Correlação existente entre teste
de milha Correlación entre la prueba de la milla en pista y en cinta ergométrica |
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* Mestre em Promoção da Saúde - UNISC**Mestre em Ciência do Movimento Humano - UFSM ***Acadêmica de Educação Física – UNISC ****Graduada em Educação Física – UNISC *****Doutora, docente da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC (Brasil) |
Rodrigo Muradás* Miriam Reckziegel** Rita de Cássia Damé de Freitas*** Cristina Quoos**** Miria Suzana Burgos***** |
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Resumo A aptidão física e a atividade física são associadas à saúde e à qualidade de vida dos indivíduos em todas as idades, principalmente na meia idade e na velhice. Um indivíduo precisa desenvolver o músculo cardíaco e os demais componentes do sistema cardiorrespiratório se desejar manter ou melhorar a sua saúde e a aptidão física. Uma maneira de quantificar a capacidade cardiorrespiratória dos indivíduos é o VO2 máximo, que significa o consumo máximo de oxigênio que o corpo utiliza durante um exercício mais extenuante. Para medida direta do VO2 máximo utiliza-se ergoespirometria, onde se analisa a potência de trabalho e às medidas das variáveis ventilatórias e de concentrações gasosas de O2 e CO2. Quando procuramos melhores condições de qualidade de vida, devemos enfatizar o trabalho submáximo, prescrevendo intensidades de esforço menos agressivas e mais agradáveis durante as sessões de treinamento. Devido ao alto valor de mercado dos testes de ergoespirometria, investigamos o seguinte problema: O teste de caminhada da milha, realizado na pista, apresenta correlação com o teste realizado na esteira ergométrica? Objetivo geral: comparar os resultados do teste da milha realizado na pista com o teste da milha realizado em uma esteira, e testando a correlação dos resultados em ambos os testes. Concluímos que os resultados obtidos indicam que o teste de 1600 metros realizado na esteira ergométrica, com protocolo similar ao Teste da Milha realizado na pista, e já validado para a avaliação cardiorrespiratória, apresenta resultados similares, podendo-se indicar a sua utilização. A correlação entre os resultados médios apresentados pelos sujeitos indicam que este protocolo pode vir a ser utilizado, entretanto sugerem-se novos estudos, com um maior número de sujeitos e com outras variáveis controladas, como índices de condicionamento cardiovascular. Unitermos: Test de milha. Pista. Esteira ergométrica.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução, justificativa, definição do problema e objetivos
A aptidão física e a atividade física são associadas à saúde e à qualidade de vida dos indivíduos em todas as idades, principalmente na meia idade e na velhice. A aptidão física pode ser definida como a capacidade de realizar as atividades físicas. Entre os componentes da aptidão física, está a aptidão cardiorrespiratória. Cabe ao sistema cardiorrespiratório fornecer os elementos vitais ao organismo como o oxigênio, por exemplo (NAHAS, 2001). Para que a fadiga não apareça prematuramente, quando realizamos um trabalho muscular, é fundamental que pulmões, coração, artérias e capilares funcionem com eficiência, e transportem o oxigênio e nutrientes até os músculos que estão trabalhando. A aptidão cardiorrespiratória demonstra essa eficiência, sendo um fator fundamental, em atividades vigorosas, moderadas ou então no lazer e atividades do dia a dia. Um indivíduo precisa desenvolver o músculo cardíaco e os demais componentes do sistema cardiorrespiratório se desejar manter ou melhorar a sua saúde e a aptidão física (NAHAS, 2001). Uma maneira de quantificar a capacidade cardiorrespiratória dos indivíduos é o VO2 máximo, que significa o consumo máximo de oxigênio que o corpo utiliza durante um exercício mais extenuante (POLLOCK e WILMORE, 1993). A partir do momento que a intensidade do exercício aumentar além do ponto em que atinge o VO2 máximo, o consumo de oxigênio estabiliza ou diminui um pouco (WILMORE e COSTILL, 2001). Para medida direta do VO2 máximo utiliza-se ergoespirometria, onde se analisa a potência de trabalho e às medidas das variáveis ventilatórias e de concentrações gasosas de O2 e CO2. Quando procuramos melhores condições de qualidade de vida, devemos enfatizar o trabalho submáximo, prescrevendo intensidades de esforço menos agressivas e mais agradáveis durante as sessões de treinamento (KISS, 2003). Como o teste de esforço máximo não é um método de avaliação da capacidade cardiorrespiratória exequível para a grande maioria dos profissionais de saúde/aptidão, foram desenvolvidos testes de esforço submáximo. O objetivo básico do teste de esforço submáximo é determinar a relação entre a resposta da freqüência cardíaca de um indivíduo e seu VO2 durante exercício progressivo e usá-la para prever o VO2 máx (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2000, p.59).
