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Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares entre 7 e 11 

anos da rede pública de ensino do município de Ponta Grossa, PR

Predominio de sobrepeso y obesidad en escolares entre 7 y 11 años de la red pública de escuelas del municipio de Ponta Grossa, PR

 

Licenciado em Educação Física (UEPG/PR)

Especialista em Esporte Escolar pela mesma Instituição

Mestrando em Educação - Universidade Estadual de Ponta Grossa, PR

Pesquisador participante do Grupo de Estudos e Pesquisa em 

Educação Física Escolar e Formação de Professores (GEPEFE)

**Docente do Curso de Graduação de Educação Física e do Programa de Pós 

Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/PR)

Doutora em Ciência da Atividade Física e do Esporte (UNILEON/ES)

Mestre em Educação (UNIMEP/SP). Professora pesquisadora Líder do Grupo de 

Estudos e Pesquisa em Educação Física Escolar e Formação de Professores (GEPEFE)

Clóvis Marcelo Sedorko*

tchelovolter@hotmail.com

Silvia Christina Madrid Finck**

scmfinck@uol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Nos últimos anos, os hábitos alimentares e o estilo de vida vêm se modificando nos ambientes familiares, escolares e esportivos, potencializando o aumento da ocorrência de obesidade em todas as faixas etárias. Este estudo teve por objetivo identificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares entre 7 e 11 anos da rede pública de ensino do Município de Ponta Grossa. A amostra foi composta por 377 crianças do gênero masculino e 381 do feminino, totalizando 758 escolares. Foram mensuradas as medidas antropométricas (peso e estatura) dos alunos envolvidos no estudo e posteriormente foi realizado o cálculo do Índice de Massa Corporal. Os dados obtidos foram comparados com os valores de referência específicos para sexo e idade, sendo utilizada a determinação de Conde e Monteiro (2006) para a definição de Baixo Peso, Eutrofia, Sobrepeso e Obesidade. Os resultados revelaram que 71,30% dos alunos envolvidos no estudo apresentam estado nutricional adequado, porém, quase 30% da amostra encontram-se fora dos padrões estabelecidos para sexo e idade, sendo significativo o percentual de crianças acima do peso ideal (19,1%). Por fim, conclui-se que os dados encontrados nesse trabalho são preocupantes, considerando as dificuldades inerentes ao tratamento da obesidade e as graves conseqüências para a saúde.

          Unitermos: Aluno, Escola Pública, Obesidade.

 

Abstract

          In recent years, eating habits and lifestyles have been changing in the family, school and sports, leveraging the increased occurrence of obesity in all age groups. This study aimed to identify the prevalence of overweight and obesity in school children between 7 and 11 years of public schools in the city of Ponta Grossa. The sample consisted of 377 children were males and 381 females, totaling 758 students. We measured anthropometric measurements (weight and height) of the students involved in the study was conducted and subsequently calculating the Body Mass Index. The data obtained were compared with reference values ​​specific for age and sex, using the determination of Conde and Monteiro (2006) for the definition of Underweight, Normal weight, Overweight and Obesity. The results revealed that 71.30% of the students involved in the study have adequate nutritional status, however, almost 30% of the sample is outside the established standards for age and sex, being significant the percentage of overweight children (19, 1%). Finally, we conclude that the data found in this study are worrying, considering the difficulties inherent in the treatment of obesity and serious health consequences.

