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Prescrição de atividades físicas para pessoas
portadoras do vírus HIV/AIDS

Prescripción de actividades físicas para personas portadoras del virus HIV/SIDA

 

*Acadêmicos Educação Física. UNIASSELVI

**Professor Orientador. UNIASSELVI

(Brasil)

Adriane Cristina Borges*

adriane.cb@hotmail.com

Rodrigo Zirzanowsky*

digoziza@yahoo.com.br

Marcelo Alves de Oliveira**

medidaseavaliacao@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), ocasionando infecção das células sanguíneas, do sistema nervoso e da inibição do sistema imune. O objetivo desse estudo foi revisar e analisar na literatura os efeitos do treinamento físico, variáveis, recomendações e prescrição de atividades físicas para aprimorar a qualidade de vida de pacientes portadores de HIV/AIDS, bem como aperfeiçoar o conhecimento dos profissionais de educação física perante esse público. Conhecer mais os distúrbios que o tratamento antirretroviral (ARV) pode trazer para os pacientes soropositivos, principalmente sobre a lipodistrofia da imunodeficiência humana (SLHIV), além dos aspectos psicológicos envolvidos com esses pacientes, avaliando se o exercício físico pode ou não ajudar no tratamento medicamentoso como auxiliar ao mesmo. E sendo assim buscar as vantagens e/ou desvantagens da periodização de um treinamento físico para este grupo. Concluiu-se que: a prática de atividades física em relação aos pacientes com HIV/AIDS é benéfica auxiliando no resgate e manutenção da saúde. Pois possibilita melhorias nos componentes da aptidão física, sem ocasionar prejuízos ou agravos na progressão da doença.

          Unitermos: Atividade física. HIV/AIDS. Lipodistrofia.

 

Abstract

          The acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) is caused by the human immunodeficiency virus (HIV) causing infection of blood cells, nervous system and inhibition of the immune system. The aim of this study was review and analyze in the literature the effects of physical training, variables, recommendations and prescription of physical activities to improve the life quality of patients with HIV / AIDS, as well as improving knowledge of the physical educator professionals before that public. Know more disturbances that antiretroviral (ARV) can bring for seropositive patients, especially on the human immunodeficiency lipodystrophy (HIVLS), beyond the psychological aspects involved with these patients, assessing whether or not exercise can help in drug treatment as an aid at the same. And therefore seek the advantages and / or disadvantages of periodization training physically for this group. It was concluded that: the practice of physical activities compared to patients with HIV / AIDS is beneficial in aiding recovery and maintenance of health. Because it enables improvements in physical fitness components without causing damage or injuries in disease progression.

          Keywords: Physical activity. HIV/AIDS. Lipodystrophy.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, (2012) o HIV, Vírus da Imunodeficiência Humana (sigla originada do inglês: Human immunodeficiency Vírus), pertence à classe dos retrovírus – família Retroviridae. Esse tipo de vírus possui característica de um período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, na infecção das células sanguíneas e do sistema nervoso e da inibição do sistema imune.

    AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome) a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida é uma doença crônica, caracterizada por profunda imunossupressão, gerando quadros clínicos como: hipotrofia muscular, degeneração do sistema nervoso central, processos malignos e infecções oportunistas, configurando uma enfermidade complexa (SOUZA; MARQUES, 2009). Há alguns anos receber o diagnóstico de AIDS era quase uma sentença de morte. Conforme relatos do Ministério da Saúde (2012) atualmente a AIDS pode ser considerada uma doença de perfil crônico, para a qual não há cura, mas há tratamento, e uma pessoa infectada pelo HIV pode viver com o vírus por vários anos, sem apresentar nenhum sintoma ou sinal.

    De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde do Brasil em 2011, desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2012, o Brasil tem 656.701 casos registrados de AIDS (condição em que a doença já se manifestou), foram notificados 38.776 casos da doença e a taxa de incidência de AIDS no Brasil foi de 20,2 casos por 100 mil habitantes.

    Apesar de não haver cura para a AIDS, o tratamento para que a doença não evolua tão rapidamente, consiste, principalmente, na utilização da terapia antirretroviral, das vacinas profiláticas para as infecções oportunistas, dos exames bioquímico-laboratoriais e dos exames médicos de rotina. Além disto, faz parte do tratamento discutir aspectos para promoção da saúde, tais como: dieta, atividade física, controle do estresse, emoções e aderência à terapia com medicamentos. (SHERMAN, 1999).

