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Conhecimento sobre nutrição e o uso de 

suplementos alimentares por praticantes de musculação

Conocimiento sobre la nutrición y el uso de suplementos dietéticos por parte de fisicoculturistas

   
*Nutricionista graduada pela Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI
**Nutricionista. Doutoranda em Ciências Farmacêuticas pela UNIVALI
Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC
Especialista em Nutrição Clínica e Terapêutica Nutricional e Nutrição Esportiva
  		 
Janine Karsten*
Luciane Angela Nottar Nesello**
eninaj__@hotmail.com
(Brasil)
 

 

 

 

 

Resumo

          Com o aumento da preocupação por uma alimentação saudável, é essencial o conhecimento sobre os suplementos nutricionais e fontes alimentares. O artigo teve como objetivo verificar o conhecimento sobre nutrição e o uso de suplementos nutricionais em praticantes de musculação de academias do município de Itajaí-SC. Teve como amostra 284 praticantes de musculação com idade de 18 á 45 anos que participaram da pesquisa. Verificou-se que a maioria dos praticantes da faixa etária de 18 a 25 anos, realizavam atividade física mais de três vezes por semana. Com relação ao conhecimento sobre nutrição, 71% assinalaram o leite desnatado como fonte de gordura. Já sobre proteína, houve 20% de erro. Dentre os entrevistados 68,8% utilizavam suplementos, sendo eles a maioria de origem protéica. Quanto à indicação, 40% foram indicados por amigos. Concluiu-se há falta de conhecimento sobre os nutrientes contidos nos alimentos e a utilização abusiva de suplementos alimentares, indicados por profissionais não capacitados, podendo levar graves problemas a saúde.

          Unitermos: Nutrientes. Suplementos dietéticos. Treinamento de resistência.

 

Resumen

          Con la creciente preocupación por una alimentación saludable, es esencial el conocimiento sobre los suplementos nutricionales y fuentes alimenticios. El artículo pretende comprobar el conocimiento sobre la nutrición y el uso de suplementos nutricionales en fisicoculturistas de gimnasios en la ciudad de Itajaí-SC. Se tuvo una muestra de 284 fisicoculturistas de 18 a 45 años de edad que participaron en el estudio. Se encontró que la mayoría de las personas de 18 a 25 años realizan actividad física más de tres veces por semana. Con respecto a los conocimientos sobre nutrición, 71% indicó la leche desnatada como una fuente de grasa. Refiriéndose a la proteína, hubo um 20% error. Entre los entrevistados 68,8% estaban usando suplementos, aunque la mayoría de origen proteico. En cuanto a la indicación, el 40% fueron recomendados por amigos. Se concluyó que hay falta de conocimiento sobre los nutrientes contenidos en los alimentos y el uso abusivo de suplementos alimenticios, indicados por profesionales no capacitados, lo que puede traer graves problemas de salud.

          Palabras clave: Nutrientes. Suplementos dietéticos. Entrenamiento de resistencia.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Cada vez há maior preocupação da população com a boa forma e com a prevenção de doenças e também o aumento da procura por atividades físicas, sendo uma delas a musculação. Para que haja resultados, é necessário exercício físico orientado em conjunto a uma nutrição equilibrada¹.

    A American Dietetic Association (ADA) (2009)2 preconiza a adoção de uma dieta variada como a melhor estratégia para a promoção da saúde e recomenda a busca de evidências científicas sobre suplementos antes dos mesmos fazerem parte da dieta.

    Os suplementos foram projetados para eliminar quaisquer deficiências possíveis ou existentes na dieta. A prática de atividade física, principalmente por atletas podem aumentar a necessidade da ingestão de vitaminas, minerais e oligoelementos, portanto, os suplementos podem assegurar o consumo necessário para manter o indivíduo saudável.

