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Carta ao Corpo: redimensionando a concepção de corpo 

presente no discurso dos discentes do curso de Educação Física

Carta al Cuerpo: redimensionando la concepción del cuerpo presente en el discurso de los estudiantes del curso de Educación Física

 

*Licenciado em Educação Física e Pedagogia, Especialista em Pedagogia do Movimento

Mestre em Educação Escolar e Doutorando na mesma área. Atualmente é Professor

nas Faculdades Network e na Secretaria da Educação São Paulo

**Doutor e Pós-doutorando em Sociologia pela Unicamp.Professor

nas Faculdades Network e na Faculdade Santa Lúcia

***Graduado em Letras e em Pedagogia e Doutor em Educação Escolar. Atualmente é professor

dos cursos de Pedagogia, Direito e Administração da FAC São Roque

****Graduado em Ciências Sociais, Mestre em Educação Escolar e Doutorando

pela FCLAR - UNESP - Araraquara. Atualmente é professor da FAC São Roque

Kleber Tuxen Carneiro*

Antonio Carlos Dias Junior**

Maurício Bronzatto***

Eliasaf Rodrigues de Assis****

kleber2910@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          No artigo buscamos apresentar uma reflexão sobre o tema corpo na contemporaneidade. Partindo de uma experiência pedagógica no interior de um curso de licenciatura em Educação Física e, especificamente, da prática multidisciplinar vivenciada em duas disciplinas curriculares (Fundamentos Filosóficos e Éticos da Educação Física e História da Educação Física e do Desporto), procurou-se discutir algumas das diferentes concepções e abordagens epistemológicas sobre as manifestações corporais, na tentativa de desconstruir, ressignificar e expandir os horizontes dos discentes no que se refere à existência corporal e à dimensão do ser ou estar no mundo. Por meio de uma atividade pedagógica proposta aos alunos, denominada carta ao corpo, buscamos captar e problematizar estas concepções, na tentativa de convidá-los a repensarem as diferentes ideologias contemporâneas que assolam e instrumentalizam o corpo. Assim, suas narrativas, expressas nas cartas, representam um caminho metodológico de intervenção pedagógica, bem como sinalizam, acreditamos, para um campo de transformação científica (ciência com consciência), profissional e humana.

          Unitermos: Corpo. Concepção. Educação Física. Interdisciplinaridade.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Uma palavra inicial

    Compreende-se que a própria idéia de Educação Física é uma construção social, tal como a noção do corpo que ela difunde por intermédio de seus profissionais. Jocimar Daolio (2003)

    Como podemos observar na epígrafe acima, Daolio (2003) ressalta que o conceito de Educação Física evoca uma construção histórica e social, isto é, sua compreensão deriva do contexto no qual ele está inserido, podendo receber diferentes interpretações e desígnios. Da mesma maneira, a própria concepção de corpo atualmente dominante é amplamente difundida pelos profissionais da área, sem maiores questionamentos éticos, históricos e filosóficos.

    Tendo isso em vista, buscamos engendrar uma articulação multidisciplinar no interior de um curso de licenciatura em Educação Física, de uma instituição privada do interior do estado de São Paulo – Brasil. As diferentes concepções que permeiam o tema corpo nos possibilitaram coadunar duas perspectivas epistemológicas a partir de dois ramos das Ciências Humanas (Filosofia e História) e de duas disciplinas, Fundamentos Filosóficos e Éticos da Educação Física e História da Educação Física e do Desporto, na tentativa de produzir elucubrações e intervenções pedagógicas de maneira interdisciplinar.

    A interdisciplinaridade é o processo de integração e engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de que exerçam a cidadania, mediante uma visão global de mundo e com capacidade para enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade (LUCK, 2001, p. 64).

    Em nosso entendimento, um dos grandes desafios da educação do século XXI, notadamente para os cursos de formação profissional, reside exatamente em propiciar esse intercâmbio disciplinar e epistemológico. Tal concepção indica a interdisciplinaridade como articuladora do processo de ensino e de aprendizagem, à medida que produz atitude (FAZENDA, 1979) e articula os modos de pensar (MORIN, 2005), além de servir como pressuposto na organização curricular (JAPIASSU, 1976), como fundamento para as opções metodológicas do ensinar (GADOTTI, 2006) e também de elemento orientador na formação dos profissionais da educação.

