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A pedagogia esportiva e o ensino do futebol na escola

La pedagogía deportiva y la enseñanza del fútbol en la escuela

 

*Pós-Graduando em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG

**Professor da Universidade Federal de São João del Rei, São João del Rei, MG

(Brasil)

João Vítor de Assis*

Ricardo Ducatti Colpas**

jv_assis@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O futebol utilizado como meio educativo dentro das escolas torna-se uma ferramenta muito importante e rica em conteúdos e alternativas. Como está inserido em diversos veículos de comunicação de massa e ainda muito praticado nas ruas e em campos de várzea a comunicação com os alunos e o seu sentido pedagógico ficam facilitados. Mas a escola não deve reproduzi-lo conforme o conceito midiático de futebol competição, resultados e desempenho, e sim criar juntamente com o aluno uma reflexão sobre as diversas facetas existentes neste esporte e possibilidades de práticas. A pedagogia esportiva se apresenta como um campo de estudo muito interessante sobre o ensino do esporte que vem se difundindo cada vez mais pelas mãos de diversos autores da área. Possui elementos que possibilitam ao professor intermediar o conceito do esporte, com a prática e simultaneamente promover o aprendizado crítico, consciente e reflexivo do aluno. Neste estudo, com pesquisa realizada em artigos, livros e outros trabalhos já publicados, foram analisados os conceitos de pedagogia do esporte, tendo como principal conteúdo o futebol e suas possibilidades em relação ao processo educacional no ambiente escolar.

          Unitermos: Futebol. Escola. Esporte. Educação Física. Pedagogia. Pedagogia do Esporte.

 

Abstract

          Soccer used as a means of education within schools becomes a very important tool and rich in content and alternatives. How is inserted into various vehicles of mass communication and yet very practiced in the streets and fields floodplain communication with students and their pedagogical sense are facilitated. But schools should not reproduce it according to the concept of media football competition, results and performance, but to create together with the student to reflect on the many facets and possibilities exist in this sport practices. The sport pedagogy is presented as a very interesting field of study on the teaching of sport that is spreading increasingly in the hands of many authors in the field. It has elements that allow the teacher to mediate the concept of the sport, with practice and simultaneously promote critical learning, conscious and reflective learner. In this study, a survey conducted in articles, books and other published works, we analyzed the concept of sport pedagogy, the main contents soccer and its possibilities in relation to the educational process in the school environment.

          Keywords: Soccer. School. Sport. Physical Education. Education. Sport pedagogy.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futebol e o futsal são esportes muito praticados em nosso país. Por sua simples execução motora e pelas regras muito facilitadas, adultos, jovens e crianças desfrutam dessa prática em momentos de lazer ou de maneira profissional. Ser um jogador de futebol profissional é a pretensão de muitos jovens, sendo cada vez mais precoce o início desses no esporte de rendimento através de clubes e escolinhas.

    O futebol profissional é sem dúvida um mercado muito atrativo. Ser ídolo, jogar na Europa e vestir a camisa de sua seleção, é sonho de qualquer garoto que pratica esse esporte. Segundo Valentin e Coelho1, seja pela competição racionalizada ou impregnada pelo sentimento lúdico, utilizado pelo Estado ou até atuando na coesão social, o futebol é um esporte que desempenha um papel central na nossa cultura.

    Na Escola de Ensino Básico o aluno encontra nas aulas de Educação Física a oportunidade de praticar e aprender sobre diversos esportes coletivos, e o futebol é um deles. Porém, muitos professores apenas reproduzem o que é apresentado pela mídia, tornando sua aula, quando trabalhado o conteúdo futebol, como uma espécie de “escolinha” em que, promover o alcance dos objetivos do esporte de alto desempenho e resultados é o principal objetivo. Esse processo é excludente, meninas são excluídas por não terem oportunidade perante os meninos, assim como os garotos menos habilidosos são deixados de lado, atitudes essas inadequadas e inapropriadas para ambiente escolar.

