Performance de crianças e jovens nadadores na natação pura desportiva Rendimiento de niños y jóvenes nadadores en la natación pura deportiva |
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*Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes **Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, PPGCS; Unimontes ***Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, UTAD, Portugal ****Projeto Social Correios-CBDA de Natação Montes Claros (Brasil) |
Wellington Danilo Soares* ** *** Juliany Neves Silva* Marcelo Caribé Neves da Cunha**** André Luiz Gomes Carneiro* *** António José Rocha Martins*** Tiago Manuel Cabral Barbosa*** |
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Resumo O objetivo do estudo foi identificar as principais situações causadoras de estresse em atletas de voleibol participantes da etapa microrregional dos Jogos do Interior de Minas Gerais (JIMI/2010), vivenciadas durante a competição. Participaram do estudo 60 atletas da modalidade, sendo 36 rapazes do voleibol e 24 moças jogadoras de voleibol, tendo media de 18 á 30 anos. Para a definição de perfis, utilizou-se um procedimento básico para cada situação de estresse definida no formulário: somatória de respostas, percentuais de respostas e classificação de cada situação em função do percentual de respostas, o atleta deveria preencher a ficha de identificação e anotar (com um x) as cinco situações que entendesse serem as maiores causadoras de estresse em jogo. Os resultados mostraram que houve um número maior de atletas de voleibol masculinos em relação à mesma modalidade com atletas feminina. Quando comparada as respostas dos dois gêneros houve uma relação entre os resultados (coincidindo os seis primeiros itens), mesmo que não tenha sido na mesma ordem esses destacando os mesmos fatores que desencadeiam estresse durante as partidas, pois houve pouca variação nas respostas masculinas e femininas, facilitando a abordagem dos aspectos específicos que se tem relação como agentes estressores desses atletas. Com os dados apresentados fica claro que os jogos e competições são fontes inegáveis geradoras de estresse. Independentemente do nível do atleta, gênero ou competição em disputa o estresse acaba afetando o desempenho, podendo ser desencadeado por erro individual, coletivo ou uma situação de jogo. Unitermos: Estresse. Voleibol. Atletas.
Abstract The aim of the study was to identify the main situations that cause stress in volleyball athletes participating in the Games microregional step interior of Minas Gerais (JIMI/2010) experienced during competition. The study included 60 athletes in, 36 boys and 24 girls volleyball volleyball players, taking average of 18 is 30 years. For profiling, we used a basic procedure for each stress situation defined in the form: sum of responses, percentages of responses and classification of each situation based on the percentage of responses, the athlete should fill out the identification and recording (with an x) the five situations that they understand the biggest cause of stress in game. The results showed that there were a greater number of male volleyball players in relation to the same mode with female athletes. Compared the responses of both genders there was a relationship between the results (matching the first six items), even though it has been in the same order as those highlighting the same factors that trigger stress during matches because there was little variation in the responses of men and women facilitating the approach of the specific aspects that have compared these athletes as stressors. With the data presented it is clear that the games and competitions are undeniable generating sources of stress. Regardless of the level of the athlete, gender or race stress dispute ends up affecting performance, can be activated by mistake individual, collective or a game situation. Keywords: Stress. Volleyball. Athletes.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A natação é um dos desportos mais antigos do mundo, é considerada uma das modalidades mais nobres presentes nos Jogos Olímpicos; no Brasil teve início como prática competitiva no Rio de Janeiro, aproximadamente no fim do século XIX (PORTAL BRASIL, 2010).
A prática tem sido cada vez mais otimizada desde que a mesma passou a ser esporte olímpico e competitivo. Partindo dessa premissa é possível saber que uma vez sendo competitivo cada detalhe é imprescindível na conquista da vitória, cada fator seja ele antropométrico, funcional, energético, nutricional, psicológico, dentre outros.
No presente artigo, abordaremos como fator de influência no desempenho de crianças e jovens nadadores a questão antropométrica. Estudos mais antigos já mencionavam as dimensões corporais como possíveis fatores de predisposição para o sucesso de nadadores, segundo Grimston e Hay (1986) nadadores de melhor desempenho geralmente possuem pés grandes, bem como mãos, braços e perna longos, e, ainda os músculos mais envolvidos na fase propulsiva – peitoral maior, grande dorsal e redondo maior – quando se observa uma maior área de secção transversal sugere aumento da contribuição para a propulsão.