    A propalada (também – ou sobretudo - pelas instituições formativas) interdisciplinaridade, como um enfoque teórico-metodológico ou gnosiológico, como o denomina Gadotti (2006), surge na segunda metade do século passado, em resposta a uma necessidade verificada principalmente nos campos das ciências humanas e da educação: superar a fragmentação e o caráter especializado do conhecimento, estes causados por uma epistemologia de tendência positivista cujas raízes assentam-se no empirismo e no naturalismo, mecanicismos científicos do início da era moderna.

    Em meados do século XIX, a partir da obra grandes pensadores modernos, como Galileu, Bacon, Descartes, Newton, e outros, os diversos ramos científicos foram sendo formados de maneira cada vez mais especializada. Organizados, de modo geral, sob a influência das correntes de pensamento naturalista e mecanicista, buscavam, já a partir da Renascença, construir uma concepção científica e menos dogmática de mundo. A interdisciplinaridade, contudo, como movimento contemporâneo, emerge da crítica a estas concepções. A partir da perspectiva da dialogicidade e da integração das ciências e do conhecimento, busca romper com o caráter hiperespecializado e fragmentado dos saberes, resultante deste processo histórico e científico.

    Tendo em vista esta ótica interdisciplinar, procurou-se estruturar as duas disciplinas (Filosofia e História) na tentativa de problematizar o tema corpo enquanto objeto epistemológico. Como caminho metodológico para tal incursão, estabeleceu-se a construção de uma carta ao corpo na qual, para compreendermos as concepções dos discentes sobre o tema, estes produziram um diálogo consigo mesmo, uma carta endereçada ao seu próprio corpo, afim de que pudessem dialogar interiormente e socializar os diferentes olhares sobre si (subjetivamente) e sobre seus corpos (objetivamente).

    Nessas cartas, os discentes apresentam suas concepções, experiências, mitificações e dúvidas, cotejando as “verdades” até então tidas como absolutas com outras percepções que pudessem ser confrontadas e problematizadas, sobre tudo as ideologias contemporâneas que assolam e instrumentalizam o corpo. Assim, suas narrativas, registradas na carta, apresentam-se como um caminho metodológico de intervenção pedagógica e também como uma reflexão existencial para pensarem tal dimensão.

    Ao produzir um ambiente de questionamentos sobre o que é o corpo de um indivíduo na estrutura social em que estamos inseridos, o que ele representa e quais os motivos de sua condição atual, buscou-se, portanto, desenvolver considerações no sentido de questionar a lógica vigente em torno do corpo em nossa sociedade. Se considerarmos que as grades curriculares dos cursos de Educação Física são, em sua maioria, constituídas nas bases das ciências médicas (biologia, anatomia, neuroanatomia, fisiologia, biomecânica, cinesiologia, bioquímica, entre outras), boa parte da concepção dos acadêmicos é desenvolvida a partir desse olhar, que tolhe expressivamente uma compreensão mais expansiva e elaborada em relação ao caráter humano presente na atividade profissional do futuro educador físico.

    Nesse sentido, a idéia foi a de fomentar reflexões que escapassem ao olhar meramente biologicista, e que questionassem o entendimento das classificações sociais (econômicas, políticas, culturais, ambientais) que não são, a nosso ver, determinantes da existência do ser no mundo, e que estão refletidas na corporeidade dos indivíduos. Para uma compreensão mais elaborada a respeito do corpo é preciso que se conheça, primeiramente, as diversas representações, nuanças, conotações e desígnios históricos que marcaram sua percepção. A seguir apresentaremos uma breve exposição sobre esse entendimento na história da humanidade.

A historicidade das concepções de corpo

    A estrutura biológica do homem lhe permite sentir, pensar e agir (em outros termos, existir); todavia, é o contexto cultura/social que engendram os sentidos/significados desse sentir, pensar e agir. Assim, podemos afirmar que os seres humanos são animais culturais, e em seus corpos estão registradas suas demarcações e seus emblemas culturais, semelhantes à cútis: os signos e conotações históricas, culturais e sociais constituem uma espécie de segunda tez.

    Segundo Goellner:

    Um corpo não é apenas um corpo. É também o seu entorno. Mais do que um conjunto de músculos, ossos, vísceras, reflexos e sensações, o corpo é também a roupa e os acessórios que o adornam, as intervenções que nele se operam, a imagem que dele se produz, as máquinas que nele se acoplam, os sentidos que nele se incorporam, os silêncios que por ele falam [...] enfim, é um sem limite de possibilidades sempre reinventadas e a serem descobertas. Não são, portanto, as semelhanças biológicas que o definem, mas, fundamentalmente, os significados culturais e sociais que a ele se atribuem (2003, p. 29).

