Habilidades motoras de praticantes e não praticantes de futebol Motor skills for practitioners and not practicing soccer |
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*Alunos **Orientador Faculdade de Educação Física de Barra Bonita (Brasil) |
Bruno Sachetti* Clesly Evandro Guimarães* Antonio Carlos Pereira de Oliveira** |
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Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar o nível de desenvolvimento de habilidades motoras entre praticantes e não praticantes de futebol com idade entre 10 e 13 anos, matriculados na Escola de Futebol KG10 e de uma Escola Municipal de Barra Bonita- SP. Para essa avaliação foram selecionados 30 alunos divididos em dois grupos, sendo praticantes e não praticantes de futebol. Os alunos foram avaliados nos testes Wall Volley Test (passe) e Soccer Dribble Test (condução de bola entre os cones) (McABLE; McARDLE, 1978). Foram obtidas as variáveis de repetições de passes no Wall Volley Test e tempo (segundos) no Soccer Dribble Test. Os resultados apontaram uma média de 15,47 repetições no Wall Volley Test para os praticantes e de 11,33 para os não praticantes. No Soccer Dribble Test, os praticantes obtiveram uma média de 13,33 segundos enquanto os não praticantes ficaram com a média de 16,86 segundos. Unitermos: Habilidades motoras. Alunos. Futebol.
Abstract The goal of this study was to evaluate the level of development of motor skills between practitioners and non-practitioners of soccer aged between 10 and 13 years old, enrolled in the School of Soccer KG10 and in a Local School in Barra Bonita, Brazil. For this evaluation we selected 30 students divided into two groups, practitioners and non-practitioners of soccer. Students were avaliated on tests, Wall Volley Test (pass) and Soccer Dribble Test (driving the ball between the cones) (McABLE; McARDLE, 1978). Repetition variables were obtained from passes on the Wall Volley Test and from time (seconds) on the Soccer Dribble Test. The results showed an average of 15.47 repetitions on the Wall Volley Test for practitioners and 11.33 for non-practitioners. On the Soccer Dribble Test, practitioners had an average of 13.33 seconds while the non-practitioners had an average of 16.86 seconds. Keywords: Motor skills. Students. Soccer.
Trabalho de conclusão de curso.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
É cada vez mais evidente que a prática de atividade física ou de alguma modalidade esportiva, está perdendo espaço para outras atividades como vídeo game, computador, shopping center entre outras atividades sociais mais atrativas. ou para a internet. Desse modo, habilidades motoras básicas como saltar, correr, aparar que eram praticadas em atividades ao ar livre acabam sendo prejudicadas pela falta de atividade física.
Tani (1989) é unânime quanto à importância do desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais para o desenvolvimento motor de crianças, já que os movimentos fundamentais são considerados pré-requisitos para a aquisição de habilidades motoras especializadas, ou seja, aquelas que envolvem atividades motoras mais complexas como as observadas nos esportes, por exemplo.
As habilidades motoras podem ser definidas como qualquer movimento do corpo para realizar um movimento desejado. Dentro do futebol, um passe, um chute a gol ou o simples fato de se deslocar dentro do campo se caracteriza por uma habilidade motora.
Para se avaliar as habilidades motoras do futebol, diversos testes são criados ao longo do tempo. Porém, o Wall Volley Test e o Soccer Driblle Test (McABLE; McARDLE, 1978) tem se firmado como os principais testes, pois avaliam duas das características principais do futebol: o passe e a condução de bola.
Metodologia
Este estudo é classificado como descritivo comparativo segundo Thomas e Nelson (2002), pois compara os resultados obtidos entre praticantes e não praticantes do futebol.
A pesquisa teve como objetivo principal, avaliar o nível de desenvolvimento de habilidades motoras de praticantes e não praticantes de futebol, matriculados na Escola de Futebol KG10 e de uma Escola Municipal de Barra Bonita – SP.
Além do objetivo principal, foram pré-estabelecidos alguns objetivos específicos, para limitar a pesquisa e estabelecer uma linha de raciocínio mais aperfeiçoada. Esses objetivos específicos são:
Determinar os praticantes e não praticantes;
Analisar a participação dos alunos em atividades extras;
Determinar o nível de habilidade motora das crianças nos testes Wall Volley Test e Soccer Dribble Test;
Comparar os resultados obtidos entre os praticantes e não praticantes, por idade;
Para realização da pesquisa, foram selecionadas 30 crianças, separadas igualmente em 15 praticantes e 15 não praticantes da modalidade futebol. Para definir os não praticantes, os pesquisadores adotaram a seguinte maneira: era considerado não praticante crianças que não praticavam o futebol com auxilio de um instrutor em uma escola de esporte.
