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A prática de dança na Educação Física escolar: realidades e desafios

La práctica del baile en la Educación Física escolar: realidades y desafíos

 

*Graduada em Educação Física, UNIPAM

Especialista em Musculação e Personal Trainer

**Mestrando em Ciências da Saúde

Universidade Federal de Uberlândia, UFU

(Brasil)

Carla Cristina Alves*

alvescarlac@yahoo.com.br

Lucas Tadeu Andrade**

andradelucast@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A prática de dança na Educação Física Escolar permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e se perceba como essa variada combinação de influencias está presente na vida cotidiana. O ensino da dança na escola pode auxiliar, no desenvolvimento global da criança e do adolescente, e favorecer todo tipo de aprendizado que elas necessitam. O ensino da dança na educação física escolar passa por desafios e mudanças para se efetivar neste meio.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Dança. Educação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Educação Física no contexto escolar é disciplina obrigatória da Educação Básica. Porém, ainda são muitas as dificuldades para trabalhar todos os conteúdos propostos pela mesma, seja na escolha dos conteúdos específicos, na definição da metodologia de ensino a ser utilizada ou na escolha de instrumentos e definição de critérios para a avaliação da aprendizagem, pois muitas foram às transformações ocorridas na área nos últimos vinte anos, ou seja, nas escolas hoje, atuam docentes formados em diferentes concepções da Educação e, por conseguinte da Educação Física (KUNZ, 2004).

    O trabalho na área da Educação Física tem seus fundamentos nas concepções de corpo e movimento, e hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento.

    A educação deve contextualizar a linguagem corporal numa gramaticalidade do corpo que dança; um campo aberto as possibilidades de vivências e experimentações do movimento humano e, ao mesmo tempo, um ambiente cultural, artístico, social e político de desenvolvimento das potencialidades humanas de inter-relação na sociedade contemporânea (CAZÉ, 2008).

    A prática da Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e se perceba como essa variada combinação de influencias está presente na vida cotidiana.

    O ensino da dança na escola pode auxiliar, no desenvolvimento global da criança e do adolescente, e favorecer todo tipo de aprendizado que elas necessitam (CARBONERA e CARBONERA, 2008).

A dança na Educação Física

    A dança, uma arte milenar, acontece no corpo e integra um campo de possibilidades que amplia os processos de aprendizagem e formação humana. O corpo é matriz geradora de movimento e de linguagens artísticas refletindo as sociedades nas quais estas manifestações ocorrem; desta forma, o movimento é uma forma complexa de pensamento inserido em uma rede de relações sociais (CAZÉ, 2008).

    Segundo os estudos de FAHLBUSCH (1990), os primeiros documentos sobre a origem pré-histórica dos passos de dança, são provenientes de descobertas das pinturas e esculturas gravadas nas pedras lascadas e polidas das cavernas.

    A dança está presente em diferentes momentos de nossas vidas, de diferentes formas, com diferentes sentidos. Dançamos desde crianças, sozinhos, em rodas, nos braços de nossos pais; quando adolescentes dançamos sozinhos imaginando estar com alguém ou com alguém bem mais perto, ou mesmo com muita gente ao redor, mas sozinha na dança. São diversas as significações postas a esse dançar, desde a brincadeira, o jogo, a conquista, a descoberta, a experimentação, a recordação, o encantamento; são tantas que como significações ficam ali, dentro e fora das pessoas, explícitas e implícitas, mas presentes (BRASILEIRO, 2009).

    No Brasil, a dança tornou-se sistematizada nas escolas s em 1851, quando a Reforma Couto Ferraz foi realizada pelo então ministro Luís Pereira do Couto Ferraz, o qual proporcionou uma sistematização da cultura física no Brasil, e tornou obrigatório, no ensino primário, o componente curricular de ginástica, juntamente com as aulas de dança no ensino secundário em escolas do município da Corte (BETTI, 1991).

    A dança, presente no processo de escolarização brasileira, esteve associada à inserção dos exercícios físicos, da ginástica, com a implementação da tríade educação moral, intelectual e física; e nesse caminho, a dança entra no conjunto de conhecimentos necessários a educação das crianças e jovens brasileiros, especialmente as mulheres (BRASILEIRO, 2009).

    A dança na escola buscar a percepção do próprio corpo presente na corporeidade de professores e alunos. É ao redor do corpo e em função dele que o espaço se estrutura, os objetos se dimensionam e as seqüências temporais se estabelecem (MARINHO, 2005).

    No entanto, a tradição educativa positivista, hegemônica ainda hoje em nossas escolas, advoga uma educação racional, abstrata, individualizante, em que os educandos evoluem por suas próprias potencialidades. Entenda-se ainda potencialidade como a capacidade de memorização dos conteúdos já ministrados e definidos, numa ênfase à ideia, ao privilégio cognitivo, em detrimento do corpo como um todo (MOREIRA, 1995).

