no fitness na cidade do Rio de Janeiro. Arquivo Sanny de Pesquisa e Saúde, Juiz de Fora, v. 1, n. 1, p.26-30, 2008.
MATARUNA, Leonardo. Imagem Corporal: noções e definições. EFDeportes.com, Revista Digital. v. 10, n. 71, mar. 2004. http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm
NICASTRO, Humberto et al. Aplicação da Escala de Conhecimento. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 14, n. 3, p.205-208, mai./jun. 2008.
OLIVEIRA, Fabiola Lopes de et al. Avaliação do conhecimento nutricional de atletas profissionais de Judô. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 14, n. 138, p.1-1, nov. 2009. http://www.efdeportes.com/efd138/conhecimento-nutricional-de-atletas-de-judo.htm
PEIXOTO, Maria do Rosário Gondim; BENÍCIO, Maria Helena D’Aquino; JARDIM, Paulo César Brandão Veiga. Validade do peso e da altura auto-referidos: o estudo de Goiânia. Revista de Saúde Pública, São Paulo, p.1065-1072, 2006.
PESSI, Sônia; FAYH, Ana Paula Trussardi. Avaliação do Conhecimento Nutricional de Atletas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Porto Alegre, v. 17, n. 4, p.242-245, jul./ago. 2011.
RASTMANESH, Reza; TALEBAN, Furugh Azam; KIMIAGAR, Masood. Nutritional Knowledge and Attitudes in Athletes with Physical Disabilities. Journal of Athletic Training, p. 99-105. Jan-mar, 2007.
SCAGLIUSI, Fernanda Baeza et al. Tradução, adaptação e avaliação psicométrica da Escala de Conhecimento Nutricional do National Health Interview Survey Cancer Epidemiology. Revista Nutrição, Campinas, v. 19, n. 4, p.425-436, jul./ago. 2006.
VILHENA, Lígia Martins et al. Avaliação da imagem corporal em professores de educação física atuantes no fitness na cidade do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 2, p.449-464, abr./jun. 2012.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity. Preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO Consultation on Obesity. WHO/NUT/NCD/981. Geneva: WHO, 1998.
WORLD HEATH ORGANIZATION. Obesity: preventing and managing the global epidemic [report of WHO Consultation on Obesity]. Genève; 1997.
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