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Análise das situações de tiro livre direto 

sem barreira em jogos de futsal adulto

Análisis de las situaciones de tiro libre directo sin barrera en los partidos de futsal adulto

 

*Licenciado em Educação Física pelo Uni-BH

**Licenciado em Educação Física pela UFMG

Mestre em Ciências do Esporte pela UFMG

***Licenciado em Educação Física pelo Uni-BH

Especialista em Futebol pela UFV

Doutor em Ciencias de la Actividad Física y del Deporte

pela Universidad de León, España

Iuri Duarte Lage e Lage*

iurilage@yahoo.com.br

Pablo Ramon Coelho de Souza**

pablocrsouza@yahoo.com.br

Alessandro Júnior Mendes Fidelis***

jmenfd@unileon.es

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Cada vez mais a análise de jogo é vista como elemento determinante na busca da otimização do rendimento das equipes assim como dos atletas, fazendo com que pessoas ligadas aos esportes procurem desenvolver métodos e instrumentos que lhes forneçam um material importante. Com um tratamento coerente e uma análise objetiva dos dados obtidos através da observação de um jogo, é possível planejar os treinos e melhorar a performance. O objetivo deste trabalho, desenvolvido aplicando metodologia observacional, foi avaliar as cobranças de tiro livre direto sem barreira em relação a seu local e forma de cobrança, sua eficácia, ao posicionamento do goleiro durante a execução dos mesmos e ao local atingido na meta daqueles convertidos em gol. Foram analisadas 15 partidas do Campeonato Brasileiro de Seleções de Futsal do ano de 2005 em que se registraram 10 cobranças de tiros livres diretos sem barreira. Os dados obtidos confirmaram que os cobradores destas ações nas equipes adultas optam por cobrá-los com maior freqüência na marca dos 10 metros, utilizando-se da face interna do pé, buscando as regiões periféricas da meta de gol, e que os goleiros durante estas cobranças, posicionam-se com maior freqüência a menos de 2,5 metros da linha de meta.

          Unitermos: Futsal. Tiro livre direto sem barreira. Análise de jogos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futsal é uma das modalidades esportivas mais praticadas hoje em nosso país. O número de equipes filiadas às Federações e Ligas, assim como os atletas registrados nas mesmas é muito grande. Desta forma, o futsal vem cada vez mais ocupando um lugar de destaque no cenário esportivo nacional (MUTTI, 2003).

    Existe um consenso na literatura do futsal e entre os principais envolvidos na prática da modalidade (treinadores, atletas, preparadores físicos) que alterações nas regras da modalidade implicam, geralmente, em conseqüências para a parte física, psicológica, técnica e tática do treinamento e da competição (MATTOS e SALLES, 1996; SANTANA, 2002). Observa-se a cada ano uma grande evolução da modalidade, devido às inúmeras mudanças feitas nas regras com a finalidade de tornar o esporte mais rápido e competitivo. Detalhes, antes considerados pequenos, estão cada vez mais fazendo diferença na performance das equipes.

    Um destas mudanças foi referente à Regra 14 – Faltas Acumulativas, que limitou para cinco o número limite de faltas coletivas em cada tempo de partida, sendo a equipe infratora penalizada com tiro livre direto sem o direito da utilização da barreira. Cada vez mais, jogos têm sido decididos através da cobrança deste tipo de falta.

    Esse trabalho pretende fornecer informações baseadas na coleta e análise de dados relacionados ao tiro livre direto sem barreira. Desta forma, treinadores de Futsal poderão desenvolver treinamentos eficientes para essa situação decisiva de jogo. Fatores importantes como: posicionamento do goleiro, parte do pé utilizada para o chute e local onde foi feita a cobrança serão observados e discutidos no trabalho.

Objetivos

    Este estudo teve como objetivos verificar a freqüência de ocorrência e eficiência das cobranças do tiro livre direto sem barreira nos jogos de futsal na categoria adulta e, analisar a cobrança dos mesmos em relação ao local de sua cobrança, parte do pé utilizada, posicionamento do goleiro e local onde a bola atingiu a meta.

Métodos

    Foi realizada uma pesquisa descritiva de campo, visando coletar e comparar dados técnico-táticos, relacionados às situações de tiro livre direto sem barreira na categoria Adulta.

