Práxis pedagógica na Educação Física: a dança enquanto conteúdo estruturante nos documentos oficiais La praxis pedagógica en Educación Física: el baile en tanto contenido estruturante en los documentos oficiales |
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*Doutoranda do Programa de Pós Graduação Em Educação, UEM. Docente do Departamento de Educação Física Da Universidade Estadual de Maringá, Paraná. Participante do Grupo de Estudos Corpo, Cultura e Ludicidade- GPCCL/UEM. Participante do Grupo de Estudos e Pesquisas Em Estado, Políticas Educacionais e Infância, UEM **Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Educação/UEM – Docente do Departamento de Educação Física da UNICESUMAR – Participante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado, Políticas Educacionais e Infância. UEM, Maringá, Paraná ***Especialista – Professora da Rede Pública de Ensino do Município de Maringá, Paraná ****Pós Doutora Em Educação – Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado, Políticas Educacionais e Infância / Docente do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Estadual de Maringá, Paraná |
Vânia de Fátima Matias de Souza* Mara Cecília Rafael** Talita Moreno de Melo*** talitamoreninha574@hotmail.com Angela Mara de Barros Lara**** (Brasil) |
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Resumo Com o objetivo de analisar as contribuições da Dança enquanto conteúdo estruturante nos documentos oficiais da educação física escolar, utilizou-se da metodologia bibliográfica, sustentados pela análise de documentos oficiais: Diretrizes Curriculares do Paraná e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Os resultados demonstram que a dança na escola, aparece nos documento oficiais como possibilidade ao educando ter uma formação inclusiva crítica e reflexiva voltada para a inclusão das diversidades, ampliando suas capacidades de interação social e afetiva, colaborando para o sua formação. Conclui-se, a partir da análise nos documentos oficiais que, a dança enquanto conteúdo estruturante se apresenta como facilitadora para a formação de um repertório gestual que se reflete no comportamento social do indivíduo. Unitermos: Dança. Educação Física escolar. Conteúdo estruturante.
Resumen Con el objetivo de analizar los aportes del baile, en tanto contenido estructurante en los documentos oficiales de la Educación Física, se utilizó la metodología bibliográfica, con el apoyo de análisis de documentos oficiales: Lineamientos Curriculares de Paraná y los Parámetros Curriculares Nacionales. Los resultados demuestran que el baile en la escuela aparece en los documentos oficiales como una oportunidad para educar de forma crítica y reflexiva orientada hacia la inclusión de las diversidades, la ampliación de sus capacidades para la interacción social y afectiva, lo que contribuye a su formación. Se desprende del análisis de los documentos oficiales que la danza como contenido estructurante se presenta como facilitador para la formación de un repertorio gestual que refleja el comportamiento social del individuo. Palabras clave: Baile. Educación Física. Contenido estructurante.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Na sociedade contemporânea, a Dança é uma área de conhecimento que, contribui para o desenvolvimento integral do homem, tornando-a assim, um importante alicerce para a formação integral desse sujeito histórico, que influencia e é influenciado pelas ações e, pelo contexto do qual faz parte. Vale ressaltar que, nesse processo de formação os campos sociais, econômicos e afetivos, se entrelaçam aos saberes provenientes do universo de formação do ensino formal. O dançar se torna a expressão e um determinado tempo histórico, refletindo uma determinada sociedade, a natureza de um povo, bem como seus costumes e tradições.
Neste contexto, o professor passa a ter a necessidade em relacionar e, tornar a dança efetivamente um conteúdo estruturante a ser desenvolvido no universo da educação física escolar, isto porque, a Dança-Educação, pode ser entendida como uma possibilidade de ligação, comunicação ou linguagem gestual entre os alunos, permitindo, que essa experiência possa ser prazerosa e gratificante aos mesmos. Por meio da multiplicidade de sinais e mensagens que nosso corpo transmite que constituímos uma linguagem não-verbal responsável pela transmissão de informações por meio do nosso corpo, em suma da Dança.
A dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno possa desenvolver todos os seus domínios do comportamento humano, uma vez que o processo de educação visa à formação do homem para viver em sociedade, e essa preparação (formação) ocorre por meio de vários segmentos, sendo eles, sociais, familiares, religiosos, grupos comunitários, escola, dentre outros espaços.
Por meio dessas diversificações e complexidades, que o professor pode contribuir para a formação de estruturas corporais mais complexas. Diante desses apontamentos surge-nos a seguinte indagação: Será que a dança nos documentos oficiais da educação física escolar, aparece como conteúdo estruturante, ou restringe-se ao universo das festividades escolares?
A pesquisa do tipo bibliográfica, sustentada pela análise documental, utilizou como instrumentos de pesquisa as Diretrizes Curriculares do Paraná e os Parâmetros Curriculares Nacionais, sendo o objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre o tema determinado e proporcionar uma visão geral e aproximativa acerca do fato a ser estudado.
Neste sentido, a discussão pauta-se na analise acerca da Dança que faz parte do contexto educacional, para entender o discurso do corpo, na sua relação consigo mesmo e nas relações que se estabelecem entre o corpo e o real. Iremos analisar as contribuições da Dança enquanto conteúdo estruturante nas aulas de educação física escolar, e sua relação com os aspectos do desenvolvimento social e motor de crianças.
Almejamos entender o gestual da Dança, enquanto, elemento educacional na formação do comportamento social do indivíduo, uma vez que o mesmo é uma estratégia de por meio da Dança trabalhar conteúdos muitas vezes distintos do universo da criança. Buscou-se para as discussões os documentos oficiais que fazem referencia a dança como conteúdo estruturante no universo escolar. A partir dessa busca chega-se aos pressupostos e normativas das Diretrizes Curriculares do Paraná e os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física que trazem uma proposta que procura democratizar e diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, incorporar e organizar, as principais questões que o professor deve considerar no desenvolvimento de seu trabalho.
1. Dança no contexto histórico: um foco no universo escolar
A Dança esta presente na vida do homem como uma forma de expressão representativa de diversos aspectos. Pode ser considerada como uma linguagem social ou verbal, que possibilita a transmissão de emoções e afetividades vividas em esferas profissionais, pessoais, religiosas, rotineiras, etc. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
A dança nasceu na expressão das emoções primitivas, nas manifestações, na comunhão mística do homem com a natureza. Ela é tão antiga como a própria vida humana. Segundo os estudos de Fahlbusch (1990), os primeiros documentos que tratam da origem pré-histórica dos passos de dança, são provenientes de descobertas das pinturas e esculturas gravadas nas pedras lascadas e polidas das cavernas.
O corpo humano, quando tomado pelo ritmo, pelo movimento, pela cor, consegue construir um esquema plástico, dinâmico e particular, logo a dança, um meio expressivo que se utiliza exclusivamente do corpo como material básico de construção (MOURA, 1998).
A Dança Educativa Moderna, proposta por Laban (1990), sugere que, o movimento seja utilizado como um instrumento de expressão, sendo importante não apenas que o indivíduo ao dançar se torne ciente das várias articulações do corpo e seu uso na criação de padrões espaciais e rítmicos, como também perceba o estado de espírito e, a atitude interna produzida pelas ações corporais, ou seja, o aprendiz precisa pensar o movimento. Dessa forma:
Durante os anos escolares muitas de nossas crianças não aprendem a apreciar o movimento. É necessário primeiramente conscientizar os educadores e educandos, alertando-os o quanto depende sua felicidade futura de uma vida de movimentos intensos (consciência corporal). A escola, enquanto meio educacional deve oportunizar a prática motora, pois ela é essencial e determinante no processo de desenvolvimento geral da criança. A atuação do professor principalmente nas séries iniciais deverá ser planejada e coerente (CARBONERA; CARBONERA, 2008, p.08).
A educação física associada à dança na escola, deverá ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica e despertar no aluno uma relação concreta sujeito-mundo. Por meio desse processo de ensino aprendizagem é possível estimular na criança sua capacidade de solucionar problemas de maneira criativa; desenvolver memória; o raciocínio; a autoconfiança e a autoestima; fazendo com que a mesma desenvolva uma socialização melhor com ela e com os outros colegas, ampliando o seu repertorio de movimento e gestualidade.
