A inclusão nas aulas de Educação Física escolar no primeiro segmento do ensino fundamental no Brasil La inclusión en las clases de Educación Física escolar en el primer nivel de la enseñanza básica en Brasil |
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*Pedagoga formada pela Faculdade de Belford Roxo (FABEL). *Professor na Faculdade de Belford Roxo (FABEL) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) (Brasil) |
Adriana Pena Moreira* Ms. Eduardo Rodrigues da Silva** |
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Resumo Para abordar com seriedade as relações entre Inclusão social e Inclusão nas aulas de Educação Física Escolar, importa primeiro distinguir o que depende a inclusão, bem como seus efeitos na escola. Sabemos que inclusão social é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade. Sendo assim, há de se fazer necessárias transformações nos ambientes físicos, bem como na mente das pessoas ditas “normais” e nas pessoas portadoras de necessidades educativas especiais. Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados, de modo que tenha em vista toda gama dessas diferentes características e necessidades. A inclusão envolve um processo de reforma. Trata-se de uma estrutura de relações entre necessidade, momento, preparo de profissionais e estrutura física. Unitermos: Inclusão. Ensino Fundamental. Educação Física Escolar.
Resumen Palabras clave: Inclusión. Educación Primaria. Educación Física.
Abstract To seriously address the relationships between social inclusion and Inclusion in Physical Education classes, it’s important that we first distinguish what depends on the inclusion, as well as its effects on the school. We know that social inclusion is a process that contributes to building a new kind of society. So one has to make necessary changes in physical environments, as well as in people's minds so-called "normal" and the people with special needs. The educational systems should be designed and implemented programs so keep in view the whole range of these different characteristics and needs. Inclusion involves a process of reform. It is a structure of relationships between need, moment, professionals skills and physical structure. Keywords: Inclusion. Basic Education. Scholl Physical Education.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
Este estudo tem por foco de investigação a inclusão e as aulas da disciplina Educação Física no primeiro segmento do Ensino Fundamental.
Utilizaremos a expressão Inclusão toda vez que nos referirmos às crianças portadoras de necessidades especiais, aos obesos, aos magrinhos, aos que usam óculos e/ou todos aqueles que, por se sentirem diferentes, sentem-se excluídos do convívio social.
Ainda hoje, em pleno século XXI, existem pessoas que não compreendem as diferenças e as deficiências que todos possuem, concebendo estigmas, preconceitos e muitas das vezes rotulando as pessoas, causando a exclusão das mesmas no meio social.
Devemos nos livrar de qualquer tipo de preconceito com as diversidades existentes em nossa sociedade. A escola, como agente transformador, é o que impulsiona a exclusão deste estereótipo, sendo assim, a mesma é incumbida a acolher os portadores de necessidades educativas especiais e enxergá-los como pessoas eficientes, trazendo benefícios não só aos especiais, mas também aos ditos “normais”.
Diante deste leque de diversidades e da importância da integração social, ocorre uma mudança na Lei nº 9394/96 que dita à inclusão das pessoas portadoras de necessidades educativas especiais nas instituições sócio educativas.
Ainda que a passos vagarosos, em nossos dias, podemos constatar que a educação no Brasil vem desenvolvendo iniciativas para inclusão dos ditos excluídos, visando na luta contra os rótulos e preconceitos entre as pessoas.
Viemos por meio de esta enfatizar que a Educação Física, sendo uma disciplina que trabalha corpo e mente, educa através da corporeidade, tem como método a integração dos ditos excluídos, sendo assim, ressalto sua importância no desenvolvimento motor, afetivo, bem como intelectual de cada ser humano.
Quando se fala incluir crianças no ensino regular, de regra a escola considera as crianças desvinculadas do contexto social, deixando-as, muitas vezes, ausentes às relações afetivas e interpessoais que se estabelecem no contato direto com outras crianças em momentos coletivos, como a recreação. Nas palavras do PCN de Educação Física (1998a), no primeiro ciclo do Ensino Fundamental, os alunos têm a necessidade de se movimentar e estão ainda se adaptando à exigência de períodos mais longos de concentração em atividades escolares. Entretanto, afora o intervalo, a aula de Educação Física é, muitas vezes, a única situação em que têm essa oportunidade. Em função da transição em que se processam entre brincadeiras do caráter simbólico e individual para as brincadeiras sociais regradas, os jogos e as brincadeiras privilegiados serão aqueles cujas regras forem as mais simples. Um compromisso com as regras inclui a aprendizagem de movimentos.