    Foram coletados através de imagens de filmagem, os dados referentes às ações relacionadas de tiro livre direto sem barreira em 15 jogos do Campeonato Brasileiro de Seleções, do ano de 2005, em partidas realizadas na mesma quadra de jogo.

    Para uma coleta de dados eficiente e sistematizada, foi criada uma planilha de observação, com o intuito de verificar o número de tiros livres direto sem barreira, ocorridos em cada jogo, e as características das ações durante as cobranças, levando em consideração os seguintes aspectos e critérios para a coleta dos dados:

a.     Local da cobrança: Como consta na Regra 14, o atleta que for executar o tiro livre direto sem barreira, tem por direito optar pela permanência da bola no local da infração, ou colocá-la na marca dos 10 metros. Para que fosse possível observar o lugar que os atletas realizaram as cobranças, dividiu-se a quadra virtualmente em três zonas, sendo duas zonas laterais e uma zona central, ambas à frente da marca dos 10 metros, utilizando como referência a largura da meta (Figura 1).

Figura 1. Área utilizada para cobrança do tiro livre direto sem barreira

b.     Parte do pé utilizada: Foi analisada a parte do pé em contanto com a bola, no momento do chute. Para isso, foram levadas em consideração as quatro partes do pé mais utilizadas nessa ação no futsal (bico, dorso, face interna e face externa do pé).

c.     Posição do goleiro: Foi analisada a posição do goleiro no momento exato do chute, levando em consideração uma linha virtual, posicionada a 2,5 metros da linha da meta, criada como referência, que divide pela metade sua área de atuação de 5 metros. As classificações utilizadas foram; >2,5 metros, ou seja, o goleiro no momento da cobrança estava à frente da linha virtual de 2,5 metros. Ou <2,5 metros, que significa uma posição atrás da linha imaginária, inferior a 2,5 metros (Figura 2).

Figura 2. Divisão do espaço de limitação do goleiro

d.     Resultado da cobrança: Foram classificados os resultados da cobrança em 4 formas; Trave, defesa, fora e gol.

Trave – Foi classificada como trave, toda bola que, após o chute, atingiu diretamente (sem nenhum desvio causado pelo goleiro) uma das traves ou travessão da meta, não resultando em gol.

Defesa – Foi classificada como defesa toda bola que sofreu desvio em sua trajetória, causado pelo goleiro, não resultando em gol.

Fora – Receberam a classificação de fora, todas as bolas não tocadas pelo goleiro e que não atingiram nenhuma parte da meta.

Gol – Classificação que foi dada quando a bola, após o chute, ultrapassou por inteiro a linha da meta, entre os postes e sob o travessão.

e.     Local atingido na meta: Foi dividida a parte interna da meta em nove quadrantes de tamanhos diferentes, sendo os quadrantes dos cantos menores que os quadrantes do centro, para que a bola chutada na região periférica do gol fosse bem caracterizada. Sendo assim, as classificações usadas foram de 1 à 9 dependendo da região que a bola ultrapassou a linha da meta (Figura 3):

Figura 3. Divisão da meta para análise

    A técnica de observação utilizada foi a de análise centrada no jogo. Os jogadores foram analisados enquanto executantes das ações relacionadas ao tiro livre direto sem barreira. As filmagens foram realizadas pela Federação Paulista de Futsal, na posição lateral da quadra, utilizando-se o tripé. As observações foram realizadas por um observador previamente treinado, em uma sala contento uma televisão de 20 polegadas, um vídeo cassete, uma aparelho DVD, uma mesa, uma cadeira e um microcomputador, sem que houvesse interferência de terceiros, com a possibilidade de voltar as imagens por inúmeras vezes, até que se obtivesse a maior clareza possível sobre a ação executada. A partir da coleta dos dados, foi realizada uma análise descritiva dos dados através do programa Microsoft Excel® versão 2000 for Windows®.

Resultados e discussão

    Observou-se nos 15 jogos, a ocorrência de 10 tiros livres diretos sem barreira resultando na média de 0,67 por jogo. Verificou- se ainda que 50% das cobranças são convertidas em gols, muitas vezes decisivos na partida.