O desporto olímpico, diferente do que muitos pensam, não é apenas restrito a prática em alto rendimento, a natação pode ser praticada também de forma lúdica, como prática física para obtenção e manutenção da saúde, qualidade de vida, e, ainda é bastante utilizada como método terapêutico. O tipo de metodologia e/ou treino utilizados durante a natação varia de acordo com o fim específico que o nadador necessita.
Podemos definir a natação pura desportiva (NPD) como modalidade cíclica que objetiva a máxima performance, que trata-se de em um menor tempo possível percorrer determinada distância; o desempenho do nadador na natação pura desportiva possui relação direta com a eficiência propulsiva (RIBEIRO, 2010).
Esta revisão possui como principal objetivo descrever na perspectiva da natação como desporto a performance de crianças e jovens nadadores e a relação do treinamento e/ou treinador, os fatores antropométricos e a eficiência propulsiva com o êxito na prática da modalidade.
Metodologia
Como metodologia foi utilizada uma extensa revisão de literatura. Foram encontrados 35 artigos que abordavam a presente temática, após uma triagem foram utilizados 27 artigos científicos que estão referenciados neste estudo.
Metodologia do treinamento de crianças e jovens nadadores
O desenvolvimento gradativo das crianças e jovens se dá por etapas e essas devem ser consideradas no treinamento. É possível que a diferenciação para cada idade com um treinamento adequado seja capaz de desenvolver grande parte das capacidades responsáveis pelo sucesso na performance desportiva da natação. Há obviamente a necessidade do treinamento da natação ser diferenciado para cada idade ou mais precisamente cada etapa de desenvolvimento dos nadadores.
Ao discutir sobre o sucesso dos nadadores é preciso considerar também o nível de preparação, competência e percepção do treinador; para que juntamente a predisposição dos atletas à boa performance, possa desenvolver suas capacidades e habilidades no desporto.
Conforme Makarenko (2001) é de fundamental importância a escolha de um treinador para preparação de uma equipe, não se devem observar apenas os resultados que ele obteve a partir de qualidades profissionais práticas, mas também levar em conta os aspectos de personalidade, aspectos psicológicos individuais – como a percepção que é bastante importante ao lidar com atletas de performance – e sua capacidade de desenvolvimento de um método pedagógico capaz de suprir as demandas do treinamento de melhoria da performance dos nadadores. O autor salienta ainda que, o sucesso ou não de uma equipe depende da escolha minuciosa do treinador deve ser feita, levando em conta a análise profunda desse profissional para não cometer erros e uma equipe que teria tudo para vencer vir a não conseguir o êxito.
Mediante comparação entre a carga de treinamento para homens e mulheres, sabe-se que as mulheres não são mais propensas a lesões provocadas pelo treinamento que os homens; elas podem, com programas de resistência bem planejada e supervisionada, ter o treinamento desenvolvido com grandes pesos e esforços máximos; elas podem então necessitar de ajustes especiais devem ser feitos pensando também que o corpo feminino possui respostas fisiológicas diferentes a do masculino, temos como exemplo a menstruação que precisa de atenção na formação do programa de treinamento do responsável pela equipe (MAGLISCHO, 1999).
São vários os fatores que podem interferir tanto de forma direta quanto indireta no treinamento de nadadores, devemos salientar mais uma vez que cabe ao treinador direcionar atividades específicas considerando a idade dos atletas, suas capacidades físicas, sua composição corporal, seu estado psicológico e também as adaptações fisiológicas que são capazes de alcançar, dentre outros.
Maglischo (1999) defende quando se submete uma criança ou um jovem adolescente a um treinamento de um desporto em especifico, não se deve restringi-los apenas ao esporte e privá-los de outras atividades normais de sua idade.
O que é sugerido então para cada faixa etária é um treinamento que antes de tudo deve ser agradável, considerando a ludicidade e a aquisição de experiência.
O treinamento desgastante em crianças e adolescentes quando não bem direcionado e pensado pode gerar certa desmotivação o que irá prejudicar não só o seu desempenho na prática da natação como também, em casos mais extremos, o abandono do esporte.