    Assim sendo, ao longo da história da existência humana, diferentes nuanças permearam as intenções, representações, ideologias e ações sobre as práticas corporais. Para melhor compreendermos as diferentes conotações que circundaram os diferentes desígnios sobre o conceito corpo, faz-se necessário entender suas diferentes compreensões nos distintos momentos históricos da humanidade. Cabe ressaltar, primeiramente, que os conceitos refletem - e são frutos - do período histórico no qual estão inseridos, uma vez que são socialmente construídos. Desta forma, conforme os valores são erigidos ou se decompõem, os conceitos também se modificam, na medida em que novos significados lhes são atribuídos.

    As discussões relativas às questões do corpo e suas representações (embora não fossem assim denominadas) estão presentes desde a Antiguidade. Os antecessores de Sócrates pensavam o indivíduo de forma integrada: corpo e pensamento, bem como o mundo invisível dos Deuses, faziam parte de um só domínio, a physis que, para Silva (2001), está vinculado à representação do cosmos, do universo e de todos os seres, servindo de contraste, naquele período, ao conceito de techné, como representação de tudo que é criado pelo ser humano e que possui um elemento racional, como parte do processo civilizatório.

    Para Siebert (1995), o corpo na Grécia antiga era visto como elemento de glorificação e de interesse do Estado, e mostrava-se valorizado pela sua capacidade atlética, virilidade e fertilidade. Em Esparta, atividades corporais recebiam um lugar de destaque na educação de jovens, que buscavam um corpo saudável e fértil. Já em Atenas, o modo de educação corporal prevalente entronizava o ideal de ser humano belo e bom. Segundo Ramminger (2000), no século V-IV a.C., Sócrates, Platão e Aristóteles determinaram a oposição entre dois mundos: o material e o ideal, o corpo e a alma, o desejo e o pensamento. A dicotomia corpo-consciência é apresentada por Platão como o "drama humano", que aponta para o corpo como locus de corrupção e decadência da moral. O espírito, para Platão, na condição de prisioneiro da caverna do corpo, pode (e deve) se tornar maior.

    Impelido por esse pensamento dicotômico são fundados os alicerces do entendimento reinante sobre o corpo na Idade Média. Este longo período, que se inicia pela queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e avança até a queda de Constantinopla, em 1453,avançou desde a formação dos reinos germânicos, a partir do século V, até a consolidação do feudalismo, entre os séculos IX e XII, já alta Idade Média. Para Souto Maior (1969), a posse e garantia da terra eram consideradas como sinônimo de poder e, como destacam Faraco e Moura (1995),sua disputa se travava através de constantes batalhas.

    O período é marcado também pela ingerência da Igreja Romana, tida como o lugar do mundo terreno no qual Deus habitava. Com base no teocentrismo (Deus como centro de todas as coisas), a Igreja determinava o comportamento das pessoas no campo moral, nos relacionamentos interpessoais, na vida familiar e na forma de pensar e de manifestar as práticas corporais, incluindo o modo de adorná-las. Para um dos mais importantes filósofos do período, Santo Agostinho, a alma é uma substância racional que existe para governar o corpo. Nesse sentido, segundo o entendimento de Matos e Gentile (2004), na Idade Média o corpo foi considerado perigoso, em especial o feminino, visto como um "lugar de tentações". Com efeito, sob a égide dominante dos preceitos religiosos, instituiu-se o corpo como objeto pernicioso, que deve ser suprimido em detrimento da alma, que está acima dos desejos e prazeres da carne. Para a purificação do corpo culpado e perverso, incentivava-se a punição e o flagelo, tais como a palmada, o apedrejamento e outras formas de tortura física.

    Na era Moderna ocorrem significativas alterações no entendimento de homem acerca de seu corpo. Novos marcos científicos são propostos por ilustres pensadores, como Bacon, Descartes e Galileu, entre outros. Neste cenário,encontramos um "novo" lugar para o entendimento sobre o corpo, notadamente aquele apregoado por Descartes e sua concepção dualista, segundo a qual o corpo representa o objeto da razão, ancoradouro da idéia mecanicista/racionalista. Deste modo, o corpo passa a ser arquitetado como um objeto técnico e instrumental, que opera com base em códigos, operações e cálculos; ele se torna, com efeito, previsível e controlável, a serviço da razão.