Gráfico 1. Percentual dos locais utilizados para cobrança do tiro livre direto sem barreira

    De acordo com o gráfico 1, observou-se que a maioria dos tiros livres diretos sem barreira foram cobrados na marca dos 10 metros. Acredita-se que esse resultado se deve a obrigatoriedade da cobrança nessa marca, quando as infrações são cometidas no setor de defesa. Essa obrigatoriedade faz com que os atletas treinem mais a cobrança nessa distância, se tornando mais um fator a ser levado em consideração na análise desses dados.

    Foi verificado ainda que em todas as infrações cometidas na zona central que originaram tiro livre direto sem barreira, os atletas optaram por fazer a cobrança no mesmo local da infração. Acredita-se que a maior proximidade do gol fazendo com que o goleiro tenha um menor tempo de reação, juntamente com a boa angulação para o chute nessa região, sejam os principais motivos dessa escolha.

Gráfico 2. Percentual da parte do pé utilizada para cobrança do tiro livre direto sem barreira

    No gráfico 2, pode se observar que 80% das cobranças de tiro livre direto sem barreira na categoria Adulta, foram efetuadas utilizando-se a face interna do pé. Para análise desses dados, deve-se considerar que, o chute com a face interna do pé, proporciona um contado maior com a bola, fazendo com que fique mais fácil direcioná-la. Sendo assim, acredita-se ser prioridade para os atletas, o direcionamento da bola. Entende-se que esse fenômeno está relacionado com a capacidade dos goleiros dessa categoria (muitas vezes especialistas em tiro livre direto sem barreira) em fechar o ângulo. Isso pode ser confirmado pela não utilização do bico do pé, assim como a face externa, chutes caracterizados pela dificuldade de direcionamento na bola (MUTTI, 2003). Acredita-se ainda ter contribuído com a não variabilidade dos tipos de chute, a existência, muitas vezes, de apenas um jogador específico para cobrança destes tiros livres em cada equipe, fazendo com que não ocorressem muitas variações na forma de cobrança.

Gráfico 3. Influência da posição do goleiro sobre o resultado das cobranças

    Conforme observado no gráfico 3, durante as cobranças analisadas, em 60% das mesmas os goleiros se posicionaram a uma distância inferior a 2,5 metros, e em 40% das cobranças, os goleiros optaram por se posicionar a uma distância superior a 2,5 metros da linha da meta.

    Nas cobranças em que os goleiros se posicionaram a uma distância inferior a 2,5 metros, 50% das bolas foram defendidas e 50% os gols foram convertidos. Acredita-se existir uma relação entre o número de defesas, com o maior tempo de reação que se tem posicionando dessa forma.

    Em relação às cobranças em que os goleiros optaram em se posicionar a uma distância superior a 2,5 metros, 50% das bolas foram para fora e 50% foram gol, podendo-se interpretar que esse posicionamento diminui o ângulo de chute, induzindo o executante a direcionar a bola, afastando-a do raio de ação do goleiro, aumentando desta forma a possibilidade de chute para fora.

Figura 4. Percentual dos locais atingidos na meta

    Uma vez analisadas as cobranças que atingiram a direção da meta, não foi observada nenhuma cobrança eficiente no quadrante localizado ao centro da mesma, conforme observado na figura 4. O que sugere que as bolas chutadas nas regiões periféricas proporcionam uma maior dificuldade imposta ao goleiro para realização da defesa.

Conclusões

    Ao analisar as situações de tiro livre direto sem barreira em jogos de futsal adulto, conclui-se que a maioria destas cobranças são realizadas na marca dos 10 metros, que a face interna é a parte do pé mais utilizada nas cobranças, assim como os chutes mais eficientes são aqueles que atingem as regiões periféricas do gol, e que os goleiros durante estas ações, posicionam-se com maior freqüência a menos de 2,5 metros da linha de meta.

Bibliografia

  • GARGANTA, J. M. Modelação Tática do jogo de Futebol: estudo da organização da fase ofensiva em equipes de alto rendimento. 292f. Tese (Doutorado em Ciências do Desporto) Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. Universidade do Porto, Lisboa, Portugal, 1997.

  • MATTOS, J. G. C.; SALLES, E. M. Futsal: alterações das regras e suas influências no processo de treino. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. 4, n.1, 1996.

  • MUTTI, D. Futsal: da iniciação ao alto nível. 2ª ed. São Paulo: Phorte, 2003.

  • SANTANA, W. C. As regras de futsal e Algumas Implicações Técnicas. Pedagogia do Futsal, 2002.

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