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Cobertura vacinal contra o vírus da influenza em idosos
atendidos em uma Estratégia Saúde da Família
no município de Japonvar, MG

Cobertura de vacunación contra el virus de la gripe en personas mayores atendidas
en una Estrategia de Salud de Familia en el municipio de Japonvar, MG

 

*Enfermeiro pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (FIP-Moc)

Especialista em Saúde da Família pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

**Enfermeiro pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas (Funorte)

***Enfermeiro pela Unimontes. Especialista em Saúde da Família pela Funorte. Docente da Funorte

(Brasil)

Patrick Leonardo Nogueira da Silva*

Fábio Aparecido da Silva**

Adriano Vieira da Silva***

José Ronivon Fonseca***

patrick_mocesp70@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetiva identificar a cobertura vacinal contra o vírus da influenza em idosos atendidos em uma Estratégia Saúde da Família no município de Japonvar/MG. Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem quantitativa, de caráter descritivo, e transversal. A mesma foi realizada com 81 idosos de uma Unidade de Saúde do referido município. Quanto aos resultados, a maioria era do sexo masculino (n=41; 50,6%), casado(a) (n=50; 61,7%), analfabeto (n=41; 50,6%), e recebem um salário mínimo (n=46; 56,8%). A maior parte da população participou de 03 campanhas de vacinação (n=61; 75,3%) no decorrer dos últimos três anos. 63 (77,7%) participantes declararam não haver nenhum fator que o impeça de aderir à vacinação. Quanto aos benefícios da vacina, 95,1% (n=77) dos entrevistados que a mesma é benéfica protegendo-os contra a doença abordada. 100% da população avaliada não apresentaram qualquer reação/efeito adverso da vacina. Dos idosos vacinados, 90,1% não apresentou qualquer insatisfação com relação à vacina. Portanto, a vacinação em idosos deve ser intensificada a fim de melhorar a qualidade de vida da população, principalmente da população em processo de envelhecimento.

          Unitermos: Cobertura vacinal. Vírus influenza. Idosos. Estratégia Saúde da Família.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O Brasil está em um processo de envelhecimento populacional que traz uma mudança no perfil epidemiológico importante, uma vez que o grau de vulnerabilidade desse novo organismo envelhecido é extremamente variado, representando um maior desafio para a medicina moderna (BRASIL, 2006).

    O envelhecimento é um processo natural progressivo responsável por modificações biológicas diversas que vem ocorrendo durante toda a vida contribuindo para a diminuição das respostas adaptativas, dentre elas a do sistema imunológico, tornando, então, este indivíduo susceptível a diversas doenças (PASCHOAL, 2005).

    Segundo Carvalho e Papaleo Neto (1994), o corpo que envelhece está submetido a situações de sobrecarga funcional prolongada, e pode não reagir de modo adaptativo, propiciando o desenvolvimento de processos patológicos agudos e, predominantemente, crônicos. As alterações fisiológicas que provêm do envelhecimento orgânico predispõem ao surgimento de doenças crônico-degenerativas, as quais podem comprometer a capacidade funcional. Além disso, perdas neuronais podem iniciar processos demenciais que dificultam o auto-cuidado e geram a perda da capacidade de autonomia e da independência.

    De acordo Maia et al. (2006), os grupos populacionais tem diferentes riscos de adoecerem, sofrerem acidentes ou morrerem. A presença de determinados fatores de risco indicam uma probabilidade maior de aparecimento de danos à saúde. Uma vez identificados, esses fatores podem ser tratados ou modificados por ações de saúde, alterando eventos mórbidos ou fatais, em especial nos idosos.

    As doenças respiratórias, particularmente as infecciosas, vêm se tornando cada vez mais representativas na morbidade da população idosa. Sendo assim, surge a necessidade de intervenções preventivas e considera-se que a proteção específica contra a influenza tem se refletindo positivamente na prevenção da mortalidade por doenças respiratórias (DONALISMO, FRANCISCO & LATORRE, 2005).

    A influenza apresenta grande importância epidemiológica devido à rapidez com que se propaga e a magnitude de suas complicações representadas, principalmente, pelas pneumonias. Os idosos e as pessoas debilitadas ou imunossuprimidas manifestam os casos mais graves e concentram a maior parte das mortes acometidas por este ripo de vírus (BRASIL, 2005).

