Analise do estado nutricional através do índice de massa corpórea de praticantes de atividade física em uma academia de São Paulo, SP Análisis del estado nutricional por medio del índice de masa corporal de practicantes de actividad física en un gimnasio de Sao Paulo, SP |
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*Discentes do 7º semestre do curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo **Doutora em Nutrição e Saúde Pública Docente do Centro Universitário São Camilo (Brasil) |
Larissa Aquino* Carolina Kim* Tamara Stulbach** |
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Resumo A prática de atividade física é essencial devido ao estilo de vida adotado atualmente que inclui o aumento do sedentarismo e de hábitos alimentares inadequados, podendo acarretar o excesso de peso. O índice de massa corporal (IMC) é um dos procedimentos mais usados para avaliação do excesso de peso e obesidade em estudos epidemiológicos. O objetivo desse estudo é avaliar o estado nutricional com base no índice de massa corporal (IMC) de frequentadores de academia em São Paulo. Houve a participação de 66 alunos, entre eles, homens e mulheres, na faixa etária de 18 a 69 anos. O índice de massa corporal demonstrou que a maioria dos participantes eram eutróficos e sobrepeso, sempre com a porcentagem de ocorrência em mulheres, mais alta em relação aos homens, porém, quando se trata da categoria de obesidade de grau I e II, a porcentagem de homens se destacou em relação à porcentagem do número de mulheres. Estudos demonstram que o método de IMC é rápido, mas quando se trata de desportistas ou atletas, esse tipo de avaliação não é totalmente confiável, pois não diferencia massa magra de massa gorda. Unitermos: Indice de massa corporal. Estado nutricional. Academia.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
O padrão de beleza valorizado na sociedade associado à magreza acaba por salientar os aspectos relacionados com a forma, desconsiderando a diversidade das constituições físicas que estão presentes na população e também aspectos da saúde. Indivíduos obesos apresentam imagens corporais negativas, o que evidencia a composição corporal como um dos fatores capazes de influenciar tal percepção. Essa insatisfação tem sido um dos principais motivos que levam as pessoas a realizarem atividade física, o que faz aumentar a procura de academias, clubes ou centros de saúde (FERMINO; PEZZINI; REIS, 2010).
A prática de atividade física (AF) tornou-se essencial devido ao estilo de vida adotado atualmente que inclui o aumento do sedentarismo e de hábitos alimentares inadequados, podendo acarretar o excesso de peso. Estes são alguns dos principais fatores de risco para o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) principais causas de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo (SOUSA; NOGUEIRA, 2011).
As DCNT acarretam forte impacto sobre a saúde, a qualidade de vida e longevidade dos indivíduos e, assim, sobre o desenvolvimento social e econômico do país (SOUSA; NOGUEIRA, 2011).
Utiliza-se a avaliação nutricional como um dos indicadores que são capazes de fornecer, de acordo com o parâmetro utilizado, informações sobre a adequação nutricional de um indivíduo ou coletividade em relação a um padrão compatível com a saúde em longo prazo. A antropometria vem sendo apontada como o parâmetro mais indicado para avaliar o estado nutricional coletivo, principalmente pela facilidade de obtenção das medidas que podem ser válidas e confiáveis (GOMES; ANJOS; VASCONCELLOS, 2010).
Ainda no contexto antropométrico, vários indicadores são propostos na literatura para a avaliação do estado nutricional, bem como o diagnóstico de riscos à saúde por conta de aumentos na gordura corporal. O índice de massa corporal (IMC), desenvolvido por Quetelet em 1871, é um dos procedimentos mais usados para avaliação do excesso de peso e obesidade em estudos epidemiológicos (GROSSL; LIMA; KARASIAK, 2010).
Para o fracionamento da composição corporal, existem diversas técnicas laboratoriais como tomografia computadorizada, pesagem hidrostática, ressonância magnética, impedância bioelétrica dentre outras. Estas técnicas de avaliação apresentam alta precisão em seus resultados, porem, têm uma utilização bastante limitada em razão da dificuldade de incluir os avaliados nas testagens, principalmente pelo seu alto custo (MAINARDES et al., 2009)
Dado o alto custo das técnicas acima citadas, vários estudos incentivam o uso do IMC como um instrumento razoável para se identificar pessoas com sobrepeso ou obesidade (OLIVEIRA et al, 2008).
