Aspectos epidemiológicos da hepatite B: uma revisão de literatura Aspectos epidemiológicos de la hepatitis B: una revisión de la literatura Epidemiological aspects of hepatitis B: a review of literature |
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*Enfermeiro especialista em Enfermagem em Cardiologia e Docência do Ensino Superior pela Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho de Montes Claros e em Saúde Pública pelas FIP-Moc. Docente da Unimontes **Enfermeira, com especialização em Urgência e Emergência com Ênfase em Terapia Intensiva pelas FIP-Moc ***Acadêmico (a) do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes ****Acadêmica do curso de Enfermagem das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros – FIP-MOC *****Enfermeira graduada nas Faculdades Unidas do Norte de Minas, FUNORTE Residente de Enfermagem em Saúde da Mulher pelo HUCF ******Acadêmica do curso de Administração pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes *******Enfermeiro, Especialista em enfermagem em Cardiologia pelas Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho de Montes Claros, Professor das FIP-MOC (Brasil) |
Ricardo Soares de Oliveira* Edna Maria de Souza Oliveira** Tainara Rayane Caldeira Lopes*** Matheus Mendes Pereira*** Jéssica Norean Dias Martins**** Emília Viana Carneiro Medeiros**** Fernanda Canela Prates***** Amanda Souza Santos****** Igor Monteiro Lima Martins******* |
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Resumo Tem como objetivo identificar através da literatura os aspectos epidemiológicos da hepatite B, analisar seus principais fatores de risco, identificar os principais métodos de prevenção e verificar as formas de tratamento. Trata-se de uma revisão de aspecto descritiva e exploratória, realizada através da busca de artigos científicos disponíveis na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), indexadas nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library Online) e BDENF (Base de Dados Bibliográficos Especializada na Área de Enfermagem do Brasil) no período entre 2000 e 2011. Foram encontrados 10 artigos, cujos principais fatores de risco foram a idade, o nível superior de escolaridade, antecedente de icterícia, tempo passado como presidiário, existência de parceiro homossexual e positividade para o anti-HCV. Em relação aos principais métodos de prevenção, a imunização é recomendada como forma de prevenção para todas as faixas etárias desde doadores de sangue, portadores do VHB e VHC, hemofílicos usuários de drogas ilícitas, entre outros. As principais formas de tratamento é o uso do interferon e lamivudina combinados. Dessa forma, conclui-se que a hepatite B é uma doença grave, se não tratada pode se tornar crônica e levar ao óbito. Presidiários, homossexuais, trabalhadores na área da saúde, entre outros, estão extremamente susceptíveis a adquirirem o VHB. Unitermos: Hepatite B. Fatores de risco. Prevenção. Tratamento.
Abstract
Aims to identify through literature epidemiological aspects of hepatitis
B, analyze its major risk factors, identify the main methods of prevention and
verify forms of treatment. This is a review of descriptive and exploratory
aspect, conducted through the search of scientific articles available on the
Virtual Health Library (VHL), indexed in LILACS (Latin American Literature in
Health Sciences), SciELO (Scientific Electronic Library Online) and BDENF
(Bibliographic Database Specializing in the area of Nursing Brazil) between 2000
and 2011. Found 10 items, the main risk factors were age, higher education
level, history of jaundice, time spent in prison, having a homosexual partner
and positive for anti-HCV. In relation to the main methods of prevention,
immunization is recommended as prevention for all age groups from blood donors,
patients with HBV and HCV, hemophiliacs illicit drug users, among others. The
main forms of treatment are the use of interferon and lamivudine combined. Thus,
it is concluded that hepatitis B is a serious disease if left untreated can
become chronic and lead to death. Prisoners, homosexuals, workers in health,
among others, are extremely susceptible to acquiring HBV.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) é um grande problema de saúde pública em todo o mundo, notadamente entre os países em desenvolvimento, mesmo com campanhas de vacinação específica e educativa que colaboram para uma diminuição da sua prevalência em escala mundial. No Brasil, pesquisas apontam a região Sul como área de baixa endemicidade, e as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste como áreas de endemicidade intermediária (PASSOS, 2003; CHÁVEZ, CAMPANA, HAAS, 2003).
A hepatite B é uma doença é contagiosa, que se apresenta por infecção viral, podendo se manifestar de forma sintomática e assintomática, seu agente etiológico é um vírus DNA, hepatovírus da família Hepadnaviridae. (MINISTÉRIO da SAÚDE, 2005).
