Educação em saúde em Estratégias Saúde da Família: uma medida eficaz La educación para la salud en la Estrategia de Salud de la Familia: una medida eficaz Health Education in Family Health Strategy: an effective measure |
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*Pós-graduada em Gestão de Serviços e Sistemas de Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Enfermeira graduada pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) **Pós-graduada em Gestão de Serviços e Sistemas de Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Pós-graduanda em Enfermagem do Trabalho pelo Centro Universitário Internacional UNINTER. MBA em Auditoria em Saúde pelo Centro Universitário Internacional UNINTER (em andamento). Enfermeira graduada pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) |
Sandra Alexandra Bezerra* Liliane Marta Mendes Oliveira** (Brasil) |
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Resumo A Estratégia Saúde da Família surge, no Brasil, como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, visando a substituição do modelo hospitalocêntrico. Trata-se de uma revisão bibliográfica, construída por meio de buscas na literatura científica em bases de dados online, artigos e manuais, publicados nos últimos 15 anos e que apresentam relevância relativa ao tema pesquisado. Tem como objetivo verificar a importância da educação em saúde em Estratégias Saúde da Família. As atividades realizadas por equipes interdisciplinares propõem intervenções educativas e de sensibilização mais eficazes, por meio de uma abordagem dinâmica e participativa, possibilitando um maior alcance da população e favorecendo a interação dos participantes nas atividades promovidas. Conclui-se que a educação em saúde é fundamental tanto no controle quanto na prevenção das doenças e deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar. Unitermos: Saúde da Família. Educação em saúde. Prevenção Primária. Promoção da saúde.
Abstract The Family Health Strategy emerges in Brazil as a strategy to model reorientation from primary care, aiming to replace the hospital-centered model. This is a literature review, built by searching the scientific literature on online databases, articles and manuals, published in the last 15 years and that are relevant on the topic searched. Aims to determine the importance of health education in the Family Health Strategy. Activities carried out by interdisciplinary teams proposed educational interventions and more effective awareness through a dynamic and participatory approach, allowing a greater range of the population and encouraging interaction among participants in the activities promoted. It’s concluded that health education is fundamental in controlling and preventing disease and should be performed by a multidisciplinary team. Keywords: Family healthy. Healthy education. Primary prevention. Healthy promotion.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituído em 1988, no intuito de identificar e divulgar fatores condicionantes e determinantes da saúde; formular políticas de saúde destinadas a promover ações e serviços de saúde; além de atender as pessoas por meio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde (RIO GRANDE DO SUL, 2000). Nesse contexto, em meados dos anos 90, surgiu o Programa Saúde da Família (PSF) como uma estratégia do Ministério da Saúde (MS) com objetivo de mudar a forma tradicional de prestação de assistência para um novo modelo de Atenção Primária (RONCOLLETA, 2003; DA ROS, 2006).
A assistência à saúde tem melhorado cada vez mais, pois o SUS busca alternativas para incrementar a qualidade da saúde oferecida (GIACOMOZZI; LACERDA, 2006). Assim, implementou uma assistência integral à saúde da população, por meio da elaboração do Programa de Saúde da Família (PSF), que atualmente trabalha com uma equipe interdisciplinar de fundamental importância para a abordagem da saúde da família, principalmente em se tratando da assistência domiciliar à saúde, na qual envolve os profissionais e as famílias atendidas (GIACOMOZZI; LACERDA, 2006; BESEN et al, 2004).
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) possui características estratégicas de mudança do padrão de atenção à saúde de toda população. Sendo que as práticas da ESF estão voltadas para o trabalho com foco na família, por meio de ações preventivas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003; ROSA, 2005). Além disso, busca a integração com a comunidade, numa atuação interdisciplinar dos profissionais que compõem as equipes de saúde da família. Uma das principais formas de buscar a mudança de conceitos e paradigmas na ESF, com foco na prevenção e promoção da saúde, tem sido por meio de educação em saúde. Deste modo, este trabalho tem como objetivo verificar a importância educação em saúde em Estratégias Saúde da Família (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003).
Material e métodos
Para o desenvolvimento deste estudo sobre educação em saúde na ESF, foram feitas buscas na literatura científica nas seguintes bases de dados on-line/portais de pesquisa: Scielo, LILACS e BVS. Os descritores e expressões utilizados durante as buscas foram: Saúde da Família, Educação em Saúde, Prevenção Primária, Promoção da Saúde. Foram usados artigos publicados nos últimos 15 anos que apresentassem relevância relativa ao tema pesquisado. Também foram utilizados documentos e publicações do Ministério da Saúde. Os materiais foram estudados em sua íntegra e organizados a partir do tema principal da pesquisa.
