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O jornalismo desportivo e as Paraolimpíadas de 

Londres 2012: fatores que influenciam esta relação

El periodismo deportivo y los Juegos Paraolímpicos de Londres 2012: los factores que influyen en esta relación

 

*Discentes da graduação em Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Co-orientador. Bacharel em Educação Física pela UCB-RJ

Pesquisador do projeto Rio em Forma Olímpico da SMEL-RJ

***Orientador. Mestre em Ciências da Motricidade Humana pela UCB, RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB, RJ. Docente da UCB, RJ

(Brasil)

Rejane Ferreira*

Natan Leal*

Thais Pereira*

Dominique Gonçalves*

Milena Bernado*

Guilherme Lopes de Souza**

Sérgio Tavares***

parede@msn.com

 

 

 

 

Resumo

          O jornalismo aborda o esporte paraolímpico de uma maneira bem diferente do que é abordado o esporte olímpico. Matérias produzidas tem induzido a sociedade a enxergarem os atletas olímpicos como os heróis da nação, levando toda a glória enquanto que atletas paraolímpicos são considerados heróis de sua própria história e superação de vida. No presente estudo, temos como objetivo propor uma reflexão dos jornalistas formandos sobre os critérios utilizados para as publicações de matérias esportivas relacionadas às Olimpíadas/Paraolimpíadas, através do método de pesquisa Ex-post-facto feita com 25 alunos do 3º e 4º período do curso de jornalismo da UCB-RJ e análise quantitativa das matérias publicadas no Jornal O Globo durante a primeira semana das Olímpiadas e Paraolímpiadas de Londres 2012 no banco de dados da Biblioteca Nacional situada na Avenida Rio Branco nº 219, Centro, Rio de janeiro. Foi utilizado o método estatístico t Student onde obteve-se o resultado de p = 0,020251 que demonstra mudança significativa no pensamento dos avaliados, porém a mudança foi na ordem de que deixaram de ser muito excludentes e passaram a ser mais reflexivos quanto ao tema abordado.

          Unitermos: Exclusão social. Paraolimpíadas. Jornalismo.

 

Abstract

          The journalism deals with the sport Paralympics cyclist in a manner quite different from that and approached the Olympic sport. Materials produced has induced the company to see what Olympic athletes as heroes in the nation, leading all glory while Paralympics athletes are considered heroes of their own history and overcoming of life. In the present study, we have as objective to propose a reflection of journalists trainees on the criteria used for the publications of sports materials related to the Olympics/Paralympics, through the research method Ex-post-facto made with 25 students in the 3RD and 4TH period of the course of journalism, quantitative analysis of the materials published in the Official O Globo during the first week of Olympic London 2012 in the database of the National Library located on Rio Branco avenue, 219, Downtown, Rio de Janeiro. It was also used the method of evaluating t Student where we obtained the result p = 0.020251 which demonstrates significant change in the thinking of evaluated, but the change was in order that they are no longer be very exclusionary and passed to be more reflective about the topic.

          Keywords: Social exclusion. Paralympics. Journalism.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A exclusão social é algo presente em nossa realidade, essa dificuldade de fazer parte do grupo, ser aceito do jeito que somos independentes de qualquer fator externo, tanto relacionado à estética quanto materialismo. “...nas mesmas relações nas quais se produz a riqueza, também se produz a miséria; que, nas mesmas relações nas quais há desenvolvimento das forças produtivas, há uma força produtora de repressão” (Marx, 1976: p. 98). Karl Marx, na sua obra A Ideologia Alemã, diz: “a maneira como os indivíduos manifestam sua vida reflete exatamente o que eles são. O que eles são coincide, pois, como sua produção, isto é, tanto com o que eles produzem quanto com a maneira como produzem. O que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais da sua produção.”