O vírus da hepatite B é transmitido horizontalmente através do contato com líquidos corporais como sangue, sêmen e saliva, contaminados pelo vírus. Os indivíduos contaminados podem transmitir o vírus até três semanas antes dos primeiros sinais da doença, mantendo-se assim durante a fase aguda. Há os indivíduos portadores da fase crônica, que necessitam maior atenção, pois podem continuar infectantes durante toda a vida (AQUINO et al., 2008; FERREIRA e SILVEIRA, 2004).
A transmissão do vírus tem maior prevalência entre as pessoas que apresentam fatores de risco como: pessoas que realizam hemodiálise, multitransfusões de sangue, relações sexuais com infectados, acidentes com materiais perfuro cortante, uso de drogas ilícitas e contato com múltiplos parceiros sexuais. Pode acontecer também por transmissão vertical, passagem do vírus da mãe diretamente para o filho no parto (AQUINO et al., 2008).
O período de incubação do vírus varia entre trinta dias e seis meses. De modo geral, a evolução do VHB é lenta, insidiosa, e continua, dificultando a realização de estudos que possam ajudar no conhecimento da gravidade dessa patologia (BARROS Jr., 2005; TAUIL et al., 2012).
Mediante o exposto, o presente estudo é bastante relevante por se tratar de um tema de suma importância para a população em geral e para os profissionais da área da saúde, além de ser uma enfermidade bastante discutida, na qual há subnotificação dos óbitos por Hepatite B, por equívoco na causa da morte, relacionado à dúvida entre câncer de fígado e infecção por VHB. Dessa forma o objetivo deste trabalho é identificar através da literatura os aspectos epidemiológicos da hepatite B, analisar seus principais fatores de risco, identificar os principais métodos de prevenção e verificar as formas de tratamento.
Metodologia
Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, realizada através da busca de artigos científicos disponíveis na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), indexadas nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library Online) e BDENF (Base de Dados Bibliográficos Especializada na Área de Enfermagem do Brasil), através do agrupamento e análise de resultados procedentes de estudos, permitindo a geração de suporte para o estudo e alcance dos objetivos propostos: Analisar os principais fatores de risco da hepatite B, identificar os principais métodos de prevenção e verificar as formas de tratamento.
Como critério de busca dos artigos, selecionaram-se os que foram publicados no período de 2000 a 2012, publicados na língua portuguesa, que estivessem na íntegra e abordassem a temática proposta, estabelecendo como critérios de exclusão: resumo de estudos sem disponibilidade dos artigos na íntegra.
A coleta de dados foi realizada no período março 2013 com os seguintes descritores: Hepatite B, fatores de risco, métodos de prevenção e formas de tratamento. O instrumento utilizado constou de um quadro sinóptico com dados de identificação dos artigos, descrição do número de autores, dados para análise do estudo, como título da obra, tipo de pesquisa, material, procedimento e método de análise, resultados encontrados e conclusão.
Ao se escolher os artigos fez-se a leitura prévia dos resumos dos mesmos, descartando aqueles que não atenderam aos critérios de inclusão. Ao passo que os artigos eram analisados, foram feitas buscas das próprias referências dos mesmos, a fim de aprofundar a pesquisa e encontrar materiais fidedignos e atualizados para a realização do trabalho.
Resultados e discussão
Mediante os descritores apresentados, em concomitância com os objetivos do trabalho, foram selecionados e analisados 10 artigos, sendo 03 (30%) provenientes da base de dados LILACS e 07 (70%) da SCIELO.
De modo a atender aos objetivos do estudo, a apresentação e discussão dos dados foram organizadas conforme descrito na tabela 01:
Tabela 01. Número de Artigos Encontrados e Selecionados segundo Bases de Dados e Descritores no período Abril
Principais fatores de risco
Na pesquisa realizada foram encontrados como principais fatores de risco para hepatite B, a idade, o nível superior de escolaridade, antecedente de icterícia, tempo de presidiário, existência de parceiro homossexual e positividade para o anti-HCV.
Para Canalli, Morya e Hayashida (2010), outros fatores de riscos de contaminação por HVB aos quais, acadêmicos de enfermagem estão frequentemente expostos são o manuseio de objetos cortantes e secreções corporais de pacientes contaminados. Assim como esses, a Hemofilia também é encontrada como fator de risco importante, salientada por Tavares et al. (2004) que apontam que 10% a 20% dos hemofílicos portadores do HBV na fase crônica desenvolvem cirrose hepática, tornando-se susceptíveis a terem carcinoma hepatocelular.