    Já no período Renascentista, a concepção de corpo encerra novas nuanças, pois emerge em seu bojo um movimento abrangente de preocupação com a liberdade humana. O trabalho do artesão, anteriormente tomado como menor em relação aos ofícios intelectuais – e também a idéia da realização terrena, passam a serem valorizados, assim como o pensamento sobre a dimensão corporal. Acontece, então, uma importante redescoberta estética (de inspiração neoclássica), nas quais o corpo nu e suas formas anatômicas ganham destaque por pintores e escultores, cuja expressão mais perfeita pode ser encontrada nas obras de Michelangelo e Da Vinci (SIEBERT, 1995; ROSÁRIO, 2004).

    Como sabemos, os séculos XVII e XVIII representaram um importante marco para a construção da sociedade ocidental, e podem ser caracterizados como o período da filosofia e da ciência moderna que serviram de substrato intelectual ao florescimento da burguesia. A partir do final do século XVII, o corpo humano foi concebido pelas ciências biológicas e exatas como uma máquina que funciona em analogia às engrenagens industriais. Os agora detentores do poder econômico, político e social buscaram moldar esse “novo” homem moderno, o que favoreceu o desenvolvimento das indústrias e a consolidação do capitalismo tal qual hoje o conhecemos. Como observa Alberto Melucci, todos somos "descendentes de uma cultura em que a dimensão corpórea foi relegada para áreas marginais [...] para a atividade física ou de trabalho" (2004: 91). Trata-se de um corpo que tende à docilidade, e que é moldado pelas circunstâncias, tornando-se útil, fragmentado e facilmente treinado.

    Segundo Peres (2009) a imagem de corpo em nossa cultura racionalizada, “cientifizada” e industrializada reduz a complexa dimensão corporal a um objeto de uso em conformidade com os interesses econômicos, políticos e ideológicos de outros grupos ou classes sociais, fazendo com que o corpo se torne, paulatinamente, uma ferramenta de produção, que produz lucro e crescimento econômico no meio no qual está inserido. Sob essa lógica, a dimensão corporal insere-se de forma instrumental no bojo dos processos que culminam no mundo contemporâneo, caracterizado como um período de grandes descobertas e avanços científico-tecnológicos nunca antes observados ou experimentados na história humana. O hedonismo resultante da indústria cultural de massa que caracteriza fortemente o modo de viver da sociedade atual, remodela a concepção de corpo.

    Junto à industrialização, na metade do século XX, os meios de comunicação – o rádio e, posteriormente, a televisão - passaram a funcionar como propulsores da comunicação de massa. A exposição e reprodução do corpo como mercadoria (ADORNO e HORKHEIMER, 1985) não ficaria mais restrito apenas ao âmbito da pintura ou da escultura. O corpo, doravante, pode ser observado a partir da lógica produtiva e reprodutiva (como numa produção em série), através da fotografia, do cinema, da televisão, dentre outros canais midiáticos.

    Uma importante crítica a esta concepção instrumental de corpo nos foi oferecida pela fenomenologia, através da noção de intencionalidade, que opera por meio do redimensionamento da relação existencial homem-mundo. Os fenomenólogos procuram não apenas superar as dicotomias alma-corpo e mente-corpo, como também criticam a instrumentalização perversa inculcada nas lógicas de produtividade, nas quais o corpo aparece como escravizado.

    Para Merleau-Ponty (1971, p. 208):

    O corpo não é um objeto. Pela mesma razão a consciência que tenho não é um pensamento, quer dizer que não posso decompô-lo e recompô-lo para formar dele uma idéia clara. Sua unidade é sempre implícita e confusa. Ele é sempre outra coisa além do que é, sempre sexualidade, ao mesmo tempo que liberdade, enraizado na natureza no momento mesmo em que se transforma pela cultura nunca fechado sobre si mesmo, e nunca ultrapassado. Sou pois o meu corpo, ao mesmo tempo em toda medida em que tenho uma aquisição e reciprocamente o meu corpo é um sujeito natural, como um esboço provisório de meu ser total.

    No corpo do indivíduo está contida sua vida, sua biologia, que é ligada a valores culturais, amorosos, estéticos e éticos, valores esses comprometidos com a sociedade a qual pertencemos - e que refletimos - pelos laços de solidariedade e reciprocidade (DURKHEIM, 2007). De acordo com Marcel Mauss (apud BRUHNS, 1989), o corpo aprende e é resultado de cada sociedade específica, em seus diferentes momentos históricos. Dito de outra forma, sinaliza para uma história cultural que encontra nele sua expressão e reprodução.

