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Satisfação dos discentes dos cursos de 

Licenciaturas da Universidade Federal de Pernambuco

La satisfacción de los estudiantes de los cursos de las Licenciaturas de la Universidad Federal de Pernambuco

 

*Aluno/a do Curso de Educação Física

da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

**Professor Doutor do Departamento de Educação Física

da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

(Brasil)

Tamires Oliveira*

Juan de Sousa Alves*

Vilde Gomes de Menezes**

juan_alves_12@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo foi comparar o nível de satisfação dos discentes do curso de Educação Física, com os cursos de demais Licenciaturas da Universidade Federal de Pernambuco. O foco do estudo foi verificar se os alunos do curso de Educação Física apresentariam diferença no nível de satisfação em relação ao seu curso e os serviços oferecidos pela UFPE, em comparação com os alunos dos cursos de demais Licenciaturas da mesma Universidade, tradicionalmente valorizados dentro da educação escolarizada. Participaram do estudo, 125 alunos, sendo 20 alunos do curso de Educação Física e 105 alunos dos demais cursos de licenciatura com currículo referente à educação escolarizada, como: Letras, Matemática, História, Geografia, Física, Química, Ciências Biológicas, Ciências Sociais e Filosofia, utilizado como critério de inclusão os que estivessem cursando os períodos finais dos respectivos cursos. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário qualitativo com perguntas relacionadas ao curso e a Universidade Federal de Pernambuco, as quais foram avaliadas de acordo com o grau de satisfação. Os resultados apontaram uma tendência de maior satisfação dos alunos dos demais cursos de Licenciatura, em relação aos alunos de Educação Física. Um dos itens de maior diferença em percentual foi sobre a satisfação com o currículo do curso, onde 23,8% dos alunos dos demais cursos de Licenciatura não estão satisfeitos, enquanto que 80% dos alunos do curso de Educação Física se encontram insatisfeitos. Os dados deste estudo podem ser úteis à instituição nas ações diretas com o estudante e na avaliação da eficácia institucional com relação ao contexto educativo.

          Unitermos: Satisfação. Formação do professor. Educação Física. Ensino.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Justificativa

    Com essa pesquisa buscamos conhecer os níveis de satisfação das licenciaturas da Universidade Federal de Pernambuco voltada ao currículo escolar, pois, para Folle et al. (2008), o início da carreira é estimulado, como o mais pertinente e problemático, considerando-se as implicações que o princípio da intervenção docente tem para o futuro professor.

    Com essa problemática, queremos nos aprofundar a respeito da satisfação dos discentes de Licenciaturas, identificando quais os fatores que os levam estarem ou não satisfeitos com sua área de atuação. Alguns estudos, como o de Soriano e Winterstein (1998), apontam que a maioria dos recém professores de Educação Física estão satisfeitos com seu trabalho. Já os que estão insatisfeitos relatam que os principais motivos são a desvalorização social da profissão e as condições precárias de materiais e estruturas. Com isso, poderemos encontrar possíveis soluções que possam beneficiar os recém professores que estarão insatisfeitos com o ambiente de trabalho.

    Nesse estudo, propomos também fazer uma comparação entre os cursos de Licenciaturas e o curso de Educação Física para identificarmos se existe níveis de satisfação diferentes e quais os motivos que podem levar a isso. Outros estudos apontam que os professores de educação física tendem a estar mais satisfeitos com os seus trabalhos em comparação com os professores de outros componentes curriculares, num ambiente escolar, por vários motivos, como por exemplo, a remuneração e as perspectivas na carreira. Segundo Soriano e Winterstein (1998), a Educação Física apresenta uma grade curricular com a responsabilidade de preparar pessoas para atuar nas mais variadas gamas de atividades dentro do mercado de trabalho, dentre outros motivos.

Dimensão teórica

    Segundo Moretti (2003) a satisfação acadêmica pode ser compreendida tanto como um conjunto de sentimentos favoráveis ou desfavoráveis em relação ao contexto de atuação, quanto um sentimento positivo dos professores perante a sua profissão, Borges et al (1997) relata que são originados por fatores contextuais e/ou pessoais e exteriorizados pela dedicação, defesa e felicidade com o trabalho desenvolvido.