    Como define Paes2, na iniciação esportiva, na ocupação do tempo livre ou como promoção da saúde, o esporte deve ser trabalhado de forma a permitir com que os cidadãos tenham uma prática consciente, reflexiva e crítica.

    Nesse sentido o ensino do futebol na escola, assim como o de qualquer outro esporte, deve ser guiado por um sistema estrutural que promova ao aluno a assimilação do que lhe é proporcionado. Não somente a prática por si só, sem uma relação com a teoria, mas uma pedagogia que seja sistematizada com os seus objetivos, métodos e formas de ensino com o intuito de fazer com que o esporte seja bem trabalhado em seu processo educacional.

    A Pedagogia do Esporte é uma das disciplinas no campo das Ciências do Esporte, que surgiu a partir do grande interesse da sociedade, em várias épocas da história, pelas práticas esportivas corporais, fazendo com que o esporte hoje seja um dos fenômenos mais importantes desse início de século XX.3

    Essa pedagogia, portanto é uma área didática específica para o desenvolvimento de metodologias esportivas baseado em táticas, técnicas e jogos. Através das obras de autores renomados e especialistas nesta área este estudo pretende encontrar respostas que possam nortear conceitos e princípios para utilização dessa ferramenta no ensino do futebol escolar.

A pedagogia do futebol

    Para explicitar a importância da relação da pedagogia com o futebol, é interessante tratar da “brasilidade” desse esporte. Segundo Iglesias4, o que comprova essa relação do povo brasileiro com o esporte são as páginas e páginas de jornal, horas e horas das programações de TV e rádios dedicadas às notícias e às análises sobre o tema. Com isso, utilizar o futebol como instrumento de ensino, torna-se uma tarefa muito facilitada – porém cuidadosa – para o professor, devido ao futebol ser vivenciado diariamente em nosso país.

    Entende-se que o futebol deve ser trabalhado não somente na sua forma prática, mas também em outras características importantes que habitam o universo futebolístico, como as questões históricas e sociais, possibilitando uma relação maior com o esporte.

    Segundo Freire5 o futebol ensinado na escola regular ou na escola específica, deve contribuir para que a pessoa que o aprenda usufrua dele na sua vida cotidiana. No ambiente escolar, a pedagogia do esporte se volta não para a formação de atletas de performance, mas para que o futebol seja vivenciado e trabalhado de forma que todos possam ter acesso às habilidades e gestos motores de acordo com o seu desenvolvimento biológico, psicológico e social dentre outros conhecimentos, por exemplo, os conteúdos atitudinais e conceituais.

    O futebol assim como o futsal na escola deve ter uma formação básica, desenvolvendo as habilidades físico-mentais: consciência corporal, coordenação, flexibilidade, ritmo, agilidade, equilíbrio, percepção espaço-temporal em uma atmosfera de descontração, dinamismo e ludicidade.6

    O ensinar no futebol, não é uma simples transmissão de conhecimento ou imitações de gestos, onde o aluno seja apenas um receptor passivo, acrítico, inocente e indefeso de seus fundamentos técnicos. Ensinar futebol é uma prática pedagógica, desenvolvida dentro de um processo de ensino-aprendizagem, que leve em conta o sujeito aluno, criando possibilidades para construir esse conhecimento, inserindo e fazendo interagir o que o aluno já sabe, com o novo, ampliando-se assim, sua bagagem cultural e motora.7

    Para Freire5 o aprendizado do futebol assim como de qualquer outro esporte é necessário o desenvolvimento de habilidades motoras. Essas habilidades são capacidades próprias do organismo para dar base às ações humanas, como a resistência, a velocidade de movimentação, a agilidade e a flexibilidade. Essas são habilidades inespecíficas para o futebol, pois em geral correspondem às habilidades gerais para a prática de qualquer esporte, sendo essenciais para o bom desempenho.