    De acordo com estudos de Francisco et al. (2003), no Brasil, a análise de dados do Sistema de informação de Mortalidade (SIM) tem mostrado a crescente importância das internações e óbitos por doenças respiratórias entre os idosos mesmo considerando-se o envelhecimento da população. Epidemias de influenza ocorrem com maior freqüência durante os meses de inverno. São responsáveis por uma media de 20000 mortes por ano nos Estados Unidos da América (EUA). Surtos de gripe associam-se ao aumento de internações e mortes, grandes partes atribuídas às suas complicações e a enfermidades crônicas subjacentes.

    A vacinação tem sido o principal método para prevenir a influenza e suas complicações mais severas. Quando a composição da vacina é coincidente com as cepas de vírus circulante, sua eficácia em adultos saudáveis atinge 70-90%, enquanto cai para 30-40% em maiores de 60 anos (FRANCISCO et al., 2003).

    Desde 1999, o Ministério da Saúde no Brasil decidiu investir nas campanhas de vacinação aos idosos, dando início a uma importante parceria entre as Coordenações de Saúde do Idoso e de Imunizações (LIMA & COSTA, 2008).

    A vacina contra a influenza tem um perfil de segurança excelente, sendo utilizada no Brasil em estratégia de campanha anual para a população com 60 anos ou mais e para adultos com doenças crônicas, para profissionais de saúde, para gestantes e mulheres no pós-parto, e para crianças acima de seis meses e menores de dois anos. Estas vacinas são inativadas contendo vírus mortos, fracionados ou em subunidades não podendo, portanto, causar a doença (gripe) (BRASIL, 2005).

    São atualizadas anualmente e possuem contra-indicação apenas para indivíduos que apresentem reação anafilática à proteína do ovo ou a algum componente da vacina e crianças menores de seis meses. Recomenda-se esperar a resolução de algum quadro infeccioso na fase aguda para se proceder a vacinação (BRASIL, 2001).

    Esta vacinação, segundo Reis e Nozawa (2006), reduziu em 50% a 60% a gravidade da doença e a incidência de complicações e a taxa de mortalidade em 80% dos casos.houve também no Brasil uma redução de 10% nas taxas de internação por causas atribuíveis à influenza durante o período de 1999-2000, para faixa etária acima de 60 anos.

    Araujo et al. (2007) informa que apesar da meta de vacinação estipulada para os idosos no Brasil de 70% ser atingida, ainda apresenta uma parcela desta população que acredita que a vacina traz malefícios ao invés de benefícios e são resistentes à vacinação.

    Baseando no exposto, surgiu o interesse em verificar a cobertura vacinal contra o vírus da influenza em idosos de uma Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Japonvar/MG com o objetivo de identificar esta cobertura assim como caracterizar o perfil dos idosos cadastrados nesta ESF de forma a estudar os fatores que contribuem para a sua vacinação ou que contribuem para a não-vacinação.

    Considerando o atual contexto epidemiológico que vive o Brasil e a importância da infecção pelo vírus influenza, o presente estudo pretende fornecer subsídios para um fortalecimento da monitorização do programa de vacinação nesta faixa etária, justificando, assim, a realização desta pesquisa.

Metodologia

Tipo da pesquisa

    O presente estudo trata de uma pesquisa de campo, com abordagem quantitativa, de caráter descritivo, e transversal.

    A pesquisa quantitativa é um método social que utiliza técnicas estatísticas que implícita a construção de inquéritos por questionários que são instrumentos padronizados. São utilizados quando se sabe o que se deve ser perguntado para atingir o objetivo da pesquisa. Permitem que se realizem projeções para a população apresentada (MINAYO, 2006).

    O estudo descritivo procura abranger aspectos gerais e amplos de um contexto social. Possibilita o desenvolvimento de um nível de análise em que se permite identificar as diferentes formas de fenômenos, na sua ordenação e classificação (OLIVEIRA, 1999).

Amostra e local da pesquisa

    A população alvo do estudo constituiu-se de um universo de 200 idosos cadastrados na ESF Renascer da cidade de Japonvar/MG da qual se extraiu uma amostra de 80 sujeitos. Utilizou-se para o cálculo da amostra o programa SPSS com índice de confiança de 90% e uma margem de erro de 7%.