    Embora o período contemporâneo seja caracterizado pela redescoberta da existência corporal, em seu cerne estão contidas profundas incertezas. O capitalismo, sobretudo em sua configuração neoliberal, converte os seres humanos e suas relações em objetos e coisas, produtos e consumo; o corpo não fica fora deste contexto, transformando-se em mercadoria no contexto sociocultural permeado pelos cinco ismos (consumismo, hedonismo, narcisismo, relativismo e individualismo). Desta forma, o corpo tornar-se um interessante instrumento de poder, pois produz efeitos que são impostos e que alienam e massificam (notadamente pelos signos da beleza, da virilidade e da juventude).

    Engodados pelos sediciosos discursos publicitários (marketing), os indivíduos ficam expostos a vitrines que prometem um corpo livre de gorduras e rugas, um corpo viril e forte. Pílulas, alimentos, aparelhos de ginástica, cremes e toda uma gama de mercadorias promete juventude e beleza. Os corpos - no âmbito dessa lógica perversa que os aprisiona – outrora negados e flagelados, neste tempo são enaltecidos e hiper-valorizados. Assim, inebriada pelos veículos midiáticos,a sociedade contemporânea assiste deslumbrada à passagem dos “corpos perfeitos”, que invadem progressivamente todos os espaços da vida moderna (POLI NETO e CAPONI, 2007).

    O corpo, atualmente, para ser considerado belo, deve seguir ao padrão estético culturalmente difundido e disseminado. Fabrica-se este padrão e incentiva-se a persegui-lo a qualquer preço. Cada vez mais atravessado por discursos que supervalorizam seu caráter material, o corpo é subsumido à condição de objeto, como uma opção rentável de mercado.

    Neste sentido, Del Priore observa que.

    A beleza instituiu-se como prática corrente, pior, ela consagrou-se como condição fundamental para as relações sociais. Banalizada, estereotipada, ela invade o cotidiano através da televisão, do cinema, da mídia, explodindo num todo – o corpo nu, na maioria das vezes – ou em pedaços, pernas, costas, seios e nádegas. Nas praias, nas ruas, nos estádios ou nas salas de ginástica, a beleza exerce uma ditadura permanente, humilhando e afetando os que não se dobram ao seu império (2000, p. 94).

    Os que resistem à “ditadura da beleza “são fortemente retalhados, direta ou indiretamente. Na condição de realidade enraizada, os que não possuem ou não se adéquam aos padrões sofrem diferentes tipos de humilhação e constrangimento. Os transtornos alimentares, como a bulimia e a anorexia, bem como a corrida desenfreada às clínicas de estética e de cirurgia plástica não são mais que exemplos claros e indicativos deste cenário. O corpo, desta perspectiva, intoxica-se pelos signos e preconceitos culturais. A anoréxica encontra-se envenenada pelos padrões aos quais almeja na tentativa de se sentir bela, e traz tatuada na carne o estigma de um corpo que se alimenta de sua própria fome.

    Ribeiro (2010) observa que a mídia vai ainda além, conjugando cirurgia plástica a um ideal de beleza moderno: você pode ter um corpo perfeito sem fazer tanto esforço, vale dizer, é melhor tirar, do que malhar. O que não é dito, contudo, é que a violência que o corpo sofre em um procedimento como a lipoaspiração é digna de comparação com os suplícios realizados na Paris no século XVII, descritos por Foucault em Vigiar e Punir (2001). A cirurgia estética e suas violências são compensadas pelo olhar do outro e pelo reconhecimento social.

    Como nos lembram Lacerda e Queirós (2004), nossos corpos equivalem a corpos-rascunho, sempre em situação provisória e sujeitos a qualquer intervenção na tentativa de alcançar a perfeição, que teima em não chegar. Os que logram êxito sobre as “imperfeições biológicas” e alcançam os padrões impostos são imediatamente impelidos a depreciarem os demais, convertendo-se em narcisistas ortodoxos que raramente conseguem gravitar para além da fronteira de seu centro de gravidade (umbigo).

    Lipovetsky (1983) afirma que a questão do narcisismo na contemporaneidade é resultado de um novo imaginário social, marcado pela ansiedade: "não sabendo que a beleza está dentro de si, à busca nas coisas externas [...]” (ABBAGNANO, 2000, p. 698). O corpo, promovido a objeto de culto, apresenta fronteiras fluidas e vagas e é representado como metáfora das estruturas religiosas. Há sacerdotes (modelos de referência), templos (lugares onde você pode moldar o corpo, ginásios) e seguidores (toda legião de seguidores do culto da linguagem corporal), que se tornam emissários de uma verdade mítica, a da aparência. Constrói-se o império do alívio provisório como entrada para o processo de personalização (VILACCA,1999).