    Existem casos que se faz necessário a complementação nutricional para que o praticante atinja seus resultados com maior facilidade, para isso utilizam a suplementação alimentar. No entanto, está sendo muito comum o uso desta suplementação de forma indiscriminada e sem orientação de um profissional, podendo levar o praticante a problemas de saúde³.

    Os suplementos alimentares destinados aos praticantes de atividade física podem ser divididos em: repositores hidroeletrolíticos, energéticos, protéicos, compensadores e aminoácidos de cadeia ramificada4. O conhecimento básico sobre a nutrição é de grande relevância para os praticantes de atividade física que querem manter a forma ou melhorarem o seu rendimento5. Por isso é crescente as publicações nessa área e o interesse por este tema.

    Diante do exposto este artigo tem como objetivo verificar o conhecimento sobre nutrição e o uso de suplementos nutricionais em praticantes de musculação de academias do município de Itajaí-SC.

Materiais e métodos

    O presente estudo caracteriza-se com transversal descritivo, com uma amostra por conveniência, do total de academias de ginástica que oferecem musculação no município de Itajaí-SC. Das academias selecionadas, quatro aceitaram participar do estudo. Para o cálculo amostral foi considerado a prevalência esperada com uma margem de erro de cinco por cento e nível de confiança de 95% e acrescentados 10% para recusas.

    Os praticantes de musculação foram informados acerca dos procedimentos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados ocorreu após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, sob o parecer consubstanciado nº 577/09, de acordo com as recomendações da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

    Para o levantamento dos dados foi aplicado um questionário estruturado constituído de questões fechadas e de múltiplas escolhas, a fim de caracterizar a amostra e obter informações sobre o estilo de vida, conhecimento de nutrição e uso de suplementos alimentares. Os dados foram coletados antes do praticante de musculação iniciar seu treino.

    Com as seguintes perguntas: “Assinale a fonte de proteína” e “Assinale as fontes de gorduras” foi considerado correta a questão que o participante assinalou pelo menos uma fonte correta do determinado nutriente. E, foi considerado errado quando os participantes assinalaram pelo menos uma fonte incorreta do determinado nutriente.

    A avaliação quanto ao uso de suplementos alimentares foi realizada através de questões fechadas de múltipla escolha, abrangendo perguntas sobre: o tipo de suplemento, freqüência de consumo e a indicação de produto.

    Foi realizada análise descritiva de freqüência simples utilizando-se as variáveis categóricas descritas por meio de suas freqüências absolutas e relativas, e para descrever as variáveis quantitativas foram calculados as médias e desvios-padrão.

Resultados e discussão

    A amostra selecionada foi composta por 284 praticantes de musculação do gênero masculino que responderam todo o questionário e tinham idade de 18 á 45 anos. Entre os praticantes de musculação, a idade média foi de 26,31± 6,03 anos. Valores semelhantes a este foi encontrado em um estudo, realizado em Fortaleza, por Sousa e Sampaio, com média de idade de 26,8 anos, mostrando que a musculação é mais praticada por adultos jovens6.

    Observou-se escolaridade elevada (Tabela 1), com 63,6% dos indivíduos das três variáveis com nível superior completo ou cursando, ou seja, com 12 ou mais anos de estudo. No estudo de Fermino, Pezzini e Reis (2010)7, verificou-se que 75% dos participantes possuíram o grau de escolaridade superior.

Tabela 1. Descrição da amostra em relação às variáveis sociodemográficas e comportamentais

    Com relação à freqüência da prática de atividade física a maioria dos entrevistados com idade de 18 a 25 relataram a pratica mais de três vezes por semana. Um estudo com dados semelhante de Pereira e Cabral (2007)8, que foi realizado com praticantes com idade de 18 a 35 anos a prática de musculação também era feita de três a cinco vezes na semana.