    Folle et al (2003) também fala que a satisfação é uma fonte interna que direciona ou canaliza o comportamento do indivíduo, ou seja, um estado subjetivo que varia de sujeito para sujeito, de circunstância para circunstância e ao longo do tempo para um mesmo indivíduo.

    Em conseguir manter essa satisfação, Coda et al (1990) relata que para a manutenção de certos níveis de satisfação pode contribuir para uma melhor qualidade de vida, a satisfação pode resultar na percepção do indivíduo, sobre até que ponto as atividades que ele desenvolve no seu dia a dia, atendem a valores considerados, por ele, como importantes.

Metodologia

Participantes

    Participaram deste estudo 125 alunos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) de ambos os sexos, cursando os semestres finais de 10 cursos de 5 centros da Universidade Federal de Pernambuco. Os alunos com idades entre 23 e 35 anos, cursavam regularmente as disciplinas do 6º, 7º ou 8º semestres de seus cursos à época do estudo. Quanto às áreas de formação, 16% dos alunos da área de Saúde, 8% da área de Biológicas, 28,8% da área de Humanas, 31,2% da área de Exatas e 16% da área de Artes e Comunicação.

Instrumento

    Esta pesquisa qualitativa teve seu principal instrumento para sua realização o Questionário da Satisfação Acadêmica (QSA) de Soares, Vasconcelos e Almeida (2002) com adaptações. Trata-se de um questionário de auto-relato que procura avaliar o grau de satisfação dos estudantes associando diversos aspectos da sua experiência universitária, que está descrito a seguir. O questionário possui 20 itens. Esses itens buscam avaliar três dimensões da satisfação dos alunos, a saber: (1) Social, que engloba a qualidade das relações estabelecidas com as pessoas dentro e fora do contexto universitário; (2) Institucional, que analisa a infra-estrutura, equipamentos e serviços disponíveis na Universidade; e (3) Curricular, que aprecia as atividades e características do curso no qual os alunos estão inscritos.

Procedimento

    A aplicação do instrumento foi realizada durante o intervalo e no término das aulas, nos turnos manhã, tarde e noite, entre os meses de Outubro e Novembro de 2010. Cada aplicação foi precedida de uma breve explicação dos objetivos da pesquisa. A participação dos alunos foi voluntária e todos se propuseram a participar.

Resultados e discussão

Tabela 1. Dados pessoais dos entrevistados.

    A partir da tabela 1, observa-se que 68% dos entrevistados são do sexo feminino, enquanto que, 32% são do sexo masculino. De acordo com a idade 72,8% têm idades entre 19 e 25 anos e 27,2 % têm entre 26 e 35 anos. O fato de se ter mais pessoas do sexo feminino participando não foi um caso isolado. Outras pesquisas tiveram a maioria dos entrevistados do gênero feminino, por exemplo: Segundo, Folle et al. (2008): 77,8%; e segundo Farias et al. (2008): 62,9%. Isso nos leva a refletir que fatores têm interferido na escolha acadêmica dos alunos. Um dos fatores que pode ser explicado é o fato da maioria dos cursos que foram entrevistados serem nos turnos manhã e tarde, com isso os alunos do gênero masculino optam por trabalhar nesses horários.

    Quando perguntados sobre o compromisso que a Universidade Federal de Pernambuco tem com a qualidade de formação, 75,3% dos alunos dos cursos das demais Licenciaturas, dizem estar satisfeitos com a qualidade, enquanto que, 24,7% deles não estão. Já com os alunos do curso de Educação Física 65% dos alunos não estão satisfeito com a qualidade, enquanto que, 35% dos alunos de Educação Física estão. Segundo Hortale et al. (2004) "a qualidade está associada à transformação e adaptação contínua dos sistemas educativos, ela se integra ao processo de eficiência social das instituições de educação superior".