Durante muitos anos acreditava-se que o treinamento de força muscular que é importante para a aptidão física não obtinha aumento da força muscular devido a pouca ativação hormonal e poderia ainda impedir o crescimento adequado da criança; atualmente, há estudos que comprovam benefícios à saúde e desempenho motor das crianças, desde que, haja controle sobre carga, freqüência e intensidade devidamente assistido e programado por um profissional apto para tal função (RISSO et al., 1999).
Em contrapartida, cargas muito elevadas de treinamento, desconsiderando os limites de cada um, também podem ser fatores prejudiciais, principalmente quando trata-se da utilização do treinamento de força muscular.
Influência da antropometria na performance de nadadores
No meio competitivo aquático, mais precisamente nas piscinas de natação, é observado que cada detalhe pode trazer ou não o sucesso de um atleta.
As dimensões corporais podem ser consideradas como possível fator de condicionamento à melhores performances na prática do desporto. A pesquisa é necessária no sentido de validar ou não que aspectos antropométricos como índice de massa corporal, peso, altura, percentual de gordura e até mesmo largura e comprimento de braços, pernas, mãos e pés são capazes de tornar o nadador um atleta diferenciado e possivelmente predisposto ao bom rendimento na modalidade.
Ao que diz respeito ao planejamento do treinamento e preparação é necessário considerar a idade biológica ao invés de considerar apenas a idade cronológica. Essa idade biológica pode ser analisada através de, geralmente, métodos como a radiografia dos ossos das mãos e antebraços com intuito de verificar o nível de ossificação dos mesmos (MAKARENKO, 2001).
Não é interessante a limitação do treinamento dos jovens apenas à idade cronologia poderá não surtir o efeito de performance que é desejado já que ele pode apresentar um desenvolvimento biológico diferenciado em relação aos demais colegas de equipe; são as particularidades corporais de cada atleta, então, que devem direcionar o treinamento de melhoria de seu desempenho.
Makarenko (2001) afirma ainda que aproximadamente aos sete anos em diante que o corpo infantil passa a ter proporções parecidas aos dos adultos; é perceptível também que os músculos responsáveis por velocidade e flexibilidade – e em menor escala os responsáveis pela força – continuam a aperfeiçoar de forma bastante significativa.
Essa seria então idade apropriada para iniciar o desenvolvimento de exercícios e treinamentos voltados especificadamente à performance das crianças, tendo cuidado para não ser um treinamento árduo demais e que possa trazer desmotivação para a prática da natação.
Em relação às células de gordura – que podem acumular no corpo mesmo antes de nascer até o fim da vida – apresentam uma quantidade e taxa de variação maior no corpo da mulher que no homem, o sexo feminino tem aproximadamente 10% a 12% do peso corporal formado por essas células desde o nascimento e podendo alcançar cerca de 25% na fase adulta, esse aumento é efeito principalmente no aumento dos níveis de estrogênio a partir do período da puberdade; já o corpo masculino permanece com taxas inferiores as femininas e mais estáveis desde a infância até o período adulto. E necessário lembrar que o exercício pode variar essas taxas de forma muito significativa (MAGLISCHO, 1999).
Estudo realizado por Ribeiro (2010) objetivou a análise da eficiência propulsiva através dos fatores antropométricos e também biomecânicos que influenciam no rendimento do nadador, a amostra foi composta por 25 nadadores do sexo masculino (12,80 ± 0,764 de idade) clinicamente saudáveis, federados na modalidade com mínimo de dois anos de prática; na análise antropométrica foram verificados a estatura, massa corporal e área de superfície corporal; os fatores antropométricos, na amostra avaliada, não obtiveram grande relação estatística, sendo possivelmente a estatura o fator mais determinante na eficiência propulsiva entre os demais.
O autor justifica a estatura ser determinante, ressaltando que, indivíduos mais altos possuem tendência a maior envergadura, esta impõe uma maior distância de ciclo para uma mesma velocidade de nado, gerando uma eficiência propulsiva maior e um custo energético menor.