Estratégia Saúde da Família
A Estratégia Saúde da Família surgiu no Brasil como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, trabalhando de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde. A mesma surgiu a partir da busca por novos modelos de assistência substituindo dessa maneira o modelo tecnicista, hospitalocêntrico. Dessa maneira, a ESF aparece como uma nova forma para se trabalhar a saúde, tendo a família como foco principal de atenção e não somente o indivíduo doente, no intuito de intervir em saúde (ROSA, 2005). Além disso, essa estratégia surgiu com a finalidade de contribuir para a redução das mortalidades infantil e materna, por meio da expansão da cobertura dos serviços de saúde para as áreas mais carentes. Os serviços básicos de saúde têm seu foco voltado para família como unidade de ação programática de saúde, ou seja, cobertura realizada por família (VIANA; DAL POZ, 1998; MACHADO, 2007).
Após a implantação do PSF no Brasil, pode-se observar um processo de mudança incremental do modelo assistencial da atenção básica, revelando avanços na incorporação de novas práticas profissionais na atenção primária e na criação de vínculos entre a equipe de saúde da família e as famílias cadastradas (ESCOREL; GIOVANELLA; MENDONÇA, 2007). Nesse processo de transformação do modelo assistencial, surge o trabalho em equipe interdisciplinar e a inclusão da família como foco de atenção básica, superando o cuidado individualizado com foco na doença, ultrapassando o modelo biomédico de cuidado em saúde (RIBEIRO, 2004). O PSF visa o trabalho voltado para promoção da saúde, aspirando à integralidade da assistência ao usuário como foco no sujeito e na família (DA ROS, 2006; BRASIL, 1997; RONCOLLETA, 2006).
As práticas educativas inseridas na Estratégia Saúde da Família
Não é uma tarefa fácil adquirir profissionais aptos para trabalharem nesse novo modelo de assistência. Pois eles deverão repensar as práticas educativas dentro de uma visão voltada para a promoção da saúde (GIL, 2005; BRASIL, 2003; BRASIL, 2005). Essa dificuldade acontece em decorrência do modelo de formação destes profissionais, de modo hospitalocêntrico, biologicista, modelo fragmentado, chamado flexneriano, em que se utilizam metodologia de ensino vertical e não problematizador (CUTOLO, 2000).
Para se fazer a educação em saúde faz-se necessário adotar um modelo, tendo em vista isso, utiliza-se o Estilo de Pensamento (EP) hegemônico. Esse estilo pensamento é visto como modos de ver, entender e conceber, o que resulta em conhecimentos e práticas compartilhados por um coletivo com formação específica (CUTOLO, 2000). Para realizar educação em saúde os profissionais devem utilizar pensamentos e linguagem específica, em que se faz uso de termos técnicos e direcionamento das observações e dos problemas (DA ROS, 2000). Entretanto, esse modelo gera um novo modo de trabalho na saúde que contempla atividades curativas e reabilitadoras. E não voltadas a para a integralidade da atenção, com a incorporação das ações de promoção da saúde, processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da qualidade de vida e saúde (BRASIL, 2003).
Ressalta-se a necessidade de fazer reflexões sobre a ESF como um possível instrumento de educação em saúde para o acesso da população as informações acerca de sua saúde, construção da cidadania em busca de sua autonomia (BRASIL, 2005; BESEN, 2007; ESCOREL; GIOVANELLA; MENDONÇA, 2007). Além disso, fomenta-se a socialização dos saberes acerca do ESF e SUS, com o intuito de incentivar a participação social nos determinantes e condicionantes de sua saúde. A ESF tem suas atividades voltadas para a educação em saúde, sendo o papel central de uma prática educativa a promoção da saúde, tendo em vista que a mesma refere-se a um conjunto de atividades orientadas a promover melhorias das condições de saúde e acesso a bens e a serviços sociais (BESEN, 2007).
Podem-se descrever as atividades com os grupos programáticos de hipertensos, diabéticos, gestantes, grupo da terceira idade dentre outros, grupo de jovens como aqueles que são realizados dentro das equipes da ESF. Sendo que o trabalho com grupos programáticos ou temáticos tem sido considerado como uma das principais atividades do ESF. Nesses grupos, os pacientes participam ativamente da construção do seu saber, além disso, são assistidos regularmente pelas equipes de saúde durante reuniões. Assim, ressalva-se que além do monitoramento da saúde, tais reuniões permitem a divulgação de informações a respeito do tema discutido, contribuindo dessa maneira para a educação do paciente ou dos responsáveis por ele, em relação aos cuidados com a saúde e ao sucesso dos tratamentos (BRASIL, 2005).
