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A relação de acadêmicos de Educação Física com a vigorexia

La relación de los estudiantes de Educación Física con la vigorexia

 

*Discente do curso de Educação Física da UCB-RJ

**Graduada em Letras pela UFRJ

Discente do curso de Educação Física da UCB-RJ

*** Monitora de Cultural Corporal da UCB-RJ

****Bacharel em Educação Física pela UCB-RJ

Professor da rede Body Tech de Academias

Pesquisador do Rio em Forma Olímpico da SMEL-RJ

*****Mestre em Ciências da Motricidade Humana pela UCB

Pesquisador do Grupo de Cultura Corporal da UCB-RJ

Professor da UCB-RJ

Chaiene Barros* | Eunice Bárbara**

Dueny Braga* | Vinicus Wanil* | Priscila Lima*

Monique Camargo***

Guilherme Lopes de Souza****

Sérgio Tavares****

parede@msn.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo objetiva verificar a relação dos acadêmicos a partir do 4° período do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco com a vigorexia. A pesquisa realizada neste trabalho foi descritiva com delineamento de estudo de caso. Tendo em vista esta questão, maiores informações poderiam ajudar às pessoas que tratam ou estarão próximos a tais questões, como os acadêmicos do curso de Educação Física, que, em contato com indivíduos imersos nessa situação compulsiva pela busca de um corpo perfeito e querido pela sociedade, poderiam agir como intercessores, visando à prevenção e a promoção à saúde.

          Unitermos: Vigorexia. Indústria cultural. Corpo ideal. Beleza.

 

Abstract

          This study aims to investigate the relationship of academics from the 4th period of the Physical Education course at the University Castelo Branco with vigorexia. The research in this study was descriptive case study design. Considering this issue, more information could help people to deal or be close to such questions as the students of Physical Education, which, in contact with individuals immersed in this situation by the compulsive pursuit of a perfect body and dear by society could act as intercessors, aimed at prevention and health promotion.

          Keywords: Vigorexia. Cultural industry. Ideal body. Beauty.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Ao contrário do corpo feminino, vítima constante das transformações da sociedade machista e mudanças de padrão de beleza, o corpo do homem não sofreu grandes mudanças de padrão social de beleza até os últimos anos do século XX. Desde a antiguidade clássica que a beleza do homem é retratada como a figura jovem de um Deus atlético, proporcional, simétrico e harmonioso. Lembrando que para os Gregos a perfeição era uma obsessão, a beleza era considerada um atributo divino pelo seu caráter extraordinário.

    Esses modelos de beleza passaram a constituir um produto comercializável: o corpo. Neste enfoque percebe-se que a sociedade, através da mídia, sorrateiramente, indica ou influencia um padrão de beleza ou uma imagem corporal. Segundo, Damasceno et al (2006, p. 82) “a imagem corporal pode ser definida como uma construção multidimensional que descreve amplamente as representações internas da estrutura corporal e da aparência física, em relação a nós mesmos e aos outros”. A composição dessa imagem será influenciada pelo meio em que vivemos e pela situação que enfrentamos.

    A Indústria Cultural consiste em “moldar” toda produção artística e cultural, de modo que elas assumam os padrões comerciais que possam ser facilmente reproduzidas. Dessa forma, as manifestações de arte não são vistas somente como únicas, extremamente belas, mas principalmente como “mercadorias”, que incentivam uma reificação (ou transformação coisa), e a alienação da arte feita para poucos carentes de uma visão crítica a respeito. “O consumidor não é rei, como a indústria cultural gostaria de fazer crer, ele não é o sujeito dessa indústria, mas seu objeto.” (ADORNO, 1994, p. 93).

    Através do fitness, homens e mulheres tentam comprar este corpo, adquirir esta imagem podendo estar desencadeando, dependendo da forma de buscar este “corpo ideal”, um transtorno comportamental ou distúrbio de imagem corporal pouco divulgado, denominado dismorfia muscular ou vigorexia.