Já Santos et al.(2007) buscou compreender a perspectiva do sexo feminino em relação a fatores antropométricos – peso, estatura e IMC - de atletas e não atletas de natação na cidade do Recife; a amostra contou com 165 meninas (entre 9 e 17 anos) divididas em 3 grupos maturacionais que foram pré-púberes, púberes e pós-púberes; não houve, no resultado, diferenças entre os grupos na fase pré-púbere, na púbere, apresentaram valor médio de dobre cutânea tricipital (atletas = 15,5 ± 15,3; não atletas = 20,15 ± 7,0, p <0,05) e subescapular (atletas =14,7 ± 5,1 e não atletas = 20,6 ± 10,3; p <0,05), percentual de gordura corporal (atletas = 25,2 ± 5,9 e não atletas = 28,4 ± 6,0; p <0,05) e massa gorda (atletas = 8,7 ± 3,5 e não atletas = 9,8 ± 3,7; p <0,05). Esses resultados descritos permaneceram na fase pós-púbere, e, a idade da menarca das atletas foi mais tardia em comparação com as não atletas (atletas = 12,0 ± 1,04 e não atletas = 11,2 ± 1,37; p < 0,05). Concluiu-se a partir dos dados que parecem existir alterações na composição corporal, mais precisamente a quantidade de gordura corporal que pode ser associada a menarca tardia.
O próximo item a ser discutido aborda questões relacionadas a eficiência do nadador, será descrito também os resultados sobre os fatores biomecânica e performance do nadador apenas citados por Ribeiro (2010) acima.
Influência da propulsão na eficiência do nado
A boa performance de um nadador está diretamente relacionada a sua capacidade e eficiência propulsiva, onde a eficiência é resultante da relação quantitativa de trabalho mecânico realizado e o gasto energético do indivíduo na execução do nado (BARBOSA et al., 2009; BARBOSA e VILAS-BOAS, 2005).
O custo energético ou custo energético de locomoção, durante o nado, pode ser definido pela quantidade de energia gasta em transportar a massa corporal individual por unidade de distância; o que parece diferenciar um indivíduo do outro são dois fatores em destaque, a habilidade técnica e também a resistência hidrodinâmica; são considerados outros fatores também o gênero, o estilo de nado e também a idade (CAPUTO et al., 2006).
Ribeiro (2010) que buscou analisar a antropometria, biomecânica do nadador que influenciam no rendimento da eficiência propulsiva, descreveu que nos parâmetros biomecânicos, os resultados não apresentaram relação significativa com a eficiência propulsiva, apesar de que esperavam que os resultados fossem mais significativos devido que a eficiência propulsiva é estimada com base na velocidade do nado e freqüência gestual.
No que refere-se à performance, o autor considera que a exista relação entre a performance e a eficiência propulsiva, uma vez que a velocidade de nado é elemento primordial para a realização da distância no menor intervalo de tempo, contudo, os resultados da amostra não conseguiram demonstrar com eficácia tal consideração.
Seifert et al. (2010) sugere ser a técnica uma das principais determinantes no desempenho da natação, quanto maior a eficiência e precisão na execução das técnicas e movimentos do nadador maior a performance durante a prática do desporto.
Crianças e jovens na natação pura desportiva
A participação de crianças e jovens em modalidades esportivas, tem sido associada com proporções corporais e composição corporal específicas aos seus praticantes. No caso da natação, foi demonstrado atletas jovens do gênero feminino possuem maior estatura e puberdade mais avançada do que meninas não atletas da mesma idade, sendo as características antropométricas importantes na escolha do esporte por crianças (DAMSGAARD et al. 2001). Tal como acontece na generalidade dos contextos físico-desportivos. Existe uma busca na comunidade científica para identificar as capacidades físicas associadas o sucesso em diversas modalidades esportivas, como por exemplo, a natação, e então identificar estas características na infância, em crianças e adolescentes que possuem potencial para o sucesso (BAXTER-JONES, 2002). Nesse sentido características morfológicas e funcionais de atletas jovens têm sido insistentemente estudadas. Porém, em atletas adolescentes e crianças, as respostas sobre o perfil antropométrico e as proporções corporais são exíguas (KANEHISA, 2006). Para o mesmo autor é desconhecido como estas variáveis diferem entre os gêneros e categorias em atletas mais jovens. Também verifica-se que os fatores cineantropométricos e/ou morfológicos podem exercer importante papel rendimento esportivo (FERNANDES; BARBOSA; VILAS BOAS, 2005) .
