Ações educativas desenvolvidas pelos Agentes Comunitários de Saúde de um município brasileiro Las acciones educativas desarrolladas por los Agentes Comunitarios de salud en un municipio brasileño Educational activities developed by Community Health Workers in a Brazilian city |
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*Enfermeira. Doutoranda da Universidade Estadual de Montes Claros. Docente do curso de Enfermagem da UNIMONTES, FUNORTE/FASI, Faculdades Pitágoras de Montes Claros e Faculdades Santo Agostinho, FASA **Enfermeiro ***Enfermeira. Mestranda em enfermagem pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) ****Enfermeira. Mestranda em enfermagem pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) *****Enfermeira. Mestre pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) ******Graduando em Enfermagem pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) |
Carolina dos Reis Alves* Claúdio Luís de Souza Santos** Marta dos Reis Alves*** Doane Martins da Silva**** Aline Cristiane de Souza Azevedo Aguiar***** Jorge Lucas Teixeira da Fonseca****** (Brasil) |
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Resumo Estudo com objetivo de identificar as ações educativas realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde das Estratégias de Saúde da família da cidade de Montes Claros, MG. Trata-se de uma estudo qualitativo e descritivo realizado com 15 Agentes Comunitários de Saúde que atuavam nas Equipes de Saúde da Família da cidade de Montes Claros, MG. Utilizou-se à entrevista semi-estruturada como instrumento de coleta de dados. A interpretação do material ocorreu à luz da Análise de Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). O estudo foi aprovado pelo CEP, Unimontes com o Parecer Consubstanciado nº 880/ 2007. Os discursos revelaram que os agentes comunitários de saúde somente realizam as ações educativas juntamente com outros profissionais e, geralmente, essas atividades estão direcionadas a grupos específicos. Dessa maneira, faz-se necessário que haja uma sensibilização desses agentes de saúde quanto à importância das ações educativas voltadas para a toda a comunidade. Unitermos: Educação em saúde. Agentes comunitários de saúde. Saúde.
Abstract Study to identify the educational activities undertaken by the Community Health Agents of Health Strategies family of the city of Montes Claros, MG. This is a qualitative and descriptive study conducted with 15 Community Health Workers who worked in Family Health Teams city of Montes Claros, MG. We used the semi-structured interview as a tool for data collection. The interpretation of the material came to light Analysis Collective Subject Discourse (CSD). The study was approved by CEP, Unimontes Embodied with Opinion No. 880/2007. The speeches showed that community health workers only perform educational activities together with other professionals and, generally, these activities are targeted to specific groups. Thus, it is necessary that there is an awareness of these health workers about the importance of educational interventions for the whole community. Keywords: Health Education. Community Health Workers. Health.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A ação educativa é a mola mestra do trabalho do Agente Comunitário de Saúde (ACS), pois possibilita um momento de troca de informações e o compartilhamento de saberes profissional-comunidade, proporcionando um processo de aprender e ensinar e favorecendo a criação de vínculos entre assistência à saúde e o pensar e o fazer da comunidade (VASCONCELOS, 2007).
As ações educativas pautadas no diálogo podem estreitar os laços de comunicação profissional-comunidade, proporcionando a criação de vínculo, explicitação e a compreensão do saber, seja popular ou científico, fundamentando, assim, a Educação em Saúde, que objetiva superar o fosso entre esses saberes (VASCONCELOS, 2001).
A Educação em Saúde representa o campo de interlocução do saber científico dos serviços de saúde e o saber popular do pensar e fazer cotidiano da população, constituindo-se num processo pedagógico em que os sujeitos, de forma participativa, fomentam formas coletivas de aprendizagem, saindo da passividade, contribuindo para uma ação educativa contextualizada em que a comunidade passa a ser o sujeito de sua própria história (VASCONCELOS, 2001).