    Ainda segundo Freire5 as habilidades gerais bem como as habilidades específicas do futebol necessitam de uma coordenação combinada entre elas para que a execução possa resultar em sucesso. São habilidades aplicadas ao futebol: a Finalização, Passe, Controle de Bola, Condução, Desarme, Lançamento, Cruzamento, Cabeceio e no caso dos goleiros, Defesa e Saltos.

    Scaglia8 classifica os fundamentos do futebol em Básicos: passe, domínio de bola, condução, drible, chute, desarme e cabeceio. Fundamentos Derivados: cruzamento, cobrança de falta e pênalti, lançamentos e tabelinhas. E os fundamentos Específicos que são as posições assumidas pelo jogador durante o jogo, como goleiro, zagueiros, laterais, meias e atacantes.

    Freire5 defende que na aprendizagem do futebol a criança deve aprender inicialmente as habilidades em que somente ela mantém o contato com a bola, como a condução, controle, finalização e cabeceio. Em seguida ele deve conhecer as habilidades exercidas com o outro, como o passe, drible e desarme. Por último, serão desenvolvidas as habilidades de atuação num jogo, incluindo todas as habilidades anteriores, mas tendo a capacidade de jogar sem bola, mentalmente, criando hipóteses e planos mentais para serem aplicados na prática.

    No ensino do futebol Scaglia7 acredita que o que deve ser ensinado vai além do aprendizado do jogo em si e de seus fundamentos dentro do seu contexto. Deve-se proporcionar ao atleta a aquisição de hábitos e condutas motoras e o entendimento do futebol como um fator cultural, criando sentimentos de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade, valores éticos, sociais e morais, para que o aluno se torne um agente transformador do seu tempo, preocupado com uma cidadania que lhe permita viver bem, qualquer que seja o caminho do futebol por ele a seguir: o esporte como profissão ou como lazer.

O futebol escolar

    É inegável que o esporte dentro da escola possui a capacidade de produzir e transmitir conhecimento além de auxiliar no processo de aprendizagem. Principalmente nas aulas de Educação Física, que devido à riqueza de conteúdos explorados na área, o esporte é um dos temas que mais motivam as crianças criando possibilidades para o professor trabalhar além de conceitos técnico-táticos, também questões sociais e culturais.

    Segundo Voser e Giusti9 , o esporte praticado na escola é de grande importância para o desenvolvimento integral da criança, desde que sejam respeitadas as individualidades dos praticantes.

    E o futebol é um dos esportes mais adorados pelos alunos e muito praticado nas escolas do país. Portanto seu ensino não pode estar preso em apenas reprodução de movimentos e nem como medição de desempenho e resultados ou ainda como forma de prática espontânea.

    Em muitas escolas, ainda hoje o futebol é ensinado de forma competitiva, atrelado ao rendimento, longe dos objetivos da disciplina e da expectativa da maioria dos alunos.9 Muitos professores de educação física reproduzem em suas aulas o jogo visto dentro das competições, ensinando as regras estabelecidas e desenvolvendo apenas o fundamento básico usado no jogo, como meio de obter êxito na aula através da vitória.

    É importante lembrar que nas escolas um dos esportes mais desenvolvidos é o futsal, sendo praticado como alternativa do futebol. O futsal representa grande parte da prática esportiva nas escolas do Brasil. Este esporte não deixa de ser uma forma adaptada do futebol, já que suas regras e a execução dos fundamentos são muito similares.

    A prática do futebol envolve a adaptação e a familiarização de seus fundamentos. É importante que o aluno aprenda a ter o contato com a bola, com o espaço de jogo, na relação com os colegas e adversários e, principalmente, em aspectos da aprendizagem motora, com o objetivo de utilizar as técnicas que envolvem essa modalidade esportiva em determinados momentos do jogo, de forma eficiente. E, finalmente, que a relação com os colegas e adversários supere qualquer manifestação de preconceitos.

    Os professores devem motivar a participação de alunos que não gostam das aulas de futebol, convidando-os para observarem o jogo, extraindo fatos que poderão ser analisados pelo grupo num momento posterior. Perguntas como: Quem são os colegas que mais recebem a bola? Por que isso acontece? Quem nunca recebe? Por quê? Em que posição cada jogador se encontra? Como ele se movimenta em campo para passar e receber a bola? São perguntas que devem fazer com que esses alunos também participem das aulas de futebol.