A dança vista pelo viés educacional, muitas vezes parece ser algo distante da realidade aplicada à mesma. Prova disso, é que,
[...] em relação ao trato com a dança na educação física, seu ensino, quando concretizado, é pautado na instrução pelo professor e na execução pelos alunos, reproduzindo fielmente os movimentos realizados pelo docente. Por muitos anos e, em grande parte das escolas, a dança foi vista como forma de atividade física, assim como o futebol ou o basquete, exceto pelo fato de que usa música em vez de bola. Tal viés constitui-se tão forte historicamente que, mesmo hoje, a ideia sobressalente em muitas pessoas é que fazer dança e apresentá-la é reproduzir sequências de movimentos. Isso se dá mesmo em meio a ruptura desse ensino tradicional rumo a formas diferenciadas de se ensinar dança (LARA, 2010, p. 146).
A Dança-Educação é um referencial para as questões que norteiam a educação física, possam apresentar novos olhares para o ser humano, mostrando o quanto o mesmo pode criar, expressar, aprender, socializar e cooperar se educado também pela dança. Sendo assim,
Devemos incluir a dança não apenas na teoria no planejamento, onde no papel fica bonito e pode ate dar certo aquela aula, mas é na prática que funciona, em atividades que colaborem no desenvolvimento da coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade, criatividade, musicalidade, socialização e o conhecimento da dança em si. Ainda mais em fase escolar, onde as aulas possuem um caráter lúdico e dinâmico, assim a criança terá a oportunidade de trabalhar o conhecimento do seu próprio corpo, noções de espaço e lateralidade, utilizando seus movimentos naturais, auxiliando no seu desenvolvimento e ainda trabalhando as expressões corporais e faciais de forma espontânea, fazendo com que ela não tenha problemas na fase adulta (CARBONERA; CARBONERA, 2008, p.09).
Entretanto, para que a proposta curricular tenha o efeito desejado pelo professor, enriquecendo sua prática e servindo como instrumento transformador, se faz necessário que este não aceite propostas já pré-determinadas sem antes compreendê-la, discuti-la e questioná-la, modificando-a e adaptando-a sempre que necessário (BARBOSA, 2001).
Nesta perspectiva, Pereira et al (2001, p.61) ressalta que,
[...] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, podem-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.
Sendo assim, a dança escolar deve permitir ao educando:
Conscientização, Expressão corporal e dança escolar ou dança fácil é para todos os interessados em uma dança que não tem exigências de idade, condicionamento físico, preparo corporal, flexibilidade, problemas com articulações, postura e desenvoltura. A dança escolar visa trabalhar todos os aspectos acima relacionados sendo que cada um, dentro de seus limites e possibilidades executará os movimentos propostos não havendo nenhum compromisso em acertar ou errar, pois o objetivo é levar as crianças a descobrirem habilidades que desconhecia, trabalhando a reeducação postural, a psicomotricidade, disciplina, etc. (CARBONERA; CARBONERA, 2008, p.24).
Vargas (2003) afirma que, a atividade da dança na escola engloba a sensibilização e conscientização dos alunos, tanto para suas atitudes, quanto os gestos, posturas, atitudes e ações cotidianas como para as necessidades de expressar, comunicar, criar, compartilhar e interagir na sociedade.
Assim, promover o progresso da educação por meio da dança escolar não se resume apenas em buscar sua execução em datas comemorativas (VERDERI, 2000); tampouco oferecer a ideia de que dançar se aprende dançando. Marques (2003), ressalta que o estudo e a compreensão da dança corporal e intelectualmente falando, vão muito além do ato de dançar.
