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Os primórdios do halterofilismo e do fisiculturismo no Brasil

Los orígenes de la halterofilia y del fisicoculturismo en Brasil

The origins of the practice of weightlifting and bodybuilding in Brazil

 

Licenciado em Educação Física

pela UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(Brasil)

Thiago Gonçalves Neves

thneves@ufrgs.br

 

 

 

 

Resumo

          Os primeiros indícios da prática do halterofilismo no Brasil ocorreram em 1898 com os imigrantes alemães. Posteriormente, na década de 1940, nasce no País o Grupo Força e Saúde. Nesse mesmo período surgem os primeiros campeonatos estaduais e nacionais de halterofilismo e fisiculturismo, organizados por esse Grupo também editor da primeira revista especializada no universo desses esportes no Brasil. O objetivo desta pesquisa é reconstituir os primórdios da prática do halterofilismo e do fisiculturismo no Brasil. A fim de atingirmos os objetivos desta pesquisa foram consultados documentos como: jornais, Correio do Povo e Diário de Notícias, e revista Força e Saúde, acervo digital do Arquivo Histórico da Câmera Municipal de Caxias e o catálogo on-line da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

          Unitermos: Brasil. Halterofilismo. Fisiculturismo. História do Esporte.

 

Abstract

          The first evidence of the practice of the weightlifting in Brazil occurred in 1898 with German immigrants. After, in the 1940s, born in Brazil the Group Força e Saúde. In this same period arises the first state and national championships of weightlifting and bodybuilding, organize for this same Group who was also editor of the first magazine in the universe these sports in Brazil. The overall goal of this research is to reconstruct the origins of the practice of weightlifting and bodybuilding in Brazil. In order to reach the objectives of this research were consulted documents as: newspapers, Correio do Povo e Diário de Notícias, and magazine Força e Saúde, digital collection of the Arquivo Histórico da Câmera Municipal de Caxias and on-line catalog of the UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

          Keywords: Brazil. Weightlifting. Bodybuilding. Sport History.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A história assim como a prática do halterofilismo e do fisiculturismo diluem-se entre os adeptos dessas modalidades. Registros indicam terem os imigrantes alemães introduzido, no século XIX, a prática do halterofilismo no Brasil. Para além dessa iniciativa, surgem no início do século XX, no Rio de Janeiro, e em São Paulo, as primeiras competições halterofilísticas. Na década de 1940, nasce no País o Grupo Força e Saúde responsável por efetuar, nesse mesmo período, campeonatos de halterofilismo e fisiculturismo estaduais e nacionais. Além disso, esse Grupo criou a primeira revista especializada no universo desses esportes no Brasil, intitulada Força e Saúde, contribuindo dessa forma para a propagação do halterofilismo e do fisiculturismo no País.

O halterofilismo e o fisiculturismo: semelhanças e diferenças

    O halterofilismo é a prática da ginástica ou do esporte competitivo de levantamento de pesos e halteres1 (HOUAISS, 2007). O halterofilismo "Pode ser praticado com uma perspectiva estética e pode ser caracterizado como Esporte-Lazer, em razão de os praticantes serem voluntários e não se apresentarem para competições" (TUBINO, 2007, p. 102). Com relação à perspectiva estética o levantamento de peso se confunde com a musculação e o fisiculturismo (TUBINO, 2007). Pois "[...] o halterofilismo2, que é uma palavra que perdeu sua especificidade por ser muito ampla, e não falar realmente do que está tratando" (CULTURISMO, 1998, p. 27).

    Diante desse contexto esclarecemos a existência de duas modalidades distintas de levantamento de peso a nível competitivo: o Levantamento Olímpico (Figura 1) e o Levantamento Básico. São considerados pela International Weightlifting Federation dois estilos de levantamento de peso competitivo a nível Olímpico que são o arranque/arranco e o arremesso (TUBINO, 2007).

Figura 1. Fonte: Disponível em: http://www.china.org.cn/olympic/2008-05/29/content_15544448.htm.

Acesso em: 21/11/2012

    Os halterofilistas competem primeiro no arranco e depois no arremesso. Cada atleta possui três tentativas em cada estilo de levantamento (LEIGHTON, 1987). "A premiação é individual e dada por estilo de levantamento – arranque ou arremesso – e também pelo somatório dos dois estilos [...]" (BITTENCOURT, 1984, p. 10). O competidor que em cada estilo obtiver o maior somatório de peso levantado nas três tentativas é o campeão. Caso ocorra empate o halterofilista com o menor peso corporal vence (LEIGHTON, 1987).

