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Esporte escolar: perspectivas de ensino pautadas 

na pedagogia do esporte e no esporte educacional

School’s sport: teaching perspectives guided by sport’s pedagogy and educational sport

 

*Universidade Gama Filho, UGF

**Serviço Social do Comércio, SESC

Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, SEESP

***Instituto Esporte e Educação

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC SP

Universidade Gama Filho, São Paulo, SP

John Koumantareas* **

Adriano José Rossetto Júnior* ***

johnny.metal82@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Educação Física escolar tem sua prática pedagógica fundamentada no grande tema da cultura corporal de movimento que engloba os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as ginásticas (BRASIL, MEC, 1997) como conteúdos a serem desenvolvidos pelos professores em seus planejamentos pedagógicos de modo a objetivar-se a prática autônoma da atividade física pelos alunos. Aqui, sabe-se que todo este enredo sofre grande influência de fatores externos e internos aos planejamentos, tais quais as diversas mídias e a experiência e metodologia de ensino utilizada pelo professor, a qual pode fundamentar-se no método analítico ou global de ensino. Neste estudo propõe-se uma revisão de literatura acerca do esporte escolar e suas metodologias de ensino, de modo a alicerçar esta prática pedagógica nos conceitos educacionais da pedagogia do esporte e do esporte educacional enquanto estratégias de ensino do esporte.

          Unitermos: Esporte escolar. Pedagogia do esporte. Esporte educacional.

 

Abstract

          The Physical Education has its pedagogical practice grounded in the great theme of culture of body movement that includes games, sports, dances, fights and gymnastics (BRAZIL, MEC, 1997), while content to be developed by teachers in their educational planning in order to objectify themselves independent practice of physical activity by students. Here, it is known that this whole storyline is influenced by external factors and the internal planning such diverse media and what experience and teaching methodology used by the teacher, which may be based on analytical or global method. This study proposes a literature review of school’s sport and their teaching methodologies in order to support its teaching practice in educational concepts of sport’s pedagogy and educational sport strategies while teaching the sport at school.

          Keywords: School’s sport. Sport’s pedagogy. Educational’s Sport.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo os referenciais curriculares (BRASIL, MEC, 1997, p.23), as aulas de Educação Física fundamentam-se na cultura corporal de movimento, a qual engloba “o jogo, o esporte, a dança, a luta e as muitas manifestações ginásticas”.

    Ao pensar a Educação Física enquanto cultura corporal de movimento, além das estratégias de ensino e aprendizagem traçadas pelos professores, faz-se necessário também o diálogo com as demais disciplinas formadoras das matrizes curriculares nas escolas e com os conteúdos inerentes à atualidade como temas transversais.

    Com isso os professores necessitam aprimorar o conhecimento relacionado às suas áreas, sendo uma destas, a educação básica e foco deste estudo, tendo ainda, a pedagogia do esporte e o esporte educacional enquanto estratégias de ensino em sua problematização, ao pensarmos no processo de ensino-aprendizagem do conteúdo esporte. Betti e Zuliani (2002, p.73) ao abordarem a questão das diretrizes pedagógicas para uma proposta em Educação Física escolar, relatam que:

    Educação Física é uma expressão que surge no século XVIII, em obras de filósofos preocupados com a educação. A formação da criança e do jovem passa a ser concebida como uma educação integral – corpo - mente e espírito, como desenvolvimento pleno da personalidade. A Educação Física vem somar-se à educação intelectual e à educação moral. Essa adjetivação da palavra educação demonstra uma visão ainda fragmentada do homem.

    Partindo da premissa que o ambiente escolar em suas diversas manifestações deve desenvolver em seus alunos os conceitos globais de educação, formação cultural e cidadania. Assim a participação da Educação Física neste contexto, deve colaborar de forma a ensinar muito mais do que apenas a técnica e a tática das modalidades esportivas abordadas, entendendo o esporte enquanto um fenômeno sociocultural complexo (PAES e BALBINO, 2005; TEODORESCU, 1984; TUBINO, 2010).

    O professor de Educação Física deve ensinar seus alunos a gostarem do esporte - de forma que o ensine para todos, considerando também as perspectivas de ensiná-lo bem a todos, assim como, ensinar mais do que apenas o esporte (FREIRE 1991).

    Entretanto, o esporte, hoje, recebe diferentes roupagens no que concerne ao seu entendimento e prática pelo senso comum.