    Os sujeitos da pesquisa foram selecionados aleatoriamente através dos seguintes critérios de inclusão: ter cartão espelho na ESF; aceitar participar da pesquisa por livre e espontânea vontade; e possuir mais de 60 anos. Já os critérios de exclusão foram aqueles em que não se adequavam aos critérios de inclusão.

Coleta de dados

    A coleta de dados ocorreu através de um questionário semi-estruturado contendo questões objetivas preenchidas pelo pesquisador em visitas domiciliares ou na própria ESF no período de 22 de maio a 02 de junho de 2010. Foi realizada também a verificação das doses de vacina administradas através do cartão-espelho dos sujeitos da pesquisa.

    Após a coleta de dados, estes foram organizados em tabelas e gráficos com a utilização do Microsoft Excel para a sua análise.

Aspectos éticos

    Todos os participantes foram esclarecidos quanto aos objetivos da pesquisa e do direito ao sigilo na qual os mesmos foram apresentados um Termo de Consentimento Livre e Esclarecidos (TCLE) e assinaram-no em duas vias após a entrevista, sendo um para o participante e outro para o pesquisador.

    O estudo seguiu os preceitos éticos estabelecidos pela Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde que trata de pesquisa envolvendo seres humanos.

Resultado e discussão

    O estudo objetivou traçar o perfil de 81 idosos com idade media de 70,08 anos de uma Unidade de Saúde da Família do município de Japonvar/MG. A idade entre os gêneros apresentou distribuição homogênea (40 idosos do sexo feminino e 41 do sexo masculino), com idade média de 70,32 anos e 69,85 anos, respectivamente.

    A Tabela 1 apresenta os dados socioeconômicos da amostra, de acordo com o estado marital, 61,7% são casados(as), 29,6% são viúvos(as) e 8,6% são desquitados(as). No que se refere à escolaridade, 50,6% eram analfabetos e 46,9% com tempo de estudo de 01 a 04 anos. A distribuição da renda familiar apresentou que 56,8% recebem um salário mínimo e 40,7% recebem de um a três salários mínimos.

Tabela 1. Caracterização da amostra estudada. Japonvar/MG, 2010

    Este estudo revelou um alto grau de analfabetismo (50,6%), revelando desigualdade de grau de escolaridade em outros estudos nacionais. Segundo a Fundação Perseu Abramo (2007), identificou que 20% dos brasileiros com idade superior a 60 anos não sabem ler nem escrever. Outro estudo realizado por Flores (2003) mostrou que em Porto Alegre/RS houve taxa de 10% de analfabetismo e 56% na periferia de São Carlos/SP. Isso relata as diferenças regionais onde implica uma necessidade governamental de investimentos nessas áreas.

    A escolaridade vem sendo associada à vacinação contra a gripe em alguns estudos como no Canadá, observou-se que quanto maior a escolaridade maior era a quantidade de idosos vacinados (ANDREW et al., 2004 apud LIMA-COSTA, 2008). Já estudo realizado por Francisco et al. (2006) em cidades paulistas, foi observado que quanto menor a escolaridade dos idosos maior era a probabilidade de ter sido vacinado.

    Conforme Geronutti et al. (2008), a importância de identificar a escolaridade de idosos visa demonstrar aos profissionais da saúde sobre o grau de instrução de uma determinada localidade, para que possa realizar orientações adequadas sobre vacinação em termos adequados à escolaridade da população.

    Em relação à renda do idoso, este estudo mostrou prevalências bastante baixas, podendo ser um fator determinante no seu estado de saúde. Desta forma, idosos com baixas condições financeiras podem apresentar piores condições de saúde, função física e menor uso de serviços de saúde (LIMA-COSTA, 2003).

    Ao avaliar a prevalência de quantas campanhas de vacinação contra a gripe a população participou, 75,3% (n=61) afirmaram ter participado de três campanhas, 16% (n=13) de duas campanhas, 3,7% (n=3) de uma campanha. Porem, 4,9% (n=4) informam que não participaram das campanhas (Gráfico 1).

