O homem e a saúde: uma revisão integrativa da literatura El hombre y la salud: una revisión integrada de la literatura |
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*Acadêmicas do 4° período do curso de Graduação em Enfermagem das Faculdades Integradas do Norte de Minas - FUNORTE **Enfermeira, Especialista em Enfermagem em Urgência e Emergência, Traumas e Terapia Intensiva - FUNORTE ***Enfermeiro, Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde da Unimontes Professor do Curso de Enfermagem das Faculdades Unidas do Norte de Minas - FUNORTE, Faculdades Santo Agostinho- FASA, Faculdades de Saúde Ibituruna - FASI e Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, Orientador do Programa de Iniciação Científica (voluntário) da FUNORTE/SOEBRAS |
Janine Teixeira Garcia* Mirelly Cristie Antunes Cabral* Cristiane do Rosário Andrade Arruda* Luciene Teixeira dos Santos** Henrique Andrade Barbosa*** (Brasil) |
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Resumo A saúde do homem vem preocupando as autoridades das áreas de saúde, pelo pouco cuidado dispensado consigo mesmo, o que gera pouca procura à Atenção Primaria. E isso tem se tornado alvo de várias pesquisas, voltadas ao entendimento e compreensão dessa baixa preocupação com a própria saúde. O objetivo principal desse trabalho, e buscar entender e/ou buscar justificativas para a baixa procura dos homens as UBS. Trata se de um estudo de revisão integrativa de literatura relacionado à saúde do homem e do cuidado consigo mesmo. A busca dos artigos foram feitas no banco de dados Scielo, com as terminologias cadastradas no DeCS, com as seguintes palavras-chave: saúde do homem, cuidado com os homens, saúde e masculinidade. Foram utilizados 12 artigos, escritos entre os anos de 2005 a 2012. A inclusão dos artigos utilizados foram aqueles abordam o tema proposto nesse estudo. Através do estudo, pode se concluir que ainda é pequena a presença de homens nas UBS, e que essa pequena parcela não se encontra satisfeita com a situação. Unitermos: Saúde do homem. Cuidado com os homens. Saúde e masculinidade.
Abstract Men's health is worrying the authorities in the areas of health, the little attention given to them, which generates little demand for Primary Care. And this has become the target of several research aimed at understanding and comprehension of low concern with their health. The main objective of this work, and seek to understand and / or seek justification for the low demand of men UBS. This is a study of integrative review of literature related to men's health. The search of the articles was made in the Scielo database, registered with the terminologies in DeCS. With the following key words: Men’s health, beware of men, health and masculinity. A total of 12 articles written between the years 2005 to 2012. The inclusion of the articles addressing this subject was those proposed in this study. Through the study, it can be concluded that little is still the presence of men at UBS, and that this small amount is not satisfied with the situation. Keywords: Men's health. Beware of the men. Health and masculinity.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A saúde masculina vem preocupando as autoridades da área de saúde, pelo pouco cuidado que o homem tem dispensado consigo mesmo, o que gera pouca procura à Atenção Primária à Saúde. E isso tem se tornado alvo de várias pesquisas, voltadas ao entendimento e compreensão dessa baixa preocupação com a própria saúde. Por esse motivo, e para o melhor cuidado com a saúde dos homens que o governo lança no ano de 2008 a Política Nacional de Assistência Integral a Saúde do Homem (PNAISH). A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), e para que consolide um maior vínculo entre a população e o SUS, garantindo assim os seus princípios Universalidade, Integralidade, Equidade e Participação popular, deveria ter a presença marcante de todos os extratos da população nas unidades (COUTO et al., 2010; FONTES et al., 2011; GALASTRO; FONSECA, 2005).
Os programas governamentais de saúde têm uma tendência de atingirem o público feminino, que é sem dúvida muito importante, e recebem uma abordagem necessária do governo, porém as doenças comuns aos homens aparentemente recebem uma menor exposição nos meios de comunicação. Se houvesse a procura por parte dos homens às Unidades Básicas de Saúde, o custo para o governo seria bem menor, e com o propósito de aumentar as ações voltadas para o publico masculino, o governo apresentou a PNAISH (COUTO et al., 2010; FONTES et al., 2011; SAUTHIER, 2010).