    Porém a terapia antirretroviral, como qualquer outro tratamento medicamentoso tem seus eleitos colaterais, um desses efeitos é a síndrome da lipodistrofia. Isso se acarreta pelas alterações metabólicas e morfológicas, que colaboram para a redução da adesão ao tratamento e redução da qualidade de vida dos portadores da síndrome. (FERNANDES, 2008).

    O objetivo desse estudo foi revisar e analisar na literatura os efeitos do treinamento físico, variáveis, recomendações e prescrição de atividades físicas para aprimorar a qualidade de vida de pacientes portadores de HIV/AIDS, bem como aperfeiçoar o conhecimento dos profissionais de educação física perante esse público. Conhecer mais os distúrbios que o tratamento antirretroviral pode trazer para os pacientes soropositivos, principalmente sobre a lipodistrofia da imunodeficiência humana (SLHIV), além dos aspectos psicológicos envolvidos com esses pacientes, avaliando se o exercício físico pode ou não ajudar no tratamento medicamentoso como auxiliar ao mesmo. E sendo assim buscar as vantagens e/ou desvantagens da periodização de um treinamento físico para este grupo.

2.     Método

    O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura. Foi delimitada a procura em 50 artigos. Como critérios de inclusão foram utilizadas as palavras chaves: atividade física e AIDS, atividade física e HIV, prescrição de atividade física, lipodistrofia, terapia antirretroviral, aspectos psicológicos de portadores de HIV. Foram pesquisados, artigos com o idioma em português, inglês e espanhol, com maior ênfase na língua portuguesa. Além de pesquisas com dados eletrônicos em periódicos, revistas, departamentos do governo e portais sobre AIDS/HIV, dispostos nas bases de dados do Medline, Scielo e Google. Depois de lidos os resumos, foram escolhidos 30 artigos científicos que priorizaram os estudos com atividade física em pacientes HIV/AIDS. Foi utilizado como critério de exclusão artigos que não foram publicados em revistas cientificas.

3.     Revisão de literatura

3.1.     Prescrição de atividade física em pessoas portadoras do vírus AIDS/HIV

    As evidências cientificas indicam que o treinamento aeróbico e de força, numa mesma sessão de exercício, podem melhorar a qualidade de vida de pacientes portadores do vírus HIV/AIDS, afetando positivamente os parâmetros cardiorrespiratórios e neuromusculares. Promovendo a evolução da aptidão física como resistência cardiorrespiratória, aumento de massa muscular, redução da fadiga, e melhora na capacidade funcional. (LAZZAROTO et al., 2010)

    O aspecto mais importante para a prescrição de exercício físico para pacientes com HIV é a manutenção do seu sistema imunológico. Neste caso a intensidade do exercício deve ser cuidadosamente controlada. A intensidade do exercício mais recomendada é a moderada, pois é a que menos afeta o sistema imunológico em qualquer situação, ainda mais no caso de infecção. Ressalta-se que exercícios aeróbios com duração de 20 a 60 minutos, três vezes por semana são os mais indicados. O programa deve desenvolver e manter a aptidão física relacionada à saúde, que envolve os seguintes componentes: aptidão cardiorrespiratória, força e resistência muscular localizada, flexibilidade e composição corporal. (EIDAN, LOPES, OLIVEIRA, 2005)

    Estudos demonstram que a atividade física de intensidade vigorosa transitoriamente deprime o sistema imunológico, possibilitando uma ‘janela aberta’ ao surgimento de infecções até 72 horas após a realização, enquanto que a de intensidade leve a moderada contribui para a manutenção ou otimização das respostas imunológicas. Portanto, a atividade física possui potencial imunomodulatório que ocorre por meio de mecanismos envolvidos em ação hormonal, metabólica e mecânica. (MELLO e TUFIK, 2004).

    De acordo com o Ministério da Saúde - 2012 recomenda-se a prática de atividades aeróbicas de duas a três vezes por semana, de intensidade moderada (50% a 75% da FC máx.) para melhorar a aptidão cardiorrespiratória. E treinamento de força três vezes por semana, composto por seis a oito exercícios, com execução de três séries em torno de oito a doze repetições, proporcionando melhoria na capacidade funcional.

    De acordo com o ACSM (2010) a intensidade do exercício físico para indivíduos com sorologia positiva para o vírus HIV, deve ser moderada, oscilando entre 55% a 90% da freqüência cardíaca máxima (FCmax), ou entre 40% a 85% da freqüência cardíaca de reserva (FCR). Quanto à freqüência pelo menos três vezes por semana, com duração de 20 a 60 minutos. Com maior ênfase nos exercícios aeróbicos.