    Portanto para viabilizar o jogo, é necessário também, que os alunos conheçam as suas regras e significados. Dependendo de quem joga das condições e dos objetivos, com autonomia para transformar suas regras, acrescentando ou excluindo de acordo com a necessidade. Cabe ao professor proporcionar uma aula enriquecedora tratando o futebol como um tema a ser trabalhado e não uma aula reprodutora de prática.

Princípios e orientações no ensino do futebol escolar

    Para Freire5, dentro do ambiente escolar, uma aula de futebol deve incluir cinco etapas. A primeira parte se inicia com uma conversa sobre o que vai ser a aula. Na segunda parte o professor deve orientar jogos adaptados de futebol ou brincadeiras, referentes ao tema da aula anterior, observando erros e corrigindo alguns gestos. A terceira parte se dá com os exercícios específicos pra determinada habilidade do futebol. A quarta parte é novamente um jogo adaptado ou alguma brincadeira tendo como tema a habilidade aprendida na aula atual. E por fim a quinta parte será uma roda da conversa em que os alunos deverão falar sobre a experiência na aula.

    Já segundo Voser e Giusti9, para o planejamento de uma aula de educação física com o tema futebol, o autor classifica a aula com três momentos, o aquecimento, antecedido de uma breve conversa sobre a aula, e atividades com o objetivo de preparar o corpo do aluno para as atividades. O desenvolvimento ou parte principal, com atividades e exercícios voltados para desenvolvimento das propriedades motoras específicas. E a volta à calma ou parte final, fazendo os alunos retornarem às suas atividades com a mesma frequência cardíaca inicial.

    Segundo Scaglia7,a aula deve ter o seu momento de conversa entre o professor e alunos, sempre no começo e no fim da aula, onde estimula o aluno a recordar o tema e as atividades da aula anterior, para depois explicar o tema da atual, com o intuito dele perceber e ter consciência da sequência de seu aprendizado. A conversa final tem como tema os acontecimentos da aula, o desenvolvimento das brincadeiras e possíveis problemas que surgiram. Sendo muito importante que durante a aula, o professor reúna os alunos para uma melhor explicação em caso de dúvidas ou outras situações necessárias.

    Voser e Giusti9 ainda defendem que a divisão em séries possibilita uma sequência interessante para o desenvolvimento do aprendizado. Ele divide em: Educação infantil até o 5º ano do ensino fundamental, tempo de muita vivência motora, com espaços e bolas diferentes. 6º a 9º ano do ensino fundamental, com o objetivo de mesclar atividades técnicas com formas recreativas. E o Ensino Médio, continuidade nos processos anteriores, elevando o grau de dificuldade tática e técnica.

    Sadi10 assim como Freire5, Scaglia7, Voser e Giusti9, defende que os anos escolares iniciais devem estar voltados para a iniciação, para o período preparatório buscando a aprendizagem e diversas experiências motoras, e não especificamente as habilidades do futebol. A partir dos 10 e 11 anos, os alunos devem estar mais próximos aos movimentos e às habilidades do futebol introduzindo a prática de pequenos e grandes jogos, possibilitando a criação e o desenvolvimento de suas vivências. Com isso, a partir dos 14 e 15 anos, com o ingresso no ensino médio, o aluno poderá desenvolver sua capacidade cognitiva quanto às situações de jogo, pois a complexidade de movimentos possibilitará uma maior necessidade de exploração de habilidades motoras e intelectuais. Fatos históricos, sociais e políticos podem ser pedagogizados neste momento.

    O aluno deve ser capaz de criar possibilidades de execução dos objetivos que necessitam o futebol. Não adianta o aluno saber chutar muito bem se não sabe o momento ideal de executar o chute. Um bom driblador nem sempre executa seu drible no momento ideal de ataque, assim como um bom atacante às vezes não consegue jogar sem a posse de bola sendo presa fácil da marcação adversária.