2. Dança no contexto legislativo: a visão da Dança enquanto conteúdo estruturante da Educação Física Escolar
Mesmo entendendo que críticas no campo dos intelectuais da educação brasileira são regidas constantemente aos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação, entende-se nesse momento que esse ainda é um documento que norteia e alicerça a prática docente cotidiana por essa razão sua apropriação mesmo entendendo e aceitando suas fragilidades e limitações para o campo de atuação a investigação vem elucidar sua perspectiva no campo da educação física, uma vez que trazem uma proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão apenas biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos. Incorpora, de forma organizada, as principais questões que o professor deve considerar no desenvolvimento de seu trabalho, subsidiando as discussões, os planejamentos e as avaliações da prática de Educação Física (BRASIL, 1998).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais baseiam-se em documentos elaborados pelo Ministério da Educação brasileiro com o objetivo de conduzir e direcionar o trabalho dos professores do ensino fundamental (de 1ª a 8ª séries) e do ensino médio (1º ao 3º colegial). Foi elaborado um PCN para cada disciplina curricular: artes, educação física, português, matemática, etc.
Em outro trecho o documento explicita:
O trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções (BRASIL, 1997, p. 15).
A Educação Física inclui o conteúdo de dança em seu campo de atuação. E esta vem ganhando espaço em meio ao currículo escolar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, por exemplo, afirmam que o ensino de dança na escola deve ser de responsabilidade do professor de educação física. Prova disso é que,
O professor, ao trabalhar com a dança no espaço escolar, deve tratá-la de maneira especial, considerando-a conteúdo responsável por apresentar as possibilidades de superação dos limites e das diferenças corporais. A dança é a manifestação da cultura corporal responsável por tratar o corpo e suas expressões artísticas, estéticas, sensuais, criativas e técnicas que se concretizam em diferentes práticas, como nas danças típicas (nacionais e regionais), danças folclóricas, danças de rua, danças clássicas entre outras. Em situações que houver oportunidade de teorizar acerca da dança, o professor poderá aprofundar com os alunos uma consciência crítica e reflexiva sobre seus significados, criando situações em que a representação simbólica, peculiar a cada modalidade de dança, seja contemplada (BRASIL, 2008, pg. 70).
Dessa maneira, é importante que o professor compreenda que a dança se constitui como elemento importante e significativo na construção do planejamento da disciplina de Educação Física no espaço escolar, pois contribui para desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a expressão corporal, a cooperação, entre outros aspectos. Além disso, ela é de extrema importância para refletirmos sobre a realidade que nos cerca, saindo do senso comum.
Sendo assim, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), é um documento que compreende a educação física como cultura corporal, e "dentre as produções dessa cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física em seus conteúdos: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta" (BRASIL, 1997, p. 26-7).
A Educação Física no ensino fundamental divide seus conteúdos segundo os PCN’s em três blocos. Sendo eles, Esportes, jogos, lutas e ginásticas; Conhecimentos sobre o corpo; e Atividades rítmicas e expressivas. Sendo esse ultimo onde a dança esta inserida e deve ser trabalhada dentro do âmbito escolar.
Retratando a perspectiva documental, podemos observar nas Diretrizes Curriculares do Paraná, que a Dança é sugerida como sendo uma possibilidade de trato com a Educação física enquanto conteúdo estruturante, sendo essa definida como:
[...] conhecimentos de grande amplitude, conceitos ou práticas que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para compreender seu objeto de estudo/ensino. Constituem-se historicamente e são legitimados nas relações sociais. Os Conteúdos Estruturantes da Educação Física para a Educação Básica devem ser abordados em complexidade crescente, isto porque, em cada um dos níveis de ensino os alunos trazem consigo múltiplas experiências relativas ao conhecimento sistematizado, que devem ser consideradas no processo de ensino/aprendizagem. Logo, é por meio desse estilo de abordagem que os Conteúdos Estruturantes contempla os fundamentos da disciplina, em articulação com aspectos políticos, históricos, sociais, econômicos, culturais, bem como elementos da subjetividade representados na valorização do trabalho coletivo, na convivência com as diferenças, na formação social crítica e autônoma (PARANÁ, 2008, p. 62)
A Dança enquanto Conteúdo Estruturante procurar trabalhar no espaço escolar de maneira na qual o aluno possa superar seus limites e interagir com os seus colegas. Podemos afirma que:
[...] é a manifestação da cultura corporal responsável por tratar o corpo e suas expressões artísticas, estéticas, sensuais, criativas e técnicas que se concretizam em diferentes práticas, como nas danças típicas (nacionais e regionais), danças folclóricas, danças de rua, danças clássicas entre outras (PARANÁ, 2008, p. 70).