    O Levantamento Básico atingiu nível internacional, porém, não é incluído nos Jogos Olímpicos como o Levantamento Olímpico. Os exercícios Supino (Figura 2), Agachamento (Figura 3) e o Levantamento de Terra (Figura 4) são considerados internacionalmente como Levantamentos Básicos ou de Potência. O atleta que erguer a maior quantidade de peso, a soma dos pesos dos três levantamentos (supino, agachamento e terra), é consagrado o vencedor (LEIGHTON, 1987). Se houver empate a vitória será do competidor de menor peso corporal (REGRAS).

Figura 2. Fonte: Disponível em: http://www.criticalbench.com/how-much-ya-bench.htm.

Acesso em: 16/10/2012

 

Figura 3. Fonte: Disponível em: http://www.ironville.com/html/jason-beck-worlds-07.html.

Acesso em: 16/10/2012

 

Figura 4. Fonte: Disponível em: http://www.andyboltonstrength.org/tag/sumo/.

Acesso em: 16/10/2012

    O Fisiculturismo (Figura 5) é a prática regular de determinados exercícios, utilizando como meio o halterofilismo, visando desenvolver o volume muscular e a definição3 (através de uma dieta alimentar especial) com fins estéticos e/ou competitivos (HOUAISS, 2007). Em relação aos critérios para obtenção de um vencedor no fisiculturismo devem-se levar em conta a hipertrofia muscular, definição muscular, proporção entre as diversas partes do corpo e a sequência de poses (SCHWARZENEGGER, 2001). Percebemos que as seguintes práticas esportivas Levantamento Olímpico, Levantamento Básico e Fisiculturismo diluem-se entre si, pois:

    Em geral os levantadores foram culturistas4 que, ao atingirem um grau avançado de desenvolvimento muscular, procuraram, através de treino especial, aumentar a força em determinados ângulos (PACE, 1958, p. 7).

Figura 5. Fonte: Disponível em: http://www.bodybuilding-pics.com/view/15586/129/Lee-Haney.html.

Acesso em: 16/07/2012

Os primeiros indícios do halterofilismo e do fisiculturismo no Brasil

    A história, e a prática, do halterofilismo, fisiculturismo e das lutas se dilui entre os adeptos dessas modalidades. Pois, "No Brasil, o halterofilismo foi se tornando conhecido, sobretudo com a voga em fins do século passado e no início do atual, da luta greco-romana, cujos praticantes eram, na sua quase totalidade, também levantadores de pesos" (FIGUEIREDO, [198-?], p.19). Os alemães introduziram o halterofilismo, oficialmente como esporte, em São Paulo, em 1898, na Vila Mariana e também fundaram o Deutscher Athleten Klub (Clube de Atletas Alemães) (DUARTE, 1996).

    No início do século XIX o francês, praticante de halterofilismo e luta grego-romana, Paul Pons aportou na cidade do Rio de Janeiro, fixando-se nessa Cidade e integrando-se à crescente comunidade halterofilística e de lutas (CAPINUSSÚ, 2005). Havia no Brasil, nesse mesmo período, além de Pons, levantadores de peso como: Francisco Lage, José Floriano Peixoto Filho, filho do Marechal Floriano Peixoto, e Dr. Fernando Soledade. As primeiras competições halterofilísticas ocorrerram em São Paulo, em 1904, e no Rio de Janeiro em 1906 (FIGUEIREDO, [195?]).

    O desportista português Pedro Dias radicou-se no Rio de Janeiro em 1915 e divulgou no País a Escola Francesa de Levantamento de Peso (FIGUEIREDO, [195?]). "Foi criado um clube, a "Real Sociedade Clube Ginástico Português", que se dedicava intensamente ao Pêso" (FIGUEIREDO, [195?], p. 25). Chega ao Brasil em 1917, o português Enéas Campello, para trabalhar como instrutor de educação física do Colégio Militar, e cria em 1925, no Rio de Janeiro, o ginásio Enéas Campello localizado na Rua das Marrecas n° 35. O ginásio oferecia atividades relacionadas ao halterofilismo e ao fisiculturismo e ginástica olímpica (argolas, paralelas) (CAPINUSSÚ, 1989).

    Em 1936, Iberê Bernardes funda a Federação de Ginástica, Peso e Halteres e realiza campeonatos esporádicos de levantamento de peso (arranco, arremesso e desenvolvimento). Os clubes que competiram foram o Fluminense Football Club e o Clube Regatas do Flamengo (AZEREDO, 1948, FIGUEIREDO, [195-?]).