A educação não deve ser compreendida como mero elemento da Atenção Primária à Saúde, e sim como sólida base para que as pessoas e comunidade assumam o controle sobre sua saúde e suas vidas (VASCONCELOS, 2007).
A célebre frase de Freire (1987, p 68) “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”, representa a essência da educação em saúde, que não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B, sempre relacionada ao contexto e fundamentada na educação problematizadora.
Pode-se perceber que o processo educativo não se resume meramente à transferência de conhecimento, mas a um processo criativo de possibilidades para a produção e criação de saberes, uma vez que a educação em saúde se faz de forma simbiótica, pois quem ensina acaba aprendendo ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.
O Agente realiza suas ações educativas de forma individual e/ou coletiva em vários espaços, seja no domicílio ou na unidade de saúde. Na forma coletiva, a educação em saúde é chamada de reunião educativa realizada pelo Agente Comunitário com duração mínima de 30 minutos e participação de 10 pessoas no mínimo e tendo como meta disseminar informações de saúde, contribuir para a organização comunitária e ajudar a comunidade a estabelecer estratégias de superação dos problemas comunitários, reconhecendo o saber/poder popular como peça chave para a transformação social (BRASIL, 2006; CARVALHO, 2007).
Nesse sentido, o presente estudo objetiva identificar as ações educativas realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde das Estratégias de Saúde da família da cidade de Montes Claros/MG.
Metodologia
Trata-se de uma estudo qualitativo e descritivo realizado com 15 Agentes Comunitários de Saúde que atuavam nas Equipes de Saúde da Família da cidade de Montes Claros – MG.
Foram estabelecidos com critérios de inclusão: equipes que atuavam na zona urbana e ACS que estivessem com mais de dois anos de experiência na profissão, apresentando, dessa forma, uma maior relação de trabalho e vivências com a equipe e a comunidade.
Inicialmente, foram previstas 32 entrevistas, ou seja, uma entrevista por equipe de saúde da família, cada indivíduo foi selecionado pelo número da respectiva microárea, uma vez que cada Agente é representado por números que coincidem em todas as equipes cadastradas. E os informantes foram selecionados através de sorteio aleatório do respectivo número da microárea, que foi o número 3 e também selecionado uma amostra de reserva que foram as microáreas próximas, os números 2 e 4.
Utilizou-se à entrevista semi-estruturada como instrumento de coleta de dados. Baseado no critério de saturação, ocorreu a repetição de informações sem novas contribuições, ocasionando a realização de 15 entrevistas que ocorreram durante o ano de 2008.
A interpretação do material ocorreu à luz da Análise de Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), seguindo os ensinamentos de Lefèvre & Lefèvre (2006) tendo em vista que as idéias centrais presentes nos discursos individuais deram origem ao discurso coletivo.
Para atender aos aspectos éticos, o estudo foi encaminhado para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), sendo aprovado com o Parecer Consubstanciado nº 880, em 23 de novembro de 2007.
A cada um dos entrevistados, foi demandado o consentimento expresso para participar do estudo por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados e discussão
Dos 15 ACS entrevistados, a maioria (60%) pertence ao sexo feminino, com predomínio da faixa etária acima de 27 anos (87%).
No aspecto relacionado à escolaridade, 73% têm o 2º Grau completo, atendendo ao requisito mínimo de escolaridade para ser ACS. Outro requisito contemplado foi o tempo de residência na comunidade, constatando-se que a maioria morava em sua comunidade de trabalho há mais de 10 anos. Além disso, os resultados revelam que 73% deles estavam envolvidos em atividades comunitárias, proporcionando uma maior aproximação e conhecimento das famílias, bem como facilitando a construção da credibilidade e da confiança essenciais para o processo de trabalho dessa categoria.
Quanto à opção pela função de Agente, embora a maioria tenha relatado uma condição de desemprego antes de iniciar sua atividade laboral, revelaram, seja por depoimento ou por atividades comunitárias prévias, o desejo de ajudar o próximo e a comunidade, sugerindo uma motivação vocacional.