Gráfico 1. Freqüência absoluta relativo à adesão dos idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família à campanha de vacinação. Japonvar (MG), 2010

Fonte: Idosos cadastrados na ESF Renascer do município de Japonvar (MG). Maio/2010

    Segundo Brasil (2006), o Ministério da Saúde relata que a vacinação contra a influenza é a principal forma de prevenir e reduzir a morbimortalidade entre idosos. Dados da quinta campanha de vacinação do idoso em 2003 revelaram que a cobertura vacinal atingiu um 82,2%. Estudo realizado por Francisco et al. (2006) em 2001-2002 em cobertura vacinal de três municípios paulistas, obteve uma prevalência de 67%, em outro estudo realizado por Donalisio et al. (2006) em Botucatu/SP a prevalência foi de 63%.

    A cobertura vacinal contra a influenza neste estudo apresentou alta prevalência no grupo estudado (95%) na qual desses, 75,3% participaram de três campanhas. O Ministério da Saúde considera como excelente uma cobertura de 70% em qualquer campanha nacional de imunização (BRASIL, 2006).

    Dados apresentados por Francisco et al. (2006) e Donalisio et al. (2006) mostram que, apesar das mulheres utilizarem mais os serviços de saúde, a vacinação contra a influenza não demonstrou associações entre os gêneros.

    O Gráfico 2 representa os motivos de não participar das campanhas. Os resultados demonstram que 77,8% (n=63) dos entrevistados participaram das campanhas, 16% (n=13) informaram que não participaram por não estar na faixa etária para recebimento da vacina e 6,2% (n=5) relataram ter medo da reação vacinal.

Gráfico 2. Fatores da não adesão do idoso cadastrado na Estratégia Saúde da Família à campanha de vacinação contra influenza. Japonvar (MG), 2010

Fonte: Idosos cadastrados na ESF Renascer do município de Japonvar (MG). Maio/2010.

    A literatura vem apontando estudos sobre os motivos da não vacinação devido à preocupação dos usuários pela ocorrência de efeitos adversos (DONALISIO et al., 2006). Desse modo, este autor relata que esta preocupação pode contribuir para as baixas coberturas vacinais, o que reforça a abordagem desses grupos de idosos através dos profissionais de saúde, visando planejar práticas educativas em relação à vacinação contra influenza, mostrando os riscos e benefícios que estes idosos podem ter na prevenção da doença.

    Este estudo teve uma prevalência de 6,2% dos idosos que relataram ter medo das reações. Conforme Donalisio et al. (2003), o medo da vacina mostra que os idosos acreditam que a mesma pode causar a gripe, ou piorar outras doenças pré-existentes. Estudos publicados pela Centers for Disease Control and Prevention (2003) nos Estados Unidos da América, mostrou-se que é comum o idoso não participar das campanhas vacinais por conhecerem alguém que tomou a vacina e passou mal ou pelo próprio medo da injeção.

    Quando perguntados se a vacina trouxe benefícios para a sua saúde, 95,1% (n=77) relataram que trouxe benefício e apenas 4,9% (n=4) afirmaram que não apresentaram uma diferença significativa dos resultados (Gráfico 3).

Gráfico 3. Freqüência absoluta relativa ao benefício da vacina contra a influenza para os idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família. Japonvar (MG), 2010

Fonte: Idosos cadastrados na ESF Renascer do município de Japonvar (MG). Maio/2010

    Segundo Brasil (2006), a vacina fornece proteção em aproximadamente 50% dos idosos vacinados na qual este apresenta uma imunidade parcial, o que reduz a possibilidade de contraírem as formas mais graves da influenza.

    Um dos motivos da não adesão à vacina da influenza pode ser devido aos idosos acharem que se sentem bem e estar saudável evitando, assim, a adesão. Estudo realizado por Essen (1997) apud Raymundi (2004) apresentou que a causa da não adesão foi devido ao medo dos efeitos colaterais bem como “se sentir saudável”. Trabalho publicado por Gupta (2000) apud Raymundi (2004) apresentou uma prevalência de 16% dos idosos que responderam que não tomaram a vacina contra a influenza por se considerarem saudáveis.

    O gráfico 4 apresenta a distribuição de idosos entrevistados de acordo com as reações pós-vacinais, onde se verificou que 100% da amostra referiam não apresentar nenhum efeito adverso com a vacina influenza. Conforme Osaki (2004), o mesmo afirma que as reações adversas pós-vacinais vêm sendo reduzidas de acordo com o avanço tecnológico na produção de imunobiológicos, tornando-se mais eficazes e seguras.