    Sobre os conhecimentos que os professores tem sobre o conteúdo das disciplinas as quais ministram, 82,7% dos alunos dos demais cursos de Licenciatura, disseram estarem satisfeitos com os professores. Percebemos também, que 75% dos alunos do curso de Educação Física, afirmam estarem satisfeitos com os professores. Isso vai de acordo com Santos (2004) "que a qualidade do processo educativo está essencialmente relacionada à qualidade de formação do professor e à competência deste profissional na sua relação com o conhecimento de que se professa detentor".

    Na disponibilidade dos professores em atender os alunos fora da sala de aula, os alunos dos demais cursos de licenciatura, 73,2% não estão satisfeito. O fato da insatisfação, também ocorre com os alunos de Educação Física, que apresentou 55%. Um dos motivos para que isso ocorra, é que muitos dos professores ainda continuam num processo de obtenção do conhecimento, ou estão atuando em grupos de pesquisa, concluindo mestrados, doutorados e com isso ficam sem tempo para dar a atenção devida aos alunos.

Tabela 2. Satisfação com a UFPE

    Na tabela 2 mostra a satisfação que os alunos têm com a UFPE, nela mostra que 5 de 7 itens propostos para serem avaliados, os alunos que se mostraram menos satisfeitos são os do curso de Educação Física. Mostra também, que quando perguntados sobre a segurança oferecida pela UFPE, os alunos obtiveram percentuais muito próximos, ou seja, os alunos não estão se sentindo seguros dentro do ambiente que lhe oferece uma formação acadêmica para a toda a vida. Para Santos et al (2006), "o ambiente acadêmico tem sido visto como importante para o desenvolvimento do estudante (...) nesse caso o desenvolvimento dependerá do envolvimento dos estudantes com os recursos oferecidos pela instituição".

Gráfico 1. Satisfação com o Currículo do Curso

    No gráfico mostra que quando perguntados sobre a satisfação com o currículo do curso, houve um diferença grande entre os demais cursos de Licenciatura e o curso de Educação Física, 80% dos alunos de educação Física dizem não estarem satisfeitos com o currículo, em comparação 23,8% dos alunos dos demais cursos de Licenciatura não estão satisfeito.

    No que diz respeito à adequação do conteúdo do curso para a formação acadêmica, os alunos dos cursos das demais Licenciatura, estão mais satisfeitos do que os alunos do curso de Educação Física, em termos de porcentagem, 69,6% dos alunos das demais Licenciatura se mostraram satisfeitos, enquanto, que 35% dos alunos do curso de Educação Física estão satisfeitos. Com a obtenção desse resultado, contra diz o que Soriano e Winterstein (1998) fala, que a Educação Física apresenta uma grade curricular com a responsabilidade de preparar pessoas para atuar na mais variadas gama de atividades dentro do mercado de trabalho.

    Quando perguntados sobre os eventos acadêmicos oferecidos pela UFPE, 77,2% dos alunos dos demais cursos de Licenciatura se mostram satisfeitos com os eventos. Isso ocorre também com os alunos de Educação Física, que apresentou 51% de satisfação. No que diz respeito à participação dos alunos nesses eventos acadêmicos 57,3% dos alunos dos demais cursos Licenciatura dizem estar satisfeitos com a sua participação, enquanto que os alunos de Educação Física não estão satisfeitos com sua participação. Apresentando assim 55% de insatisfação. Sobre a importância dos congressos para a vida dos estudantes Feitosa (2008), fala que se trata de um encontro científico-profissional no qual o estudante e/ou profissional tem a oportunidade de atualizar-se nos temas mais recentes de seu curso. Um congresso de boa qualidade oferece ao seu participante uma ótima oportunidade de atualização, de desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão (...) os congressos oferecem excelente oportunidade para os estudantes se interagirem com colegas e profissionais do seu segmento, realizando um “upgrade” em seus currículos e na sua vida profissional. É o primeiro passo rumo ao mercado.