    O ensinamento de gestos motores são essenciais para a aprendizagem do futebol na escola, mas só a execução do gesto em si não possibilita com que o aluno aprenda a jogar. Talvez o erro de muitos professores é fazer seus alunos repetirem fundamentos de forma impecável, ao invés de proporcionar a execução eficiente do movimento de acordo com a necessidade em que o jogo propõe. Se a escola não é o lugar para desempenho e resultados, a aprendizagem dos movimentos não deve ser capaz de serem eficientes e corretos, mas eficazes perante as situações de ataque e defesa encontradas pelo aluno durante o jogo.

    Scaglia7 e Freire5 veem o jogo como uma oportunidade do aluno desenvolver e criar suas habilidades. Os jogos populares, aqueles praticados na rua e em outros contextos, além do jogo transformado e adaptado fazem parte do futebol e são essenciais no processo de ensino.

    Em se tratando de jogo transformado, Kunz11 defende a teoria da transformação didática do esporte dentro do ambiente escolar. No futebol isso pode ser comprovado em jogos e atividades que não seja apenas a reprodução do futebol com suas regras originais. O professor pode criar alternativas que possibilite com que os próprios alunos criem suas regras e possam a partir disso conhecer mais a respeito do futebol. Desenvolvendo a autonomia na compreensão do futebol em seu caráter total, seja dentro ou fora da escola.

    Greco e Benda12 além de Go Tani13 defendem o ensino das práticas coordenativas. E no futebol isso é muito importante, o aluno tem o direito de aprender os movimentos técnicos. Os autores defendem a tese do ensino de técnicas e aspectos motores que envolvem o esporte, mas diferenciando bem o aprendizado escolar do aprendizado para o rendimento.

    Garganta e Graça14 acreditam na prática de jogos coletivos como meio de aprendizagem motora e intelectual. No futebol, vários jogos coletivos reduzidos são interessantes para o desenvolvimento das habilidades. É durante o jogo que o aluno necessita pensar e criar alternativas para utilizar suas capacidades coordenativas motoras. É durante a atividade que o aluno irá criar o desenvolvimento de seus fundamentos da maneira em que ele conseguir de acordo com o que ele sabe.

    Durante as aulas de futebol na escola, o professor não precisa saber executar bem o movimento e nem ser especialista em futebol para ensinar futebol, ele precisa antes de tudo ser um professor capaz de proporcionar suas atividades de forma enriquecedora.

    Voser e Giusti9 destacam alguns pontos importantes que o professor deve se ater durante as aulas de futebol. Como estabelecer vínculo afetivo com seus alunos, transmitindo apoio e segurança sempre usando a motivação. Promover a convivência entre meninos e meninas assim como a participação de todos. Escolher atividades que se encaixem ao fundamento específico, permitindo a adaptação da criança ao jogo na sua relação com as bolas, colegas e adversários. Incentivar os alunos à criação e reformulação de regras, e acima de tudo mostrar-se organizado perante aos objetivos e o desenvolvimento da aula.

    As aulas devem ser diversificadas e lúdicas, com o planejamento feito com antecedência. Todos os alunos principalmente na fase de aprendizagem e iniciação devem atuar em todas as posições durante o jogo, além de proporcionar adaptações nas regras do jogo, dando preferência a jogos em pequenos grupos.

    O processo de avaliação é muito importante no processo de ensino do futebol. Segundo Freire5 a avaliação tem por finalidade classificar de forma qualitativa e quantitativa a evolução dos alunos, através de observações subjetivas de aulas e competições.

    Sadi10 considera que uma avaliação autêntica é aquela que busque a aprendizagem e o envolvimento dos alunos de forma verdadeira, servindo como medida de responsabilidade para professores e alunos, sendo mais eficaz do que apenas tentar medir performances.