Estudos mostram que a procura dos homens pelo atendimento médico quase sempre se dá nos ambulatórios, seja por acidentes ou por doenças crônicas, o que eleva muito o custo do tratamento, sabe se também que os homens são mais vulneráveis as doenças crônicas e graves que as mulheres (THOMÉ; MEYER, 2011).
Doença crônica é um termo clínico, uma construção do saber biomédico, que está relacionado á impossibilidade de resolução de um problema de saúde. A doença crônica e caracterizada, com muito freqüência, como um acontecimento que altera e gera muito estresse ao doente e a todos os componentes de sua família, especialmente ás pessoas que assumem o cuidado que a doença demanda (THOMÉ; MEYER, 2011. p 507).
A identidade cultural e social de um determinado grupo define as suas características. E isso diferencia as ações de cuidar e ser cuidado, e, o gênero influencia também na procura pelo cuidado com a saúde. Por tanto vem de gerações passadas essa recusa dos homens pelo cuidado com a saúde, mas isso vem sendo trabalho com a população masculina, principalmente nas ações desenvolvidas pelo governo e pelas empresas que vem buscando uma melhor qualidade de saúde para os funcionários (THOMÉ; MEYER, 2011; MENEGHEL, 2008).
Os estereótipos de gênero enraizados há séculos em nossa cultura patriarcal potencializam práticas baseadas em crenças e valores do que é ser masculino. A doença é considerada um sinal de fragilidade que os homens não reconhecem como inerentes à sua própria condição biológica. O homem se julga invulnerável, o que acaba por contribuir para que ele cuide menos de si e se exponha mais às situações de risco (PNAISH, 2008. p 5).
O objetivo deste estudo foi entender a baixa procura dos homens à APS, por meio de revisão integrativa da literatura.
Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão integrativa de literatura relacionado à saúde do homem e do cuidado consigo mesmo.
A busca dos artigos foi feita no banco de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online), com as terminologias cadastradas nos Descritos de Ciências da Saúde (DeCS). As palavras-chaves utilizadas foram: saúde do homem, cuidado com os homens, saúde e masculinidade. Foram utilizados 12 artigos, escritos entre os anos de 2005 a 2012. A inclusão dos artigos utilizados foram aqueles abordam o tema proposto nesse estudo, e foram excluídos os que não fugiram do tema proposto, do idioma nacional e dos anos de publicação.
Resultados e discussão
Os resultados deste estudo de revisão de literatura foram divididos em três categorias, sendo: 1 – O homem e a sua masculinidade, 2 – Ações voltadas para os homens e 3 – Os homens nos centros de saúde; que serão discutidos a seguir.
A seguir, são representadas em tabelas as variáveis metodológicas da busca científica nas bases de dados indexadas que foram pesquisadas neste estudo.
Tabela 1. Periódicos pesquisados, números de artigos e metodologia utilizada
Tabela 2. Periódicos pesquisados segundo o ano e o local da publicação
Categoria 1. O homem e a sua masculinidade
O homem é tido como o forte, que não sente dor, não precisa de cuidados, e que não pode perder tempo com doenças, já que é responsável pelo sustento da família. E a mulher por sua vez, é considerada o sexo frágil, sensível e por isso precisa de cuidados, o que faz com elas busquem mais ajuda dos profissionais de saúde. Um estudo mostra que as mulheres buscam mais pelos serviços de exames de rotina e prevenções, enquanto os homens buscam ajuda em casos de doenças. Destaca se ainda que a procura por farmácia, pronto-socorro e ambulatório e prevalecida pelo sexo masculino enquanto as clínicas especializadas são mais procuradas pelo sexo feminino (COUTO, 2010; SEPARAVICH, 2011; SAUTHIER, 2010).