Gráfico 2. Grau de dificuldade em relação com a entrada no mercado de trabalho

    No gráfico 2 mostra a satisfação dos alunos com o grau de dificuldade em relação com sua entrada no mercado de trabalho, vemos que os alunos dos demais cursos de Licenciatura e os alunos de Educação Física não estão satisfeitos com sua entrada no mercado de trabalho. O início da carreira profissional é estimado, por Folle et al. (2008) apud Jesus e Santos (2004), "como o mais pertinente e problemático, considerando-se as implicações que o princípio de intervenção docente tem para o futuro professor, em termos de percepção de auto-eficácia e de identidade profissional". Em relação à Educação Física o processo de escolha de ser docente, Folle et al. (2008), aponta que o indivíduo que opta pela profissão Educação Física normalmente é jovem e está cercado de incertezas quanto ao seu futuro. Essa escolha pode gerar confusões e inseguranças frente a uma decisão que pode ou não ser acertada e concretizada.

Conclusão

    Analisando os dados obtidos, foi possível concluir que a satisfação sobre o currículo do curso, que os discentes dos demais cursos de Licenciatura, se mostraram mais satisfeita do que os discentes do Curso de Educação Física. Levando-nos a nos aprofundar nos motivos que os levam a estarem ou não satisfeitos com o curso.

    Podemos observar que nas pesquisas que realizamos o número maior de pessoas participantes foi do gênero feminino, como nas demais pesquisas que podemos ter o prazer de estudar para nos basearmos na nossa pesquisa. Levando assim a nossa reflexão de que os fatores como carga horária, têm interferido na escolha acadêmica dos alunos, devido à maioria dos cursos que buscamos serem nos turnos manhã e tarde, dificultando assim na escolha dos alunos do gênero masculino por esses horários, pelo simples fato que eles preferem esses horários para trabalhar.

    Observamos também que os alunos tanto de Educação Física quanto os dos demais cursos de licenciatura não se dizem satisfeitos com a segurança oferecida pela UFPE. Levando-nos a refletir sobre essa questão que as autoridades responsáveis pela universidade deveriam procurar oferecer uma melhor segurança para os alunos.

    Essa pesquisa vai ajudar as instituições de ensino superior a traçar um perfil dos seus alunos para que possam se adequar a eles e melhorar sua gestão. Ajudará com novas pesquisas, a respeito do assunto, para identificar como são e o querem os estudantes do país, com relação ao seu curso e instituição de ensino superior.

    Por isso, a importância de se conhecer sobre as satisfações e insatisfações dos estudantes. Auxiliando assim para o aumento do seu desenvolvimento integral, se tornando muito importante para a gestão, e ajudando no planejamento dos cursos, no desenvolvimento de estratégias de intervenção, no desenvolvimento de programas e serviços para todos e conduzir os estudantes ao sucesso, assim melhorando na qualidade da formação.

Bibliografia

  • CODA, R. Satisfação no trabalho e Políticas de RH: uma pesquisa junto a executivos. In: BERGAMINI, C. W.; CODA, R., ONGs. Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. São Paulo: Pioneira, 1990, cap. 4, p. 65-85.

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  • JESUS, S. N.; SANTOS, J. C. V. Desenvolvimento profissional e motivação dos professores. Educação, Porto Alegre, v.27 n.1, p.39-58, 2004.

  • MORETTI, S. Qualidade de vida no trabalho x realização humana. Revista Leonardo Pós, Blumenau, v. 1, n. 3, p. 1-14, 2003.

  • SANTOS, R. O professor e a produção do conhecimento numa sociedade em transformação. Revista Espaço Acadêmico, São Paulo, 2004.

  • SCHLEICH, A. L. R. et al. Escala de satisfação com a experiência acadêmica de estudantes do ensino superior. 2006. 10f. Projeto de Pesquisa-Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2006.

  • SORIANO, J. B.; WINTERSTEIN, P. J. Satisfação no trabalho do professor de Educação Física. 1998. 14 f. Projeto de Pesquisa-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 1998.

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