    Em 1939, "[...] foi fundada a Seção de Pesos e Haltéres do Botafogo C. F., sob a direção de Paulo Azeredo e o Ginásio Força e Saúde, por iniciativa de Marcos Benjamin, com a colaboração de Francisco Lino de Andrade" (AZEREDO, 1948, p. 18). Todavia, conforme (CAPINUSSÚ, 1989) o Ginásio Força e Saúde, localizado na Rua Erasmo Braga, 277, 13° andar (zona central do Rio de Janeiro), foi concebido em 1946 pelo médico Marcelo Benjamim de Viveiros5.

    No início da década de 1940, o Grupo Força e Saúde já efetuava alguns torneios. Esse Grupo realizou, em 1944, o primeiro Campeonato Pró-Récordes e essa competição incluía apenas exercícios de série6 (CAMPEONATO, 1948).

    Através do depoimento de Marcelo Benjamin de Viveiros, podemos analisar o motivo da criação de uma revista especializada em halterofilismo e fisiculturismo, como segue:

    Certa vez, nos idos de 1946, ao ver numa banca de jornais a revista Strenght and Health, cuja capa trazia a figura apolínea de John Grimek, fiquei vivamente impressionado, nascendo então, a inspiração para criar Força e Saúde (CAPINUSSÚ, 1989, p. 25).

    As informações a respeito do levantamento de peso e do fisiculturismo vinham através das revistas estrangeiras: Muscle Power, Your Phisique, Health and Strengh, Strengh and Health entre outras (PACE, 1958). A revista Força e Saúde, elaborada pelo Dr. Marcelo Benjamin de Viveiros, Cid Pacheco, Geraldo Baptista Soares e Hamilton de Carvalho, conquistou leitores no Brasil e também em outros países. "Milt J. Meehan, de Orange, Calif., Estados Unidos, de 21 anos, é um admirador de Fôrça e Saúde que nos declara ser a "nossa" revista bastante conhecida ali" (CARTAS, 1948, p. 10).

    No ano de 1947, as entidades Associação Atlética Agenor Sampaio, Clube de Natação e Regatas, Clube de Regatas do Flamengo e GFS concebem a Federação Metropolitana de Halterofilismo. Após o nascimento da Federação Metropolitana de Halterofilismo, outras federações foram criadas pela LBH (Liga Brasileira de Halterofilismo), fundada em 1948. Surge, nesse mesmo período, a Federação Paulista, concebida por Renato Pace, em 1948, Federação Mineira de Halterofilismo, em 1950, Federação Fluminense de Halterofilismo, em 1952, e a Federação Baiana de Pugilismo e Halterofilismo (EDITORIAL, 1952, FATOS, 1948, PACE, [198-?], PÁGINA, 1951).

    Ao chegarmos ao ano de 1949 foi realizado, na noite do dia 22 de junho, o primeiro Campeonato Paulista de Melhor Físico no qual o gaúcho Justino E. da Rocha Viana era um dos competidores (CAMPEONATO, 1949). No dia 21 de julho, de 1949, na cidade de São Paulo, foi organizado pela LBH o primeiro torneio interestadual de levantamento de peso. No campeonato havia três equipes: GFS do Rio de Janeiro, GS (Ginásio Sparta) de Porto Alegre, fundado, em 10 de dezembro de 1948, pelo halterofilista Justino E. da Rocha Viana7 (Figura 6), que competiu nesse torneio, e Clube Hércules, de São Paulo, concebido em 1948, por Renato Pace (CAMPEONATO, 1949, CAPINUSSÚ, 1989, HOMENAGEM, 1950).

Figura 6. Fonte: Força e Saúde. Rio de Janeiro: Força e Saúde, p. 23, n° 12, 1949

    A LBH encerrou o programa competitivo de 1949 com a execução, em 22 de dezembro, do Campeonato Nacional de Melhor Físico de 1949 (Figura 7)8. Os quatro primeiros lugares pertenceram, respectivamente, a um pernambucano, João Leal Filho, do GFS, de Recife/PE, a um gaúcho, Justino E. da Rocha Viana, do GS, de Porto Alegre/RS, a um carioca, José Cássio Fernandes, do Ginásio de Pesos e Halteres, do Rio de Janeiro/RJ, e ao paulista Gérson Dória, da Liga, de Santos/SP (FESTA, 1950).