Entre os principias ergômetros utilizados para os testes estão o Banco, a Bicicleta ergométrica e a esteira ergométrica. A esteira rolante é o ergômetro preferido pelos profissionais da ergometria. Sua maior desvantagem é o alto custo, pois deve ser de qualidade, apresentar barras laterais e frontais para a segurança do paciente, suportar pacientes com até 150 Kg, sendo a variação de velocidade do zero até 16 Km/h, e elevação do zero até cerca de 25%, sua calibração deve ser feita regularmente (HESPANHA, 2004).
Para determinação do VO2, também foi desenvolvido pelo Dr. Rippe e colaboradores em 1988, com patrocínio do Instituto de Caminhada Rockport nos Estados Unidos, um teste onde as pessoas tem de caminhar 1.609 metros (uma milha) em uma pista. Ao finalizar a caminhada o avaliador precisa anotar o tempo que a pessoa levou para percorrer este percurso, e a freqüência cardíaca. A aplicação deste teste é ideal para adultos sedentários (NAHAS, 2001).
A necessidade de avaliar a capacidade cardiorrespiratória dos clientes de uma academia de ginástica de forma acessível, para o proprietário e o cliente, sem que seja necessário se deslocar da academia para outro local, para a realização do teste, pois a obtenção de ergômetros especiais para este tipo de trabalho se torna difícil, devido ao alto valor de mercado, nessa direção, investigamos o seguinte problema: O teste de caminhada da milha, realizado na pista, apresenta correlação com o teste realizado na esteira ergométrica?
São objetivos do estudo:
Objetivo geral: comparar os resultados do teste da milha realizado na pista com o teste da milha realizado em uma esteira, e testando a correlação dos resultados em ambos os testes.
Objetivos específicos
avaliar as características funcionais cardiorrespiratórias dos sujeitos do estudo em ambas as situações de teste;
avaliar se a condição apresentada pelos sujeitos demonstra correlação nos dois testes realizados;
categorizar e diferenciar a avaliação da aptidão cardiorrespiratória nos sujeitos da pesquisa;
identificar o perfil de atividade física dos sujeitos avaliados;
descrever a variação da média obtida através dos valores da Escala de Borg para os sujeitos durante os testes;
Método de investigação
Caracterização dos sujeitos da pesquisa
Constituem-se sujeitos desta pesquisa, um total de 30 indivíduos, adultos, 15 do sexo masculino e 15 do sexo feminino, com escolaridade que varia entre ensino fundamental incompleto a superior completo, com idade entre 18 a 57 anos, do Município de Santa Cruz do Sul.
Abordagem metodológica
O presente estudo é do tipo correlacional intra-classe. Segundo Gaya (1996), os estudos correlacionais são caracterizados por investigações que associam as relações entre as variáveis, mostrando, de forma numérica, o sentido e o grau em que elas variam em conjunto. O procedimento utilizado nesta pesquisa se caracteriza por validade concorrente, “a validade concorrente é usualmente empregada quando os pesquisadores desejam substituir um critério que é difícil de medir por um teste mais curto e mais facilmente administrado” (THOMAS e NELSON, 2002).
Procedimentos metodológicos
O estudo foi desenvolvido através das seguintes etapas:
1ª Etapa: Escolha e contato com os indivíduos participantes. Em segundo momento, programado anteriormente, foi feito o levantamento das atividades praticadas pelos sujeitos na semana anterior aos testes;
2ª Etapa: Aplicação do Questionário Internacional de Atividade Física - Versão Curta (IPAQ), e pesagem dos sujeitos;
3ª Etapa: Realização do primeiro teste de milha, que pode ser realizado em pista ou na esteira, independente da ordem de realização;
4ª Etapa: Realização do segundo teste de milha, como não houve ordem correta de realização dos testes, este foi diferente do realizado anteriormente;
Obs: Durante a realização dos dois testes foram coletadas respostas referentes a como os sujeitos se sentiam em relação ao teste, com a Escala de Borg;
5ª Etapa: Organização, análise, comparação e discussão dos dados coletados;
Técnicas e instrumentos de coleta de dados
Para obtenção do perfil das atividades físicas que fazem parte do dia a dia os sujeitos desta pesquisa, foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física - Versão Curta (IPAQ) e o Protocolo de Pontuação e para a pesagem dos sujeitos foi utilizada uma balança da marca Tanita, The Ultimate Scale Model (2001).
