Análise da aptidão cardiorrespiratória em escolares do Programa Segundo Tempo: um estudo de caso na escola Alba Pessoa da Silva Análisis de la aptitud
cardiorrespiratoria en estudiantes del Programa |
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*Acadêmico em Educação Física da Faculdade Terra Nordeste – FATENE **Grupo de pesquisa em promoção e monitoramento da saúde na escola (Brasil) |
Karine
de Barros Silva* |
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Resumo Objetivo: Analisar a aptidão cardiorrespiratória dos escolares participantes do Programa Segundo Tempo. Métodos: a pesquisa foi aplicada em 38 alunos, sendo 18 meninos e 20 meninas, com faixa etária entre 07 e 16 anos, regularmente matriculados no PST da escola Alba Pessoa da Silva, situada no bairro Guagirú em Caucaia-Ce. Realizamos uma avaliação antropométrica e um teste de resistência (9 MIN) para verificar a aptidão cardiorrespiratória (ApC), classificada de acordo com os protocolos do PROESP-BR. Para análise dos resultados utilizou-se o software SPSS 15.0. Resultados: Constatamos diferenças estatisticamente significativas entre os sexos, quanto à classificação nutricional, identificamos que a maioria dos alunos (26) estão com Índice de Massa Corporal (IMC) adequado. Quanto à Aptidão Cardiorrespiratória (ApC) verificamos que a maioria (27) da amostra analisada atendeu aos critérios de saúde. No entanto, (11) crianças não estavam de acordo com os critérios propostos pelo PROESP-BR. Conclusão: Considerando os valores médios obtidos, concluímos que em relação à idade, massa e estatura da amostra investigada, à ApC verificou-se em média (1431,5±171,1) que os meninos tem uma melhor ApC do que as meninas (1263±162,2), justifica-se que seja pelo fato de que os meninos praticam mais atividade física do que as meninas, melhorando assim o seu desempenho em relação à ApC. Unitermos: Aptidão cardiorrespiratória. Programa Segundo Tempo. Saúde.
Abstract Objective: To assess cardiorespiratory fitness (CF) of the students participating in the Programa Segundo Tempo (PST). Methods: The survey was administered to 38 students, 18 boys and 20 girls, aged between 07 and 16 years, enrolled in school PST Alba Pessoa da Silva, located in the district Guagirú Caucaia-Ce. Conducted an anthropometric assessment and a test of resistance (9 MIN) to check cardiorespiratory fitness (CF), classified according to the protocols of PROESP-BR. For data analysis we used the SPSS 15.0 software. Results: We found statistically significant differences between the sexes, as the nutritional classification, we identified that the majority of students (26) are with Body Mass Index (BMI) appropriate. As for Cardiorespiratory Fitness (CF) found that the majority (27) of the analyzed sample met the criteria for health. However, (11) children were not in accordance with the criteria proposed by PROESP-BR. Conclusion: Considering the average values, we conclude that with respect to age, weight and height of the investigated sample, the CF was found on average (1431.5 ± 171.1) than boys has a better SP than girls (1263 ± 162.2), which is justified by the fact that the boys practice more physical activity than girls, thus improving their performance in relation to the CF. Keywords: Cardiorespiratory Fitness. Programa Segundo Tempo. Health.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
No quadro de variáveis que compõem a aptidão física (ApF), a aptidão cardiorrespiratória(ApC) tem se destacado como uma das mais importantes tanto para atletas do alto rendimento, quanto para escolares e indivíduos não atletas (LOREZI, 2006).
No estado do Ceará estudos na cidade de Fortaleza (SOUZA 2010, PEREIRA, 2012) evidenciam a relação direta de baixa ApC assim como outras variáveis relacionada a saúde (flexibilidade, resistência abdominal) em crianças e adolescentes. Desta forma é importante monitorar a ApC de escolares que participam não só das aulas de educação física mais de programas desenvolvido em ambiente escolar tais como Programa Segundo Tempo (PST), que só no Estado do Ceará foram abertos 466 núcleos nos 184 municípios do estado, atendendo mais de 46.600 crianças e adolescentes. Portanto o presente estudo teve como objetivo analisar a aptidão cardiorrespiratória dos escolares participantes do Programa Segundo Tempo- PST.
Materiais e métodos
Planejamento da pesquisa
A presente pesquisa apresentou delineamento transversal e natureza quantitativa, realizada com crianças e adolescentes participantes do PST da escola Alba Pessoa da Silva, localizada no município de Caucaia, CE. Inicialmente foi solicitado uma autorização da escola para realização da pesquisa e posteriormente entregou-se um Termo de Compromisso Livre e Esclarecido – TCLE para os pais e/ou responsáveis dos escolares.
Amostra
Foi constituída por 38 alunos, sendo 18 meninos e 20 meninas, com a faixa etária entre 07 e 16 anos.
Instrumentos e procedimentos
Para análise da classificação nutricional utilizou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) que foi calculado a partir das medidas de peso e de altura utilizando-se a fórmula: IMC = massa (kg) / (Estatura)2 (m), onde foram classificados de acordo com os pontos de corte propostos por Conde; Monteiro (2006) para o sexo masculino e feminino.
Para a avaliação da APC utilizou-se o teste de 9 minutos proposto pelo PROESP-BR seguindo as recomendações e os critérios de saúde.