    Vislumbra-se neste cenário um público que aproxima-se a esta patologia: acadêmicos do curso de Educação Física. Nesse sentido, é preciso que esses tenham o conhecimento para identificar e orientar quanto aos exageros e riscos a saúde desta prática de atividades físicas exacerbadas.

    O presente estudo objetiva verificar a relação dos acadêmicos a partir do 4° período do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco, campus Realengo, RJ, com a patologia vigorexia.

Corpo e Indústria Cultural

    A beleza corporal, conforme as determinações de sua época, sempre foi cultuada. No século XIX, o Romantismo proporcionou a construção de um novo padrão estético do corpo humano nas artes.

    Em uma sociedade onde a visualização do corpo tem grande valor, o “suposto” mundo da mídia obedece ao papel de levar as pessoas a adquirirem certas condutas perigosas e incertas na tentativa da compor um corpo esbelto e sarado, escravizando-as na autocracia do emagrecimento ou dos músculos bem definidos, interrogando-as com seu sermão convincente.

    Os padrões estéticos foram e ainda são, ditados por valores socioculturais cada época respondeu social e culturalmente, aos padrões de beleza desejados. Os padrões ditam do que é certo ou errado, do que é feio ou belo, do que deve ser aceito ou rejeitado pela sociedade. (SIMÕES, 2004, p.90).

    Através do intermédio das propagandas de fitness surge a idéia de perfeição e beleza. Na vitrine de beleza, não há restrições em relação à idade e sexo, o que predomina é o corpo sarado, bonito e desejado. Com isso a mídia é favorecida para veicular as mercadorias da complexa indústria da beleza que vem crescendo, e a cada dia induzindo novas pessoas na busca incessante por um padrão de beleza que nem sempre corresponde à realidade.

O olhar crítico do Professor de Educação Física

    A busca exacerbada pelo corpo perfeito chegou a um nível tão nocivo à saúde que uma das conseqüências, em nome deste estereótipo, denomina-se vigorexia, conceituada como uma obsessão por praticar exercícios físicos, a fim de aumentar a massa muscular (SHMIDTT; OLIVEIRA, 2008).

    A vigorexia, também conhecida como Síndrome de Adonis, é um transtorno dismórfico corporal, especificamente muscular.

    Na preocupação em ficarem fortes a qualquer custo, homens e mulheres são atingidos por este transtorno. Essas pessoas passam horas dentro das academias executando várias atividades físicas para um ganho maior de músculos, e ainda assim se consideram fracos, mirrados e esqueléticos. O que acontece ao se olharem no espelho, é que há uma distorção visual, ou seja, não conseguem enxergar a realidade, que todos os outros enxergam.

    Homens de todas as idades em números sem precedentes estão preocupados com a aparência de seus corpos. A preocupação excessiva com supostas falhas na aparência, ou por outras palavras, a vergonha de parecer pequeno quando se é realmente forte, denomina-se VIGOREXIA. (POPE et al., 2000, p.).

    No início da adolescência é mais comum o transtorno, devido às mudanças no corpo e à adaptação ao novo.

    Certos autores desconsideram a vigorexia ser um transtorno dismórfico corporal, apesar das características clínicas. As características mais comuns são: preocupação exacerbada com o próprio corpo; baixa autoestima; modificação da dieta; distorção da imagem corporal; personalidade introvertida; idade de aparecimento igual (adolescência); tendência à automedicação; fatores socioculturais comuns.

    Os profissionais que estão ligados diretamente ao treinamento físico deveriam constatar o exagero na prática, uma vez que podem contribuir quanto à sinalização do problema e, quiçá, com uma proposta reflexiva, uma vez que, geralmente quem apresenta este quadro clínico não compartilha esta situação, nem com amigos.

Metodologia

    A pesquisa realizada neste trabalho foi descritiva com delineamento de estudo de caso. Na concepção de Gil (1999), a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis. Nesse contexto, descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos.

    O presente estudo foi realizado na Universidade Castelo Branco localizada em Realengo na zona Oeste do RJ. Participaram da pesquisa alunos a partir do 4° período da graduação do curso de Educação Física, com N=10.