    O sociólogo Francês Robert Castel (1990), definiu a exclusão social como o ponto máximo atingível no decurso da marginalização, sendo este, um processo no qual o indivíduo progressivamente se afasta da sociedade através de rupturas consecutivas com a mesma. A definição de exclusão é no entender de Max weber (1979, p. 35): “uma forma de fechamento social na qual um grupo tenta adquirir e manter uma posição privilegiada, em detrimento de outros grupos que lhe ficam subordinados”. A inclusão e a exclusão são temas presentes na vida dos seres humanos e estão muito ligados aos PCD (Pessoas com Deficiência), pois os mesmos ainda sofrem com isso. O esporte adaptado pode ser praticado, tanto no alto rendimento, como na escola, também com propósitos de lazer e de forma terapêutica e de reabilitação, dentro de programas formais, abertos ou não-estruturados (WINNICK, 2004). Sendo assim, todos os cidadãos deveriam fazer parte de qualquer ambiente.

    O jornalismo aborda o esporte paraolímpico de uma maneira bem diferente do que é abordado o esporte olímpico. Esse fato pode ser facilmente observado e comprovado. Um comparativo feito através do jornal O Globo, em que foi analisada a quantidade de matérias publicadas na primeira semana das Olimpíadas de Londres 2012 (27/07/2012 a 02/08/2012) e na primeira semana das Paraolimpíadas de Londres 2012 (29/08/2012 a 04/09/2012) mostra claramente a gritante diferença de como o esporte olímpico é mais valorizado que o paraolímpico, as publicações deste não chegam a 10% da quantidade de publicações das Olimpíadas.

    Além da desigualdade vista em números, as matérias induzem a sociedade a enxergarem os atletas olímpicos como os heróis da nação, levando toda a glória, enchendo os estádios e os olhos dos compatriotas, sendo protagonistas de comerciais, tendo sua imagem de campeão associado a empresas renomadas. Já os atletas paraolímpicos são considerados heróis de sua própria história e superação de vida, são valorizados sim, porém não recebem o reconhecimento que lhes é merecido por também serem atletas de alto rendimento. De acordo com a Coordenadora de comunicação do CPB, Gisliene Hesse, “a mídia ainda privilegia muito a emoção nas matérias sobre atletas com deficiência e falta o jornalista entender que o esporte paraolímpico é de alto rendimento” (Brasil Paraolímpico, ano VIII, nº 07); e à sociedade cabe “somente a função de reconhecer e aplaudir o sucesso daqueles que teriam vencido as suas próprias limitações” (MARQUES, 2001, p. 66).

    Desta forma, temos como objetivo em nosso estudo propor uma reflexão dos jornalistas formandos da Universidade Castelo Branco sobre os critérios utilizados para as publicações de matérias esportivas relacionadas às Olimpíadas/Paraolimpíadas de Londres 2012.

Desenvolvimento

Inclusão e exclusão

    “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.“ (Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo I). De acordo com a lei todos os seres humanos devem ser aceitos na sociedade, possuindo direitos e deveres a serem colocados em ação, são acima de tudo cidadãos. Vale ressaltar que não desejamos ocultar a diferença e sim evidenciá-la de forma que ela não seja ridicularizada, mas respeitada. O respeito à diferença deve ser estimulado no processo de ensino escolar para ser concretizado dentro e fora deste contexto. “A pessoa humana deve ter a capacidade de transcender a natureza, através da sua consciência e da sua liberdade, manifestada a partir de uma atividade criadora, não alienada.” (CAMPOS, 1980, p. 130 apud MEDINA, 2007, p. 90).

    A inclusão não significa apenas reunir um pequeno grupo que possua características em comum e dar atenção específica, e sim adaptar a maioria ao estilo de vida da minoria. Ao ser realizar essa adaptação da maioria para que todos convivam em harmonia é que estamos incluindo essa minoria excluída, que deve ser o parâmetro para que possa haver a inclusão.

    Desde os seus primórdios que a sociedade tendeu a marginalizar e inabilitar as pessoas com deficiência apondo-lhes o estigma da diferença. Mesmo na atualidade, e apesar de vivermos numa sociedade dita inclusiva, o preconceito para com a pessoa com deficiência é ainda prevalecente, todo o indivíduo que foge aos padrões de normalidade é considerado estigmatizado. (Figueiredo, 2010, p. 98)

    Porém, na realidade ainda vivemos em uma sociedade excludente. Um determinado grupo sendo menosprezado, discriminado pela sociedade que diz não ser excludente, mas têm ações que provam o contrário. O que não se deve esquecer são os direitos que o cidadão possui.