    A escola deve então, ser um espaço não apenas de escuta, mas de permanentes representações, construções e criações, tratando de interagir a prática pedagógica da Educação Física, através da linguagem corporal com os diversos conhecimentos que trazem a dança (GARIBA, 2005).

    Para Cunha (1992), a dança merece destaque junto à Educação Física complementando as atividades de ginástica, lúdicas, esportivas e recreativas. Também para Claro (1988) a dança e a Educação Física se completam, onde a Educação Física necessita de estratégias de conhecimento do corpo e a dança das bases teóricas da Educação Física.

    Para que esses objetivos sejam alcançados em aulas de dança na escola, o conteúdo desenvolvido deve caracterizar-se por uma lógica didática com relação a seus objetivos, à organização dos conteúdos, à escolha metodológica, aos procedimentos a serem tomados (PEREIRA et all, 2001).

    A Educação Física escolar deve considerar tanto os limites e possibilidades de aprendizado por parte das crianças como as relações entre os conhecimentos da cultura corporal (SILVA e ROSA, 2008).

    O Brasil é caracterizado por uma diversidade cultural, e tem na dança uma de suas expressões mais significativas, constituindo um amplo leque de possibilidades para ensino na educação física escolar: danças folclóricas, danças brasileiras, danças de salão, danças atuais, danças contemporâneas, dança criativa, mímicas e brinquedos cantados (CARBONERA e CARBONERA, 2008).

    Algumas atividades são importantes para realizar nas aulas de dança na Educação Física, segundo as experiências já vivenciadas pelos pesquisadores, pois são de extrema importância para todas as séries do ensino fundamental, podendo ser utilizadas com as músicas e ritmos e direcionadas para cada série (FERREIRA, 2005).

    Carbonera e Carbonera (2008) completam que a atividade da dança na escola engloba a sensibilização e conscientização dos alunos tanto para suas posturas, atitudes, gestos e ações cotidianas como para as necessidades de expressar, comunicar, criar, compartilhar e interatuar na sociedade.

Considerações finais

    Com base nos referenciais teóricos apresentados, percebe-se que a dança é uma manifestação cultural tão antiga como a história do homem. Ao longo dos anos foram surgindo novas influências, ampliando o leque de ritmos que se tem para trabalhar no âmbito escolar.

    A dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, podem-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.

    Portanto, entende-se que a dança deve fazer parte dos conteúdos trabalhados durante as aulas de Educação Física Escolar.

Referências

  • BETTI, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

  • BRASILEIRO, L. T. O Conteúdo “Dança” em aula de Educação Física: Temos o que ensinar? Revista Pensar a Prática. v. 6, p. 45-48, 2009.

  • CARBONERA, D.; CARBONERA, S. A. A importância da dança no contexto escolar. Monografia. 61 fls. (Curso de Pós-Graduação em Educação Física Escolar) - FI- Faculdade Iguaçu – ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-graduação (mantenedor), 2008. Cascavel, PR.

  • CAZÉ, C. M. de J. Corpos que dançam aprendem: análise do espaço da dança na rede pública estadual de Salvador/Bahia. 2008. Dissertação de mestrado. Universidade Federal da Bahia.

  • CLARO, E. Método dança-educação física: uma reflexão sobre consciência corporal e profissional. São Paulo: E. Claro, 1988.

  • CUNHA, M. Aprenda dançando, dance aprendendo. 2 ed. Porto Alegre: Luzatto,1992, p.11-13.

  • FAHLBUSCH, H. Dança moderna e contemporânea. Rio de Janeiro: Sprint, 1990.

  • FERREIRA, V. Dança escolar: um novo ritmo para a Educação Física. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.

  • KUNZ, E. Educação Física: Concepções e mudanças. Revista Brasileira de Ciências e de Esporte. v. 10. n° 2. 2004.

  • MARINHO, H. Educando na vida com a dança: corporeidade e movimento. Niterói, 2005. Dissertação de mestrado. Universidade Federal Fluminense.

  • MOREIRA, W. W. Corpo presente num olhar panorâmico. In: Moreira, Wagner Wey. Corpo Presente. Campinas, São Paulo: Papirus, 1995.

  • PEREIRA, S. R. C. et al. Dança na escola: desenvolvendo a emoção e o pensamento. Revista Kinesis. Porto Alegre, n. 25, p.60-61. 2001.

  • GARIBA, C. M.. Dança escolar: uma linguagem possível na Educação Física. Lecturas: Educación Física y Deportes. Buenos Áries, ano 10, n.85. 2005. http://www.efdeportes.com/efd85/danca.htm

  • SILVA. Q.; ROSA, M. V. Análise das estratégias metodológicas das aulas de dança improvisação na Educação Física Infantil. Revista Motrivivência. Ano XX, n° 31, 2008.

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