Figura 7. Fonte: Força e Saúde. Rio de Janeiro: Força e Saúde, p. 22, n° 13, 1950

    Chegamos à década de 1950 "[...] época de ouro das academias dedicadas ao ensino do halterofilismo, dentro da modalidade denominada culturismo" (CAPINUSSÚ, 1989, p. 24). De acordo com (PEREIRA, 1988, p. 45):

    Observa-se a contribuição norte-americana na cultura física brasileira com o aparecimento, em nossa terra, das Associações Cristãs de Moços, as A.C.M., que além da divulgação [...] da ginástica utilitária e do halterofilismo culturista, subliminarmente divulgavam também o american way of life.

    Nos dias 19 e 20 de julho de 1950 ocorreu, no Ginásio do Instituto dos Surdos e Mudos, no Rio de Janeiro, o 1° Campeonato Nacional de Levantamento de Pesos. Os halterofilistas representavam clubes e ginásios sediados em cinco Estados: São Paulo, Pernambuco, Bahia, Paraná, Minas e Distrito Federal. No dia 27 de julho de 1950 realizou-se, no "grill" do antigo Cassino Atlântico, agora sede da Associação Atlética do Banco do Brasil, o 1° Campeonato Brasileiro de Melhor Físico9. O consagrado com o título de melhor físico e "melhor braço" foi João Werneck Soares do Ginásio Apolo. Participaram vinte um fisiculturistas provenientes do Rio Grande do Sul, Bahia, São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro. O Apolo Brasileiro, o campeão de melhor físico de 1950, concorreria no ano seguinte, em Paris, ao título de melhor físico internacional organizado pela Federation Française Halterophile et Culturiste (MARTINS, 1950, PÁGINA, 1951). Porém de acordo com (OS, 1949, p. 44) "[...] desde 1945 que Fôrça e Saúde vem promovendo e patrocinando o Campeonato de Melhor Físico [...]". Em 1945, João Baptista foi o Campeão Nacional de Melhor Físico e também foi detentor do título as "melhores pernas" (JUPPA, 1948).

    Além dos estados mencionados, encontramos em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o E. C. Eiche, clube especialista em halterofilismo, cuja existência perdurou até 1926 (JÚNIOR, 1949). Não encontramos mais informações a respeito desse Clube, assim como documentos relacionados à prática do halterofilismo e do fisiculturismo nos anos subsequentes em Porto Alegre.

    No final da década de 1940, realizou-se na sede da ACM, no dia 27 de novembro de 1948, em Porto Alegre, um Torneio de Levantamento de Peso e o 1° Campeonato Gaúcho de Melhor Físico Gaúcho de 1948. O Campeão de Melhor Físico desse ano, o fundador do GS, viajou ao Rio de Janeiro, em 27 de dezembro, para disputar o Campeonato Brasileiro de Melhor Físico (CAMPEONATO, 1948, CONCURSO, 1948, JÚNIOR, 1949).

    Além dos inúmeros certames de halterofilismo e fisiculturismo realizados em Porto Alegre na década de 1950, houve uma homenagem do GS, organizada por Justino E. da Rocha Viana, no dia 18 de março de 1950, durante as comemorações da Festa da Uva, em Caxias do Sul, comparecendo o presidente da República, Gen. Eurico Gaspar Dutra, e outros convidados de honra (CONVIDADOS, 1950, PROGRAMA, 1950). Nesse mesmo período, havia três ginásios em Porto Alegre e em outras cidades do Estado como Canoas, Caxias do Sul, Gravataí, Passo Fundo e Pelotas (EDITORIAL, 1951).

Considerações finais

    Devido à presença do halterofilismo em São Paulo, através dos imigrantes alemães, em 1898 e no Rio de Janeiro, através do francês, halterofilista e lutador de luta grego-romana, Paul Pons, no início do século XIX acreditamos ter isso contribuído para a realização em São Paulo, em 1905, e no Rio de Janeiro, em 1906, das primeiras competições halterofilísticas, no País. Além disso, constatamos nesse mesmo período a presença de praticantes de halterofilismo, Francisco Lage, José Floriano Peixoto Filho, filho do Marechal Floriano Peixoto, e Dr. Fernando Soledade, no Brasil.