Análise estatística
Para análise dos resultados foi utilizado à estatística descritiva em média e desvio padrão. Utilizou-se o teste t independente para comparação dos valores médios de acordo com o sexo e o teste de Qui - quadrado para analisar a proporção de escolares que atenderam e não atenderam os critérios de saúde. Todos os dados foram analisados através do software SPSS versão 15.0 adotando-se como nível de significância p < 0,05.
Resultados e discussão
Os resultados deste estudo serão apresentados primeiramente quanto aos valores médios das varáveis relacionadas à saúde, posteriormente a classificação nutricional e aptidão Cardiorrespiratória atendendo aos critérios de saúde proposto pelo PROESP.
Os valores médios encontrados para a amostra estudada, no que se refere à AFRS são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Média e desvio padrão da idade, massa, estatura, IMC e ApC de acordo com o sexo
Em relação à idade, massa e estatura da amostra investigada, as meninas são mais velhas do que os meninos, tem maior massa, maior altura, porém a diferença não é significativa. Nos valores de IMC as meninas também obtiveram maior média. No estudo de (GAYA, 2005) também encontrou valores superiores de IMC para as meninas. Essas diferenças encontradas nos valores de IMC entre sexos podem ocorrer devido à variabilidade do crescimento, do nível de maturação e das dimensões corporais nesta etapa da vida (QUADROS, 2009).
Em relação ao teste de 9MIN os meninos apresentaram uma média significativa (p < 0,01) em relação às meninas, onde os meninos percorrerão em média (1431,5 ± 171,1) superior aos valores alcançados pelas meninas (1263±162,2), resultado este que corrobora com outros estudos (ANDREASI et al., 2010; CASTRO, 2010; FERNANDES et al., 2010; SOUZA, 2010; SILVA et al., 2010). Essa diferença nos resultados dos testes de corrida de longa distância decorre, ao menos em parte, das implicações negativas de ordem anatômica e de composição corporal naturais do período pubertário (GUEDES et al., 2011; MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004).
No presente estudo, identificou-se que a maioria das crianças (26) estão com IMC adequado, 10 com sobrepeso, 1 com baixo peso e outra com obesidade. Em relação ao sexo, não teve diferença significativa (χ2= 3,91; p= 0,27), entre meninos e meninas como mostra o gráfico 1.
Gráfico 1. Classificação nutricional da amostra de acordo com o sexo
Um estudo realizado por Pelegrini et al. (2008) com 36.976 escolares (20.914 do sexo masculino e 16.062 do sexo feminino; 10 a 15 anos), entre 2004 e 2005 das cinco regiões do Brasil identificou que a obesidade foi significativamente associada com sexo, idade e região. Esses achados apontaram que as odds ratios (razão de chances) para obesidade foi maior nos escolares do sexo masculino, nas idades de 10 a 13 anos e nas regiões Sul e Sudeste. Ou seja, no Nordeste ainda não foi diagnosticado uma forte associação com o excesso de peso, talvez por conta dos casos ainda registrados de desnutrição, mesmo que em declínio, principalmente nas idades iniciais até 7 anos (MONTEIRO et al., 2009).
Outro fator relevante a ser discutido quanto à classificação nutricional dos adolescentes investigados é que estes fazem parte de um programa orientado de atividade física o que pode justificar o baixo índice de sobrepeso e obesidade.
Considerando as limitações do estudo, destaca-se a importância de incentivar os professores de educação física a incluírem os testes de AFRS como programa nos currículos escolares, como um meio de incentivar e motivar a prática da atividade física nas aulas de educação física escolar.
Conclusão
Compreendemos que a ApC e sua relação com as aulas do Programa Segundo Tempo tem uma contribuição importante no meio escolar, pois surge a possibilidade de estabelecer múltiplas relações com outras áreas do conhecimento, sendo analisado, discutido, refletido e contextualizado o seu papel na contemporaneidade, de forma a passar a ser condição essencial para quem trabalha com escolares, e, especialmente para quem lida com a formação da saúde, onde a multiplicidade de corpos estão presentes nas aulas.
A partir dessa pesquisa, verificou-se que em relação ao nível de ApC de escolares do Programa Segundo Tempo, a maioria dos alunos atendeu aos critérios sugeridos pelo PROES-BR. Em relação comparação da média de ApC, massa, estatura e IMC de acordo com do sexo dos escolares percebeu-se que a média de desvio padrão em relação à idade, massa e estatura da amostra investigada, que as meninas são mais velhas do que os meninos, tem a maior massa, maior altura, porém a diferença não é muito significativa. Nos valores de IMC as meninas tiveram o percentual maior do que os meninos, sendo justificada pela massa corporal maior, por entrar primeiro ao período da puberdade.
A justificativa para o desenvolvimento desse assunto é que entendemos que as crianças necessitam fazer uso de práticas de atividades físicas para o melhor desenvolvimento motor, psicológico e social. Podemos concluir que tais informações devem auxiliar professores que ministram suas atividades dentro do PST para uma compreensão mais ampla em relação à prática da AFRS de crianças e adolescentes. Sugerindo novos estudos com um maior número escolares do PST, em diferentes faixas etárias e de ambos os sexos. Além é claro, de um trabalho onde possamos acompanhar ApC.
Referências
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