Avaliação da motricidade fina e global de escolares com idade de 6 e 7 anos das redes pública e privada do município de Dracena, SP Evaluación de la motricidad fina y global de escolares de 6 y 7 años de las redes pública y privada del municipio de Dracena, SP |
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*Pós-Graduando do Curso de Educação Física - Faculdades de Dracena – Dracena, SP **Graduada do Curso de Educação Física - Faculdades de Dracena – Dracena, SP ***Doutorando em Ciências da Motricidade – UNESP – Rio Claro, SP ****Mestre em Bioengenharia – USP – São Paulo, SP (Brasil) |
Jeniffer Gagliani Oliveira* Talita Regina Barizoni** Carla Manuela Crispim Nascimento*** Luciana Sanae Ota Takahashi**** |
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Resumo O processo de desenvolvimento motor é contínuo e acontece durante todo o ciclo da vida humana. O presente estudo teve como objetivo analisar e comparar a motricidade fina e global de crianças de 6 e 7 anos de idade estudantes da rede pública e privada da cidade de Dracena/SP. Para análise dos dados utilizou-se a bateria de testes proposta por ROSA NETO (2002), denominada “Escala de Desenvolvimento Motor – EDM”. Participaram do estudo 72 escolares com idade de 6 e 7 anos, 37 da rede pública e 35 da rede privada. Escolares da rede pública apresentaram melhor desenvolvimento motor na motricidade global do que na motricidade fina, já com os escolares da rede privada o resultado se inverteu, eles apresentaram melhores médias para a motricidade fina do que para a motricidade global. Concluí-se que em ambas as escolas os estudantes apresentaram um bom nível de motricidade global, porém os professores de educação física de cada escola devem analisar e trabalhar a motricidade de uma forma globalizada, para o melhor desenvolvimento motor e cognitivo dos escolares. Unitermos: Escolares. Motricidade.
Abstract The process of motor development is ongoing and it happens during the whole cycle of human life. This study aimed to analyze and compare the fine and global of children aged 6 and 7 years of age students from public and private network of the city of Dracena/SP. For data analysis used-if the battery of tests proposed by ROSE GRANDCHILDREN (2002), called "Scale of Motor Development – EDM". Study participants were 72 schoolchildren aged 6 to 7 years, 37 of 35 public and private network. Children of public schools showed better motor development in gross motor control than in the fine motor skills, as with the private school's students the result was reversed, they had better averages for fine motor skills than for gross motor control. We conclude that in both schools, students showed a good level of gross motor control, but the physical education teachers from each school should look and work the drive to a globalized way, for better motor and cognitive development of students. Keywords: School. Movement.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
O processo de desenvolvimento motor é contínuo e seqüenciado, no qual as principais modificações ocorrem nos primeiros anos de vida, sendo que as principais alterações para o indivíduo do ponto de vista maturacional ocorrem do nascimento aos seis anos (TANI et al.,1988). As experiências que a criança tem durante este período determinarão, por grande extensão, os graus de desenvolvimento de motricidade do indivíduo adulto (HOTTINGER apud TANI et al., 1988).
O modelo de NEWELL (1986) sugere que o movimento surge da interação entre ambiente, tarefa e indivíduo. Com essa interação o processo de desenvolvimento motor é apresentado através das fases dos movimentos reflexos, rudimentares, fundamentais e especializados. Para cada fase do processo de desenvolvimento motor, são indicados estágios com idades cronológicas correspondentes.
Respeitando essas fases do desenvolvimento motor, a Educação Física adquire, amplia e estrutura experiências em diferentes ambientes, aumentando a oferta de estímulos para as crianças, além de priorizar o desenvolvimento motor e garantir a aprendizagem de habilidades específicas nos jogos, esportes, ginásticas e dança (FLINCHUM 1982, HARROW 1983; TANI, 1988; GALLAHUE, 1989; ECKERT 1993).
Um desafio para o professor de Educação Física Escolar com uma classe grande é como lidar com diferenças individuais, a tendência dos alunos de serem diferentes uns dos outros (SCHMIDT, 1993). Tais diferenças normalmente estão associadas a disparidades nos padrões de capacidades inatas que os alunos possuem quando chegam para a aula. Também, muitas dessas diferenças são devidas a variações marcantes na quantidade de experiência que os alunos tiveram nas tarefas a serem ensinadas. Em qualquer caso, o problema é que os alunos são diferentes, exigindo do professor diferentes estratégias de ensino de forma a tornar a prática eficiente para todos.
2. Objetivo
O presente estudo tem como objetivo analisar e comparar a motricidade fina e global de crianças com 6 e 7 anos de idade estudantes da rede pública e privada.
