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Aspectos epidemiológicos e características da 

composição corporal em praticantes de musculação

Aspectos epidemiológicos y características de la composición corporal en practicantes de musculación

 

*Concluinte do Curso de Bacharelado em Educação Física

pelas Faculdades Integradas de Patos (FIP). Patos, Paraíba

**Professora do Curso de Bacharelado em Educação Física

das Faculdades Integradas de Patos (FIP). Patos, Paraíba

***Coordenador do Curso de Bacharelado em Educação Física

das Faculdades Integradas de Patos (FIP). Patos, Paraíba

****Professor do Departamento de Educação Física

da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa

Laerte Saulo Oliota Ribeiro*

Idamélia Oliota Ribeiro de Macêdo**

José Onaldo Ribeiro de Macêdo***

Luciano Meireles de Pontes****

laerteoliota@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          No contexto atual, os exercícios físicos, principalmente a musculação, ocupa um espaço de destaque, tanto na busca da estética, quanto na prevenção e reabilitação de diversas enfermidades. O objetivo do presente estudo foi analisar os aspectos epidemiológicos e as características da composição corporal de praticantes de musculação. Procedimentos metodológicos: Trata-se de um estudo descritivo e documental com abordagem quantitativa. Universo da pesquisa foi composto pelo total de fichas de avaliação física que representou 94 fichas de pessoas que freqüentavam uma academia de musculação localizada na cidade de Patos. A amostra foi constituída por 49 fichas de pessoas com idades variando entre 18 a 47 anos de ambos os sexos, que freqüentaram uma academia de musculação durante o período de 19/12/2011 a 08/01/2013. As variáveis analisadas foram: antropométricas (massa corporal, estatura, cintura e dobras cutâneas) para análise da composição corporal (índice de massa corporal – IMC e percentual de gordura – %G) e informações epidemiológicas através da idade, sexo, pressão arterial, percepção do nível de estresse elevado, consumo de habitual de álcool (ingestão de pelo menos 1 vez por semana) e tabagismo. A análise dos dados utilizará estatística descritiva e inferencial mediante o uso do software SPSS versão 20.0. Resultados: Em relação aos aspectos epidemiológicos, foi visto que: 59,2% apresentam casos de doença crônica degenerativa na família e 40,8% não; 75,5% não têm percepção de elevado nível de estresse e 24,5% se sente estressado; 63,3% têm pressão arterial normal e 36,7% possuem pressão alta; 51,0% não consomem habitualmente álcool e 49,0% consomem; e, 98,0% não são fumantes e 2,0% fumam. Na análise antropométrica e da composição corporal foi verificado os seguintes valores: massa corporal no masculino 80,1±12,9kg e feminino 61,7±9,2kg (p=0,00), estatura no masculino 1,75±0,05m e feminino 1,62±0,06m (p=0,00), IMC no masculino 25,9±3,2kg/m2 e feminino 23,5±3,3kg/m2 (p=0,02), cintura no masculino 87,8±8,3cm e feminino 75,4±7,3cm (p=0,00), %G no masculino 23,6±6,4% e feminino 26,6±5,3% (p=0,14). A classificação do %G evidenciou que 67,0% estão acima da média e 33,0% adequado. Conclusão: A maior parte dos praticantes de musculação apresentou alguma doença crônica degenerativa na família, não se sente estressado, não tem pressão alta, faz uso de bebidas alcoólicas e não tem o hábito de fumar. Sobre as características da composição corporal o IMC médio no sexo masculino esteve acima da normalidade e teve o %G acima dos padrões normais; o %G no sexo feminino também não mostrou valores recomendados para a saúde. No entanto, na análise da circunferência da cintura ambos os sexos apresentaram valores médios abaixo dos valores de risco, o que representa que a maior deposição da gordura, não se encontra na região abdominal.

