A dança e a inclusão de alunos com necessidades especiais. Um relato de experiência La danza y la inclusión de los estudiantes con necesidades especiales. Un relato de experiencia |
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*Graduada em Educação Física (ULBRA-SM) Mestre em Envelhecimento Humano (UPF) **Graduada em Educação Física (UPF) Mestre em Envelhecimento Humano (UPF) (Brasil) |
Alessandra Cardoso Vargas* Simone Krabbe** |
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Resumo Este artigo propõe analisar e refletir sobre o ensino da dança com alunos portadores de necessidades especiais, bem como a forma de propiciar sua inclusão nesse contexto, visando à contribuição para a educação e a melhoria da qualidade de movimento. Foi construída uma matriz teórica para fundamentar o desenvolvimento de experiências em aulas de dança numa escola de educação especial situada na região central do estado do Rio Grande do Sul (RS). Abordaram-se as relações entre o conhecimento, experiência e dança que contemple a vivência de experiências com esta população. Constatou-se que o planejamento e a organização das aulas, utilizando-se do meio e do confronto com a inclusão podem vivenciar possibilidades para que eles tenham acesso ao conhecimento e utilizem suas capacidades de expressar, verbalizar e atuar de maneira crítica e criativa, sem que nenhuma de suas potencialidades seja negligenciada. Unitermos: Dança. Inclusão. Socialização.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O presente artigo propõe uma reflexão sobre a dança, compreendendo-a como um processo educativo e inclusivo capaz de propiciar a aquisição de conhecimento a partir de experiências vividas com pessoas Portadoras de Necessidades de Especiais (PNEs).
Em virtude da atual conjuntura, chegamos à questão que nos levou à realização da pesquisa, na busca de esclarecer nossas dúvidas como profissionais de educação física e aprofundar nossos conhecimentos e referenciais na instrumentalização do caminho profissional escolhido: quais os fatores determinantes da dança no contexto da inclusão? Dessa forma, realizou-se uma pesquisa bibliográfica no sentido de fundamentar o desenvolvimento de experiências vividas em aulas de dança numa escola de educação especial, situada na região central do estado do Rio Grande do Sul.
A partir das atividades realizadas com alunos PNEs, acreditamos ser possível promover o processo criativo, a participação coletiva, a tomada de consciência, a autonomia e liberdade para poder escolher e atuar no seu contexto da inclusão. As emoções podem servir de base, pois a dança como um elemento pertencente à educação física é desenvolvida a partir das sensações, percepções e emoções dos alunos, podendo ser compreendida como um processo de autoconhecimento, conhecimento do mundo e suas complexas relações, configurando-se como um fenômeno histórico-social de caráter educativo.
A dança, considerada como um dos conteúdos da educação física é uma linguagem da arte que expressa diversas possibilidades de assimilação do mundo. É uma das expressões significativas que integra o campo de possibilidades artísticas, contribuindo para a ampliação da aprendizagem, para a formação humana e para qualidade de vida das pessoas.
Comprovadamente, esta atividade tem se assegurado como fator preventivo e de manutenção para um bom funcionamento do organismo das pessoas, pois, segundo Oliveira et al. (2002), a linguagem da expressão corporal e da dança se manifesta, e, é percebida em vários níveis simultâneos.
O desenvolvimento de diferentes aspectos através da arte da dança ocorre, pois ajuda a desenvolver a personalidade de maneira equilibrada, propicia a aquisição de conhecimento, conceituação, entendimento e aceitação do próprio indivíduo. Através da autoavaliação e da autocrítica, permite a realização e independência emocional controlada, ou seja, o domínio e disciplina dos próprios impulsos, consequentemente aumenta a sensação de bem-estar e permite ao indivíduo criar uma escala de valores ajustada a seu nível de exigência que lhe possibilite suplantar-se (VARGAS, 2003). Assim, se respeitados os critérios de individualidade que são próprios de cada um de nós, a dança contribuirá sempre que efetivamente na reabilitação de qualquer tipo de deficiência de que conhecemos.