3. Revisão de literatura
A literatura menciona fases específicas do desenvolvimento motor de crianças, o que é de fundamental importância para que o profissional de educação física possa prescrever as atividades de maneira adequada.
No entanto, por fatores ambientais, a idade motora da criança pode encontrar-se em nível superior ou inferior em relação à sua idade cronológica. Num contexto de um contínuo desenvolvimento tecnológico, facilitador da hipocinesia, em classes mais favorecidas, contrastante com um ambiente escasso em recursos, por vezes com déficit nutricional, mas não ausente de estímulos, para a população mais carente, cabe ao profissional de educação física avaliar e mensurar o estágio motor em que a criança está, para então intervir corretamente de forma a desenvolver o máximo de sua capacidade funcional.
Diante disso, este estudo visa contribuir para a área da psicomotricidade, buscando conhecer as diferenças no desenvolvimento motor de crianças de diferentes situações econômicas e ambiente escolar, o que é relevante para o estímulo à adequação do meio e, individualmente, das atividades lúdico-esportivas que estimulam a motricidade fina e global.
3.1. Motricidade Humana
Desde o nascimento, sofremos estímulos para realizar as tarefas e transpassar os obstáculos impostos a nós tanto pelo meio quanto pelas pessoas e, mesmo passando por uma evolução contínua, são esses estímulos que nos proporcionam o desenvolvimento. Rosa Neto (2002, p. 11), cita sobre o assunto:
[...] “Desde o momento da concepção, o organismo humano tem uma lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta à interação e à estimulação” [...]
Para Gallahue e Ozmun (2005, p. 05), o desenvolvimento inclui todos os aspectos do comportamento humano e, como resultado, somente artificialmente pode ser separado em áreas, fases ou faixas etárias. A aceitação crescente do conceito de desenvolvimento permanente é muito importante e deve ser mantida em mente, pois ele sugere que alguns aspectos do desenvolvimento podem ser conceituados em esferas de áreas, estando relacionados a fases ou a faixas etárias, enquanto outros não podem. Além disso, o conceito de desenvolvimento permanente inclui toda alteração desenvolvimentista – as mudanças positivas geralmente associadas à infância e à adolescência e as mudanças que ocorrem com o processo regressivo do envelhecimento [...].
3.2. Motricidade Fina
A criança é movimento. Movimentando-se no espaço ela vai treinando o seu corpo, adquirindo destreza para que mais tarde possa dominá-lo. A motricidade fina diz respeito aos trabalhos mais finos, aqueles que podem ser executados com auxílio das mãos e dos dedos, especificamente aqueles com coordenação entre mãos e olhos. Quando uma criança começa a desenvolver uma boa coordenação motora fina, será comum observar que ela também apresentará uma boa tonicidade muscular nos membros superiores e inferiores. Ela poderá apanhar copos de plásticos com água sem derramar, poderá apanhar objetos delicados sem amassá-los, poderá pintar e colorir sem muita força, poderá equilibrar a força necessária para colorir desenhos nas mais diferentes texturas e superfícies e assim por diante. (ALMEIDA, 2008).
Um grande rival do desenvolvimento da motricidade fina na criança hoje em dia é o excesso de televisão, vídeo-games e uso do computador: atividades que favorecem a passividade ou movimentos mecânicos repetitivos e unilaterais.
3.3. Motricidade Global
Os movimentos dinâmicos corporais desempenham um importante papel na melhora dos comandos nervosos e no afinamento das sensações e das percepções. O que é educativo na atividade motora não é a quantidade de trabalho efetuado nem o registro (valor numérico) alcançado, mas sim o controle de si mesmo – obtido pela qualidade do movimento executado, isto é, da precisão e da maestria de sua execução. (Rosa Neto, 2002)
De acordo com indicações de Condemarin (1989), os exercícios para o desenvolvimento da coordenação dinâmica global são realizados com a finalidade de aperfeiçoar o automatismo corporal. Entre estes exercícios a autora cita: a marcha, engatinhar, arrastar-se, marcha sobre uma barra de madeira, exercícios que promovam o equilíbrio estático e dinâmico, o balancin, a cama elástica, pular corda, jogar bola, relaxamento, flexões entre outros.
4. Metodologia
Este estudo caracterizou-se como sendo de caráter descritivo, onde participaram do mesmo 72 escolares com idade entre 6 e 7 anos de idade de ambos os gêneros, onde eram 37 escolares de uma escola pública e 35 escolares de uma escola particular do município de Dracena/SP.