    Podemos destacar duas principais vertentes, apontadas por Paes (2001) apud Scaglia e Reverdito (2009, p. 20) e nitidamente influenciadoras deste processo: “a prática esportivizada e o esporte escolar”. Na primeira destacamos a influência midiática exercida sobre o esporte ao pensarmos o seu desenvolver pautado na herança de valores trazida pelos alunos para a escola. No segundo caso e objeto de estudo deste trabalho, surge o esporte no âmbito escolar, o qual não deve e não pode ser entendido como um celeiro de atletas ao pensarmos na sua função educativa.

    Pensando no esporte desenvolvido na escola, podemos identificar duas metodologias naquilo que se refere aos planejamentos pedagógicos: a metodologia analítica e a global.

    Na primeira vemos que a técnica desenvolve-se em detrimento da tática, o conteúdo é ensinado por meio da fragmentação das atividades e dos indivíduos para que no final do processo estes vivenciem as modalidades esportivas, fato este que elitiza o esporte ao pensarmos que somente os mais hábeis serão capazes de desfrutar.

    No segundo caso, identifica-se que técnica e tática caminham juntas, fugindo da idéia de Educação e Educação Física fragmentada (BETTI e ZULIANI, 2002). Neste contexto, o aluno é entendido em sua totalidade, na qual o professor deve incentivar a prática físicodesportiva pelo maior número de praticantes, traçando estratégias de facilitação deste processo, por meio de exercícios dinâmicos, estando pautados na metodologia do ensino do jogo (FREIRE, 2005; GRECO, 1998a; 1998b; KRÖGER e ROTH, 2005; MESQUITA, 2000; SCAGLIA; LEONARDO e REVERDITO, 2009).

    Possibilitando assim, que todos possam praticar o esporte, independentemente de sua vivência motora prévia, tomando por base os preceitos operacionais de Bayer (1994, p.17) assim, levando em consideração a: “transferência de conhecimentos”, e dessa forma tornando suas aulas atrativas e funcionais.

    A partir dos questionamentos supracitados surge a principal inquietação deste estudo: quais as estratégias para ensinar o conteúdo esporte nas aulas de Educação Física escolar?

    Fugindo da idéia tecnicista do processo de ensino-aprendizagem do esporte escolar, da formação de atletas infantojuvenis e da exclusão dos menos hábeis nas aulas de Educação Física escolar, este estudo tem enquanto objetivos:

  • Discutir o conceito de esporte na e/ou da escola;

  • Identificar estratégias de facilitação do processo de ensino-aprendizagem do conteúdo esporte no âmbito escolar, por meio da análise das diferentes pedagogias do esporte educacional.

    Para a Educação Física, a discussão do conceito de esporte escolar, bem como de formação esportiva – os quais estão diretamente ligados, principalmente naquilo que diz respeito ao entendimento da cultura corporal de movimento colabora para a aplicação eficaz das metodologias de ensino-aprendizagem deste conteúdo.

    Identificar as estratégias de facilitação do processo de ensino-aprendizagem, por meio da Pedagogia do Esporte, planejando aulas junto à teoria do jogo; no ensino dos jogos para a compreensão; e de exercícios dinâmicos e globais, suscita nos professores a preocupação em melhor planejar suas ações e desse modo colaborar para o aumento da prática físicodesportiva.

    No âmbito educacional, incitar a prática consciente e plural do esporte, bem como uma tentativa de enlace entre as demais disciplinas do contexto escolar produzindo aqui, um diálogo pedagógico, colabora para que cidadãos críticoreflexivos e que ainda, mesmo que de forma implícita guardem consigo estímulos positivos, no que diz respeito ao entendimento acerca dos valores em Educação Física e esporte. Desse modo este estudo propõe a discussão e identificação dos conteúdos relacionados à Pedagogia do Esporte e ao Esporte Educacional na escola.

Pedagogia do esporte e esporte educacional

    O esporte é um dos temas a serem trabalhados pela cultura corporal de movimento, instrumentalizada na prática pedagógica dos professores de Educação Física escolar (BRASIL, MEC, 1997).

    Desse modo, deve-se levar em conta ao elaborar os planejamentos pedagógicos a cultura esportiva que é trazida pelos alunos para a escola – a qual pode aqui ser ilustrada no futebol, por exemplo.

    Aqui surge o desafio para os professores, ensinar o conteúdo solicitado, formando cidadãos capazes da prática autônoma da atividade física e assim descrita nos documentos que norteiam suas ações.

    Partindo desta premissa, nenhum dos alunos chega à escola sem nada saber – desprovido de cultura. Conhecer esta condição colabora para uma construção ampla de nossas atividades, fato também, no qual, alicerça-se o desafio em amarrar os conhecimentos relacionados à prática da atividade física sistêmica, sobretudo, aqui traduzida nas relações constituídas com o esporte.