Nessas atividades realizadas por equipes interdisciplinares promovem-se intervenções educativas e de sensibilização mais eficazes, por meio de uma abordagem dinâmica e participativa, possibilitando um maior alcance da população e favorecendo a interação dos participantes nas atividades promovidas (BRASIL, 2005; SOUZA; CARVALHO, 2003). Sendo que há uma preocupação em difundir a informação de maneira acessível e contextualizada, levando em conta as capacidades e peculiaridades do público ao qual se dirijam. Uma vez que o indivíduo é o único capaz de promover sua transformação e aprimoramento pessoal, pode-se perceber que as intervenções realizadas em grupos incentivam à autonomia e responsabilização do paciente pelo seu próprio estado de saúde. Pois, sabe-se que à medida que o sujeito toma para si o poder de controlar sua própria vida, ele adquire a possibilidade de desenvolver suas potencialidades pessoais, respondendo as demandas necessárias de acordo com suas possibilidades individuais (SOUZA; CARVALHO, 2003). Essas atividades de grupo são realizadas pela equipe multidisciplinar (ESCOREL; GIOVANELLA; MENDONÇA, 2007).
Conclusões
A Estratégia Saúde da Família surge no Brasil como uma estratégia que pretende reorganizar e reorientar o modelo assistência da atenção básica, substituindo, dessa maneira, o modelo tecnicista, hospitalocêntrico e atuando de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde, com ações voltadas para a família e comunidade. E a educação em saúde aparece nesse contexto como um dos principais meios para a promoção da saúde e prevenção de doenças. As atividades educativas são realizadas por equipes interdisciplinares que desenvolvem intervenções educativas e de sensibilização, por meio de uma abordagem dinâmica e participativa em grupos, utilizando linguagem acessível e contextualizada com a realidade de cada população, respeitando o nível de entendimento e as capacidades e peculiaridades do público. Dessa maneira, conclui-se que a educação em saúde é de fundamental importância tanto no controle quanto na prevenção das doenças, uma vez que os grupos estão voltados para prevenção e promoção da saúde, por meio de intervenções realizadas por uma equipe multidisciplinar.
Referências
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BESEN, Candice Boppré et al. A estratégia saúde da família como objeto de educação em saúde. Saúde soc., São Paulo, v. 16, n. 1, Abr. 2007.
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DA ROS, M. A. Estilos de pensamento em saúde pública: um estudo de produção FSP – USP e ENSP – Fiocruz entre 1948 e 1994, a partir da epistemologia de Ludwick Fleck. 2000. Tese (Doutorado em Educação e Ciência) - CED, UFSC, Florianópolis, 2000.
DA ROS, M. A. Políticas públicas de saúde no Brasil. In: BAGRICHEVSKI, M. (Org.). Saúde em debate na Educação Física. Blumenau: Nova Letra, 2006. p. 44- 66.
ESCOREL, Sarah; GIOVANELLA, Ligia; MENDONÇA, Maria Helena Magalhães de; SENNA, Mônica de Castro Maia. O Programa de Saúde da Família e a construção de um novo modelo para a atenção básica no Brasil. Rev. Panam. Salud Publica/Pan. Am. J. Public Health, v. 21, n. 2, 2007.
GIACOMOZZI, Clélia Mozara; LACERDA, Maria Ribeiro. A prática da assistência domiciliar dos profissionais da estratégia. Rev. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v.15, n.4, Out/Dez 2006, p. 645-653.
GIL, C. R. R. Formação de recursos humanos em saúde da família: paradoxos e perspectivas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, mar/abr 2005.
MACHADO, Maria de Fátima Antero Sousa et al . Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS: uma revisão conceitual. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, Abr. 2007.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Programa Saúde da Família: ampliando a cobertura para consolidar a mudança do modelo de Atenção Básica. Rev. Bras. Saude Mater. Infantil, v.3, n,1, Jan/Mar 2003, p. 113-125.
RIBEIRO E. M. As várias abordagens da família no cenário do Programa Estratégia de Saúde da Família (PSF). Rev. Latino-am Enfermagem, v.12, n.4, Jul/Ago 2004, p. 658-664.
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Saúde. O SUS é legal: Legislação Federal e Estadual. Porto Alegre: Secretaria da Saúde, 2000. 151 p.
ROSA, Walisete de Almeida Godinho; Labate, Renata Curi. Programa Saúde da Família: a. Construção de Um Novo Modelo de Assistência. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v 13, n. 6, dezembro 2005.
RONCOLLETA, A. F. T. et al. Princípios da medicina de família. São Paulo: Sombramfa, 2003.
SOUZA, Rafaela Assis de; CARVALHO, Alysson Massote. Programa de Saúde da Família e qualidade de vida: um olhar da Psicologia. Estud. psicol. (Natal), Natal, v. 8, n. 3, Dec. 2003
VIANA, Ana Luiza; DAL POZ, Mario Roberto. Estudo sobre o processo de reforma em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: IMS/UERJ, 1998.
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