Utilizou-se como instrumento para a coleta de dados uma bateria de testes motores proposta por Rosa Neto (2002), Teste da Escala de Desenvolvimento Motor – EDM. A qual compreende tarefas específicas para cada faixa etária (2 a 11 anos) em cada elemento da motricidade. Os escolares deste estudo foram avaliados a partir dos testes referentes a idade de 6 e 7 anos nos elementos motricidade fina e motricidade global.
Como materiais auxiliares para aplicação do teste foram utilizados: Lápis, Papel Sulfite, Papel de seda, Giz, Cadeira e Mesa escolar.
Utilizou-se para autorização dos pais e das escolas um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde apresentávamos de forma clara o projeto de pesquisa acadêmica.
5. Resultados e discussão
Os escolares apresentaram estar abaixo na sua idade motora geral em relação a sua idade motora cronológica.
Na escola pública os escolares obtiveram uma média boa para ambas as motricidades, porém seu melhor desempenho foi na motricidade global onde os escolares encontraram-se classificados como normal médio, já na escala de motricidade fina os escolares se enquadraram na classificação normal baixo.
Os escolares da rede privada também obtiveram uma boa média para ambas as motricidades, apresentando um melhor resultado para a motricidade fina, assim, enquadrados na classificação normal médio e para a motricidade global obtiveram um resultado pouco satisfatório, classificados assim como normal baixo.
6. Conclusão
De acordo com sua idade as possibilidades motoras da criança vão evoluindo e chegando a ser cada vez mais variadas, completas e complexas. “Desde o momento da concepção, o organismo humano tem uma lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta à interação e a estimulação. Entre o nascimento e a vida adulta se produzem, no organismo humano, profundas modificações”. (ROSA NETO, 2002, p. 11).
A partir, das analises dos dados da motricidade humana podemos constatar que os escolares de ambas as escolas encontram-se numa classificação normal diante da motricidade geral, distinguindo-se apenas na especificidade da motricidade, tanto para fina quanto para grossa. “A habilidade superior em uma área não garante habilidade similar em outra. Cada indivíduo tem uma capacidade específica em cada área, e a sua aquisição ocorre em uma época peculiar (GALLAHUE e OZMUN, 2003).
Dessa forma concluímos que os professores de educação física da escola pública devem possibilitar aos escolares vivências que possam trabalhar a motricidade fina com igualdade para com as atividades envolvendo motricidade global. E, para os professores da rede privada, que eles trabalhem atividades que envolvam motricidade global para que essa seja desenvolvida de melhor forma em seus escolares.
Podemos dizer que este estudo poderá auxiliar aos professores da área de educação física no seu trabalho com os escolares, possibilitando-os conhecer a debilidade dos escolares e assim visando uma melhora no desempenho motor dos mesmos, o que certamente possibilitará um bom desempenho cognitivo dessas crianças.
Referências bibliográficas
ALMEIDA, G P. Teoria e Pratica em Psicomotricidade – jogos, atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. 4. ed. RJ: Wak, 2008.
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2005.
ANDRACA I, PINO P. LA PARRA A, RIVERA F, CASTILLO M. Factores de riesgo para el desarrollo psicomotor em lactantes nacidos em óptimas condiciones biológicas. Rev. de Saúde Pública 1998; 32 (2): 138-47.
CABRAL, Susana Veloso. Psicomotricidade Relacional, Prática Clínica e Escolar, Rio de Janeiro. Reivinter. 2001.
CONDEMARIN, MABEL; CHADWICK, MARIANA; MILICIC, NEVA. Maturidade escolar: manual de avaliação e desenvolvimento das funções básicas para o aprendizado escolar. 2. ed. Trad. por, Inajara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas. 1989.
DE VRIES MW. Babies brain and culture: optimizing neurodevelopment on the savanna. Acta Paediatr Suppl 1999; 429: 43-8.
ECKERT, H. M. Desenvolvimento Motor. 3 ed. São Paulo: Manole, 1993.
FLINCHUM, B. Desenvolvimento motor da criança. Rio de Janeiro: Interamericana, 1982.
GALLAHUE, D.; OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2003.
GOBBI, L.T.B.; SILVEIRA, C.R.A.; CAETANO, M.J.D. Desenvolvimento Motor de Pré-Escolares no Intervalo de 13 Meses. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano ISSN 1415-8426.
HARROW, M. A Taxionomia do Domínio Psicomotor. Rio de Janeiro: Globo, 1983.
OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. 7 ed. Petrópolis – Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.
TANI, G.; MANOEL, E.J.; KOKUBUN, E; PROENÇA J. E. Educação Física Escolar: Fundamentos de uma Abordagem Desenvolvimentista. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
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