Nas aulas práticas, o papel do professor é de aliar os aspectos culturais e regionais específicos do ambiente a qual estão inseridos, e por meio dos mesmos possibilitar vivências desses diferentes estilos de dança, e proporcionar aos alunos a liberdade de recriação coreográfica e a expressão livre dos movimentos.
Outra maneira de abordagem da dança, nesta perspectiva crítica proposta pelas Diretrizes, seria problematizar a forma como outras formas de manifestação corporal vem se destacando por meio da mídia. O professor deve propor o contexto da dança em diferentes ambientes, e não somente na cultura da qual envolve seu estado. O aluno deve uma visão critica de como se constituíram historicamente as danças, quais os seus significados, suas principais características, vertentes e influências que sofrem pela sociedade em geral.
Conclusão
Concluímos após análise da Dança enquanto conteúdo estruturante da educação física, que a mesma esta presente na formação educacional do aluno, porém a ideia original de aplicar a Dança enquanto atividade lúdica que proporcione prazer ao praticante, ainda não se cumpre na integra, logo não possibilita aos alunos as perspectivas de uma pratica que envolve entretenimento e sim, somente a apresentação de movimentos mecânicos para datas comemorativas que a escola apresenta.
Desse modo, expressões como: criatividade, vivenciar corporalmente, reinterpretar danças a partir de seus corpos e da história inscrita neles através de suas experiências e vivências, descobrir e ousar, a importância de experimentar a dança com o outro, conhecer novos conceitos gestuais (significações corporais), entre tantos outros referenciais, são a base para o indivíduo ter um contato mais intimo com a Dança.
Pretendemos com essas reflexões perceber como a Dança enquanto elemento educacional, fazendo parte de uma linguagem não verbal, pode ter importância no comportamento do indivíduo. É possível notar que o ato de Dançar, é transmitir mensagens com o próprio corpo com sua linguagem: o movimento. Desse modo, expressar-se pelo movimento permite o corpo deslocar-se, transformar-se, projetar-se no tempo e no espaço, e através disso demonstrar sua percepção de mundo através da linguagem do corpo.
Cabe, aos profissionais da área de Educação Física a função de orientar a maneira mais eficiente de utilizar a comunicação, como forma de desempenhar um papel adequado entre todas as formas de comunicar-se com o corpo, mostrando assim a importância do movimento, do gesto e também da Dança, enquanto facilitadora para a formação de um repertório gestual que se reflete no comportamento social do indivíduo.
A aprendizagem pela Dança, possibilita ao individuo a integração entre o que pensamos, sentimos e expressamos. Estas discussões apontam para o compromisso que se deve ter enquanto educador, assumindo uma atitude consciente na busca de uma prática pedagógica mais coerente com a realidade, em que a dança leva o indivíduo a desenvolver sua capacidade criativa numa descoberta pessoal de suas habilidades, contribuindo de maneira decisiva para a formação de cidadãos críticos autônomos e conscientes de seus atos, visando a uma transformação social.
A dança na escola quando aplicada com metodologia adequada e, principalmente com consciência pedagógica apropriada, possibilita ao educando ter uma formação íntegra, ampliando suas capacidades de interação social e afetiva, desenvolvendo as capacidades motoras e cognitivas. O professor quando ministra uma aula lúdica e não competitiva, mostra ao aluno as possibilidades de integração entre todos os alunos, aumentando assim a integração entre os indivíduos colocando em prática o sentido de uma educação voltada para a inclusão social e suas relações com a diversidade. Nós enquanto educadores somos os responsáveis por programar um ensino que possibilite aos seus alunos o envolvimento, a motivação, o entusiasmo, a curiosidade e o espírito crítico.
Esperamos que essas reflexões levem a conexões, novas ideias, discussões, sobretudo do aprofundamento da Dança, contemplando também a atuação enquanto professor visando cada vez mais autonomia profissional, na busca de uma formação acadêmica mais coerente com a realidade do processo educativo e social.
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