    Na escola, o não fomentar de atletas infantojuvenis – na perspectiva de profissionalização da prática físicodesportiva e de modo contrário ao olhar viciado que permeia este contexto, os professores devem possibilitar a prática do esporte pelo maior numero de alunos, bem como, colaborar para a criticidade destes.

    Betti e Zuliani (2002, p.74) afirmam que:

    [...] nos últimos 15 anos, a ascensão da cultura corporal e esportiva (que denominaremos, de maneira mais ampla, “cultura corporal de movimento”) como um dos fenômenos mais importantes nos meios de comunicação em massa e na economia. O esporte, as ginásticas, a dança, as artes marciais, as práticas de aptidão física tornam-se, cada vez mais, produtos de consumo (mesmo apenas como imagens) e objetos de conhecimento e informação amplamente divulgados no grande público. Jornais, revistas, videogames, rádio e televisão difundem idéias sobre a cultura corporal de movimento.

    Fugindo da visão sistêmica da prática de atividades físicas e do esporte em sua competição exacerbada, seja este influenciado pela mídia e já apresentado na forma de prática esportivizada ou até mesmo no esporte espetáculo, surge enquanto linha de pensamento a pedagogia do esporte e o esporte educacional, FREIRE e SCAGLIA (2003) apud SCAGLIA e REVERDITO (2009); PAES e BALBINO (2005); ROSSETTO Jr.; COSTA e D’ANGELO (2008); SÉRGIO (2003); TUBINO (2010).

    Para tanto, ao pensarmos a pedagogia do esporte e o esporte educacional enquanto estratégias de ensino na Educação Física, conforme nos mostram Scaglia e Reverdito (2009, p.28): “[...] escrever sobre e em pedagogia, corre-se um grande risco, principalmente por ser uma área do conhecimento que caminha sobre a linha tênue das inovações e transformações”. A partir deste pensamento e no transcorrer desta revisão bibliográfica poderemos observar que os autores citados nas referências flertam com as ciências humanas para fundamentarem sua fala, em especial com a pedagogia, (SCAGLIA e REVERDITO 2009; SCAGLIA 2011; SÉRGIO 2003).

    De forma sucinta, Scaglia e Reverdito (2009, p.28) defendem a idéia que ao falar sobre a pedagogia do esporte, faz-se necessária a construção de um alicerce pedagógico para o entendimento desta enquanto ciência, conforme nos relatam os autores: “[...] acreditamos serem relevantes algumas considerações sobre o conceito de pedagogia”, seguem dizendo que: “[...] queremos caminhar sobre a sua compreensão e apresentar, ainda que de forma sucinta, seu campo específico e seu objeto de estudo”.

    Para Scaglia e Reverdito (2009, p. 30): “a pedagogia não se apresenta em um único seguimento, e também está para além do saber metodológico, educativo e procedimental do ato de ensinar”. Neste contexto, surge a curiosidade em delinearmos a pedagogia enquanto ciência, e sua área de atuação. Parafraseando Libâneo (2002) apud Scaglia e Reverdito (2009, p.30): “[...] a pedagogia é a ciência da e para a educação, estuda a educação, a instrução e o ensino”.

    Ainda segundo Libâneo (2002, p.30) apud Scaglia e Reverdito (2009): “Pedagogia é, então, o campo de conhecimentos que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana”.

    Sendo assim e sabendo-se também que a escola nos dias de hoje tem exercido em sua função social um protagonismo, sobretudo ao pensarmos na formação ampla - a qual é desejada em seus currículos, ensinar o esporte apenas por ele mesmo, sem conceituar seus reais valores, sem pedagogizá-lo, torna-se puro tarefismo na metodologia analítica, pensando esta na dimensão procedimental por parte dos professores.

    Freire (1991) questiona alguns pontos acerca dos processos de ensino-aprendizagem do esporte. Ainda aqui, ele introduz o conceito do pedagogo do esporte.

    Defender uma Pedagogia do esporte no planejamento pedagógico, bem como, crer na atuação dos chamados pedagogos do esporte, é acreditar que a escola pode por meio de suas práticas, sobretudo na Educação Física desenvolver conceitos globais de formação esportiva para a tão almejada prática autônoma.

    Para Vago (1996, p.4):

    [...] a escola pode produzir uma cultura escolar de esporte que, ao invés de reproduzir as práticas de esporte hegemônicas na sociedade como escreveu Bracht, estabeleça com elas a relação de tensão.