    Somos assim pressionados culturalmente a concretizar, em nosso corpo, o modelo ideal que nos é imposto (RUSSO, 2005). Para tal, temos uma infinidade de produtos e técnicas a serem consumidas. Todavia, como dissemos anteriormente, alentados pelo olhar fenomenológico, somos convidados também a redimensionar a relação existencial homem-mundo a partir de nossa existência corpórea. Através do corpo o ser humano estabelece suas relações consigo, com o outro e com o mundo. O sentir, o pensar e o agir caracterizam a existência e a vida humana. Essa tríade, no entanto, não se dá de modo fragmentado e linear, mas sim através de uma rede complexa de interações que se manifestam na dimensão corporal humana. Pelo corpo eu percebo, analiso e (co) existo no mundo.

Quadro comparativo da carta ao corpo: analogia do anterior e posterior à intervenção nas áreas curriculares

    Como já mencionamos anteriormente, nosso relato experiencial é fruto de um trabalho interdisciplinar, obtido a partir de uma experiência pedagógica no interior de um curso de licenciatura em Educação Física. Deste modo, procurou-se desvelar as diferentes concepções e abordagens epistemológicas no que tange o entendimento da dimensão corpo, especialmente porque o curso tem sua grade curricular pautada nas ciências biológicas, e boa parte das discussões circunscrevem-se a conceber o fenômeno apenas sobre esta óptica - o que, em nossa compreensão, reduz substancialmente a dimensão existencial do fenômeno.

    Tal problematização buscou, pois, potencializar um redimensionamento sobre as concepções dos discentes do curso, possibilitando-lhes desconstruir, ressignificar e expandir os conceitos e olhares sobre questões relativas à existência corporal, vale dizer, à forma (dimensão) de ser ou estar no mundo. Para aferirmos a qualidade das intervenções em ambos componentes curriculares (Filosofia e História) como princípio pedagógico-propedêutico, sugeriu-se que os acadêmicos redigissem um diálogo com seus corpos por meio de uma correspondência denominada carta ao corpo, na qual entabulariam uma “conversa”.

    Afim de que pudéssemos verificar o caminho percorrido pelos alunos (em termos existenciais e conceituais) após o semestre letivo de intervenção conjunta das disciplinas, estabelecemos um quadro comparativo, composto por discursos contidos na carta ao corpo, solicitada no início do semestre, e as narrativas contidas nas avaliações finais do semestre. Dados o volume e a heterogeneidade do material produzido pelos alunos, optou-se em delimitar alguns excertos que permitiram visualizar, comparativamente, as duas situações citadas, como veremos a seguir:

Acadêmico (a)

Excerto extraídos da Carta ao Corpo (anterior à intervenção)

Excerto extraído da avaliação semestral (posterior à intervenção)

01

É claro que não existe nenhuma mulher neste mundo que é inteiramente satisfeita com seu próprio corpo. Sempre tem uma coisinha aqui, ou ali, que se eu pudesse mudaria, exemplo: a barriguinha (risos). Lembro bem corpo há alguns anos atrás quando eu era mais feliz e não sabia, com tudo no lugarzinho certo, mas como mencionei acima, sempre achamos algo para querer mudar.

Na realidade é o corpo que permiti sentir! Perceber o mundo, os objetos, as pessoas, ele nos permite imaginar, pensar, sonhar, desejar, contar algo, escolher, conhecer, entre outras coisas. A liberdade é uma mistura de (dentro e fora) interior e exterior.

02

O meu corpo é visto por mim como um elemento de trabalho, não só feito para exibir formas e cores ou imagens através dessas formas.

Pude perceber e compreender que o corpo é um fenômeno corporal, é aquilo que somos! Independente da sua opção sexual, da sua raça, ou classe social, está ligado de maneira intrínseca no falar, no sentir, pensar e agir. Não podemos ser um corpo e ter uma alma diferente separada, está tudo conectado, tudo junto e misturado!

03

Muito vaidoso, porém às vezes desanimado, nem sempre é possível mantê-lo segundo o padrão de beleza que o mundo exige.

Entende-se como corpo nossos sentimentos, emoções, razões e gestos/expressões, não podendo dissociar o corpo da alma ou da consciência.

04

Espero futuramente, corpo, quando envelhecer, que a mente, o corpo e a alma estejam sempre ativos.