Os testes específicos da modalidade futebol utilizados na pesquisa foram: o Wall Volley Test e o Soccer Dribble Test, validados por McAble; McArdle (1978). Primeiramente, aplicamos o Wall Volley Test que consiste em chutar a bola, o maior número de vezes, por 20 segundos em um paredão com dimensões 2,44 de comprimento e 1,22 de altura, estando o avaliando a 1,83 m do paredão. O avaliando terá três tentativas e será considerado o melhor resultado. Após a aplicação do primeiro teste, aplicamos o Soccer Dribble Test, onde o avaliado deve conduzir a bola o mais rápido possível ida e volta, por entre quatro cones com 3,27m de distância entre si e a 5,45 de linha da saída. Mais uma vez considerando o melhor resultado de três tentativas. Os testes foram aplicados no mesmo dia, em seqüência.
Revisão de literatura
Desenvolvimento das Habilidades Motoras
Nos dias de hoje, vemos aumentar o número de crianças sedentárias e que não praticam nenhuma modalidade esportiva. Dessa maneira, essas crianças têm um atraso em seu desenvolvimento motor, prejudicando a aquisição e desenvolvimento das habilidades motoras.
O desenvolvimento de habilidades motoras é de fundamental importância para que as crianças possam ter uma base motora qualificada e preparar-se para aquisição de novas habilidades.
Gallahue e Ozmun (2001), explicam que as habilidades motoras básicas ou movimentos fundamentais são definidos como sendo uma série de movimentos relacionados, os quais desempenham tarefas motoras básicas como locomoção, estabilização e manipulação. Tais gestos motores se estendem pelos estágios motores inicial, elementar e maduro.
Tani (1989) é unânime quanto à importância do desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais para o desenvolvimento motor de crianças, já que os movimentos fundamentais são considerados pré-requisitos para a aquisição de habilidades motoras especializadas, ou seja, aquelas que envolvem atividades motoras mais complexas como as observadas nos esportes, por exemplo.
As habilidades motoras fundamentais também aparecem em uma ampla variedade de esportes, de jogos e de outras atividades motoras nas quais os indivíduos se engajam. Porém, além das habilidades motoras gerais, as habilidades motoras específicas devem ser desenvolvidas em cada modalidade (CLARK, 1994).
Já Soto (2000) ainda afirma que uma habilidade motora é toda aquela ação muscular ou movimento do corpo requerido para a execução com êxito de um ato desejado, de forma consciente. Ou seja, trazendo para o futebol, a ação de executar um passe, um chute a gol ou até mesmo o deslocamento para antecipar uma jogada é considerado uma habilidade motora.
De acordo com Gallahue e Ozmun (2001) as habilidades motoras especializadas são padrões motores fundamentais maduros que foram refinados e combinados para formar habilidades esportivas específicas e habilidades motoras complexas.
As habilidades motoras e cognitivas são a base da competência motora, a qual pode ser explicada como a capacidade do indivíduo de resolver problemas, enfrentar situações, organizar, planejar, transformar o meio, sentir-se competente, ter conhecimento dos processos e atitudes adaptando-os a situação presente (CAMPOS; LADEWIG, 2004).
Os autores acima ainda relatam que para se executar uma habilidade motora deve haver uma organização e direcionamento do sistema efetor, de forma coordenada e eficiente, às demandas do meio, cumprindo o que foi proposto pelo sistema executivo.Fica evidenciada a necessidade da fixação das habilidades motoras para que se possa desenvolver corretamente qualquer gesto motor.
Segundo Krebs (1992), Bompa (1995) e Gallahue e Ozmun (1995), o processo de desenvolvimento de um atleta (aluno) passa por várias etapas ou fases.
Nas fases iniciais (estimulação motora) os jovens serão gradualmente introduzidos aos esportes, com atividades motoras variadas, objetivando o prazer, a alegria, a interação e a aquisição dos padrões motores básicos. (KREBS, 1993; BOMPA, 1995; GALLAHUE; OZMUN, 1995).
A segunda fase, chamada de aprendizagem motora é a etapa em que começa a preocupação com a atividade generalizada, mas que segundo Krebs (1993), já prevê que os movimentos obedeçam a um plano motor definido pelo professor.
A terceira etapa diz respeito a prática motora (KREBS, 1992) e de movimentos especializados (GALLAHUE; OZMUN, 1995). É nesta etapa onde as crianças devem buscar repetir um padrão de movimento pré definidos e assim buscar uma acomodação no sentido da aquisição de nova habilidade.
Por fim, a última fase é chamada de especialização motora. É nessa etapa que o individuo busca a perfeição e a personalização do movimento (KREBS, 1992; GALLAHUE, 1998).
Essas fases são de suma importância para que todos os envolvidos nesse contexto esportivo incorporem alguns princípios de treinamento dos quais os alunos serão submetidos.
É importante ressaltar em que idade a criança foi introduzida na modalidade, pois cada etapa de especialização tem uma idade pré determinada. Assim, se o indivíduo foi introduzido no momento adequado e passou por todas as etapas corretamente, estará apto a praticar corretamente as habilidades da modalidade específica.
Resultados
Características gerais dos sujeitos
Quadro 1. Características gerais dos sujeitos
Mesmo não sendo praticantes de futebol, os participantes da pesquisa demonstram interesse em outras atividades esportivas, pois os números revelam que suas práticas de atividades extras são superiores à dos praticantes.