    Fugir da metodologia analítica do ensino do esporte, ampliação dos conceitos de tática e técnica por meio dos jogos e brincadeiras, regras adaptadas, assim fomentando o prazer pela prática esportiva, e a inclusão dos alunos menos habilidosos, concretizam a ideia de ensinar bem este conteúdo a todos, de modo que, se possa pedagogizar estas ações.

    Apresentado, então, o conceito de Pedagogia e desse modo, amarrando - o com os questionamentos supracitados em relação ao processo de ensino-aprendizagem na prática esportiva, surge a Pedagogia do Esporte e sua definição enquanto ciência no contexto atual, a qual busca a redefinição do conceito esporte, que é colocado em jogo.

    Para Paes e Balbino (2005), Scaglia (2011), Paes (2001; 2002) apud Scaglia e Reverdito (2009, p.38):

    [...] temos de ter um novo olhar sobre o esporte, não cabe mais ao esporte uma visão exclusivista e elitizada, em que somente os atletas com alto desempenho são capazes de desfrutar.

    Rossetto Júnior, Costa e D’Angelo (2008, p. 17), relatam que:

    Atualmente, parece haver unanimidade no discurso do Esporte vinculado a valores e atitudes, como paz, justiça, liberdade, respeito, cidadania, cooperação, responsabilidade, disciplina, etc. Trata-se de um discurso, porque o que observamos, muitas vezes, é dicotomia e abismo entre o que se fala e a ação.

    De acordo com os autores supracitados muito se fala acerca de valores que devem ou deveriam ser e estar agregados ao ensino do esporte. De certo que o discurso conforme apresentado existe em meio ainda às definições do real papel da prática esportiva e da Educação Física enquanto disciplina na educação básica.

    Ocorre que, na prática, o ensino do esporte, ou da prática esportivizada já apresentada aqui enquanto um dos conceitos que envolvem o esporte sofre grande influência midiática, principalmente no que diz respeito aos valores trazidos pelos alunos.

    Diariamente deparar-se com a herança de valores que estes trazem consigo para dentro da escola, é enfrentar aquilo que mais se presencia. Assim, dentre estes fatores merecem destaque: a supervalorização dos campeões no jogo, a competição exacerbada ao pensarmos na prática físicodesportiva e a exclusão dos menos hábeis.

    Sendo assim, é preciso reforçar a atitude em repensar o esporte por completo – dentro da perspectiva de educação integral e até mesmo inclusiva, assim como relatam Aguiar e Duarte (2005, p. 225):

    [...] a cultura desportiva e competitiva, historicamente dominante nas propostas curriculares da Educação física, pode criar resistências à inclusão de pessoas que são encaradas como menos capazes para um bom desempenho numa competição. Muitas das proposições de atividades feitas em Educação Física, realizadas na base da cultura competitiva, podem ser observadas nas escolas. A prática desportiva, quando usada sem os princípios da inclusão, é uma atividade que não favorece a cooperação, que não valoriza a diversidade e que pode gerar sentimentos de insatisfação e frustração.

    Pedagogizar a prática físicodesportiva, os programas de iniciação, seja nos âmbitos formais ou informais e assim propondo uma educação pelo desporto, uma educação que seja permanente, (SÉRGIO 2003; TUBINO, 2010).

    Partindo da ideia de educação permanente ao pensarmos o esporte para todos, de modo que, este faça sentido, os eduque para a autonomia e os ensine a gostar deste fora da escola, não somente na condição de meros expectadores e consumidores dos produtos midiáticos torna-se dever do professor.

    No que se refere ao fomento desta prática consciente nos seus alunos, corroborando aqui com a fala de Scaglia e Reverdito (2009, p.39) ao apresentarem o pensamento de Paes (2001):

    [...] as propostas que se apresentam de forma reduzida e exclusivista, são aquelas que dificultam a possibilidade de um tratamento pedagógico do esporte, principalmente em se tratando da iniciação esportiva precoce centrada na busca pelo resultado imediato.

    Ao ensinarmos o esporte e seus valores, precisamos de um planejamento em Pedagogia do Esporte. Um planejamento que vá ao encontro dos preceitos do esporte educacional e que englobe o aluno em sua totalidade.

    Ao pensar toda na atuação do educador e da importância em planejar suas aulas para uma boa Pedagogia do Esporte, Rossetto Jr.; Costa e D’Angelo (2008, p. 26) nos falam que:

    A boa Pedagogia do Esporte passa, necessariamente, pela qualidade de seu planejamento, que se relaciona diretamente com a qualidade dos resultados, o que exige dos professores uma postura reflexiva e autônoma no planejamento.