O corpo não é uma coisa e nem é separado de nosso eu, não é uma coisa que temos, mas aquilo que somos.

05

Às vezes olho no espelho e sinto-me feia, e quando paro para refletir vejo que não é isso, o que necessito é de bons cuidados, um bom salão de beleza e às vezes a grana não dá!

O corpo para os antigos pensadores não passava de um objeto, um transporte que levava o bem mais precioso, a “alma”, tornando-se “pedra no caminho”. Hoje parece que as pessoas se preocupam mais com o corpo, como a coisa mais importante de suas vidas. Mas, na maioria das vezes, não para satisfazê-lo, mas sim para satisfazer uma sociedade que determina padrões de beleza que ela julga serem corretos.

06

Corpo, você e suas formas, sim há algumas partes de você que gostaria de mudar, por exemplo: pôr um silicone, perder a barriguinha e ganhar músculos (somente coxas e glúteo), mas no momento não há dinheiro, nem tempo para que consiga fazer isso.

Hoje em dia temos uma sociedade muito mais preocupada com seu corpo, porque é isso que ela nos impõe a fazer. Tudo gira em trono da beleza, muitas portas se abrem para quem tem uma boa aparência e um corpo bonito. Só que eu não acho isso. A sociedade pode exigir sim, mais são poucos os que fazem sacrifícios de alimentarem-se bem, praticar algum tipo de esporte; quanto mais à sociedade exige isso, mais eu vejo pessoas feias e doentes, destruindo seus corpos com álcool, drogas e péssima alimentação.

07

Querido corpo, algumas batalhas já conseguimos vencer juntos, como o distúrbio alimentar e a depressão; olha já faz quase dois anos desde a minha última recaída da bulimia.

Bom, nosso corpo é a matéria, é o único bem que temos realmente, ele fala por nós, tudo que pensamos e fazemos reflete nele; a satisfação com ele é uma busca frenética, sempre estamos insatisfeitos, querendo talvez um modelo que nunca vai existir.

08

Você é perfeito, mas eu sempre quero mudar alguma coisa em você... um desenho novo (tatuagem) ou um furo aqui e outro ali.

Em um mundo onde todos estão preocupados com a aparência, vemos o corpo sendo usado como objeto, meio contraditório, mas é isso que acontece há muito tempo.

09

Às vezes sinto minha mente tão distante, e em outras me vejo totalmente ligada a mim mesmo. Quando estou bem mentalmente parece que fico mais leve e sem dor.

Existem várias visões do corpo, e vários julgamentos; a religião às vezes isola o corpo do mundo com algumas idéias ... já algumas culturas libertam.

10

Lembra-se, meu querido corpo, de seu abdômen todo trincado que você não se importava em mostrá-lo na rua, e agora cadê a coragem de sair por ai desfilando essa forma arredondada?

Pensar sobre o corpo hoje vai mais além que achar que é um simples externo, pele, carne e osso. O corpo é visto como fontes de desejo sobre as outras pessoas ou como gostariam de ser (magro, forte), apontando para uma grande alienação.

    Ao observar as narrativas dos acadêmicos, constatamos significativos questionamentos em relação ao seu entendimento sobre o corpo: em alguns casos concepções mais elaboradas, em outros apontamentos mais comedidos. Todavia, em todos os relatos pudemos encontrar avanços expressivos, ou seja, muitos conseguiram sair do lugar comum, no sentido de aprimorarem suas percepções acerca das diversas dimensões corporais.

    No caso dos acadêmicos 01, 03, 08 e 10, observamos inicialmente um discurso que reforçava os ditames estéticos padronizados, caminhando para uma visão posterior que sinalizou um olhar existencial mais elaborado. Já o participante 02 parece ir de um olhar instrumental e utilitarista, que reduzo corpo a um objeto em conformidade com os interesses econômicos, políticos e ideológicos (como uma ferramenta de produção) para um entendimento mais aprofundado de sua existência.

    Os participantes 04 e 09 partem de uma visão platônico-dicotômica que consubstancia a idéia do “corpo versus alma” em direção a uma visão mais sistêmica, que não dissocia o entendimento dessas duas instâncias. Por sua vez, os discentes 05 e 06 vão na direção de um olhar balizado pelos padrões estéticos vigentes para uma crítica mais elaborada destes mesmos padrões de comportamento, marcados pelo hedonismo e pelo consumo.