          Unitermos: Composição corporal. Epidemiologia. Musculação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    No contexto atual, os exercícios físicos, principalmente a musculação, ocupa um espaço de destaque, tanto na busca da estética, quanto na prevenção e reabilitação de doenças crônicas, além de promover uma melhora na qualidade de vida das pessoas em todas as faixas etárias.

    Nas últimas décadas, têm sido crescente a procura de academias de ginástica por parte da população em geral. Segundo informações publicadas anteriormente (DA COSTA; NOVAES; NOVAES, 1996), no início as pessoas que procuravam as academias de ginástica eram de faixas etárias mais jovens e tinha como foco primordial a estética. A partir da década de 1990, além da busca à estética, indivíduos de todas as idades passou a procurar a atividade física, inclusive a musculação com o objetivo de melhora da aptidão física e promoção da saúde.

    Notadamente, as pessoas que buscam as atividades físicas em ambientes do tipo fitness apresentam baixos níveis de atividade física e condições inadequadas na composição corporal e nos aspectos relacionados ao estilo de vida, que inclui maus hábitos alimentares, consumo freqüente e excessivo de bebidas alcoólicas, tabagismo e doenças crônicas degenerativas que incluem a hipertensão arterial.

    Nesse contexto, o perfil epidemiológico da sociedade vem sendo estudado por autores da área da saúde (NAHAS, 2003; GUEDES; GUEDES (2006) e instituições internacionais (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2003; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS, 1998), que vem sugerido e reforçando a necessidade de publicações pertinentes sobre as características antropométricas e de indicadores de saúde em pessoas de ambos os sexos.

    Portanto, estudos epidemiológicos são relevantes devido à necessidade de se traçar perfis regionais, no Brasil, essa pesquisas são sugeridas principalmente na Região Nordeste, em cidades de menor expressão no cenário nacional, como é o caso de Patos na Paraíba, que foi o contexto analisado no presente trabalho, já que em maioria, as pesquisas focalizam as regiões Sudeste e Sul. Assim, com base no exposto, este estudo teve como objetivo analisar os aspectos epidemiológicos e as características da composição corporal de praticantes de musculação.

Procedimentos metodológicos

Caracterização da pesquisa

    A pesquisa teve um delineamento descritivo, já que visou estabelecer um perfil de características até então desconhecidas para o pesquisador; e teve uma classificação de pesquisa documental com uma abordagem quantitativa (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012), sendo realizada a partir da coleta de dados secundários, ou seja, a partir da análise de dados das fichas de avaliação física cedidas pela academia de musculação incluída no estudo.

Universo e amostra

    Universo da pesquisa foi composto pelo total de fichas de avaliação física que representou 94 fichas das pessoas que freqüentavam uma academia de musculação localizada na cidade de Patos e que foi selecionada para a pesquisa. A amostra foi constituída por 49 fichas (52%) de pessoas com idades variando entre 18 a 47 anos de ambos os sexos, que freqüentaram a academia de musculação durante o período de 19/12/2011 a 08/01/2013.

Critérios de inclusão e exclusão

    Foram incluídas apenas fichas de pessoas praticantes de musculação que apresentavam na ficha de avaliação física todas as informações antropométricas e epidemiológicas necessárias para o estudo. Foram excluídas aquelas fichas que apresentaram a falta de alguma informação antropométrica e ou epidemiológica que inviabilizasse a análise dos dados para contemplação dos objetivos do estudo.

Variáveis incluídas na pesquisa

    As seguintes informações foram anotadas a partir do levantamento das fichas de avaliação física:

    Dados antropométricos e da composição corporal: foram anotadas as informações da massa corporal (em kg), estatura (em metros), índice de massa corporal e percentual de gordura (%G). O protocolo utilizado para equacionar o percentual de gordura foi o de Jackson e Pollock (1978) citado por Uchida et. al. (2006). Os pontos de reparo incluíram as seguintes dobras cutâneas: subescapular, tríceps, peitoral, axilar media, supra-ilíaca, abdominal, femoral médio. A classificação do percentual de gordura considerou valores adequados até 15% para o sexo masculino e 23% no sexo feminino, estando os percentuais acima desses valores classificando como indesejados (HEYWARD; STOLARCZYK, 1996).