A cultura dos grupos também influencia muito na procura por ajuda especializada. Algumas culturas buscam ajuda dos próprios membros dos grupos, como alguns índios que se aconselham com os Pajés, e outras culturas e grupos de trabalhadores em que os homens não podem transparecer a dor e o sofrimento (MACHIN; COUTO; ROSSI, 2009).
Estar doente é sinônimo de fraqueza e submissão e, conseqüentemente, traz o fantasma da desvalorização e exclusão do grupo de pertencimento a que a sociedade impõe ao homem. Por encararem a doença como um desvio social, muitos trabalhadores portuários camuflam suas dores e negam ou resistem o quanto podem à possibilidade de poder adoecer (MACHIN; COUTO; ROSSI, 2009).
Categoria 2. Ações voltadas para os homens
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) quase sempre tem um profissional especializado na saúde da mulher, o mesmo não acontece com os homens. Existem poucos especialistas para atender os homens, e alguns desses profissionais são do sexo feminino, o que dificulta, pois a maioria não se sente a vontade para falar sobre o seu problema de saúde com uma mulher, eles se sentem desconfortáveis (GOMES et al., 2010).
No que se refere às demandas especificas da população masculina, não foram identificadas estruturas formais de reconhecimento das necessidades sociais de saúde desse segmento diferenciando das mulheres, crianças e adolescentes, ou seja, não há atividades especificas para a clientela masculina (COUTO et al., 2010).
E ainda falta uma preparação dos profissionais, pois os homens que procuram os centros de saúde sente total despreparo dos atendentes, e às vezes se sentem invisíveis. Alguns homens queixam que quando acompanham as parceiras numa consulta de pré-natal os próprios profissionais estranham a presença deles. Algo que não deveria acontecer, porque os homens também devem acompanhar a gravidez da parceira (COUTO et al., 2010; SAUTHIER, 2010).
Alguns homem por cuidarem pouco da saúde deixam a classe desprovida de ações que estimulem o cuidado, e que façam com eles procurem mais os serviços de saúde. Ações de promoção e prevenção da saúde são mais voltadas para os idosos, hipertensos e diabéticos, não tendo assim ações especificas para os homens, adultos jovens. O que fez com que o Governo, preocupado com mortalidade masculina, através da PNAISH, treinasse médicos para auxiliar no trabalho de assistência, promoção e prevenção da saúde do homem (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009).
Categoria 3. Os homens nos centros de saúde
Por meio desse estudo de revisão bibliográfica foi possível perceber que as mulheres buscam mais a prevenção de doenças do que os homens, por isso a procura pelas Unidades Básicas de saúde por parte deles ainda é baixa. Essa baixa procura se dá por vários fatores, como a cultura e o gênero (FONTES et al., 2011; GOMES et al., 2010).
Os poucos homens que procuram as UBS, ainda se queixam que as campanhas, cartazes e ate mesmo as decorações desses lugares sempre são feitas para o publico feminino e infantil (COUTO et al., 2010).
Na caracterização dos serviços, chamou a atenção como os ambientes não favorecem a presença e permanência dos homens, já que todos se apresentam como espaços demarcadamente femininos – observações que sobressaem da totalidade dos diários de campo. Como por exemplo, nas áreas comuns e de grande circulação, como recepção e sala de espera, há sempre muitos cartazes, produzidos pelo Ministério de Saúde, veiculando mensagens de promoção do aleitamento materno, pré natal, prevenção de DST e HIV são comuns e apresentam forte conotação feminina, excetuando alguns sobre o uso do preservativo e sobre hanseníase (COUTO et al., 2010. p 260-61).
Segundo Separavich (2011), deveria ter salas específicas para o atendimento feminino, masculino e infantil, para que os homens se sentissem mais à vontade para falar sobre si próprio, e das parceiras por exemplo. O publico masculino também gostaria que fosse disponibilizado um horário alternativo para que eles tivessem acesso, e uma maior demanda de consultas, e ainda que fossem recepcionados melhor, de forma mais acolhedora, para que sempre que for necessário eles possam voltar, e ter a certeza que serão bem recebidos pelo sistema.