Gráfico 1. Atividades extras dos indivíduos
Observa-se no gráfico acima (Gráfico 1) que há um grande interesse dos alunos em geral na prática desportiva. Dessa maneira, as atividades extras realizadas pelos escolares podem auxiliá-los no desenvolvimento de habilidades motoras e na aquisição das mesmas, o que pode facilitar a realização dos testes específicos da pesquisa.
Segundo Gomes e Machado (2001) a melhora a melhora ou o rápido domínio de um gesto motor, diga-se aqui coordenado, depende também da formação de algumas habilidades perceptivo-motoras específicas, que acabam por interferir de forma positiva ou negativa na execução deste. Estas habilidades podem ser a percepção espaço temporal, domínio multilateral, entre outros. Complementando pode-se citar que movimentos com grau elevado de coordenação são amplamente requisitados nas ações do futebol que requerem envolvimento técnico ou simplesmente motor.
Gráfico 2. Atividades extras dos praticantes
Os praticantes da modalidade se interessam pela pratica de uma atividade extra. Dos quinze praticantes da modalidade, sete praticam outro esporte (Gráfico 2). Assim, além da prática do futebol, os escolares têm na atividade extra, uma forma de desenvolver as habilidades motoras que os auxiliem durante uma partida de futebol.
Gráfico 3. Atividades extras dos não praticantes
Verificou-se também, que o grupo que pratica uma atividade extra é maioria e que apesar de não praticarem o futebol, procuram outra modalidade pela qual se adéquam ou pelo simples fato de se sentirem bem na prática. Assim, com esse histórico em outras modalidades, os desenvolvimentos das habilidades motoras possam ajudá-los na aquisição de habilidades motoras em outras modalidades, facilitando a aprendizagem das mesmas.
Resultados dos Testes
Quadro 2. Resultados dos Testes
De certa forma, percebe-se um bom nível de desenvolvimento dos escolares que não praticam o futebol. Em números absolutos evidenciou-se um escore favorável aos praticantes em ambos os testes. Esse resultado favorável aos praticantes deve-se a prática semanal do futebol, na qual a média chega a ser superior a duas horas semanais.
Gráfico 4. Média das repetições do Wall Volley Test
Ao analisarmos o gráfico, percebe-se que os não praticantes apresentam uma média de repetições próximos a dos praticantes, com médias altas, apesar de não praticarem a modalidade. Clark (1994), diz que as habilidades motoras fundamentais também aparecem em uma ampla variedade de esportes, de jogos e de outras atividades motoras nas quais os indivíduos se engajam. Dessa maneira, evidencia-se que as modalidades extras praticadas pelos indivíduos não praticantes auxiliaram os mesmos na execução dos testes. Já os praticantes da modalidade apresentam resultados lineares, onde suas médias crescem de acordo com a idade. Isso afirma o que disse Ericsson (1996) que há uma relação entre o tempo de prática em um determinado esporte e o nível de desempenho dos atletas, ou seja, quanto maior o tempo de prática, melhor será o desempenho.
Gráfico 5. Médias de tempo durante as execuções do Soccer Dribble Test
Analisando o gráfico acima em números absolutos, observa-se que não há diferenças entre os praticantes e não praticantes do futebol. Esses resultados contrariam nossas expectativas, já que por ser praticantes da modalidade, esperava-se um tempo bem inferior ao dos não praticantes. Freire (2003) comenta que o ato de reter a bola e mantê-la próxima do corpo proporciona ao indivíduo a possibilidade de dar seqüência a uma jogada de maneira eficiente e rápida, pois o tempo e o espaço são curtos. Ao analisar essa afirmação, esperava-se que pelo tempo de prática dos indivíduos praticantes, os resultados apresentariam diferenças significativas entre praticantes e não praticantes.
Considerações finais
A pesquisa teve como objetivo principal avaliar o nível de habilidades motoras que se encontram os praticantes e não praticantes de futebol na faixa etária de 10 a 13 anos de uma Escola de Futebol e de uma Escola Municipal de Barra Bonita, SP
Analisando as atividades extras praticadas pelas crianças, chega-se a conclusão que todos os alunos são adeptos de pelo menos uma modalidade esportiva. Assim a maioria dos alunos opta por praticar uma modalidade, que lhe atrai, exercendo a prática de uma maneira constante e assídua.
Quando comparamos os resultados dos praticantes e não praticantes no Wall Volley Test, conclui-se que os praticantes mantêm um resultado linear e gradativo, evoluindo no número de repetições de maneira proporcional a idade. Os não praticantes não apresentam essa linearidade de resultados, o que pode concluir que a prática do futebol influenciou diretamente no resultado final dos testes.
Já no Soccer Dribble Test, não há diferenças de resultados entre praticantes e não praticantes. Assim, pode-se concluir que ser praticante ou não do futebol não surtiu efeito na execução do teste. Um fator que podemos considerar é a pratica dos indivíduos não praticantes em atividades extras, que contribuem para seu desenvolvimento motor.
Ao fim do trabalho, pode-se dizer que a prática de atividades extras tem grande influencia na aquisição de habilidades motoras e uma prática mais assídua dos escolares será positiva para seu desenvolvimento motor.
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