Tabela 2. Análise da amostra em relação ao conhecimento sobre fontes alimentares de proteína e gordura

Analise descritiva, dados apresentados em freqüência simples e percentual de acordo com o total da amostra

    Dentre os praticantes de musculação mencionados na Tabela 2, 20,35% assinalaram que a maçã, o milho ou a cenoura eram fontes alimentares de proteína e, 71,83% assinalaram leite desnatado, lentilha ou manga sendo fontes alimentares de gordura.

    No estudo feito por Pereira e Cabral (2007)8, quando perguntados sobre o conhecimento da principal fonte de nutriente encontrado em cada alimento, 10% responderem que ovo é fonte de carboidrato. Com isso, se observa que ainda há falta de informações da população.

    Em outra pesquisa realizada por Silveira et al. (2012)9, com 13 professores de academias de Aracaju-SE de educação física sobre o conhecimentos de alimentos fonte de carboidrato, teve como resultado 92,5% respostas erradas. O conhecimento de fontes alimentares por educadores físicos é fundamental, pois neste ambiente há grande procura a respeito de nutrição pelos freqüentadores, para aumentar seu desempenho. Lembrando que para orientações e prescrições de dieta é imprescindível a presença do profissional nutricionista.

Gráfico 1. Distribuição da freqüência absoluta do consumo de diferentes tipos de suplementos consumidos pelos praticantes de musculação

    Neste estudo, o uso de suplementos alimentares foi relatado por 68,66% dos praticantes de musculação. A distribuição da freqüência absoluta (Gráfico 1) do consumo de diferentes tipos de suplementos teve como destaque os suplementos protéicos. Dados parecidos foram encontrados por Gomes et al.(2008)10, que constataram o uso de suplementos alimentares por 52% (n=53) dos 102 participantes, sendo que a maioria (46%) fazia o uso de Whey protein, 35% BCAA e 19% maltodextrina. Em outro estudo realizado por Oliveira e Santos (2007)11, em oito academias na cidade de Petrópolis- RJ, 75% dos entrevistados faziam o uso de suplementos.

    Em uma pesquisa realizada por Duarte et al.(2007)12, em academias de Franca- SP, 64,3% dos praticantes de atividade física que consumiam suplementos praticam musculação e 35,7% praticam exercício anaeróbio associada a uma atividade aeróbica, onde 44,64% tinham como finalidade a hipertrofia muscular. Segundo Maughan, King & Lea (2004)13, os suplementos protéicos são recomendados e utilizados para a hipertrofia muscular. Para que haja a hipertrofia muscular, se faz necessário o acúmulo de proteínas. Esse acúmulo pode ocorrer pelo aumento do processo de síntese protéica e pela promoção no aumento do conteúdo de proteínas nas fibras musculares pela diminuição do processo de degradação de proteínas14.

Gráfico 2. Fontes de indicação para o consumo de suplementos

    As fontes de indicação para o consumo de suplementos estão mencionadas no Gráfico 2. Apesar do médico e nutricionista serem os únicos profissionais legalmente habilitados para sua prescrição, observou-se uma baixa referência a esses profissionais. No estudo de Linhares e Lima (2006)3, quando foram questionados sobre a orientação utilizada para o uso de suplementos, os mais citados foram os amigos (40%). Com o aumento da venda e consumo de suplementos há cada vez mais necessidade de estudos que comprovem sua eficácia e/ou efeitos colaterais em longo prazo, pois, o uso indiscriminado destes suplementos pode causar danos á saúde dos usuários15.

Conclusão

    O consumo de suplementos foi muito significante entre os praticantes de musculação das academias de Itajaí- SC, em especial o consumo de proteínas e aminoácidos que foram mais utilizados entre eles.

    Ainda há também o desconhecimento de qual a principal fonte alimentar encontrada em cada alimento, cabe ao nutricionista estar esclarecendo este tipo de dúvida e prescrever o cardápio adequado para que o indivíduo possa alcançar seu objetivo de forma saudável e eficaz.