Considerações finais
Pelo estudo, pode-se concluir que ainda é pequena a presença de homens nas UBS, e que essa pequena parcela não se encontra satisfeita com a situação.
Poderia haver um melhoramento no ambiente, e contratação de profissionais do sexo masculino, especializados na saúde do homem, e mais ações voltadas ao público masculino, o que acontece pouco. Um aumento na demanda de consultas e exames, e um horário diferenciado, para que os clientes do sexo masculino não precisassem faltar o serviço para ir a uma consulta.
Assim, por meio de divulgação e persistência dos profissionais de saúde poder-se-ia mudar essa realidade, fazendo com que os homens se preocupassem mais com a própria saúde, e buscassem auxílio sempre que necessário, e diminuindo assim a procura por ambulatórios e pronto socorros, e conseqüentemente diminuiria também os gastos do SUS nesses setores, e melhoraria relativamente à qualidade de saúde do homem.
Referências
BRASIL, Ministério da saúde do. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: Princípios e diretrizes. Secretaria de Atenção à Saúde: Departamento de ações programáticas e estratégicas. Brasília, 2008. Acesso em 15 de Julho de 2012.
CARRARA, Sérgio; RUSSO, Jane A.; FARO, Livi. A política de atenção à saúde do homem no Brasil: os paradoxos da medicalização do corpo masculino. Physis Revista de Saúde Coletiva, v. 19, n. 3, p. 659-678, Rio de Janeiro, 2009.
COUTO, Márcia Thereza et al. O homem na atenção primária à saúde: discutindo (in) visibilidade a partir da perspectiva de gênero. Interface – Comunic., Saúde, Educ., v. 14, n. 33, p. 257 – 270, São Paulo, 2010.
FONTES, Wilma Dias et al. Atenção à saúde do homem: interlocução entre ensino e serviço. Acta Paulista de Enfermagem, v. 24, n.3, São Paulo, 2011.
GALASTRO, Elizabeth Perez; FONSECA, Rosa Maria Godoy Serpa. A participação do homem na saúde reprodutiva: o que pensam os profissionais de saúde. Revista Esc. Enfermagem USP, v.41, n. 3, p. 454 – 459, São Paulo, 2007.
GOMES, Romeu et al. O atendimento à saúde de homens: estudo qualitativos em quatro estados brasileiros. Physis Revista de Saúde Coletiva, v.21, n. 1, p. 113 – 128, Rio de Janeiro, 2010.
MACHIM, Rosana; COUTO, Márcia Thereza; ROSSI, Cintia Cristina Silva. Representações de trabalhadores Portuários de Santos – São Paulo sobre a relação Trabalho – Saúde. Saúde Soc. v.18, n. 4, p. 639 – 651, São Paulo, 2009.
MENEGHEL, Stela Nazareth. O homem Elefante: reflexões sobre saúde, doença e anormalidade. Interface – Comunic., Saúde, Educ., v.12, n. 25, p. 427 – 432, São Paulo, 2008.
SAUTHIER, Marta; GOMES, Maria da Luz Barbosa. Gênero e planejamento familiar: uma abordagem ética sobre o compromisso profissional para a integração do homem. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 64, n. 3, p. 457 – 464, Brasília, 2010.
SEPARAVICH, Marco Antonio. A saúde do homem em foco. Interface – Comunic., Saúde, Educ., v.15, n.38, p. 957-962, São Paulo, 2011.
QUEIROZ, Raquel; NOGUEIRA, Péricles Alves. Diferenças na Adesão ao Tratamento da Tuberculose em Relação ao Sexo no Distrito de Saúde da Freguesia do Ó / Brasilândia – São Paulo. Saúde Soc. v. 19, n. 3, p. 627 – 637, São Paulo, 2010.
THOMÉ, Elisabeth Gomes da Rocha; MEYER, Dagmar Elisabeth Estermann. Mulheres cuidadoras de homens com doença renal crônica: uma abordagem cultural. Texto e Contexto Enfermagem, v. 20, n. 3, p. 503 - 511, Florianópolis, 2011.
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