Existe igualmente uma escassez no que se refere a informações sobre a composição corporal de atletas nessas fases e tem como pressuposto definir uma condição morfológica “ótima”específica de cada desporto, apresentando a possibilidade de se determinar as características físicas de atletas que se destacam já nas fases iniciais de desenvolvimento (VENKATARAMANA et al., 2004)
No estudo realizado por Prestes et al (2006) quando verificou o perfil e as diferenças nas características antropométricas de jovens nadadores brasileiros, de distintas categorias, em ambos os gêneros. Utilizando como amostra 160 nadadores (90 sexo masculino e 70 feminino) pertencentes da categoria infantil até a Junior. As variáveis avaliadas foram a massa corporal; estatura; IMC; massa magra; massa gorda e envergadura. Os resultados mostraram diferenças nas variáveis antropométricas entre as categorias pesquisadas, em ambos os gêneros. Fato digno de nota foi que no sexo feminino as diferenças antropométricas entre as categorias infantil e juvenil são menos evidentes. Os autores descreveram como possível justificativa para essa diferença encontrada no gênero feminino, as alterações orgânicas e hormonais que ocorrem primeiramente nas meninas.
Já no estudo de Barbosa et al (2009) que buscou identificar estimar a eficiência propulsiva em nadadores não experts, e identificar os fatores biomecânicos e antropométricos que estão associados à eficiência propulsiva, além de identificar a associação entre a eficiência propulsiva e a performance. Utilizaram como amostra vinte e oito nadadores não experts, quinze nadadores do sexo masculino (13,54 ± 2,40 anos de idade) e 13 do sexo feminino (12,54 ± 2,87 anos de idade) praticantes regulares de natação numa Escola Municipal. Mensuraram as variáveis da eficiência propulsiva, variáveis biomecânicas, antropométricos e a performance de nado. Os principais resultados encontrados mostram que a eficiência propulsiva de nadadores não experts é inferior à descrita na literatura para nadadores de outros níveis competitivos e que não há diferenças significativas entre os dois sexos. Foi também verificado que vários parâmetros biomecânicos, antropométricos, assim como, a performance estão associados com a eficiência propulsiva.
Igualmente na pesquisa realizada por Zamparo (2006) a eficiência propulsiva não apresentou diferenças significativas entre os dois sexos, incluindo nadadores de idêntica faixa etária. A autora avaliou a eficiência propulsiva numa amostra de nadadores com idades compreendidas entre os 9 e os 59 anos, sendo que essa variável não apresentou diferenças significativas até ao momento da puberdade. Para Barbosa et al (2009), esses resultados se devem ao reduzido nível competitivo, ambos os sexos apresentaram velocidades de deslocamento muito reduzidas e frequências gestuais semelhantes.
Na literatura científica existem outros fatores que foram analisados para verificar aumento na performance de crianças e jovens.
Resende (2009) avaliou o efeito do treino com nado resistido, através do uso de um elástico cirúrgico (série 3X 4X 20” três vezes por semana) durante o período de cinco semanas sobre a força propulsiva e velocidade de nado numa prova de 50 m no nado de crol. O estudo constou de 22 atletas de dois países (7 do sexo masculino, faixa etária 16,0 anos ± 0,31 e 5 feminino, 13,44 anos ± 0,20) do grupo de nadadores de Portugal, que não fez uso do elástico cirúrgico durante período de treino e 12 (6 do sexo masculino, 15,55 anos ± 0,68 e 6 feminino, 13,57 anos ± 0,35) do grupo de nadadores do Brasil que usou o elástico cirúrgico durante as cinco semanas de treino. Comparando os grupos com as variáveis (Biográfico, Cineantropométrico, Volume e Intensidade de Treino, Velocidade e Força Propulsiva) não foram encontradas diferenças, sendo o nível de significância de p<0,001. Para a autora a não melhoria da velocidade e da força propulsiva pode estar relacionada com a pouca técnica de nado dos nadadores do grupo do Brasil, os quais, apesar de terem um tempo mínimo de dois anos de treino, poucos possuíam índices nacionais.
Coelho e Silva (1999) levantaram a questão do jovem que se destaca em termos físicos, motores, antropométricos ou na prestação desportiva, do resto da equipe com a mesma idade cronológica, por razões que se prendem com a maturação retardada, pode ser portador de um potencial físico-atlético superior aos companheiros. Empiricamente, assume-se que os rapazes com maior sucesso na prática desportiva são os que estão mais próximos do estado adulto, do ponto de vista anatómico e fisiológico. No que diz respeito às moças, os estudos são mais escassos, embora, em modalidades como a ginástica, a associação entre o desempenho desportivo e a maturação seja de sentido inverso (BEUNEN & MALINA, 1996; MALINA & BOUCHARD, 1991).