O IMC é considerado um indicador limitado principalmente para atletas, pois sua aplicação não é capaz de fornecer informações relacionadas com a composição corporal, desta forma, pessoas com elevada quantidade de massa muscular podem apresentar elevado IMC, mesmo que a gordura corporal não seja excessiva (GIUNTOLI et al, 2012).
Contudo, por depender somente de duas variáveis (peso e estatura), tal instrumento é amplamente usado no meio acadêmico, sobretudo em pesquisas envolvendo amostras maiores (OLIVEIRA et al, 2008).
2. Objetivo
Realizar um diagnóstico nutricional através do cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC) dos frequentadores de uma academia de ginástica localizada na Zona Sul de São Paulo.
3. Materiais e métodos
Trata-se de um estudo transversal realizado em uma Academia de Ginástica, localizada na Zona Sul de São Paulo, no período de 04 de Fevereiro a 20 de Março de 2013. Foram avaliados o total de 66 adultos de ambos os gêneros, com idade entre 18 e 69 anos, que voluntariamente participaram do estudo.
Durante este período foram coletados os seguintes dados dos frequentadores da academia submetidos à orientação nutricional: gênero, faixa etária, peso e altura, estes foram anotados na própria anamnese nutricional.
Os voluntários, primeiramente, foram pesados em uma balança da marca FILIZONA. O equipamento estava ligado e zerado antes do indivíduo posicionar-se. Os voluntários foram orientados a retirar os calçados, subir ao centro da balança, eretos, com os braços estendidos ao longo do corpo, foram mantidos nessa posição até que o peso se estabelecesse. Após isso, foi mensurada a estatura com o estadiômetro da própria balança.
A partir dos dados acima foi calculado o Índice de Massa Corpórea (IMC) de cada individuo da amostra, utilizando-se a fórmula: IMC = Peso (kg) / (Estatura)²(m), sendo o estado nutricional de cada um, classificado com base na tabela da Organização Mundial da Saúde (OMS - 2006), segundo quadro 1.
Para a análise estatística dos dados obtidos, utilizou-se o programa Microsoft Word Excel 2010.Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário São Camilo, sob o número COEP 470/05.
Quadro 1. Classificação do Índice de Massa Corpórea (IMC) – OMS, 2006
4. Resultados
A amostra do presente estudo constitui-se de 66 alunos, sendo que sua grande maioria é do gênero feminino, representando o equivalente a 68,2% da amostra, com idade entre 18 a 69 anos. Já o gênero masculino representou o total de 31,8% da amostra e a faixa etária está compreendida entre 18 a 61 anos. Os dados acima estão evidenciados conforme o Gráfico 1.
Gráfico 1. Distribuição por gênero dos freqüentadores da academia de ginástica na Zona Sul do município de São Paulo, ano de 2013
Em relação ao estado nutricional, a partir do cálculo do IMC da população apresentada, verificou-se que 46,7% de mulheres encontravam-se eutróficas, 33,3% mostraram sobrepeso, 17,8% estavam com obesidade grau I, 2,2% estavam com obesidade grau II e 0% com obesidade grau III. Já em relação ao gênero masculino, verificou-se que 42,9% encontravam-se eutróficos, 28,6% apresentavam sobrepeso,19% estavam com obesidade grau I, 9,5% classificados com obesidade grau II e 0% obesidade grau III, conforme apresentado no quadro 2.
Quadro 2. Distribuição proporcional dos frequentadores da academia participantes do estudo – São Paulo, 2013
Observando o estado nutricional conforme o gênero, nota-se que a prevalência de eutrofia e sobrepeso foram maiores no gênero feminino, já a obesidade ocorreu, em sua maioria, no gênero masculino, fato este que pode ser explicado devido ao número de participantes de cada gênero no estudo, a amostra foi constituída de 45 mulheres e 21 homens, ou seja, houve uma participação muito mais significativa do gênero feminino do que o masculino, o que pode vir a influenciar diretamente os resultados dados em porcentagem, conforme observado no gráfico 2.