    Foi utilizado uma palestra, com a Professora DE Educação Física, especialista em Psicomotricidade Luciana Costa, abordando a vigorexia. Foram apresentados slides sobre o assunto, uma dinâmica onde a professora pediu que cada um se desenhasse considerando três momentos: há um ano atrás, atualmente e no futuro (um ano após a data presente). Exibiu-se uma reportagem do programa Domingo Espetacular, da rede Record, também sobre a temática central, e finalizando, houve uma oportunidade para questionamento.

    Em data anterior empregou-se para a avaliação do grau de conhecimento dos acadêmicos sobre dismorfia muscular, protocolo desenvolvido pelos autores da presente pesquisa e devidamente validado.

    Quando da palestra contou-se com o instrumento de observação participativa.

Resultados e discussão

    Para obter dados a respeito do público alvo em relação ao conhecimento da vigorexia, foi aplicado protocolo, com questão única, acerca dos efeitos danosos à saúde porquanto da prática exacerbada de atividade física na busca do “corpo perfeito”, como o resultado expresso no gráfico abaixo:

Gráfico 1. Efeitos da prática exacerbada de atividades físicas

    Conforme se observa a maior parte da população (69%) atribuiu à prática exagerada de atividades físicas, na busca do “corpo belo”, à lesão muscular. Por outro lado, apenas 12% dos entrevistados afirmaram que a vigorexia está atrelada a tal objetivo.

    Nessa perspectiva, de uma maneira global, os resultados podem ser expressos conforme abaixo:

Gráfico 2. Associação da vigorexia à prática obsessiva de exercícios físicos

    Conforme se observa acima 88% dos entrevistados desconheciam o conceito de vigorexia, enquanto apenas 12% conheciam.

    Quanto à pesquisa observacional, concluiu-se que a maior parte dos que estavam já haviam escutado sobre o termo vigorexia, através da TV, rádio, internet, em locais públicos, etc., porém não tinham o conhecimento do que era esse transtorno, nem de que poderia acarretar em outras doenças ou síndromes, muito prejudiciais aos que se lançam nessa prática obsessiva. Essa leitura pode ser constatada mediante as diversas dúvidas e questionamentos sobre o assunto, por curiosidade ou mesmo por ter tido algum caso próximo dos estudantes.

    Durante a reflexão, todos que estavam na palestra demonstraram intensa satisfação por conhecer sobre o assunto, por ser um tema vivenciado no meio em que atuam.

    Assim, os discentes tomaram contato com conhecimentos pertinentes sobre a temática abordada, gerando uma reflexão sobre tudo aquilo que foi vivenciado na prática profissional em academias e ambientes do gênero de fitness.

    A tabela a seguir destaca frases citadas pelos pesquisados, as quais merecem destaques, a fim de corroborar com tal conclusão:

Tabela 1. Frases emitidas após o evento

Conclusão

    Conclui-se que a relação dos acadêmicos junto à patologia vigorexia é de desconhecimento, muito embora a necessidade latente de compreendê-la, no âmbito de atuar didaticamente, sendo esclarecedores dos possíveis perigos para com a saúde.

    Tendo em vista esta questão, maiores informações poderiam ajudar às pessoas que tratam ou estarão próximos a tais questões, como os acadêmicos do curso de Educação Física, que, em contato com indivíduos imersos nessa situação compulsiva pela busca de um corpo perfeito e querido pela sociedade, poderiam agir como intercessores, visando à prevenção e a promoção à saúde.

    Sendo assim, a pesquisa contribuiu de forma positiva, dando, a essa parcela de atores sociais, amplitude sobre o transtorno dismórfico muscular, agregando-lhe maiores conhecimentos, para que façam bom uso de suas aulas e de sua relação com os alunos/clientes, permitindo que não figurem como agente transmissor dessa patologia, mas, sobretudo, evidenciando a saúde, a busca pela qualidade de vida.

    Os autores consideram a necessidade de maiores abordagens no sentido de sensibilizar a sociedade quanto à temática tratada, tal qual sugere que se invista em mais pesquisas nesse sentido.

Referências

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