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Hipertensão arterial e sedentarismo na infância e adolescência

La hipertensión arterial y el sedentarismo en la infancia y la adolescencia

 

Mestre em Ciências da Saúde, UFG

(Brasil)

Thaís Inacio Rolim Póvoa

thaisrolim.edfis@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A hipertensão arterial (HA) e o sedentarismo são fatores de risco para doenças cardiovasculares e a prevalência de ambos tem aumentado no mundo em adultos e também em populações pediátricas. Aspectos como a violência urbana e o uso inadequado e exacerbado da tecnologia têm contribuído para a diminuição da realização de atividades que requeiram maiores dispêndios de energia, o que contribui ainda para o incremento na prevalência de obesidade.

          Unitermos: Hipertensão arterial. Sedentarismo. Crianças. Adolescentes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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    Estudos epidemiológicos demonstram que o sedentarismo constitui um fator de risco para doenças cardiovasculares e sua prevalência tem aumentado no mundo tanto em adultos quanto em crianças e adolescentes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). No Brasil, estima-se que 80 % da população adulta seja sedentária (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1998). A prevalência de sedentarismo entre adolescentes varia em torno de 30% a 93,5% nas diferentes regiões, a depender da metodologia empregada, principalmente em relação aos instrumentos de avaliação e dos parâmetros utilizados (TASSITANO et al., 2007). Monego e Jardim (2006), em estudo em uma cidade brasileira de grande porte, estudaram jovens de 07 a 14 anos, faixa que compreende a infância e o início da adolescência, e identificaram que 37,8% eram sedentários no lazer.

    A Organização Mundial de Saúde (2007) explica a alta freqüência de inatividade física no mundo pelo fato de que a maioria das atividades de vida diária, que permeiam o cotidiano das pessoas, como as do trabalho, da escola, dos afazeres domésticos, do deslocamento para os compromissos e do tempo livre têm sido cada vez menos conduzidas por meio de esforços físicos. Com a revolução tecnológica, ainda em expansão, houve de certa forma intensificação desta realidade, pois o uso de aparelhos ou máquinas restringe o gasto energético na realização destas atividades. Além disto, problemas sociais como a violência, excesso de carga horária de trabalho, dentre outros, limitam a disposição para atividades físicas no tempo de lazer e por conseqüência reduzem o dispêndio de energia. Um estilo de vida ativo em adultos está associado a uma redução da incidência de várias doenças crônico-degenerativas, bem como a uma redução da mortalidade cardiovascular e geral.

    Embora o sedentarismo no final da infância e adolescência seja relativamente bem estudado, há poucos trabalhos com crianças com idade inferior a 10 anos devido à dificuldade de obtenção de medidas confiáveis relatadas pelas próprias crianças ou seus pais, além da falta de um método válido e viável a ser utilizado em grandes estudos populacionais (SALLIS, SAELENS, 2000; TROST et al., 2002). Sallis et al. (1999) desenvolveram um índice para identificar fatores determinantes de atividade física, ainda não validado, composto por 11 itens de um questionário preenchido por crianças ou adolescentes e seus pais, em uma amostra nacional representativa de alunos de ambos os sexos, do quarto ao 12º grau nos EUA. Os autores partiram do princípio de que múltiplos itens fornecem melhores informações do que um item isoladamente. Concluíram que a alta consistência interna do escore permitia a confiabilidade nos fatores determinantes identificados no estudo.

    A identificação dos fatores relacionados ao sedentarismo em diferentes ciclos da vida é fundamental para o planejamento de intervenções eficazes e efetivas, no sentido de melhorar o nível de atividade física e evitar o aparecimento de doenças crônicas na infância e adolescência, bem como na idade adulta (BRACCO et al., 2006).

    O comportamento sedentário em crianças e adolescentes representa um problema de saúde pública, em função da associação com a obesidade e com piores níveis de saúde na idade adulta. O avançar da idade é acompanhado de uma tendência a um declínio do gasto energético médio diário à custa de uma menor atividade física, sendo que isso decorre em função de fatores comportamentais e sociais como o aumento dos compromissos estudantis. Alguns aspectos contribuem para um estilo de vida menos ativo (BRACCO et al., 2006), como a disponibilidade de tecnologia, o aumento da insegurança e a progressiva redução dos espaços livres nos centros urbanos (onde vive a maior parte das crianças brasileiras). Estes fatores reduzem as oportunidades de lazer e de um estilo de vida fisicamente mais ativo, favorecendo atividades sedentárias, como: assistir televisão, jogar videogames e utilizar computadores (CENTER FOR DISEASE CONTROL, 2002).

    O ideal é que crianças e adolescentes realizem atividades físicas moderadas a intensas por pelo menos 60 (sessenta) minutos por dia, na maioria dos dias da semana, sendo que são recomendados 300 (trezentos) minutos por semana para a obtenção de ganhos cardiovasculares e metabólicos. São indicadas atividades aeróbias e anaeróbias, incluindo jogos, esportes, recreação, aulas de educação física, exercícios físicos planejados, bem como atividades de deslocamento, sempre relacionadas ao contexto familiar, escolar e da comunidade. A maior parte dos dias deve conter atividades predominantemente aeróbias e aquelas que visem melhorar a força muscular devem ser realizadas em pelo menos três vezes por semana (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2010).

    Há associação entre sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial e dislipidemias e as crianças obesas têm maiores chances de se tornarem adultas obesos. Dessa forma, criar o hábito de vida ativo na infância e na adolescência pode reduzir a obesidade e doenças cardiovasculares na idade adulta. A atividade física também pode exercer outros efeitos benéficos em longo prazo, como aqueles relacionados ao aparelho locomotor. A atividade física intensa, principalmente quando envolve impacto, favorece um aumento da massa óssea na adolescência e pode reduzir o risco de aparecimento de osteoporose em idades mais avançadas, principalmente em mulheres na pós-menopausa (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2010).

    Devido à associação entre a hipertensão arterial e a obesidade, pode-se inferir que a HA tenderá a aumentar nos jovens devido ao aumento na obesidade que está sendo observado em crianças e adolescentes no mundo (MUNTNER et al., 2004). A associação da hipertensão com o sedentarismo é mais verificada em adultos, pois estudos como os de Darren, Warbuton e Bredin (2006), Nelson et al. (2007) e Paffenbarger et al. (1991) mostraram associação inversa entre o nível de atividade física e prevalência de HA em pessoas de ambos os sexos. E segundo as VI Diretrizes de Hipertensão Arterial (SBC, SBH, SBN, 2010), o risco de sedentários se tornarem hipertensos é cerca de 30% maior em relação a pessoas fisicamente ativas. Em crianças e adolescentes há pouca evidência neste sentido, mas o fato de o sedentarismo estar fortemente associado à obesidade sugere associação de ambos com a hipertensão arterial.

    São importantes ações e políticas públicas que visem elevar o nível de atividade física na população jovem, pois a prática adequada de atividades físicas contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico, reduzir a prevalência de obesidade, de hipertensão arterial e de outras doenças. Além disto, é mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo. Por este motivo, do ponto de vista de saúde pública, promover a atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer uma base sólida para a redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta, contribuindo desta forma para uma melhor saúde e qualidade de vida.

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