Foram aplicados posteriormente o teste de Caminhada da Milha (RIPP E COLABORADORES, 1988, apud NAHAS 2003) na esteira ergométrica da marca Moviment, modelo LX 160, ou na pista, sem ordem de realização, com pelo menos, um dia de repouso entre um e outro. Durante a realização dos testes foi utilizada a Escala de Esforço Percebido de BORG um monitor de frequência cardíaca da marca Polar, Fitness FS 1, e um cronômetro da Technos.
Protocolo de Ripp e Colaboradores (1988) foi utilizado neste estudo bem como o protocolo adaptado para a esteira ergométrica.
Apresentação, análise e discussão dos resultados
São apresentados a seguir, os resultados referentes aos testes cardiovasculares, ou seja, o teste em esteira e o teste em pista, que foram realizados por adultos entre 18 e 55 anos.
Gráfico 1. Resultados do questionário IPAQ
De acordo com o questionário de índice de atividade física, IPAQ-versão curta, aplicado antes dos testes, 70 % dos sujeitos foram classificados como altamente e suficientemente ativos, sendo o restante classificado como insuficiente ativos, como pode ser observado no gráfico 1.
Com relação ao nível de aptidão física, tendo como base o teste de milha realizado na pista, apenas 6,7% dos sujeitos apresentaram como classificação do VO2max, baixa aptidão, sendo 66,6% classificados na faixa recomendável e de condição atlética (Gráfico 2). Esses índices de aptidão cardiorrespiratória indicam associação com o nível de prática de atividade física avaliada pelo IPAQ.
Gráfico 2. Classificação do nível de aptidão cardiorrespiratória dos Sujeitos
A potência aeróbica estimada, representada por meio de valores de VO2 máximo obtidos a partir dos resultados dos testes da milha na esteira e na pista são apresentados na tabela 1. Utilizou-se o Teste t de Student para comparar os escores médios, apresentando diferenças estatisticamente significantes entre os valores nos referidos testes de VO2 máximo (P <0,01), com valores mais elevados no teste da pista em 10,6%, o que pode ser justificado pela inexperiência de alguns sujeitos na prática da caminhada em esteira ergométrica.
Tabela 1. Descrição dos valores médios de VO2máx e desvios padrão dos sujeitos da pesquisa submetidos aos testes de esteira e de pista
Durante a realização de ambos os testes os sujeitos foram questionados sobre a Escala de Borg, e o valor médio respondido por eles foi de 9,32 (desvio padrão 1,47) no teste de esteira; já no teste de pista, o valor médio foi de 9,23 (desvio padrão 1,46), indicando que em média os dois testes se apresentaram com igual intensidade para os sujeitos (P = 0,762), como pode ser visto na tabela 2.
Tabela 2. Resultados da Escala de Borg em ambos os testes
Os resultados similares encontrados com relação à sensação subjetiva de esforço, obtidos através da Escala de Borg, confirmam que em ambos os testes os sujeitos relataram intensidades semelhantes, destacando a necessidade de adaptação preliminar dos ergômetros na realização de um teste de esforço.
A magnitude das associações entre os valores de VO2 máximo estimado pelo teste de milha na esteira e na pista são apresentados na tabela 3. Com o propósito de correlacionar o desempenho dos sujeitos em ambos os testes realizados, utilizou-se a Correlação de Pearson, para associar as variáveis testadas. A análise desta correlação identificou uma forte relação (r= 0,802) entre valores de VO2 máximo estimados pelos dois testes analisados (P < 0,01).
Tabela 3. Índice de Correlação entre os testes realizados
Utilizando a classificação de Tritschler (2003), tabela 1 (anteriormente citada), que analisa a validade concorrente, encontramos para este resultado a classificação de validade muito boa, o que indica que os sujeitos que obtiveram uma determinada classificação no teste realizado na pista também a obtiveram no teste da esteira.