    Nesse sentido, planejar constitui importante ferramenta para uma caracterização desta prática pedagógica em Educação Física. Planejar as aulas, as sessões de esporte infantojuvenil no formato das unidades didáticas, por exemplo, desse modo, alicerçando-a nos conceitos da pedagogia do esporte, bem como do esporte educacional, o qual compreenda em termos globais: “a inclusão de todos; a construção coletiva; o respeito à diversidade; a educação integral; e o rumo à autonomia”, caracterizando aqui, este conteúdo (ROSSETTO JR.; COSTA; D’ANGELO 2008, p.12).

    Quebrar as zonas de conforto, desse modo, rompendo com o “fazer por fazer” e repensar as aulas considerando as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais no esporte, torna-se desafio para os professores de Educação Física, principalmente, por não existir ainda uma fórmula pronta que os guie por tal caminho.

    Propor uma real inclusão de todos os alunos, movimento este que os considere enquanto parte das aulas independentemente do seu nível de conhecimento e/ou habilidade acerca dos assuntos propostos nas aulas e das questões de raça ou gênero, criando assim, condições para que todos participem.

    Adaptar a forma de disputa das modalidades, sobretudo naquilo que diz respeito às regras e aos materiais utilizados; estratégias pautadas nos pequenos jogos, propicia a inclusão da maior parte dos alunos, isso é possibilitar que todos vivenciem de forma prazerosa o esporte.

    Construir coletivamente com estes as atividades e regras propostas durante as aulas, bem como estratégias que remetam a uma aprendizagem significativa dentro de uma proposta de contrato didático fomentando assim o reforço positivo de suas ações de sucesso.

    Respeitar a diversidade dos conteúdos apresentados. Desse modo buscando estratégias de facilitação por meio de jogos e brincadeiras que remetam ao esporte – ao pensarmos na iniciação físicodesportiva, mais propriamente dita, nos jogos desportivos coletivos e sua pedagogia. Considerar os alunos de forma integral e não apenas pelo nível de habilidade motora que cada um traz consigo, aqui propiciando uma vivência Motora-esportiva para todos de modo que a especialização precoce não ocorra.

    Enquanto estratégia interessante aqui se pode citar em âmbito escolar, a formação de equipes mistas em relação aos meninos e meninas e as competições pedagógicas, dando função para cada um dos alunos envolvidos.

    A busca pela educação integral, fomentando nestes a capacidade de escolhas e entendimento dentro e fora da escola, é propor para os alunos a tão almejada formação completa. Considerando que a prática desportiva exerce papel fundamental no processo formativo do indivíduo, na medida em que propicia integralidade no processo formativo e educativo da criança; para que os eduquem para o “saber ser e estar” (MESQUITA, 2000).

    Educar para a autonomia é acreditar que os preceitos anteriores quando trabalhados de forma consciente nos alunos, fortalecem nestes a criação de uma identidade relacionada à prática físicodesportiva no que se refere à escolha e manutenção de atividades em seus momentos livres.

    Todos estes conceitos sobre a pedagogização do esporte servem de embasamento para a atuação prática dos profissionais de Educação Física nas escolas, assim, aqui cabe uma sucinta análise sobre as relações professor-aluno e ensino-aprendizagem enquanto constituintes desta didática na escola (LUCCHESI, 2010).

    Esta condição reforça as palavras de Rossetto, Jr.; Costa; D’Angelo (2008, p. 21) ao relatarem sua experiência profissional, quando falam da formação de professores, enquanto princípios no processo de ensino e aprendizagem: [...] quem ensina está sempre aprendendo; Prática e reflexão devem caminhar juntas; e deve existir a profissionalização da prática docente.

    Romper com o olhar da prática automatizada do esporte e com a escola enquanto celeiro formador de atletas fomenta o livre SE-movimentar considerando os alunos por completo.

Considerações finais

    Tomando por base as ideias aqui apresentadas e a forma pela qual a Educação Física caracteriza-se na grade escolar, bem como a atuação dos profissionais neste âmbito, esta revisão bibliográfica suscitou a necessidade de um maior trato pedagógico nos planejamentos políticos pedagógicos na educação básica.

    Romper com a prática esportivizada, totalmente influenciada pelas diversas mídias naquilo que se refere à formação dos alunos enquanto meros espectadores, desse modo, colaborando para o livre, consciente e crítico exercício da cultura corporal de movimento.

Referências bibliográficas

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