Nesse sentido, o estudo objetivou-se analisar e refletir sobre o ensino da dança com alunos portadores de necessidades especiais, bem como a forma de propiciar sua inclusão nesse contexto, visando à contribuição para a educação e a melhoria da qualidade de movimento, realizando e promovendo atividades de dança, ritmo e expressão corporal adequada, proporcionando-lhes a reeducação e criação de movimentos, a integração, a socialização, a melhoria da autoconfiança, da autoestima, auxiliando desta forma, no desenvolvimento global dos alunos.
Metodologia
Este estudo desenvolveu-se seguindo uma sistemática elaborada, visando à abrangência gradual e permanente dos alunos com necessidades especiais, de uma escola especial, situada na região central do estado do Rio Grande do Sul.
A primeira etapa consistiu em realizar um diagnóstico sobre o interesse da escola em proporcionar aos alunos as atividades de dança, e, o interesse dos alunos em praticá-las. Visto que, para os alunos da escola, as atividades foram de suma importância, pois a cada dia descobriam através da música, sentimentos e emoções às vezes escondidos.
A segunda etapa se constituiu no planejamento das aulas, e, horários disponíveis para a realização das mesmas. Os alunos participantes tinham Deficiência Física, Mental, Síndrome de Down e Deficiências Múltiplas. E a terceira etapa foi desenvolver as atividades que trabalhassem o desenvolvimento motor, cognitivo e social dos alunos; acompanhá-los nas vivências da dança, ritmo e expressão corporal; assessorá-los através de projetos ou ações que viabilizem o desenvolvimento participativo e qualitativo nesta atividade; e por fim, oportunizá-los apresentação de espetáculos.
A dança e a inclusão
Para Achcar (1998, p. 14) a dança na vida do ser humano é fundamental, tanto para sua formação artística quanto para sua integração social. Tudo porque ela desenvolve os estímulos de seus praticantes como:
sentir os movimentos e seus benefícios para seu corpo. Visual- ver os movimentos e transformá-los em atos. Auditivo – ouvir a música e dominar o seu ritmo. Afetivo- emoções e sentimentos transpostos na coreografia. Cognitivo– raciocínio, ritmo, coordenação. Motor- Esquema corporal. As atividades propostas visam o desenvolvimento da coordenação motora, equilíbrio e flexibilidade.Tátil-
A dança possibilita trabalhar aspectos como a criatividade, musicalidade, socialização e o conhecimento da atividade em si, contribuindo assim, na consciência corporal, comunicação, bem-estar, entre outros benefícios.
Falando sobre a inclusão social, a dança é um meio de promover a socialização, o respeito, o direito à individualidade, limites, entre outros quesitos que são explorados nos PCNs (BRASIL, 2001). Mas, para que isso aconteça de forma adequada, é preciso formação para os professores, e oferecer condições ideais para qualquer tipo de aluno com necessidade especial.
Acredita-se que esta atividade física é uma das formas que o indivíduo tem de desenvolver interesses e potencialidades "sufocadas" por algum tipo de necessidade especial ou não. Para Marques (2010), a dança hoje é percebida por seu valor em si, muito mais do que um passatempo, um divertimento ou um ornamento. Na educação, ela deve estar voltada para o desenvolvimento global da criança e do adolescente e favorecer todo tipo de aprendizado que necessitam.
Para Lima e Bosque (2010), ensinar a dança para pessoas cujo corpo apresenta uma deficiência é muito importante. Todavia, é preciso ressaltar que a palavra ensino tem que ser colocada como a ação do professor em despertar e orientar o aluno para o movimento, deixando-o livre para desenvolver qual o gesto adequado para expressar como o aluno percebeu e percebe aquilo que lhe é proposto. E, não aquele ensino, que vem do comando do que deve ser feito, que imprime um modelo, que se antecipa autoritariamente, definindo qual gesto é harmonioso, para a justeza do movimento.