Assim como o contatado pelo presente estudo, Araújo (2004) aponta os homossexuais como pertencentes ao grupo de risco para infecção por HBV. Entretanto, salienta também que os heterossexuais que possuem vários parceiros também fazem parte desse mesmo grupo e que apesar de ter havido diminuição da transmissão do HBV entre indivíduos do mesmo sexo anteriormente, houve aumento significativo da taxa de infecção de heterossexuais.
Em relação à imunização, Lanziotti e Silva (2007) afirmam que esta é realizada através da administração de 3 doses intramusculares com início ainda na maternidade, logo após o nascimento, induzindo proteção estimada de 95% para os lactentes, crianças e adolescentes e 90% para os indivíduos adultos, conforme apontado na tabela 02.
Tabela 02. Principais métodos de prevenção da hepatite B segundo autor
O Ministério da Saúde (2005) recomenda a imunização como forma de prevenção para toda a população, incluindo doadores de sangue, portadores do VHB e VHC, usuários de drogas ilícitas, hemofílicos, profissionais do sexo, presidiários, coletores de materiais recicláveis e lixo hospitalar, militares, bombeiros e todos aqueles que realizam resgate.
Dias (2011) afirma que devido à contaminação pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), tem havido mudanças no comportamento sexual da população americana, o que ajudou na diminuição da incidência de infecção por VHB na América do Norte. Entretanto, em pesquisas, pôde-se verificar que, em regiões onde a Hepatite B é um problema endêmico, a infecção ocorre também na infância através da transmissão vertical durante a gestação ou através do contato entre crianças possivelmente devido a feridas de pele (BRASIL et al., 2003).
Canalli, Morya e Hayashida (2010) salientam ainda a importância do conhecimento dos cuidados a serem tomados, em determinados procedimentos, como forma de prevenção da Hepatite B, visto que estudantes de Enfermagem estão susceptíveis a ocorrência de acidentes já durante a graduação.
Segundo o Ministério da Saúde (2009), o tratamento com o Interferon apresenta maior probabilidade para ocorrência de efeitos colaterais nos pacientes, que deverão ser submetidos à avaliação através de Leucograma e plaquetas para início do tratamento, todavia, o mesmo ocorrerá em data delimitada, conforme tabela 03.
Tabela 03. Formas de tratamento da hepatite B segundo autor
Em concomitância, Ferreira (2000) a partir de estudos com pacientes sem respostas satisfatórias em uso de Interferon, constatou que o tratamento farmacológico da Hepatite B quando realizado através da combinação de Interferon e Lamivudina, torna-se mais eficiente.
Conclusão
A partir do fato de a Hepatite B apresentar-se como uma enfermidade altamente infeciosa e com difícil reconhecimento, conclui-se que há importante necessidade de estudos sobre a infecção em questão, em virtude da ausência da manifestação de sintomas característicos pelos portadores e da susceptibilidade de presidiários, homossexuais, trabalhadores na área da saúde, através de acidentes biológicos com contato com matérias contaminado, não utilização de proteção durante relação sexual, além do contato interpessoal com portadores.
Como forma de prevenção, constatou-se que a imunização é o método mais eficaz no controle de infecção por hepatite B, além da conscientização e fornecimento de informações aos profissionais de saúde, crianças e adolescentes, profissionais do sexo, presidiários, hemofílicos, entre outros. Apesar de não haver nenhum tipo de tratamento exclusivo indicado para as formas agudas e sintomáticas da hepatite B, as formas de tratamento sugeridas pelos autores foram o uso do Interferon, Lamivudina e Aciclovir, sendo que houve comprovação de maior eficiência com o uso de Interferon combinado com Lamivudina.
Como o comportamento epidemiológico mundial vem sofrendo mudanças significativas no decorrer dos anos, ainda é um grande desafio para o Brasil enfrentar os problemas de saúde pública com doenças transmissíveis, entre essas a hepatite B. Com isso, deve-se levar em considerações, para avaliação do processo endemo-epidemiológico da Hepatite B, fatores como a deficiência dos fatores socioeconômicos do Brasil, a distribuição irregular dos serviços de saúde e as formas de tratamento de enfermidades com uso de tecnologia avançada.
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