    Segundo Raso et al; (2007) os exercícios com pesos talvez representem a mais importante estratégia na terapia de indivíduos com AIDS independente de melhora da função imunológica, devido ao fato de essa intervenção possibilitar restauração e aumento da massa muscular que se constitui em reservatório essencial de substratos para muitas funções metabólicas. Esse efeito anabólico pode ser de relevância devido à perda de peso corporal em indivíduos com AIDS ser uma conseqüência comum da evolução da doença, causando fraqueza, incapacidade e morte.

    Em uma amostra composta por 65 pacientes com HIV que utilizam terapia antirretroviral há pelo menos cinco anos, demonstrou que 64,6% dos infectados possuem hábitos sedentários, enquanto 35,4% são fisicamente ativos. Os estudos mostram uma relação direta entre nível de atividade física e melhores níveis de HDL-colesterol. (ROMANCINI, J. 2012)

    Em uma pesquisa de campo realizada com 34 portadores de HIV, demonstrou que 67,64% não se exercitavam, 66,66% exercitavam-se por necessidade, 28,57% sentem-se tranqüilizados e energizados com o exercício, 46,42% tem motivação para o exercício, 93,54% vêem o exercício como importante para a saúde, 58,33% não sentem fadiga, indisposição geral ou dor durante o exercício e 76,47% têm disposição para momentos de lazer. (PEREIRA, GALDINO; 2010)

    Em um estudo de caso com uma mulher de 34 anos, sedentária e portadora do vírus por nove anos, foram realizado oito semanas de treinamento, com a realização de exercício resistido três vezes por semana com intensidade de 60% da carga máxima estimada, e 45min de bicicleta com 50% a 60% da freqüência cardíaca máxima, duas vezes semanais. Após testes específicos foram constatados ganho de 3% no peso magro, redução do percentual de gordura em 2,2%, aumento da circunferência em 15%, aumento de 22% no nível da força, e redução no LDL e RCQ, porém não houve redução dos triglicerídeos e aumento do HDL. (SIMÔES, GOMES 2006)

    Em um trabalho de revisão feito por Palermo e Feijó (2003) concluiu-se que o exercício físico em soropositivos desde que adequadamente prescrito, é seguro e benéfico. Melhorando, mantendo, ou até retardando a progressão da doença. Além de aperfeiçoar a capacidade funcional e a qualidade de vida. Ressaltando quanto mais cedo o paciente ingressar num comportamento físico ativo, mais rápido serão os seus benefícios. Independente do estágio da doença em que se encontra a pessoa.

3.2.     Aspectos psicológicos

    Estudos em grupos de pacientes vivendo com HIV/AIDS mostram que a pessoa, ao se descobrir portador da doença, acaba sentindo medo ou vergonha. Há redução do convívio social, das rotinas de trabalho e lazer, contribuindo para o seu isolamento, ou relações restritas apenas em grupos com os quais se tenham em comum a identidade de portador de HIV/AIDS. (ROMANCINI, J. 2012)

    Em um estudo realizado com 91 sujeitos soropositivos de ambos os sexos, com média de idade de 38 anos, revelou que 64% dos pacientes possuem sintomalogia depressiva. Destes 36% apresentaram nível considerado leve de depressão, 45% apresentaram nível moderado e 19% apresentaram um nível grave depressivo. (CASTANHA et al; 2006).

    Porém em outro estudo realizado por Rodin et al; (1991), mostrou que 11% a 30% de prevalência de transtornos depressivos nos portadores da infecção. O diagnóstico e o tratamento desses transtornos são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes; no entanto, 50% a 60% dos casos de depressão não são diagnosticados.

    Antoni (1997) cita os estudos da Universidade de San Francisco na Califórnia (UCSF), que acompanharam 330 homens portadores de HIV, os homens que apresentaram sinais de depressão, desenvolveram AIDS mais rapidamente e apresentaram uma taxa de mortalidade duas vezes maior do que os nãos depressivos.

    O exercício físico diminui os níveis de estresse, ansiedade e depressão em portadores de HIV/AIDS. Proporcionando melhoras nos aspectos físicos, e como resultado aumento da sua autoestima, além da percepção do próprio corpo. Contribuindo para uma melhor relação de qualidade de vida, e contato social. (VENÂNCIO, S; 1994)

    O bem-estar espiritual pode ser definido como umas das variáveis presentes na capacidade de resistência e proteção da saúde. Ela pode auxiliar as pessoas que vivem com AIDS/HIV na manutenção e diminuição de agravos da doença, contribuindo para o desenvolvimento e fortalecimento da qualidade de vida do paciente. (CALVETTI et al., 2008).