Uma maneira bem eficiente de se trabalhar a dança com alunos especiais, é utilizá-la de forma educacional recreativa, sendo uma excelente forma de estabelecer a saúde, aptidão física, autoconfiança, equilíbrio emocional, integração social, entre outros benefícios, por ser um método que não se preocupa com a técnica, mas sim, propõe que as pessoas adaptem os exercícios ao seu dia-a-dia, seu meio, proporcionando liberdade de movimentos.
A dança agregada as atividades de Educação Física adquire um papel imprescindível na formação dos indivíduos na medida em que pode estruturar um ambiente facilitador e adequado, oferecendo experiências que vão resultar não somente como um grande auxiliar de seu desenvolvimento motor e cognitivo, como também contribuir para a inclusão social ao passo que estimula o aumento em sua autoestima, tornando-o confiante impulsionando-o a busca por novas experiências.
Constatou-se, durante o estudo, que a aplicação das atividades de dança nos alunos com necessidades especiais tem dado resultados significativos, não apenas no aspecto afetivo e de socialização, mas também no aspecto cognitivo. Agindo em conjunto com outras atividades que a escola especial oferece, a dança vem somar ainda mais para o bem-estar destas pessoas.
O desenrolar de uma afetividade saudável pode integrar algumas etapas do processo cognitivo. Há que reconhecer que a inteligência é um fenômeno complexo em que intervêm processos de integração no âmbito visceral, afetivo e cognitivo.
Pode-se analisar o crescimento e o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, tais como: a descoberta dos próprios movimentos, alegria e motivação, sem esquecer a formação para a vida social dentro e fora do alcance dos muros escolares.
Não há dúvida que a dança é uma maneira prazerosa de utilizar o corpo para conhecer sentimentos, sensações e emoções, expressar e transmitir o estado de espírito dos sujeitos, especialmente o individuo com necessidades especiais. Podendo ser de grande importância para o desenvolvimento motor do indivíduo portador de alguma deficiência ou não, pois o contato com a dança possibilita os mais variados estímulos para a experimentação de movimentos, enriquecendo e auxiliando o desenvolvimento corporal dos alunos.
Considerações finais
Enfim, quando dançamos oportunizamos ao corpo novas experiências, proporcionando-lhe o acesso a uma linguagem própria, pois um corpo dançando sempre quer comunicar, e sempre se comunica com quem o assiste.
E, a partir do casamento das nossas experiências perceptivas e simbólicas é que promovemos um diálogo com o mundo, criando nosso próprio estilo de ser, favorecendo um olhar crítico e reflexivo, tornando os sujeitos mais atuantes na sociedade em que vivem. Com base nessa realidade relatada temos na dança um dos melhores meio para se fazer à experiência de diálogo com o corpo: o nosso próprio e o dos outros, despertando assim, nossos sentimentos, sensações e emoções.
Referências bibliográficas
ACHCAR, D. Balé uma Arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.
LIMA , L. J. de; BOSQUE, R. M. A contribuição da dança para o desenvolvimento integral dos alunos do grupo de dança da APAE-AP. EFDeportes.com. Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, n. 149, octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/efd149/danca-para-o-desenvolvimento-integral-dos-alunos.htm
MARQUES, I. Linguagem da Dança: Arte e Ensino. São Paulo: Digitexto, 2010.
OLIVEIRA, L. de; ZANCAN, R. F.; KRUG, M. de R.; BATISTELLA, P. A. Dança e o desenvolvimento motor de portadores de necessidades educativas especiais – PNEEs. Educação, Edição Nº20, 2002.
VARGAS, L. A. A dança na escola. Revista Cíniegis, Santa Cruz do Sul, v.4, n.1, p.09-13, Jan/Jun., 2003.
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