    ''Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.”

    Declaração Universal dos Direitos Humanos - Artigo II

    “Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.”

    Declaração Universal dos Direitos Humanos - Artigo VII

Paraolimpíadas e a mídia

    Segundo o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), se tem registro de esporte praticado por deficientes há mais de um século pelo mundo. Em 1888 os surdos de Berlim iniciaram a prática em alguns clubes esportivos na cidade e em 1922, foi fundada a Organização Mundial de Esporte para Surdos, podendo assim ser realizado o primeiro campeonato para pessoas com esse tipo de deficiência, os Jogos Silenciosos.

    O término da Segunda Guerra, em 1945, trouxe um grande avanço ao esporte para deficientes pois o neurocirurgião alemão Ludwig Guttmann, iniciou um trabalho de reabilitação médica e social através da pratica esportiva para veteranos de guerra que sofreram lesões na coluna vertebral e por isso ficaram paraplégicos ou tetraplégicos, que teve início no Centro Nacional de Lesionados Medulares de Stoke Mandeville. Três anos depois (1948) aconteceu a primeira competição para atletas com deficiência em Stoke Mandeville, no dia 29 de julho. Em 1952, os holandeses começaram a participar das competições em Stoke Mandeville e assim surgiu o movimento internacional hoje chamado de Movimento Paralímpico. Em Roma no ano de 1960 surgiu a primeira Paraolimpíada. (Comitê Paraolímpico Brasileiro - CPB).

    Os Jogos Paraolímpicos têm sido sempre realizados no mesmo ano dos Jogos Olímpicos. Desde a Paraolimpíada de Seul, em 1988, também têm sido sediados no mesmo local. Em 19 de junho de 2001, foi assinado um acordo entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) que assegura esta prática para o futuro. A última paraolimpíada foi realizada em Londres 2012. Desde o processo de escolha para os Jogos de 2012, a cidade-sede escolhida também é obrigada a acolher a Paraolimpíada;

    O esporte adaptado vem sendo uma forma de integração de pessoas com deficiência, e muitas vêem na prática do mesmo uma oportunidade de ser reconhecido e assim investir em conquistas pessoais e na mudança do pensamento da sociedade em relação ao tema. E a partir daí, a luta para quebrar o paradigma de que são “coitadinhos”, que ainda é presente em nossa sociedade.

    Segundo o Comitê Paraolímpico Brasileiro, Hoje, as Paraolimpíadas são eventos de esporte de alto rendimento para atletas deficientes. Apesar disso, elas enfatizam mais as conquistas do que as deficiências de seus participantes. O movimento tem crescido de maneira significante desde os primeiros dias. 400 atletas participaram dos Jogos Paraolímpicos de Verão de Roma, em 1960. Nos Jogos de Beijing, em 2008, foram 3.951 participantes de 146 países.

    Os meios de comunicação podem influenciar na formação de opiniões de leitores de maneira positiva ou negativa, e assim ser instrumento de inclusão e exclusão social. Alguns leitores podem desconsiderar o que está escrito, por terem embasamento em determinado assunto e já possuírem sua opinião, outros podem acreditar em tudo; “mais do que instrumento para as práticas educacionais, a comunicação precisa ser vista em sua dimensão pedagógica, como sistema de formação (ou deformação) de conhecimentos e valores” (Barros, 2008: 136 apud Saker, 2010, p. 16).

    Segundo Pereira (2008), percebeu-se a importância dos meios de comunicação em relação às pessoas com deficiência, pois a pouca informação e contato de que dispomos sobre a questão da deficiência advém da mídia.

    Na maioria das vezes as pessoas com deficiência não possuem o devido valor em relação a reportagens publicadas. Os jornais relatam sobre o esporte paraolímpico, mas não da mesma dimensão que produz sobre o esporte olímpico. O meio jornalístico não tem realizado o mesmo esforço e dedicação para com as matérias que retratam sobre pessoas com deficiência, agindo de forma excludente. O que também pode estar acontecendo devido a sociedade que não está preparada de uma maneira inclusiva, e assim não valorizam matérias que relatam essa minoria excluída. Assim jornalistas publicam menos a respeito de PCD’s, pois as publicações estão sendo focadas no lucro, “pelo fato de que cada televisão nacional dá tanto espaço a um atleta ou a uma prática esportiva quanto mais eles forem capazes de satisfazer o orgulho nacional ou nacionalista” (BOURDIEU, 1997, P. 123).