Aspectos epidemiológicos

    Pressão arterial: As informações incluíram as medidas da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica em mmHg. As medidas foram realizadas através da técnica auscultatória, empregando-se esfigmomanômetro aneróide e estetoscópio, seguindo as indicações da Sociedade Brasileira de Hipertensão (2010) para a classificação da pressão alta.

    Informações do estilo de vida: foram anotadas a partir das fichas as informações de idade, sexo, percepção do nível de estresse elevado, consumo de habitual de álcool (ingestão de pelo menos 1 vez por semana) e tabagismo. Para as análises, essas informações foram classificadas arbitrariamente pelos autores desse trabalho de forma dicotômica em “sim” ou “não” para cada um desses itens.

Procedimentos de coleta dos dados

    Num primeiro momento foi realizado um contato com o proprietário da academia de musculação determinada para ser o campo de investigação dessa pesquisa e foi solicitada a autorização por escrito para o desenvolvimento do estudo nas instalações da mesma; num segundo momento foram realizadas as análises e anotações das informações antropométricas para a composição corporal e aspectos epidemiológicos que envolveram a informação da pressão arterial e de questões do estilo de vida pré-estabelecidos para o estudo, sendo garantido ao responsável pelo banco das informações, que nenhuma informação incluída na pesquisa iria identificar os voluntários e apenas informações estatísticas seriam utilizadas na pesquisa garantindo o anonimato das mesmas e que só resultados globais seriam apresentados no trabalho científico para a comunidade acadêmica em geral.

Tratamento estatístico

    A estatística da pesquisa utilizou o método descritivo para verificar as medidas de tendência central (média e desvio padrão) e inferência por meio do t Student para verificar as diferença entre os dados independentes com valores significativos quando inferiores a 95% (p<0,05). O tratamento estatístico utilizou o programa SPSS versão 20.0 for Windows.

Ética na pesquisa

    Todos os trâmites éticos para a realização de pesquisa com seres humanos conforme o Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2002) foram realizados e o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Integradas de Patos (FIP). Por se tratar de uma pesquisa que incluiu dados secundários, os riscos não estiveram diretamente ligados à saúde dos voluntários, no entanto, cuidados foram tomados como a garantia do anonimato das pessoas que dispunham de informações na pesquisa, e só resultados globais seriam disponibilizados para a comunidade científica, preservando a imagem dos mesmos.

Resultados e discussão

    A amostra desse estudo incluiu informações de praticantes de musculação de ambos os sexos, sendo 34 mulheres (69,4%) e 15 homens (30,6%), com médias de idade de 29,5±7,8 anos e 28,8±9,3 anos, respectivamente. Tais informações caracterizam a faixa etária em questão como adultos jovens.

    A Tabela 1 expõe informações relacionadas aos aspectos epidemiológicos investigados, os mesmos são representados por componentes de riscos constantemente associados ao estilo de vida da sociedade. Conforme pode ser observado, a maior parte apresenta alguma doença crônica na família (59,2%), o que para epidemiologistas como Pitanga e Lessa (2006) potencializa a chance de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Sobre a percepção do estresse, apesar da maioria dizer que não sente estresse elevado, 24,5% das pessoas apresenta uma percepção de estresse elevado. No tocante a pressão arterial, também se observa que a maioria não tem pressão alta, mas por se tratar de adultos jovens, a freqüência evidenciada de 36,7% representa uma preocupação entre os mesmos, já que a hipertensão vem sendo constantemente correlacionada a outras doenças crônicas degenerativas (PONTES; SOUSA, 2008).