Os resultados indicam que a potência aeróbica possa ser estimada pelo teste da milha realizado na esteira. Embora os métodos diretos sem dúvida alguma sejam mais fidedignos ainda existem algumas dificuldades em utilizá-los, sobretudo pelo alto custo operacional, dificuldade de aplicação em larga escala, necessidade de equipamentos sofisticados e exigência de avaliadores qualificados (CYRINO et al., 2005). Dificuldades essas que passam a ser superadas com testes a serem utilizados em situações de campo. Desse modo, a utilização de métodos indiretos para estimativa de VO2máximo tem-se mostrado como uma alternativa bastante atraente para a avaliação da potência aeróbica. Principalmente, por meio de testes de campo, apesar das limitações, que tem sido extensamente discutidas pela literatura.
Nesse sentido, o uso de testes de campo para predição de VO2 máximo tem sido estimulado, sobretudo, pelos achados de alguns estudos que tem demonstrado a existência de boas correlações entre testes de campo (indiretos) e testes de laboratório (diretos) (COOPER, 1968; GRANT et al., 1999; GRANT et al., 1995; LÉGER; GADOURY, apud CYRINO 2005), corroborando a importância desta pesquisa.
Conclusão
Concluímos que os resultados obtidos indicam que o teste de 1600 metros realizado na esteira ergométrica, com protocolo similar ao Teste da Milha realizado na pista, e já validado para a avaliação cardiorrespiratória, apresenta resultados similares, podendo-se indicar a sua utilização. Contudo é importante ressaltar que os sujeitos que não se apresentavam adaptados à esteira obtiveram maiores disparidades entre os resultados apresentados na esteira e na pista, nesse sentido, sugere-se uma prévia adaptação das pessoas à esteira, para posterior realização do teste.
Nesse sentido, esse estudo se mostrou muito importante quando buscamos métodos facilitados de avaliação cardiorrespiratória, tanto para pessoas que iniciam uma atividade física e/ou aquelas que procuram informações sobre a sua saúde. A correlação entre os resultados médios apresentados pelos sujeitos indicam que este protocolo pode vir a ser utilizado, entretanto sugerem-se novos estudos, com um maior número de sujeitos e com outras variáveis controladas, como índices de condicionamento cardiovascular.
Apesar de esses achados serem aparentemente interessantes, a impossibilidade de utilização de um método padrão-ouro para a avaliação do VO2 máx não permitiu uma análise mais consistente respeito dos valores encontrados nesta investigação. Dessa forma, as análises se limitaram apenas às informações produzidas a partir da execução dos dois testes.
Referências
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Manual de Pesquisa: das Diretrizes do ACSM para os testes de Esforço e sua Prescrição. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Teste de Esforço e Prescrição de Exercício. 5. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.
CYRINO, Edilson Serpeloni et al. Comparação Entre a Potência Aeróbia Estimada por Dois Testes de Campo. IN: Revista da Educação Física/UEM. Maringá, V.16, n.2.p. 171-177, sem.2005
GAYA, Adroaldo. As ciências do desporto: Introdução. Porto Alegre: UFRGS, 1996.
HESPANHA, Raimundo. Ergometria: Bases fisiológicas e metodologia para a prescrição do exercício. Rio de Janeiro: Rubio, 2004.
KISS, Maria Augusta Peduti Da'Molin Kiss. Esporte e Exercício: Avaliação e Prescrição. 1. ed. São Paulo: Roca, 2003.
NAHAS, Markus V. Atividade Física, Saúde e Qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 1. ed. Londrina: Midiograf, 2001.
NAHAS, Markus V. Atividade Física, Saúde e Qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2003.
POLLOCK, Michael L.; WILMORE, Jack H. Exercícios na Saúde e na Doença: Avaliação e Prescrição para Prevenção e Reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1993.
THOMAS, Jerry R.; NELSON, Jack K. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
TRITSCHLER, Kathleen A. Medidas e Avaliação em Educação Física e Esportes. 5. ed. Barueri: Manole, 2003.
WILMORE, Jack H.; COSTILL, David L. Fisiologia: Do esporte e do exercício. 1. ed. Barueri: Manole, 2001.
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