Gráfico 2. Classficação do Índice de Massa Córporea (IMC) dos frequentadores da academia de ginástica na Zona Sul, do municipio de São Paulo, ano 2013
5. Discussão
Com base nos dados coletados, pode-se afirmar que o perfil antropométrico da população estudada é considerado eutrófico, ou seja, apresentam o peso adequado para sua respectiva altura, de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006).
No presente estudo houve um maior percentual de mulheres eutróficas (46,7%) quando comparado com o percentual masculino de eutrofia (42,9%), fato este se dá por diferenças no número de voluntários de ambos os gêneros. Provavelmente como os indivíduos estudados praticam atividade física, há um maior estímulo da massa magra e consequente redução de tecido adiposo, fato este que podem ter influenciado os resultados apresentados.
Embora o IMC seja um método internacionalmente aceito para a classificação do estado nutricional, não é possível avaliar a composição corporal. Segundo Costa et al, 2010, torna-se evidente que o IMC não é um parâmetro adequado para mensurar se os níveis de gordura corporal estão adequados em relação à saúde.
Uma das limitações bem conhecidas do IMC é sua não associação direta com a composição corporal, subestimando, muitas vezes o percentual de gordura corporal de indivíduos classificados como eutróficos e, consequentemente, subestimando o risco para desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (KESAVACHANDRAN et al, 2012).
Ao comparar os resultados obtidos com o presente estudo com os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF 2008 – 2009) foi realizado em domicílios urbanos, verifica-se que os ambos os estudos se contrapõem, já que pela POF tantos os homens quanto às mulheres foram diagnosticados com excesso de peso, contudo deve-se levar em conta que esta amostra analisada frequenta uma academia, deste modo, acredita-se que estes resultados demonstram uma melhora na qualidade de vida devido à prática de atividade física.
Outro estudo recente, realizado com mulheres indianas, observou que 19% das mulheres avaliadas com IMC dentro da faixa de eutrofia segundo a OMS (18,5 a 24,9 kg/m²) apresentaram percentual de gordura corporal elevado (>25%) e dessas 31% apresentaram algum fator de risco para diabetes mellitus tipo 2 ou hipertensão arterial, indicando maior sensibilidade da avaliação de gordura corporal para identificação de riscos à saúde em relação ao IMC (COSTA et al, 2010).
Esses achados acabam levantando a questão do risco à saúde camuflado pela adequação do peso através do IMC quando a composição corporal não está adequada, tendo em vista as evidências de que o elevado percentual de gordura corporal pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de doenças mesmo em pessoas com IMC adequado, como é sugerido por diversos outros trabalhos (THEODORO; RICALDE; AMARO, 2009)
Os homens apresentaram um maior percentual de obesidade quando comparado com as mulheres, porém deve ser considerada a tendência masculina de desejar um corpo com maior volume e menor quantidade de gordura corporal, intensificando assim a prática de atividade física, principalmente a musculação, devido a isso este alto IMC pode ser devido a uma alta porcentagem de massa magra e não necessariamente de gordura corporal.
Segundo Rezende et al (2010) o IMC maior ou igual a 25 kg/m² apresenta alta sensibilidade ao relacionar sobrepeso e obesidade à adiposidade corporal elevada, sendo adequado para estudos populacionais com objetivo de identificar obesidade abdominal e elevado percentual de gordura abdominal, e coligar estes dados a indivíduos com risco cardiovascular. Este estudo ressalta ainda a necessidade de combinações de medidas antropométricas na avaliação do estado nutricional, visto que o mesmo detectou indivíduos com obesidade abdominal que não se encontravam obesos segundo a classificação do IMC.
Esta falta de congruência entre o IMC e a gordura corporal pode ser explicada não só pela fragilidade deste índice, mas também pelo fato de a gordura corporal estar associada aos níveis de atividade física ou aptidão (GIUNTOLI et al, 2012).
Portanto, torna-se evidente que o IMC não é um parâmetro adequado para averiguar se homens e mulheres eutróficos possuem níveis de gordura corporal adequado em relação à saúde, além disso, é importante ressaltar que este indicador leva em consideração uma faixa etária muito abrangente (20 a 59 anos) e não diferencia a classificação segundo o gênero, o que resulta em maior limitação do mesmo. Os desportistas podem vir apresentar um IMC dentro do padrão ideal e, no entanto, possuírem uma quantidade de adiposidade corporal fora da normalidade, já que não praticam treinos intensos e extremamente regrados (REZENDE et al, 2010).