    Mesmo com a mídia, profissionais habilitados estarem sempre passando informações sobre os tipos de suplementações que devem ser utilizadas, muitos indivíduos ainda têm dúvida e acabam fazendo o uso de forma indiscriminada, sem a orientação de um profissional habilitado.

Referências

  1. SOUZA, P.T; PEREIRA, B.. Creatina: auxílio ergogênico com potencial antioxidante? Revista de Nutrição. Campinas. v. 21, n. 3, p. 349-353, maio./jun., 2008.

  2. AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION. Nutrition and athletic performance - Position of American Dietetic Association, Dietitians of Canada and the American College of Sports Medicine. J. Am. Dietetic Assoc., v. 109, n. 3, p. 509-527, 2009.

  3. LINHARES, T. C; LIMA, R. L.. Prevalência do uso de suplementos alimentares por praticantes de musculação nas academias de Campos dos Goytacazes/RJ, Brasil. Vértices, v. 8, n. 1, jan./dez. 2006.

  4. BRASIL. Portaria SVS/MS nº32 de 23 de janeiro de 1996. Regulamento técnico para fixação de identidade para alimentos para especialmente formulados e elaborados para deportistas e atletas. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 de janeiro de 1996.

  5. PESSI, S.; FAYH, A. P. T. Avaliação do conhecimento nutricional de atletas profissionais de atletismo e triathlon. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v.17, n.4, p. 242-245, jul./ago., 2011.

  6. SOUSA, A. M. H.; SAMPAIO, H. A. C. Conhecimentos de Nutrição de Desportistas Praticantes de Musculação: 1990 x 2002. Nutrição em pauta, p.19-22, set/out, 2002.

  7. FERMINO, R.C.; PEZZINI, M.R.; REIS, R.S. Motivos para prática de atividade física e imagem corporal em freqüentadores de academia. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.16, n.1, p.18-23, jan/ fev, 2010.

  8. PEREIRA, J. M. O, CABRAL, P. Avaliação dos conhecimentos básicos sobre nutrição de praticantes de musculação em uma academia da cidade de Recife. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v.1 n.1, p.40-47, jan./fev. São Paulo, 2007.

  9. SILVEIRA, C.S; MELO, D. B; TONHA, S. Q.; CORREIA. M. G. S.. Cadernos de Graduação - Ciências Biológicas e da Saúde . Aracaju, v. 1, n.15, p. 65-74, out., 2012

  10. GOMES, G. S.; DEGIOVANNI, G.C.; GARLIPP, M. R.; CHIARELLO, JORDÃO JR., A. A. Caracterização do consumo de suplementos nutricionais em praticantes de atividade física em academias. Revista de Medicina. c. 41, v. 3, p 327-331.jul. Ribeirão Preto, 2008.

  11. OLIVEIRA, A.A.A. SANTOS, P.S, O consumo de proteína isolada da soja por praticantes de musculação, Nutrição Brasil, v.6 n.4 p.217 – 221, julho/agosto 2007.

  12. DUARTE, P.S.F. NEIVA, C.M. SANTOS, C.M. PELIZER, L.H, ZANINELO, M.O. Aspectos Gerais e Indicadores Estatísticos Sobre Consumo de Suplementos Nutricionais em Academias de Ginástica, Nutrição em Pauta. Janeiro/Fevereiro 2007.

  13. MAUGHAN, R. J.; KING, D. S.; LEA, T. Dietary supplements. Journal of Sports Sciences, London, v.22, n.1, p.95-113. 2004.

  14. BACURAU, R. F. P. Nutrição e Suplementação Esportiva: Exercício de força. 5ª ed. São Paulo. Phorte. 2007. p. 78-93.

  15. PEREIRA, R.F.; LAJOLO, F.M.; HIRSCHBRUCH, M.D.. Consumo de suplementos por alunos de academias de ginástica em São Paulo. Revista de Nutrição, v.16, n.3 p. 265-72, jul/set 2003.

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