          Keywords: Student, Public School, Obesity.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nos últimos anos as modificações ocorridas no perfil alimentar das famílias, aliado a redução de atividades físicas vem causando um aumento no número de pessoas com sobrepeso e obesidade em todo o mundo, sobretudo na população infantil, exigindo assim maior atenção dos órgãos governamentais no controle dessa doença que contribui significativamente para a redução da expectativa de vida (SILVA; MALINA, 2003). A obesidade é caracterizada por Leão (2003) como um acúmulo excessivo de gordura corporal com prejuízo potencial para a saúde. Autores como Marcondes et al. (2003) e Oliveira e Fisberg (2003) relatam que essa doença pode ser desencadeada por diversos fatores como os genéticos, ambientais, fisiológicos e psíquicos, atuando isoladamente ou em conjunto, sendo os fatores ambientais caracterizados pela ingestão indevida e excessiva de alimentos e pela ausência de atividades físicas. Uma das maneiras de identificar a obesidade e possíveis doenças associadas a ela é a avaliação do estado nutricional da criança. O estado nutricional reflete o nível de alcance dos nutrientes em relação às necessidades fisiológicas do organismo. O equilíbrio entre as necessidades por nutrientes e sua ingestão sofrem variações decorrentes do comportamento alimentar, de fatores econômicos, culturais, emocionais e ainda do estado de saúde (MARTINS et al., 2003). O método mais utilizado para avaliar o estado nutricional é o Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC expressa o nível de adiposidade corporal relacionando o peso com a estatura, sendo amplamente utilizado como instrumento de triagem de crianças e adolescentes com risco para obesidade ou ainda para a desnutrição (MARTINS et al., 2003; GARRETT; KIRKENDALL et al., 2003; GUYTON; HALL, 2006). Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que atualmente 20 milhões de crianças no mundo, com idade entre os cinco anos estão acima do peso. No Brasil, estima-se que 20% das crianças se encontram na situação de obesas, e a previsão para 2030 é que a obesidade atinja 30% dos brasileiros (ABESO, 2009).

    De acordo com Nahas (1999), a obesidade deve ser considerada atualmente um problema de saúde pública mundial, pois apresenta relação direta com o surgimento de doenças metabólicas crônicas como o diabetes e a hipertensão, além de acidentes vasculares e doenças articulares. Para Oliveira e Fisberg (2003), o surgimento de enfermidades como o diabetes melitus tipo 2, que há alguns anos atrás eram mais evidentes em adultos, atualmente já podem ser observadas também na população de menores faixas etárias. Segundo Souza (2010), o excesso de peso exerce grande influência na qualidade de vida das crianças, pois normalmente é durante este período que os primeiros problemas de saúde se iniciam, podendo gerar efeitos danosos já na adolescência e vida adulta desses indivíduos. Durante a infância, a obesidade pode afetar diversos processos metabólicos e acelerar a maturação esquelética. Nas meninas pode-se observar que a maturação física ocorre mais rapidamente, evidenciada pelo aparecimento prematuro da menarca (SOUZA, 2010). Com base nessas informações e no respaldo teórico e prático de conhecimento sobre as proporções multicausais da obesidade, profissionais das áreas da saúde vem remetendo atenção cada vez maior a estudos sobre a presença dessa enfermidade na infância e adolescência, sabendo que hábitos advindos destas fases refletirão e acompanharão o indivíduo na fase adulta (DIETZ, 1998).

    A vida moderna têm propiciado condições para o surgimento e desenvolvimento de sobrepeso e obesidade na população infantil, pois além da facilidade de acesso aos alimentos industrializados ricos em gordura, que comprometem a nutrição saudável, também o advento tecnológico parece influenciar o estilo de vida das crianças de diferentes classes sociais. Há alguns anos atrás era comum observar crianças brincando ativamente, com brincadeiras como pega-pega e de subir em árvores, realizando atividades físicas. Atualmente, devido também a problemas como falta de segurança e espaços adequados, as antigas brincadeiras vem sendo substituídas por novidades tecnológicas como brinquedos eletrônicos, vídeo-games e computadores.

    Diante desse quadro, Anjos et al. (2003 apud Pioltine; Spinelli, 2010, p. 59) defendem que a escola seja um espaço privilegiado para a obtenção de conhecimentos relacionados à saúde, como a educação alimentar que compreende conceitos básicos de nutrição como por exemplo os tipos de alimentos ideais para cada refeição.

    No período da infância e adolescência ocorre uma estruturação de comportamentos e hábitos como preferências e recusas alimentares que farão parte de um estilo de vida. Dessa forma, a escola pode atuar informando e incentivando a formação de hábitos saudáveis que incluam uma alimentação equilibrada, comportamento preventivo e prática de atividades físicas regulares. Nesse contexto o presente estudo teve como objetivo identificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos entre 7 e 11 anos de duas escolas públicas do Município de Ponta Grossa - PR, com o intuito de alertar esses alunos, suas famílias e as instituições escolares sobre as conseqüências para a saúde de distúrbios alimentares como a obesidade que cada vez mais atinge níveis alarmantes no Brasil.