Segundo o Ministério da Educação e do Desporto (1994) as vantagens de um atendimento integrado são:
(a) pela convivência com alunos de sua faixa etária, considerados normais, em ambientes comuns, as crianças portadoras de deficiências têm mais condições de desenvolver suas capacidades, e de desfrutar um convívio social mais rico e abrangente, sem tantos rótulos e estigmas;
(b) a integração na escola regular, ademais, não é benéfica apenas para as crianças portadoras de deficiência. Ela pode ser percebida como uma “via de mão dupla”, pois as crianças consideradas normais, ao conviver em condições de igualdade com aquelas que apresentam déficits em alguma área, também serão beneficiadas. Aprendem que o mundo não é um lugar onde todos são iguais, que tais pessoas, mesmo “diferentes”, merecem respeito, amizade e afeto. Aprendem também que existem muitas formas de ajudá-las em suas necessidades, inclusive educacionais. Crescem, enfim, com uma visão menos preconceituosa dos indivíduos portadores de deficiência, deixando de lado barreiras psicológicas que só conduzem a sua estigmatização e segregação.
A Educação Inclusiva, como o próprio nome diz, é uma educação que inclui todos os alunos na escola regular, pois perante a Lei somos todos iguais, para tanto, deve ser desenvolvido um trabalho pedagógico que sirva a todos os alunos, indiscriminadamente.
A Educação Física Inclusiva resulta do convívio social de todos os alunos, independente do seu talento, deficiência, origem sócio-econômica, étnica ou cultural, cujo objetivo é trabalhar corpo e movimento, sendo consideradas todas as características dos educandos em todas as suas dimensões, tais como: cognitivas, corporal, ética, afetivo, etc., ou seja, olhar o aluno como parte de um todo, pois quando o mesmo vem para a escola trás consigo uma bagagem do seu “mundo”.
Para conhecer a realidade e iniciar o estudo, dirigi-me às produções acadêmicas sobre o tema Inclusão e Inclusão na Educação Física, a fim de constatar que a Educação Física trás grandes avanços no ensino-aprendizagem como na convivência social, isto porque a mesma agrega os alunos em um mesmo grupo, fazendo que estes se tornem mais participativos com um olhar mais amplo no que tange as diferenças entre os mesmos, favorecendo a construção de valores éticos e morais.
Um novo olhar, então, sobre as observações nas referencias de diferentes autores, pudemos observar que todos ressaltam a importância das aulas de Educação Física Inclusiva e que esta desenvolve a autonomia, a cooperação, a participação social, bem como a afirmação de valores e princípios democráticos e que as aulas de Educação Física pode auxiliar na construção de uma atitude digna e de respeito próprio por parte do incluído e a convivência com ele pode possibilitar a construção de atitudes de solidariedade e de respeito, de aceitação, sem preconceitos.
Novamente então enfatizamos que este estudo, com foco na Inclusão e a Inclusão nas aulas de Educação Física tem deseja informar que incluir é necessário para que se cumpram os direitos de igualdade do cidadão, democraticamente, dentro da sociedade inserida e finalidade de resgatar uma Educação voltada a todos, pois esta é um direito social fundante da cidadania brasileira.
Freire (1992) enfatiza que o fundamental é que todas as situações de ensino sejam interessantes para a criança, e que:
“corpo e mente devem ser entendidos como componentes que integram um único organismo, ambos devem ter assentos na escola, não um (a mente) para aprender e o outro (o corpo) para transportar, mas ambos para emancipar” (p.13).
Esta citação destaca à importância da Inclusão nas aulas de Educação Física, pois conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, o processo de ensino e aprendizagem não se restringe ao simples exercício de certas habilidades e destrezas, mas sim de capacitar o indivíduo a refletir suas possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa e adequada.
Incluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar contra a exclusão, transpor barreiras que a sociedade criou para as pessoas. É oferecer o desenvolvimento da autonomia, por meio da elaboração de pensamentos e formulação de juízo de valor, de modo a poder decidir sobre si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida (SANTOS et al, 2002).
O problema
Diante da busca profissional pela Inclusão podemos constatar que a mesma não é um processo rápido, automático, é sim um desafio a ser enfrentado devido a vários fatores, entre eles, a falta de profissionais habilitados e de estruturas físicas adequadas aos alunos portadores de deficiências físicas.
De acordo com Darido et al (2001),
mesmo quando alertados para tal fato, muitos professores, em virtude do enraizamento (tradição) de determinadas atividades excludentes, possuem dificuldades em refletir e modificar tais atividades (p. 20).
É preciso ter profissionais no primeiro ciclo do Ensino Fundamental formados na área de Educação Física, para que os mesmos saibam lidar com as deficiências do educando, envolvendo-o no grupo, para que ele ganhe independência e seja participativo dentro do contexto escolar.
Segundo Soler (2005), o professor de Educação Física deve passar por todo esse processo de transformação, para que possa incorporar o devido tema a sua prática pedagógica, para que suas aulas, que já trata de tantas diferenças, passe a respeitar esta necessidade especial. E, sobretudo, assumindo a questão da sociedade inclusiva como sua.
Para resolução de tais problemas, de acordo com o Ministério da Educação e do Desporto, o diretor entra em contato com a respectiva Secretaria de Educação (estadual ou municipal), onde a mesma secretaria tem de fazer um estudo do caso e verifica se pode remanejar a criança para uma escola próxima que já esteja capacitada a acolher os deficientes. Caso não seja possível, ela envia uma solicitação ao Ministério para providenciar um curso de capacitação (KRUG, 2002).
Em face disso, a acessibilidade – direito e condição de acesso aos lugares, às pessoas e às atividades humanas, de todos os cidadãos – deve ser promovida pelas instâncias e políticas públicas a fim de propiciar a inclusão de todas as pessoas, deficientes ou não. A criação das condições reais de acesso à escola é fundamental para que se possa conceber um ambiente inclusivo (SOLER, 2005).
Objetivo do estudo
Destacar a Educação Física Inclusiva enquanto área de atuação junto ao ser humano devendo ser flexível a ponto de atender a todos no Ensino Fundamental no 1º segmento.
Relevância do estudo
A relevância do estudo se deve ao fato de que o mesmo se propõe a desenvolver o pensamento crítico e reflexivo quanto à Educação e a Educação Física nos dias atuais. Sabendo que incluir faz parte do contexto social. Sendo assim, precisamos estar atentos às Leis e ter plena consciência de que a sociedade é parte de um todo e que todos somos cidadãos com direitos e deveres, necessidades e desejos.
Estratégias metodológicas
Este estudo se desenvolveu a partir de uma investigação na literatura, onde se buscou como palavras chaves - Inclusão, Inclusão na Educação Física e Primeiro Segmento do Ensino Fundamental. Com essas abordagens qualitativas seus aspectos foram relacionados aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's) onde estavam sendo relacionadas ao tema central do estudo a inclusão nas aulas de Educação Física nas séries iniciais.
Uma rede de sentidos é atribuída a INCLUSÃO e às suas ações, por imagens produzidas, pela necessidade de acontecer interação nas relações ao longo de sua trajetória antropológica. Trata-se de uma estrutura de relações entre necessidade, momento, preparo de profissionais e estrutura física, a fim de constatar ou não que a Educação Física nessa fase do aprendizado traz avanços no ensino-aprendizagem como na convivência social, agregando ou não os alunos em um mesmo grupo, tornando-os mais participativos, com amplitude no olhar que tange as diferenças entre os mesmos, favorecendo a construção de valores éticos e morais conhecendo o corpo.