    Outro ponto importante é que o esporte paraolímpico não deve ser abordado somente no sentido de superação, mas também como forma de igualdade, pois os atletas tendo deficiências ou não superaram limites e representam seu país, buscam conquistas pessoais, melhorias em sua vida, reconhecimento e prazer na prática desportiva. Fazem toda uma preparação física e psicológica para as competições que são bem similares.

Metodologia

    Trata-se de uma pesquisa Ex-post-facto que segundo Fonseca (2002), tem por objetivo investigar possíveis relações de causa e efeito entre um determinado fato identificado pelos pesquisadores e um fenômeno que ocorre posteriormente. A principal característica deste método e a coleta de dados após a realização do evento.

    A pesquisa foi feita com 25 alunos do 3º e 4º período do curso de jornalismo da Universidade Castelo Branco, unidade Realengo – RJ, turno manhã, onde no primeiro modelo de avaliação tentamos descobrir quanto os futuros profissionais estão envolvidos com o tema exclusão social no esporte paraolímpico e para isso foi feito um questionário aberto com uma única questão. Das cinco opções marcadas como resposta, as sobre paraolimpíadas recebiam um ponto e as sobre olimpíadas recebiam cinco pontos, onde poderiam ser feitos no mínimo 5 e no máximo 25 pontos. De acordo com o total de pontos de cada avaliado, foi feita a seguinte classificação:

  • 5 a 11 - Não excludentes;

  • 12 a 18 - Pouco excludentes;

  • 19 a 25 - Muito excludentes.

    Foi realizada uma pesquisa quantitativa no banco de dados da Biblioteca Nacional situada na Avenida Rio Branco nº 219, Centro, Rio de janeiro, onde foram analisadas as publicações esportivas na primeira semana (27/07 a 02/08) das Olimpíadas de Londres 2012 no caderno de esporte e primeira capa do jornal O Globo e foi feita uma comparação com as publicações esportivas feitas no mesmo jornal, caderno esportivo e capa durante a primeira semana (29/08 a 04/09) das Paraolimpíadas de Londres 2012.

    Em um segundo momento foi feita uma intervenção para sensibilizar os futuros jornalistas quanto à necessidade de falar sobre os atletas paraolímpicos mostrando a realidade, atletas de alto rendimento e não somente pessoas que superaram deficiências, com a intenção de mostrar aos jornalistas que eles são um meio de transformação social, e que a população pode criar um pré-conceito sobre um tema específico, como o caso dos atletas paraolímpicos que em grande parte das matérias publicadas no jornal o globo durante a primeira semana das paraolimpíadas de Londres, em que as matérias abordavam os atletas como heróis de suas próprias histórias e não heróis de uma nação.

    Na terceira intervenção, foi aplicado o mesmo questionário aberto, onde tentamos mensurar o grau de reflexão que obtivemos com a intervenção realizada e comparamos aos resultados do primeiro modelo de avaliação.

    Utilizamos o modelo estatístico t Student para comparar os resultados no pré e pós testes, adotando-se o valor de p<0,05 para a significância estatística, para analisar se houve mudança significativa de pensamento do tema.

Resultados e discussões

    Analisando o gráfico pré e pós-intervenção realizada com os alunos do curso de jornalismo, foi possível perceber que na primeira intervenção 0% dos alunos foram não excludentes, 12% foram pouco excludentes e 88% foram muito excludentes.

    Após evento realizado, foi obtido o seguinte resultado: 0% não excludentes, 44% pouco excludente e 56% muito excludente.

    De acordo com o método de avaliação t Student foi obtido o resultado de p = 0,020251 que demonstra mudança significativa no pensamento dos avaliados, porém a mudança foi na ordem de que deixaram de ser muito excludentes.