Considerações finais

    O futebol além de proporcionar o desenvolvimento de capacidades motoras possibilita também certa integração social, o respeito ao adversário, pois quando se joga, joga com alguém e não contra alguém. A competição nesse sentido deve ser saudável servindo como forma do aluno enfrentar situações até então desconhecidas para ele durante o jogo, e construir sua autonomia. O aluno deve pensar sobre o jogo e não somente aprender a chutar, a executar perfeitamente o movimento de passe ou a driblar cones com exatidão. A escola é um ambiente que promove e busca a ação consciente e a capacidade crítica dos alunos de pensar sobre determinado tema, e o futebol é um deles.

    Por fim a aula de futebol não deve ser sinônima da aula de Educação Física ou vice-versa. Esta disciplina é muito extensa em atividades e temas para se limitar apenas em um esporte. Portanto, enquanto conteúdo inserido dentro da escola, o futebol deve ser trabalhado com uma pedagogia esportiva que se utiliza de todos os meios necessários para que o aluno conceba o futebol não apenas como lazer ou como uma brincadeira, mas o analise como um esporte inserido em nossa cultura, e rico em elementos pedagógicos para a sua formação.

    Em se tratando do tema futebol muitos estudos ainda são necessários para contribuir para o desenvolvimento do conhecimento e de apontamentos pedagógicos direcionados para este esporte.

Referências

  1. VALENTIN, R. B.; COELHO M. Sobre as escolinhas de futebol: processo civilizador e práticas pedagógicas. Revista Motriz, Rio Claro: v.11 n.3 p.185-197, set./dez. 2005.

  2. PAES, R.R. Educação física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Canoas: ULBRA, 2001.

  3. FREIRE, J. B. Pedagogia do Esporte. In: Moreira, W. W.;Simões, R. (Org.) Fenomêno esportivo no início de um novo milênio. Piracicaba : Editora Unimep, 2000.

  4. IGLESIAS, Marcelo. Futebol e educação: como podemos utilizar a modalidade para o ensino? O Brasil, apesar de ser o país com maior destaque no futebol, usa pouco o esporte para auxiliar na educação de crianças e jovens. Dezembro, 2010. Disponível em: http://www.educacaofisica.org/wp/futebol-e-educacao-como-podemos-utilizar-a-modalidade-para-o-ensino/. Acesso em: 22 jan. 2013.

  5. FREIRE, J. B. Pedagogia do futebol. Campinas: Autores Associados, 2003.

  6. SILVA, Nilton A. O futsal na área escolar. Janeiro, 2008. Web Artigos.

  7. SCAGLIA, A.J. O futebol que se aprende e o futebol que se ensina. 1999. 169f. Dissertação (Mestrado)- Faculdade de Educação Física- Unicamp, Campinas, 1999.

  8. SCAGLIA, A.J. O futebol e o jogo/brincadeira de bola com os pés: todos semelhantes, todos diferentes, 2003. 164f. Tese (Doutorado)- Faculdade de Educação Física, Unicamp, Campinas, 2003.

  9. VOSER, R. C.; GIUSTI, J.G. O futsal e a escola: uma perspectiva pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002.

  10. SADI, Renato S. Pedagogia do Esporte: descobrindo novos caminhos. 1. Ed. São Paulo: Ícone, 2010.

  11. KUNZ, Elenor. Esporte e Processos Pedagógicos. In: Moreira, W. W.;Simões, R. (Org.) Fenomêno esportivo no início de um novo milênio. Piracicaba : Editora Unimep, 2000.

  12. GRECO, P. J.; BENDA, R. N. Iniciação esportiva universal: da aprendizagem motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: UFMG, 2007. v.2. 228 p.

  13. TANI, G. Cinesiologia, Educação Física e esporte: ordem emanante do caos na estrutura acadêmica. Motus Corporis. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, v. 2, n. 3, p. 9-40, 1996.

  14. GARGANTA, J. (1995): Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In: A. Graça & J. Oliveira (Orgs.). O ensino dos jogos desportivos. 2. ed. Universidade do Porto: Porto, 1995.

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