No que concerne as ações educativas realizadas pelos ACS, foi constado que alguns Agentes não realizam essas ações ou simplesmente acompanham os profissionais de nível superior, como descrito no DSC:
“Eu ainda não fiz nenhuma reunião sozinho, a gente não faz sozinho, a gente acompanha o médico ou o enfermeiro” (S1, S3, S6, S7)
Outra situação observada é que os Agentes que realizam as reuniões restringem-se a apenas alguns grupos, não tendo liberdade para trabalhar com os específicos da realidade de sua microárea, restringindo o processo de orientação.
“Eu conduzo as reuniões de gestantes toda segunda, a Agente faz reunião na pesagem, só na pesagem e as outras, eu participo junto com o enfermeiro” (S2, S9, S10, S14).
Entretanto, existem algumas exceções, como pode ser evidenciado no discurso abaixo:
“A gente faz também, a gente tem uma parte que a gente faz as reuniões com a comunidade e orientações sobre vários assuntos, a gente vê os assuntos que é pertinente no momento igual agora tá trabalhando mais a prevenção da dengue, então a gente procura tá desenvolvendo de acordo com a época. As vezes tem na microárea, mas a gente tem muita dificuldade em tá reunindo as famílias na microárea, aí a gente aproveita o espaçozinho do acolhimento, pra agendar consulta e faz a reunião. Todo dia um Agente faz esta reunião” (S1, S3, S7, S12, S15)
A orientação constitui a pedra angular do cuidar prestado às famílias, podendo ser realizada no domicílio ou na unidade de saúde, de forma coletiva por meio da reunião educativa que permite o compartilhamento do conhecimento, devendo ser realizada como regra em todas as equipes e não como exceção, já que é uma das atribuições dos Agentes de Saúde (BRASIL, 2000; BRASIL, 2006; CARVALHO, 2007).
Considerações finais
Os discursos revelaram que os agentes comunitários de saúde somente realizam as ações educativas juntamente com outros profissionais e, geralmente, essas atividades estão direcionadas a grupos específicos.
Dessa maneira, faz-necessário que haja uma sensibilização desses agentes de saúde quanto à importância das ações educativas voltadas para a toda a comunidade, visto que os indivíduos da comunidade são os principais responsáveis pelo controle de sua saúde, mas, para isso, é imprescindível que ocorra a tomada de consciência que deve se iniciar por meio do diálogo em um ato constante de reflexão-ação com autonomia, resultando na mudança do estado de doença para o estado de saúde
Além disso, é fundamental que os agentes de saúde incluam a educação em saúde como prática cotidiana do seu processo de trabalho, constituindo-se profissionais comprometidos com as questões sociais por meio do engajamento ativo com a comunidade com vistas à construção da autonomia dos indivíduos, das famílias e dos grupos sociais
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. O trabalho do Agente Comunitário de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2000.
BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção Básica e a Saúde da Família. 2006. Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atençaobasica.php. Acesso em: 05 de fev de 2013.
CARVALHO, Maria Alice Pessanha. Construção compartilhada do conhecimento: análise da produção de material educativo. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Caderno de Educação Popular e Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. p 91-101 (Textos Básicos de Saúde).
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 29 ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1987. 184 p. (O mundo, hoje, v. 21).
LEFÈVRE, Fernando; LEFÈVRE, Ana Maria Cavalcanti. O discurso do sujeito coletivo como superação dos impasses no processamento de respostas a questões abertas. 2006.
VASCONCELOS, Eymar Mourão (org.). A saúde nas palavras e nos gestos: Reflexões da rede educação popular e saúde. São Paulo: Hucitec, 2001.
VASCONCELOS, Eymard Mourão. Educação Popular: instrumentos de gestão participativa dos serviços de saúde. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Caderno de Educação Popular e Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. p 18-29 (Textos Básicos de Saúde).
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