Nesse sentido Borges (2008) buscou demonstrar que, para a etapa de formação inicial em natação pura desportiva, a associação da maturação biológica aos fatores de desempenho desportivo. Tem como objectivo encontrar e destacar os factores associados ao tamanho corporal, os factores neuromusculares e de desempenho aeróbio / anaeróbio que influenciam o rendimento de jovens nadadores pré-pubertários. Teve como amostra 55 jovens nadadores federados, 33 do sexo masculino e 22 do sexo feminino, com idades decimais compreendidas entre os 7.98 e os 12.05 anos, pertencentes a quatro clubes. As variáveis avaliadas foram antropometria: estatura, altura sentado, massa corporal, 6 diâmetros, 2 circunferências, 4 pregas adiposas (skinfolds), comprimento e largura da mão, comprimento e largura do pé, índice de massa corporal, índice de androgínia, índice córmico, índice morfo-dinâmico e somatório das pregas de gordura; também os indicadores maturacionais: maturação esquelética obtida através do cálculo da idade óssea pelo método de FELS; iii) e por fim, o desempenho funcional: força explosiva dos membros inferiores e força máxima isométrica dos membros superiores, aptidão aeróbia e anaeróbia de nado, pontuação FINA, índice de nado e flutuabilidade.
Os resultados mostraram que de acordo com o estatuto maturacional obtido pela idade óssea, a maioria dos nadadores da nossa amostra é considerado normomaturo com uma média de idade óssea de 10.90 ± 1.65. As moças são na sua maioria, classificadas como avançadas com uma média de idade óssea de 10.17 ± 1.99. Também que na generalidade das variáveis analisadas, quer funcionais, quer morfológicas, os atletas considerados avançados apresentam valores médios superiores e os indicadores de rendimento estão mais fortemente associados com este segmento da amostra. O autor concluiu que apesar das diferenças entre os três grupos em estudo, estas não produziram efeitos significativos nos indicadores utilizados para o rendimento aeróbio e anaeróbio em provas de nado. Nos indicadores funcionais de força, foram encontradas diferenças entre a força de preensão dos membros superior esquerdo e direito.
De acordo com Marinho et al (2010) a velocidade crítica e a frequência gestual crítica estão associados com a performance aeróbia. Todavia, estas duas variáveis nem sempre se encontram ligadas durante o treino. Sendo assim os mesmos autores analisaram a evolução da velocidade crítica e da frequência gestual crítica após doze semanas de treino em nadadores jovens. A amostra foi constituída de catorze nadadores infantis, sexo masculino. As mensurações foram realizadas em dois momentos diferentes. O primeiro decorreu no início da época desportiva e o segundo após doze semanas de treino. Para cada sujeito, a velocidade crítica e a frequência gestual crítica foram determinadas nos dois momentos. Os principais resultados mostraram que a velocidade crítica aumentou, enquanto a frequência gestual crítica diminuiu entre as duas avaliações.
Os resultados encontrados mostraram que a habilidade técnica foi melhorada após as doze semanas de treino. Os nadadores foram capazes de nadar com a mesma intensidade fisiológica com uma velocidade superior e com menor frequência gestual. Ao final da pesquisa os autores concluíram que os treinadores de natação podem monitorizar o processo de treino, não necessitando de instrumentos de avaliação com elevados custos (MARINHO et al, 2010).
Tucher, Gomes e Dantas (2009) correlacionaram a potência mecânica propulsiva com variáveis antropométricas e o resultado nos 100m nado livre de nadadores competitivos. Fizeram parte do estudo 42 indivíduos (20 mulheres), treinando regularmente há pelo menos 1 ano e 6 meses. Os homens com idade de 15 ± 1,81 anos, massa corporal de 63 ± 11,50kg e estatura de 171 ± 8,30cm, enquanto as mulheres com idade de 14 ± 2,01 anos, massa corporal de 53 ± 6,54kg e estatura de 160 ± 5,62cm. A potência mecânica (Pm) e a potência mecânica relativa (PmR) foram correlacionadas com variáveis antropométricas e o desempenho, em cada gênero e tomando um único grupo.