Para tomar conhecimento desse tema tão preciso e debatido, nos aproximar do ambiente e das relações que se constituem entre a Inclusão e a Educação Física, foi utilizada uma revisão de literatura fundamentada nas Leis específicas sobre o tema Inclusão e alguns relatos de experiências já tabulados com seus resultados e experiência.
Considerando as singularidades daqueles envolvidos no objeto de estudo, as estratégias foram orientadas pelos tópicos:
Mapear textos disponíveis na literatura sobre o tema;
Construir um histórico da inclusão no ensino regular do 1º segmento do ensino fundamental;
Construir um embasamento da Inclusão na Educação Física;
Analisar e interpretar as informações coletadas dentro da ligação dos temas centrais.
Análise e interpretação dos dados considerados no estudo
Os dados revisados na literatura foram relatados a partir das experiências e considerações feitas por seus organizadores, citados, interpretados e correlacionados para propor assim intervenções sobre o tema tratado.
Considerações
Esse estudo mostra a importância da Educação Física do 1º segmento do Ensino Fundamental no processo de Inclusão, pois ainda existe uma discussão muito grande de quem deve assumir esse papel na escola, o pedagogo com seu conhecimento multidisciplinar ou o profissional específico, o professor de educação física, isto porque a mesma trabalha corpo e movimento, integrando as crianças através das brincadeiras e jogos, criando solidariedade e respeito entre as mesmas, mas que não nos coube aprofundar essa questão política e sim verificar a importância de acontecer o desenvolvimento desse conteúdo nessa fase do ensino aprendizagem.
Para Vigotsky apud Bock e Furtado (2002), a aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas. A relação do indivíduo com o mundo está mediada pelo outro. Não há como aprender e aprender o mundo se não tivermos o outro, aquele que nos fornece os significados que permitem pensar o mundo a nossa volta [...]. O desenvolvimento não é pensado como algo natural nem mesmo produto exclusivo da maturação do organismo, mas como um processo em que está presentes a maturação do organismo, o contato com a cultura produzida pela humanidade e as relações sociais que permitem a aprendizagem.
A Educação Física é julgada uma área importante de inclusão, dado que permite uma ampla participação, mesmo de alunos que evidenciem dificuldades. Mesmo tendo-se consciência das diferentes aptidões específicas de cada um, entende-se que a Educação Física é capaz de suscitar uma participação e um grau de satisfação elevado de alunos com níveis de desempenho muito diferentes, ou seja, um alto poder de inclusão (RODRIGUES, 2003).
Assim pudemos ver, pelos dados qualitativos apresentados, que elas ao brincarem, realizam atividades intelectuais sofisticadas, que estimulam a imaginação e o exercício das operações mentais, facilitando o processo ensino- aprendizagem. E que a Educação Física é benéfica, tanto para os alunos portadores de deficiência quanto aos ditos normais, pois desse modo, as crianças desde cedo aprendem a respeitar e ajudar o próximo e compreendem que o ser “normal” é ser diferente, para tanto se faz necessário que o professor, pedagogo ou de educação física, assuma seu papel de educador.
Referencias
BOCK, Ana Maria Mercês e FURTADO, Odair. Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002, cap.8, p.124.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC / SEF, 1998.
BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília. MEC, 1996.
DARIDO, S.C. et al. A Educação Física, a formação do cidadão e os parâmetros curriculares nacionais. Rev. Paul. Educação Física, São Paulo, 15 (1): 17- 32, jan / jun. 2001.
FREIRE, J.B.S. (1992). Educação Física de corpo inteiro. Teoria e prática da Educação Física. Campinas: Scipione.
KRUG, Hugo Norberto. A Inclusão de pessoas portadoras de necessidades educativas especiais na Ed. Física Escolar. Rev. do Centro de Educação. Cadernos: Ed. 2002 – n.19.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Política nacional de Educação Especial. Brasília, Livro 1, 1994.
RODRIGUES, David. A Educação Física perante a educação, inclusiva: Reflexões conceptuais e metodológicas. Maringá, vol. 14, n.1, p. 67-73, 1 sem. 2003.
SOLER, Reinaldo. Educação Física Inclusiva na Escola: em busca de uma escola plural. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.
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