Metodologia

    O estudo foi realizado em duas escolas públicas do Município de Ponta Grossa, sendo a amostra composta por 381 crianças do sexo feminino e 377 do sexo masculino com idade entre 7 e 11 anos, totalizando 758 escolares. Foi efetuado contato prévio com a direção das escolas, onde os objetivos do estudo foram expostos. Após a autorização da diretoria e dos responsáveis pelos alunos, agendou-se o dia e horário para a coleta de dados, que ocorreu no mês de Março de 2012 nas próprias instituições de ensino. Para a determinação do estado nutricional foram aferidas as medidas antropométricas (peso e estatura) das crianças envolvidas no estudo e posteriormente foi realizado o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), obtido pela seguinte fórmula: IMC = peso (Kg) / altura(m)². Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados: uma balança digital portátil, com precisão de 100 gramas da marca Plenna e uma fita métrica. Por tratar-se de um método não invasivo e de fácil mensuração o IMC tem sido utilizado com certa freqüência. Quando aplicado com outros métodos indiretos como a mensuração de dobras cutâneas, normalmente os valores encontrados apresentam boa correlação com o excesso de adiposidade corporal (ANJOS, 1992; Giugliano; MELO, 2004). Os dados obtidos foram comparados com os valores de referência específicos para sexo e idade, sendo utilizada a determinação de Conde e Monteiro (2006) para a definição de Baixo Peso, Eutrofia, Sobrepeso e Obesidade.

Resultados e discussão

    Após a análise dos dados foi possível verificar que dentre os 758 escolares aferidos, quase 30% deles encontram-se fora dos padrões ideais esperados para a idade, sendo 19,1% o percentual de sobrepeso e obesidade e 9,6% o índice de baixo peso.

Gráfico 1. Classificação do Estado Nutricional dos escolares

    Como pode ser observado no gráfico 1, o percentual de crianças com baixo peso mostrou-se preocupante, dada a transição epidemiológica percebida no Brasil que vem alterando o perfil dos problemas relacionados à saúde pública, aonde o aumento progressivo da obesidade vem substituindo a desnutrição (ABESO, 2009). Estudos semelhantes encontraram percentuais menores de desnutrição em estudantes de escolas públicas. Rezende et al. (2008) identificaram 5,81% de baixo peso. No trabalho de Vicente et al. (2011) esse índice atingiu apenas 2,62% dos alunos.

    O baixo peso pode desencadear a desnutrição infantil que é considerada uma doença multicausal, normalmente associada á ingestão insuficiente de nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo. Nesse contexto, a elevada presença de distúrbios alimentares como a subnutrição entre os estudantes envolvidos nesse estudo deve servir como um alerta para as escolas, professores e os pais ou responsáveis pelos alunos.

    Quando comparados com outros trabalhos (SOAR et al., 2004; VANZELLI et al., 2008; REZENDE et al., 2008), os dados obtidos no presente estudo evidenciam maiores índices de obesidade em relação ao sobrepeso em alunos de escolas públicas. Soar et al. (2004) em estudo realizado com 419 alunos entre 7 e 09 anos de uma escola pública da cidade de Florianópolis – SC, obtiveram valores mais altos de sobrepeso (17,9%) em relação à obesidade (6,7%). Vanzelli et al. (2008) do mesmo modo identificaram maior prevalência de sobrepeso do que de obesidade, 17% e 8% respectivamente, em pesquisa realizada com 662 alunos da rede pública de Jundiaí – SP. Os dados obtidos por Rezende et al. (2008) mostram que dentre os 346 alunos aferidos de uma escola pública de Anápolis - GO, 12,21% apresentaram sobrepeso e 7,69% obesidade. Dados do Ministério da Educação, mostram que nas últimas décadas a obesidade infantil triplicou, sendo possível observar que até 2004, 15% das crianças brasileiras apresentavam sobrepeso, e apenas 5% eram obesas. Os resultados encontrados neste trabalho mostram um aumento significativo do número de crianças obesas em detrimento do sobrepeso, confirmando o aumento do excesso de adiposidade corpórea entre crianças brasileiras nos últimos anos.