    Além disso, a partir da análise de dados da Biblioteca Nacional na primeira semana das Olimpíadas e Paraolimpíadas em Londres 2012, foi possível observar uma considerável diferença entre a quantidade de publicações na primeira semana dos jogos Olímpicos e Paraolímpicos em Londres 2012. Onde pode ser observado no gráfico abaixo:

    Na primeira semana das Olimpíadas foram encontradas cinco publicações na primeira capa, um total de 117 fotos e 119 matérias enquanto que na primeira semana das Paraolimpíadas foi encontrada uma publicação na primeira capa, um total de 14 fotos e 10 matérias.

    Isso mostra o quanto as Paraolimpíadas estão sendo menos valorizadas, e de maneira errônea, pois os atletas paraolímpicos acima de tudo são atletas como qualquer outro que possui algum tipo de deficiência ou não, que defendem a pátria da mesma forma. Devido a essa realidade que estamos vivenciando, os leitores perdem notícias extraordinárias de pessoas com deficiência.

    A mídia precisa desenvolver pautas em relação aos atletas com deficiência mesmo sem estar em época de competição, e utilizar das mesmas fontes, os mesmos critérios de avaliação que fazem com os atletas sem deficiência.

    O importante também é deixar claro que essa discrepância em relação à atenção dada ao esporte paraolímpico pode ser reflexo da discriminação da sociedade, que não faz a leitura desse tipo de matéria e assim, jornalistas publicam em menor quantidade porque já sabem que haverá uma queda nos lucros, ou seja, temos uma produção totalmente capitalista que está passando por cima de valores inclusivos por dinheiro. É preciso mudar essa concepção e acabar com essa visão excludente, seja ela de jornalistas ou da sociedade, pois atletas paraolímpicos merecem o mesmo valor dos atletas olímpicos.

    A abordagem e a terminologia utilizada pelos meios de comunicação de massa [...] refletem na interpretação da sociedade sobre os principais temas de interesse coletivo. Se a informação não é cuidada, acaba reforçando estigmas e posturas preconceituosas transmitidas culturalmente, que podem significar, no mínimo, um empecilho à evolução e ao desenvolvimento social. (Amaral, 1994, p.7 apud Figueiredo, 2010, p.53)

    Ainda vivemos em uma sociedade que se diz inclusiva, mas que na prática continua excludente e às vezes de maneira inconsciente, pois os mesmos não se consideram excludentes, mas agem como tal. Com mais atenção e matérias publicadas sobre o assunto por parte de profissionais da área, teremos uma mídia mais inclusiva e assim, conseqüentemente teremos a chance de começar uma mudança na vida dos leitores, podendo haver mudança de pensamento, e a partir disso buscar a promoção da educação inclusiva.

Conclusão

    Após os testes estatísticos concluímos que houve significativa melhora, p=0,020251, na tendência de futuras publicações paraolímpicas porém grande parte dos entrevistados se mantiveram em um nível excludente ao tema.

    Segundo os dados coletados através do método de pesquisa Ex-post-facto feita com alunos do curso de jornalismo da Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro e análise quantitativa no banco de dados da Biblioteca Nacional situada na Avenida Rio Branco nº 219, Centro, Rio de janeiro, os jornalistas não estão dedicando-se a publicação de matérias ligadas ao esporte paraolímpico, o que torna-se uma forma de exclusão social. Os jornais relatam sobre o esporte paraolímpico, mas não da mesma dimensão que produz sobre o esporte olímpico, como pôde ser observado em um comparativo da quantidade que de publicações realizadas na primeira semana das Olimpíadas e Paraolimpíadas do Jornal O Globo, em que as relacionadas às Paraolimpíadas não chegam a 10% da quantidade de publicações das Olimpíadas.

    De acordo com o estudo realizado foi possível perceber que temáticas relacionadas à prática esportiva são interessantes e podem render excelentes matérias. Porém geralmente as que estão ligadas a pessoas com deficiência são esquecidas ou trocadas por temas que já são melhores vistos pela sociedade, o que não significa que devem ser deixados de lado ou serem menos valorizado. Desta forma deixamos claro que novos estudos devem ser realizados tanto com os jornalistas que tem o poder de escrever as matérias, mas também com os leitores aos quais as matérias são produzidas.

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