6. Conclusão
Foi possível verificar através do Índice de Massa Corpórea (IMC) que os frequentadores da academia avaliados, apresentaram em sua grande maioria eutróficos. Porém, o IMC não é um indicador considerado fidedigno na classificação do estado nutricional, por não fornecer dados relacionados à composição corporal, deste modo, o mesmo não diferencia tecido adiposo de massa muscular, o que pode resultar muitas vezes em uma classificação errônea, mascarando risco de problemas relacionados ao excesso de peso.
O mesmo critério se enquadra na classificação dos homens com maior percentual de obesidade, onde o IMC pode estar representando um excesso de peso, mas na realidade esse valor está relacionado à quantidade de massa muscular, decorrente da prática de atividade física.
Portanto, é muito importante para a adequada classificação do estado nutricional dos frequentadores de academia de ginástica, a utilização de várias técnicas antropométricas, obtendo assim dados concretos referentes à composição corporal dos mesmos.
Referencias
ANJOS, Luiz A. Indice de massa corporal como indicador do estado nutricional de adultos. Revista Saúde Publica, São Paulo, v. 26, n. 6, p.431-436, 1992.
COSTA, Marcela R.; Junior, Durval Sobreiro.; ALVES, Crésio. Prevalência de sobrepeso e obesidade entre mulheres eutróficas. Bahia. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, vol 11, 2010.
FERMINO, Rogério C.;PEZZINI, Mariana R.;REIS; Rodrigo S. Motivos para Prática de Atividade Física e Imagem Corporal em Frequentadores de Academia. Paraná: Revista Bras. Med. Esporte, vol.16, 2010.
GOMES, Fabio da S.;Anjos, Luiz A.;VASCONCELLOS, Mauricio Teixeira L. Antropometria como ferramenta de avaliação do estado nutricional coletivo de adolescentes. Campinas: Rev Nutri. Vol. 23, 2010.
GROSSL, T. L.R.; AUGUSTEMAK de Lima, KARASIAK F. C. Relationship between percentage of body fat and anthropometric indicators in individuals attending a gym. Santa Catarina: Motricidade vol. 6, 2010.
GIUNTOLI, A.B. et al. Comparação entre o índice de massa corpórea e porcentagem de gordura, e análise da relação cintura/quadril em desportistas de uma academia de São Paulo. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 171, 2012. http://www.efdeportes.com/efd171/indice-de-massa-corporea-e-gordura.htm
KESAVACHANDRAN, C.N. et al. The normal range of body mass index with high body fat percentage among male residents of Lucknow city in north India. Indian j. med. res., New Delhi, v. 135, 2012.
MAINARDES et al. Estudo Correlacional entre IMC E Percentual de Gordura Corporal em Crianças de 7 Á 9 anos da Rede Pública de Castro. Paraná. Rev. CPAQV vol. 1, 2009.
OLIVEIRA et al. Diferença entre peso e estatura auto-referidos e aferidos para o cálculo do índice de massa corporal e sua relação com a imagem corporal de mulheres de academia de ginástica. Minas Gerais. Rev Juiz de Fora, vol. 34, 2008.
REZENDE, Fabiane A. et al. Aplicabilidade do índice de massa corporal na avaliação da gordura corporal. Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, vol. 16, 2010.
SOUSA, Arilson Fernandes M.; NOGUEIRA, Julia Aparecida D. Intervenções em Atividade Física e seus impactos nos fatores de risco e nas doenças crônicas não transmissíveis em adultos no Brasil. Brasília: Rev. Bras. de Atividade Física & Saúde, vol.16, 2011.
THEODORO, Heloisa; RICALDE, Simone R.; AMARO, Francisco S. Avaliação Nutricional e Autopercepção Corporal de Praticantes de Musculação em Academias de Caxias do Sul, RS. Rio Grande do Sul. Rev Bras Med Esporte, vol. 15, 2009.
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