    Mas foi, contudo, nos dizeres do participante 07 que pudemos constatar o mais profundo, expressivo e emocionante relato, quando este descreve seu sofrimento na condição de vítima da “ditadura da beleza”, da busca em estar em conformidade aos padrões estéticos constituídos como os ideais. Manifestada por meio de distúrbios alimentares (bulimia) e psicológicos (depressões), entre outras patologias, o corpo não é envenenado apenas do ponto de vista biológico, porque consumiu algum tipo de substância tóxica, mas também o é pelos signos culturais. O que observamos na fala do discente é que houve uma tomada de consciência que lhe permitiu ressignificar sua dimensão corporal-existencial.

    Acreditamos que a boa prática pedagógica é marcada pela busca de uma dinâmica comunicativa, repleta de intencionalidades e valores no interior da qual interagem o professor e o aluno. Pudemos observar que, neste caso, houve esta reciprocidade, o que possibilitou verdadeira expansão conceitual e existencial por parte dos discentes.

Considerações finais

    A tarefa de desenvolver um trabalho interdisciplinar no interior de um curso de formação é desafiadora e muitas vezes exaustiva, seja por questões operacionais e epistemológicas, ou até mesmo por questões procedimentais, que exigem preparo, sincronia e compromisso ético-profissional. Em nosso entendimento, tal panorama se coloca como uma das necessidades emergentes e um dos grandes desafios da educação do século XXI. Vemos esse intercambiamento disciplinar e epistemológico como essencial à qualidade formativa dos futuros profissionais, especialmente no âmbito da Educação.

    Assim, o êxito dessa realização, acreditamos, já justificaria um registro científico; no entanto, bem sabemos que a ação científica deve ser balizada por dados empíricos que corroborem suas proposituras e abram campo para novos conhecimentos. O ato de ensinar, vale dizer, a ação pedagógica, representa um espaço fecundo para coadunar teoria e prática, mas quase não observamos registros de experiências pedagógicas convertidas em conhecimento científico. Esta tarefa foi exatamente a que nos lançamos por meio deste breve relato experiencial, na tentativa de tornar a práxis pedagógica um campo de transformação científica (ciência com consciência), profissional e humana.

    Pudemos observar nas narrativas dos acadêmicos significativos progressos em suas concepções sobre o corpo, algumas mais elaboradas, outras mais comedidas. Em todos os relatos retratados, contudo, encontramos avanços expressivos na percepção dos discentes. Assim, relatamos que muitos deles conseguiram sair do lugar comum para aprimorarem suas visões práticas, históricas, filosóficas e sociológicas sobre a dimensão corporal, o que sinaliza a necessidade de novas abordagens pedagógicas que transcendam os discursos unicamente pautados nas Ciências Biológicas, fortemente propagados nos cursos de formação em Educação Física.

    Esse redimensionamento faz-se fundamental, uma vez que este curso de graduação tem nas manifestações corporais seu objeto de conhecimento. É preciso lembrar ainda que somos seres cuja relação original com o mundo e com os outros se dá pela via corporal-motora (MERLEAU-PONTY, 1971), e que possuímos uma infinita capacidade de "movimento para", quer dizer, nossa motricidade é regida por intencionalidades. Sobretudo, nunca devemos perder de vista que o corpo, em sua dimensão mais abrangente, representa em si uma condição necessária para a própria existência da consciência (SARTRE, 1943).

    Logo, o professor/profissional da Educação Física que atua em qualquer segmento deverá considerar a busca pelos padrões estéticos estabelecidos como uma motivação parcial e mistificadora, que atende a interesses específicos do capital (MARX, 1983), por trás dos quais se escondem desejos mais profundos, complexos e ambíguos, concernentes à natureza humana. Desta forma, acreditamos, será possível mostrar ao aluno/cliente o exercício físico (assim como o jogo, o esporte, a dança etc.) através de suas propriedades intrínsecas e também ideológicas, o que poderá propiciar uma experiência existencial crítica e gratificante.

    Lembremo-nos, por fim, de Santin (1987), para o qual os componentes intencionais externos do movimento (obter emagrecimento, definição muscular etc.) não podem ser desarticulados dos componentes intencionais internos (a alegria e o prazer inerente ao próprio fato de movimentar-se). Caso haja interesse em assegurar uma práxis transformadora no campo da Educação Física, faz-se necessário transcender os discursos evasivos, parciais e inócuos que são restritos somente aos aspectos físicos e aos benefícios biológicos; é preciso, pois, um redimensionamento epistemológico (mas também ontológico) que incorpore diferentes olhares e dimensões. Tal “experimentação” foi o que propusermos aos discente em seu diálogo com o próprio corpo.

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