    Em 1915, o desportista português Pedro Dias fixou-se no Rio de Janeiro e propagou no País a Escola Francesa de Levantamento de Pêso. Além disso, foi criado o clube de halterofilismo Real Sociedade Clube Ginástico Português. A partir da chegada do português Enéas Campello em 1917 no Brasil verificamos a presença do fisiculturismo. Pois, o ginásio fundando por Campello, localizado na Rua das Marrecas n° 35, oferecia atividades relacionadas ao halterofilismo e fisiculturismo. Com relação às primeiras federações encontramos o registro da Federação de Ginástica Peso e Halteres fundada por Iberê Bernardes, em 1936, que realizava campeonatos de halterofilismo. Nesse mesmo período identificamos a prática do halterofilismo no clube Fluminense Football Club, Botafogo C. F. e Clube Regatas do Flamengo.

    Durante a década de 1940, nasce no Brasil, criado pelo médico Marcelo Benjamin Viveiros, Cid Pacheco, Geraldo Baptista Soares e Hamilton de Carvalho, o Grupo Força e Saúde e o Ginásio Força e Saúde. Além disso, surgiram, nessa época, os primeiros campeonatos estaduais e nacionais de halterofilismo e fisiculturismo elaborados por esse Grupo que também foi editor da primeira revista especializada no universo desses esportes no País. Destacamos também que além do título de Melhor Físico os campeonatos de fisiculturismo premiavam "o melhor braço", "o melhor peito", "a melhor perna", "o melhor abdômen", "as melhores costas" e "o mais musculoso". Constatamos que os praticantes de halterofilismo e fisiculturismo compartilhavam o mesmo espaço para suas práticas e alguns adeptos desses esportes executavam mais de uma modalidade esportiva (eram halterofilistas e fisiculturistas ou halterofilistas e lutadores).

    No final da década de 1940 e início da de 1950, houve o nascimento da Federação Metropolitana de Halterofilismo, Federação Paulista, Federação Mineira de Halterofilismo, Federação Fluminense de Halterofilismo e Federação Baiana de Pugilismo e Halterofilismo. Paralelamente a esses acontecimentos surge o Ginásio Sparta, em 1948, em Porto Alegre e o Clube Hércules, nesse mesmo ano, em São Paulo. Observamos através dos campeonatos de halterofilismo e fisiculturismo realizados no Brasil uma presença, mais significativa, de competidores provenientes do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco em relação aos demais estados. Isso nos demonstra que os estados mencionados eram os polos mais relevantes desses esportes no País.

    Entre as décadas de 1940 e 1950, o estado do Rio Grande do Sul foi um núcleo de expressividade, e relevância, no cenário do halterofilismo e do fisiculturismo no Brasil. Destacamos o atleta Justino E. Rocha Viana fundador do Ginásio Sparta e responsável pela organização de diversos campeonatos de halterofilismo e fisiculturismo em Porto Alegre. Além desse município outras cidades do Rio Grande do Sul como Canoas, Caxias do Sul, Gravataí, Passo Fundo e Pelotas, propagaram essas práticas esportivas.

Notas

  1. O halteres é um instrumento de ginástica que consiste em uma haste de metal com duas esferas idênticas nas pontas, ou dois discos de metal ajustáveis (conforme se deseje que o instrumento pese menos ou mais) (HOUAISS, 2007).

  2. Encontramos a utilização da terminologia halterofilismo como sinônimo de Levantamento Olímpico (DUARTE, 1996).

  3. Definição significa a visibilidade dos músculos. Ou seja, baixo percentual de adiposidade e alto percentual de massa muscular (BENDEL, 1986).

  4. Culturista é sinônimo de fisiculturista (HOUAISS, 2007).

  5. "Neste empreendimento, Marcelo teve ao seu lado as figuras incansáveis batalhadores, como João Batista, Cid Pacheco, Hamilton de Carvalho e Francisco Lino de Andrade" (CAPINUSSÚ, 1989, p. 24).

  6. Os exercícios de série incluem o agachamento, rosca bíceps (flexão de cotovelo), supino, levantamento terra entre outros (PACE, 1958).

  7. Os atletas Celso Quintana e Gastão Rui Moreira também representaram o Rio Grande do Sul (NO, 1949).

  8. Da esquerda para a direita: Gerson Dória, Justino E. da Rocha Viana, Renato Dantoni, João Leal Filho, Eloel Menezes, Henrique Vasconcelos e José Cássio Fernandes) (FESTA, 1950).

  9. Qualquer atleta do País poderia participar. Além da escolha do melhor físico havia outras premiações como: "o melhor braço", "o melhor peito", "a melhor perna", "o melhor abdômen", "as melhores costas" e "o mais musculoso" (MARTINS, 1950).

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