3.3.     Lipodistrofia e terapia antirretroviral

    A lipodistrofia é a má distribuição da gordura corporal, causada pela lipoatrofia que é a perda de gordura das regiões periféricas como rosto e membros, e da lipohipertrofia que é o acumulo de gordura na região central como, abdômen, costas e pescoço. (SANTOS et al, 2011)

    Segundo Valente et al, (2005) afirmou que a terapia com o tratamento antirretroviral (ARV) vem reduzindo a morbidade e a mortalidade em pacientes com a Imunodeficiência Humana (HIV), porém com o tratamento ARV desencadeou-se a síndrome da lipodistrofia da imunodeficiência humana (SLHIV). A SLHIV é definida como uma síndrome caracterizada pela redistribuição anormal da gordura corporal, alterações no metabolismo glicêmico, resistência insulínica e dislipidemia. Além disso, a lipodistrofia também aumenta os fatores de risco cardiovasculares em pacientes com HIV. (HADIGAN.C et al; 2001). Os riscos de dislipidemias e doenças cardiovasculares são maiores durante o tratamento com a terapia antirretroviral de alta potencia. (WERNER. et al, 2010)

    Segundo Fernandes et al, (2007) a síndrome da lipodistrofia é um efeito colateral da terapia antirretroviral (ARV), pela sua interferência no tratamento e elevada prevalência. Isso se acarreta pelas alterações metabólicas e morfológicas, que colaboram para a redução da adesão ao tratamento e redução da qualidade de vida dos portadores da síndrome.

    Estudo feito por Purnell et al. (2000) com um grupo de pessoas saudáveis mostrou que indivíduos que tomaram ritonavir (Inibidor de Protease) no período de duas semanas tiveram níveis significativos no aumento de triglicérides, colesterol total, lipoproteína B (27), lipoproteína (A), indicando que estas irregularidades poderiam ocorrer independente da infecção do HIV, sendo ocasionadas pelo seu tratamento medicamentoso e não pelo vírus em si.

    Tsuda (2012) avaliou os diferentes tipos de variações da síndrome da lipodistrofia (SL) em pacientes com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) que realizavam o tratamento com o esquema terapêutico que contemplam os antirretrovirais (AVR), e obtiveram como resultado que a região mais acometida pela lipohipertrofia foi o abdômen e pela forma mista os membros superiores e inferiores.

    O exercício físico serve como tratamento auxiliar em pessoas com HIV e a síndrome da lipodistrofia, pois aumentou a massa muscular em regiões acometidas pela lipoatrofia e diminuiu o percentual de gordura em regiões acometidas pela lipohipertrofia, sem causar quaisquer prejuízos ao paciente soropositivo, afirma Santos et al (2011), em seu estudo feito por cinco meses com pacientes soropositivos em tratamento com ARV. Utilizou-se do treinamento resistido juntamente com o aeróbico, sendo a freqüência semanal de três vezes por semana, no inicio de cada treino 10 minutos de bicicleta. O treinamento resistido consistiu em; seis sessões de adaptação com três séries de quinze repetições com 40% da sua carga máxima. Após esse período realizou-se doze sessões de evolução com três séries de quinze repetições com 50% da carga máxima, em seguida por 42 sessões do período especifico, com três séries de doze repetições de 70% a 80% da sua carga máxima.

    Segundo Brito et al (2011), também afirma que o exercício físico auxilia como coadjuvante no tratamento medicamentoso, sendo que diminuiu a adiposidade corporal, aumentando a massa muscular e reduzindo sintomas de distúrbios de humor.

    O exercício resistido é totalmente compatível para pacientes com HIV e a síndrome da lipodistrofia associada ao tratamento com o ARV, pois estimula a diminuição da gordura corporal, aumento de massa muscular, auxiliando também a socialização e o combate a depressão. As cargas de treinamento estipuladas para chegar a este resultado foram para a fase de adaptação 50% de 1 RM composta por seis sessões com três series de quinze repetições, em seguida a fase do período especifico foi composta por vinte e quatro sessões de três series de oito repetições com a intensidade de 80% de 1RM. No total os participantes executavam sete exercícios de força, e levavam em média 30 min. (NETO.P.P; 2011).