Gráfico 4. Prevalência de reações adversas relacionadas à vacina contra a influenza sazonal em idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família. Japonvar (MG), 2010

Fonte: Idosos cadastrados na ESF Renascer do município de Japonvar (MG). Maio/2010

    Alguns estudos apresentaram resultados da vacinação com poucas reações adversas (TONIOLO et al., 1999; WECKX et al., 1999 apud DONALISIO et al., 2003). Em estudo de Donalisio et al. (2003), foi observado que 20,4% dos idosos apresentaram pelo menos um sintoma leve adverso, não sendo necessário a procura do serviço de saúde. Porém, este trabalho revelou que a dor local da aplicação foi a queixa principal das mulheres.

    Ensaios clínicos duplo-cego no estudo de Honkamen et al. (1996) apud Donalisio et al. (2003) foi encontrado relato de sintomas sistêmicos entre idosos que recebem vacina e placebo na mesma proporção. Contudo, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo (2001) relataram que 1% dos idosos que foram vacinados contra a influenza apresentou sintomas como febre e mal estar pós-vacinação.

    Seria oportuno lembrar que o Ministério da Saúde em seu informe técnico sobre a influenza em 2002, relataram que a vacina da gripe pode causar outros efeitos adversos tais como: Síndrome de Guillain-Barré, eritema, enduração, edema e/ou dor local, febre, mal-estar geral, mialgias e efeitos mais graves como reação anafilática (pela presença de proteínas de resíduos de ovo).

    Em relação ao principal motivo de insatisfação em relação à vacinação contra a gripe, 90,1% (n=73) dos entrevistados relataram que não tinha nenhuma insatisfação; 4,9% (n=4) afirmaram que a insatisfação é devido à forma de aplicação da vacina; 3,7% (n=3), a demora na fila de vacinação; e 1,2% (n=1) pela falta de informações sobre a vacina (Gráfico 5).

Gráfico 5. Relação de insatisfação relacionada à vacina contra a influenza sazonal em idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família. Japonvar (MG), 2010

Fonte: Idosos cadastrados na ESF Renascer do município de Japonvar (MG). Maio/2010

    Os idosos que relataram insatisfação na relação à vacinação contra a gripe, apresentaram um índice de 9,8% dos entrevistados, sendo que desses, 1,2% afirmaram a falta de informações sobre a vacina. Estes dados diferem do estudo realizado por Francisco et al., (2006) em seis municípios de São Paulo, onde cerca de 65% dos idosos alegaram que a insatisfação ou não adesão vacinal se deve a falta de esclarecimento sobre a importância da vacinação. O informe técnico da Secretaria de Estado de Saúde/SP (2001) relata que identificaram como principais motivos para a não adesão à campanha de vacinação foi o medo das reações da vacina e a não preocupação com a gripe.

    Dessa forma, alguns autores identificaram em seus estudos como causas da não adesão às campanhas vacinais como: descrédito sobre a eficácia da vacina, medo de eventos pós-vacinais e a crença que a gripe é uma doença banal (SARRIÁ, 2002; MOURA, 2004). Com isso, o desconhecimento sobre a vacina pode ser um grande aliado para a não adesão das campanhas de vacinação contra a influenza.

Conclusão

    Na caracterização quanto ao sexo, a população pesquisada apresentou uma distribuição homogênea entre os gêneros. Quanto ao nível de escolaridade, a maior concentração dos idosos pesquisados não apresenta nenhuma escolaridade e pouco tempo de estudo (1 a 4 anos), caracterizando baixa escolaridade, fator este que dificulta a compreensão da importância da vacina.

    A cobertura da vacina contra a gripe entre os idosos apresentou alto índice de adesão, na qual 75,3% dos idosos participaram das três campanhas realizadas, atingindo a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde.

    O motivo de não participar da campanha apresentou a prevalência de 22,2%, sendo desses, 16% relataram não ter idade para vacinar e 6,2% tem medo das reações adversas pós-vacinais. Contudo, 100% dos idosos que receberam da vacina relataram que não tiveram nenhuma reação.

    A insatisfação desses idosos em relação à vacinação foi de 9,8%. Porém, 4,9% relataram sobre a forma de aplicação e 3,7% sobre a demora na fila. A falta de informação sobre a vacina teve baixa prevalência (1,2%) em relação aos estudos nacionais.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 183 | Buenos Aires, Agosto de 2013  
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