Os resultados apontaram boa correlação da Pm com a idade (r = 0,60 e p = 0,003), força manual (r = 0,60 e p =0,003) e o desempenho (r = 0,95 e p < 0,001) para os homens, e nas mulheres, para o desempenho (r = 0,95 e p < 0,001). A PmR apresentou boa correlação com o desempenho para os homens (r = 0,95 e p < 0,001) e as mulheres (r = 0,97 e p < 0,001). Com um único grupo, encontrou-se boa correlação da Pm com a massa corporal (r = 0,62 e p< 0,001), força manual (r = 0,60 e p < 0,001), área de superfície corporal (r = 0,62 e p < 0,001) e desempenho (r = 0,94 e p < 0,001). Também aqui, a PmR só obteve boa correlação com o rendimento (r = 0,96 e p < 0,001).
Os autores concluíram que algumas características físicas e aspectos relacionados à força podem ser importantes para o rendimento do nadador, ainda mais quando analisada em termos relativos, porém é importante levar em consideração a qualidade técnica e a capacidade de aplicação e manutenção da força desejada ao longo do evento competitivo.
Agradecimento
Agradecimento ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da Fundação da Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro para realização dessa pesquisa.
Considerações finais
Vários fatores internos e externos ao nadador influenciam diretamente no desenvolvimento de suas habilidades e capacidades na prática de um dos esportes de maior visibilidade mundial que é a natação.
Portanto, os métodos e técnicas empregados de forma a trabalhar a individualidade de cada criança e jovem, aliados a composições corporais que possam favorecer a eficiência propulsiva – o que não é muito claro na literatura atual, sendo apenas a estatura citada como possível fator de interferência no desempenho – e também ao aprimoramento da biomecânica e execução dos movimentos por parte dos nadadores nos treinamentos, são sugeridos como determinantes para a alta performance e sucesso na natação pura desportiva.
Referências
BARBOSA, T.M. ; VILIAS-BOAS, J.P. Estudo de diversos conceitos de eficiência da locomoção humana no meio aquático. Rev. Port. Cien. Desp. v.5 n.3 Porto set. 2005.
BARBOSA, T.; L., V.; ERIK M., COSTA M., MARINHO D., GARRIDO N., SILVA, A. BRAGADA, J. A Eficiência Propulsiva e a Performance Em Nadadores Não Experts. Revista Motricidade. v. 5, n. 4, 2009.
CAPUTO, F.; OLIVEIRA, M.F.M.; DENADAI, B.S.; GRECO, C.C. Fatores intrínsecos do custo energético da locomoção durante a natação. Rev Bras Med Esporte. v. 12, n. 6. Nov/Dez, 2006.
GRIMSTON, S. K.; HAY, J. G. Relationships among anthropometric and stroking characteristics of college swimmers. Medicine and Science in Sports and Exercise, 18, 60-68. 1986.
MAGLISCHO, E.W. Nadando ainda mais rápido. São Paulo: Manole. 1999.
MAKARENKO, L. P. Natação: Seleção de Talentos e Iniciação Desportiva. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
PORTAL BRASIL. Esportes: Modalidade Natação. 2010. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/sobre/esporte/modalidades/natacao. Acesso em 21 de fevereiro de 2013.
RIBEIRO, R.A.O. A eficiência propulsiva e a performance em nadadores jovens. 2010, 33f. Dissertação. Universidade De Trás-Os-Montes e Alto Douro Vila Real, 2010.
RISSO, S.; LOPES, A.G.; OLIVEIRA, A.R. Repensando o treinamento da força muscular em crianças pré-púberes na faixa etária de 6 a 12 anos de idade. Revista Treinamento Desportivo. v. 4, n. 1. p. 48-54, 1999.
SANTOS, M.A.M.; LEANDRO, C.G.; GUIMARÃES, F.J.S. Composição corporal e maturação somática de meninas atletas e não-atletas de natação da cidade do Recife, Brasil. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 7 (2): p. 175-181, abr. / jun., 2007.
SEIFERT, L.; TOUSSAINT, H.M.; ALBERTY; M.; SCHNITZLER, C.; CHOLLET, D. Arm coordination, power, and swim efficiency in national and regional front crawl swimmers. Hum Mov Sci. 29(3): p. 426-39. Jun. 2010.
ZAMPARO, P. (2006). Effects of age and gender on the propelling efficiency of the arm stroke. European Journal of Applied Physiology, 97, 52-58.
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