Tabela 1. Aspectos epidemiológicos relacionados aos fatores de risco do estilo de vida nos praticantes de musculação de uma academia de Patos, PB (n=49)

    Em relação ao consumo de álcool e ao tabagismo, ainda na Tabela 1, se observa que uma parte elevada faz uso de bebidas alcoólicas (51,0%), mais o tabagismo não se apresentou como um comportamento freqüente, pois apenas um indivíduo se mostrou usuário.

    A Tabela 2 apresenta a comparação entre os parâmetros médios das variáveis antropométricas e da composição corporal entre homens e mulheres. Conforme pode ser visto o sexo masculino apresentou um perfil mais alto e pesado considerando a estatura e a massa corporal (p<0,05). O IMC médio no sexo masculino foi significativamente superior ao sexo feminino e excedeu o valor de normalidade que para a Organização Mundial da Saúde (1998) deve enquadrar até os 24,99 kg/m². Em relação à circunferência da cintura que aparece como um relevante preditor de centralização de gordura abdominal associado às doenças cardiovasculares, os homens também obtiveram médias superiores as mulheres do ponto de vista estatístico (p=0,00). No entanto, ambos os sexos não apresentaram médias de risco, já que de acordo com a International Diabetes Federation (2013), os valores de risco devem ser considerados a partir de 90 cm no sexo masculino e 80 cm no feminino para o continente da América do Sul. O %G dos praticantes de musculação não mostrou diferença entre os sexos, mas ambos os sexos foi evidenciado valores superiores aos estabelecidos para saúde, que seria de pelo menos 15% nos homens e 23% nas mulheres FONTOURA; FORMENTIN; ABECH, 2008.

Tabela 2. Comparação dos valores de média e desvio padrão das variáveis antropométricas e da composição corporal dos praticantes de musculação conforme o sexo (n=49)

    A Figura 1 representa a classificação do percentual de gordura em ambos os sexos, a distribuição da freqüência confirma os valores médios descritos na Tabela 1, onde ambos os sexos estão acima dos valores recomendados para a saúde. Na figura abaixo se percebe que uma maior porcentagem apresenta valores indesejáveis (67%).

Figura 1. Classificação do %G em ambos os sexos (n=49)

Considerações finais

    No que diz respeito aos aspectos epidemiológicos, a maior parte dos praticantes de musculação aqui estudados apresentaram alguma enfermidade crônica na família, o que se apresenta como uma característica que deve ser dada atenção já que potencializa o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

    Sobre a percepção do estresse, a maioria não se sente estressado.

    Em relação à pressão arterial se observou que um maior número de pessoas não tem pressão alta, mas por se tratar de adultos jovens, a prevalência encontrada representa uma preocupação epidemiológica.

    No tocante ao etilismo e tabagismo, foi observado que uma parte elevada faz uso de bebidas alcoólicas, mas o hábito de fumar não se apresentou como um comportamento freqüente.

    Na descrição da composição corporal as características de maior relevância estiveram relacionadas ao IMC médio no sexo masculino que excedeu o valor de normalidade, e mesmo em se tratando de homens ativos pode ser considerado, já que a média do %G se mostrou acima do padrão normal, o que sinaliza que o sobrepeso possivelmente é em decorrência do aumento da massa de gordura. A %G no sexo feminino também enquadrou valores acima dos estabelecidos para a saúde. No entanto, na análise da circunferência da cintura ambos os sexos apresentaram valores médios abaixo dos valores de risco, o que representa que a maior deposição da gordura, não se encontra na região abdominal.

    Por fim, considerando os aspectos epidemiológicos e as características morfológicas aqui investigadas, percebeu-se a necessidade de novos estudos que possam incluir a análise da participação das pessoas em programas de musculação e sobre outros comportamentos do estilo de vida, pois a amostra aqui em questão, apesar de apresentar uma característica ativa fisicamente, demonstrou do ponto de vista epidemiológico um perfil que deve ser mais bem avaliado já que uma parte importante apresentou níveis de adiposidade acima do estabelecido.

Referências

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