    O percentual de Obesidade também se mostrou superior ao sobrepeso em outros estudos semelhantes, quando a amostra total foi composta por estudantes de escolas públicas e particulares.

    No estudo de Ciconha et al. (2010) composto por 111 estudantes de escolas públicas e particulares do Município de Ubá - MG, o índice de obesidade atingiu 18,01% das crianças, também mostrando-se acima da ocorrência de sobrepeso, que foi de 16,21%. Costa, Cintra e Fisberg (2006) investigaram a prevalência de sobrepeso e obesidade em 10.822 escolares de escolas públicas e particulares da cidade de Santos - SP, identificando um percentual maior de crianças obesas do que com sobrepeso, sendo 18% e 15,7% respectivamente. Outros trabalhos compararam a ocorrência de sobrepeso e obesidade entre alunos de escolas públicas e particulares e os maiores índices foram encontrados em estudantes de escolas particulares (LEÃO, 2003; Costa; Cintra; Fisberg, 2006). Segundo os autores, a elevada ocorrência de obesidade e sobrepeso normalmente encontrada em instituições de ensino particulares existe em virtude da maior condição socioeconômica dos alunos. Contudo, o Brasil vem passando por uma grande transição epidemiológica, acompanhada de modificações demográficas e nutricionais, que demonstram um crescimento preocupante da obesidade também nas classes econômicas mais baixas (FILHO; RISSIN, 2003; ABESO, 2009). Diante desse quadro é possível concluir que a desigualdade econômica gradativamente vem deixando de ser um determinante da obesidade, na medida em que se observa sua constante ocorrência na população de nível socioeconômico menor, principalmente na população infantil.

    A literatura especializada evidencia que as crianças obesas normalmente apresentam índices elevados de pressão arterial e níveis mais altos de colesterol. Um estudo desenvolvido por Guillaume (1999 apud Vanzelli et al., 2008, p. 52) comprova que 40% das crianças que apresentam obesidade até os 7 anos tornam-se adultos obesos e esse percentual atinge 80% quando a obesidade é mantida na adolescência.

    O sobrepeso e a obesidade contribuem de maneira importante para o desenvolvimento de diversas doenças como a hipertensão arterial, o diabetes, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias além de osteoartrites, problemas músculo-esqueléticos, dermatológicos e até de infertilidade.

    As conseqüências da obesidade na infância e adolescência também afetam o estado psicológico e emocional dos indivíduos, que geralmente apresentam baixa auto-estima, menor rendimento escolar e dificuldades de relacionamento e socialização, pois constantemente sofrem preconceitos e são discriminados pelos demais colegas de estado nutricional normal. Os percentuais de baixo peso, sobrepeso e obesidade não apresentaram diferenças estatisticamente significativas na comparação entre meninos e meninas. A tabela 1 apresenta a classificação do estado nutricional em relação ao gênero.

Tabela 1. Classificação do Estado Nutricional de escolares na faixa etária entre 7 e 11 anos em relação ao gênero, de acordo com o IMC/idade de Conde e Monteiro (2006)

Conclusão

    Os resultados obtidos nesse trabalho mostram que a maior parte dos escolares envolvidos no estudo apresenta estado nutricional adequado, porém, quase 30% da amostra encontra-se fora dos padrões estabelecidos para sexo e idade, sendo significativo o percentual de crianças acima do peso ideal. A subnutrição foi identificada em 9,6% dos estudantes e na comparação entre gêneros a ocorrência de baixo peso, sobrepeso e obesidade não apresentou diferenças significativas. Os dados encontrados no presente estudo corroboram com os da literatura em geral, que evidenciam um aumento alarmante da obesidade infantil nos últimos anos. Diante do exposto, observa-se na instituição escolar um espaço oportuno para a prevenção de distúrbios alimentares, na medida em que possibilite aos alunos a conscientização sobre a importância de uma nutrição saudável e da prática de atividades físicas constantes. No entanto, em virtude das dificuldades inerentes ao seu tratamento e das graves conseqüências para a saúde, o combate a obesidade requer também a adoção de medidas mais abrangentes como a ampliação de políticas de saúde que garantam a participação conjunta dos setores da saúde, educação e esportes.

Referências bibliográficas

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