    Vianna et al; (2009), constatou que o exercício físico de intensidade leve a moderada diminui consideravelmente o colesterol dos pacientes soropositivos que fazem uso do tratamento com a terapia antirretroviral. Em um programa de treinamento aeróbico e de força com a duração de doze semanas e a freqüência de cinco vezes por semana, sendo três dias por semana para o treinamento de força e dois dias para o exercício aeróbico. Treino de força consistia em intensidade de 50% a 60% de 1 RM (Repetição Máxima), tendo a duração média de 50 minutos, o número de repetições variou de seis a nove repetições para duas séries de cada exercício; e o treino aeróbico consistia em 45 minutos de bicicleta ergométrica com 50% a 60% da freqüência cardíaca máxima.

    Exercício físico com a intensidade de leve a moderada traz benefícios psicológicos para os pacientes soropositivos sem acarretar prejuízo no seu sistema imunológico. Durante um programa de treinamento físico aeróbico e resistido de doze semanas com a freqüência de três vezes por semana e intensidade de leve a moderada. Exercícios aeróbicos com a duração de 30 minutos e freqüência cardíaca máxima de 150 bpm (batimentos por minuto), e em seguida o treinamento de força que consistia em três séries de doze repetições para cada exercício com a intensidade de 60% a 80% daquela associada a doze repetições máximas, constatou-se que os indivíduos que participaram da amostra não tiveram em nenhum momento prejuízos no seu sistema imunológico e em contrapartida tiveram uma grande e significativa melhora na sua percepção de satisfação de vida. (GOMES,R.D et al 2010).

    De acordo com Fleury e Almeida (2008) avaliaram 21 pessoas com HIV e com a síndrome da lipodistrofia (SL) e consideraram que a lipodistrofia pode ocasionar dificuldades psicológicas, acarretando a diminuição da auto-estima, a percepção negativa da visão corporal e o afastamento do contato social, e uma das estratégias de enfrentamento para estes é a pratica da atividade física.

4.     Considerações finais

    Conseguimos concluir que o tratamento com a terapia antirretroviral (ARV) ocasiona alguns efeitos colaterais para os portadores de HIV/AIDS, um desses efeitos colaterais é a síndrome da lipodistrofia (SLHIV).

    O exercício físico pode minimizar esses efeitos, conseguindo até mesmo trabalhar como coadjuvante com a terapia antirretroviral, aperfeiçoando o tratamento dos soropositivos, e minimizando os efeitos colaterais do mesmo.

    Os soropositivos que possuem a síndrome da lipodistrofia são acometidos pelo acumulo excessivo de gordura nas regiões centrais como tronco, e a perda de massa muscular nas regiões periféricas, como braços e pernas. O exercício físico devidamente orientado pode aumentar a massa muscular das regiões periféricas e diminuir o percentual de gordura das regiões centrais, trazendo para o soropositivo não só uma redistribuição estética do seu corpo e auto-estima, mais também diminuindo os riscos de problemas cardiovasculares e aumentando a sua qualidade de vida.

    Para que o exercício físico consiga trabalhar para melhorar as condições dos pacientes soropositivos é necessário que seja praticado dentro de uma seqüência. Como as pesquisas feitas na literatura nos mostram; com a freqüência semanal de no mínimo três vezes por semana, e intensidade de leve a moderada, para exercícios resistidos e aeróbicos, respeitando sempre a individualidade de cada paciente.

    Considerando que a atividade física não acarreta nenhum prejuízo para o sistema imunológico dos portadores de HIV/AIDS, podemos afirmar que a mesma só traz benefícios para a qualidade de vida dessa população. Tanto nos aspectos psicológicos como nos aspectos físicos.

    Concluiu-se que a prescrição de atividade física para pacientes com HIV/AIDS, é muito benéfica, desde que devidamente controlada a sua intensidade, para não deprimir o seu sistema imunológico.

    Em virtude dos seus grandes benefícios como: evolução da aptidão física, resistência cardiorrespiratória, aumento de massa muscular, diminuição da gordura corporal, diminuição dos sintomas da lipodistrofia, redução da fadiga, melhora na capacidade funcional, melhora da sua autoimagem, benefícios psicológicos e sociais necessitando o incentivo dos profissionais de Educação Física para a realização da mesma. Deve ser utilizado independente da utilização ou não de medicamentos antirretrovirais, por não ocasionar prejuízos ou agravos na progressão da doença.

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