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O judô dentro da prática escolar

El judo dentro de la práctica escolar

 

*Graduado em Educação Física, Pós graduado em Treinamento Desportivo

Especialista em Atividades Físicas para Grupos Especiais

**Belo Horizonte, Minas Gerais

(Brasil)

Rogério Loreto Quintão*

rogeriolquint@gmail.com

Renata Leite Novacoski**

renatanovacoski@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo aborda o judô como conteúdo da Educação Física escolar e ressalta sua importância e contribuições no processo de ensino aprendizagem. A Educação física devendo propiciar aos alunos conhecimento e vivencias que vão das experiências motoras até situações que possibilitem a construção moral, intelectual, ética e social dos alunos. O judô sendo um esporte criado por um professor, conhecedor do processo educacional e comprometido com a formação das pessoas, vem nos trazer e proporcionar condições de alcançar esse objetivo, pois possui aspectos importantes que abrangem dimensões procedimentais, conceituais, sociais e atitudinais.

          Unitermos: Judô. Educação Física escolar. Conteúdo.

 

Abstract

          The present study addresses the content of judo as a physical education and emphasizes their importance and contributions in teaching and learning process. The physical education should provide students with knowledge and experiences ranging from motor experiences to situations that allow the building moral, intellectual, ethical and social development of pupils. Judo is a sport created by a teacher, knowledgeable of the educational process and committed to training people, came to bring us and provide conditions to achieve this goal, as it has dimensions that cover important aspects of procedural, conceptual, social and attitudinal.

          Unitermos: Judo. School Physical Education. Content.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No Brasil o judô é um dos esportes de lutas mais praticados (ARTIOLI, FRANCHINI e JUNIOR 2006). O judô é uma modalidade esportiva amplamente praticada no Brasil, de característica intermitente, derivado do antigo Ju-jutsu, criado pelo mestre Jigoro Kano. O atleta de judô é caracterizado quanto ao consumo máximo de oxigênio, à força, à resistência muscular localizada, à flexibilidade e tipo de fibra muscular (PREUX e GUERRA 2006). Com o equilíbrio corporal alcançado o indivíduo atinge o equilíbrio mental.

    De acordo com os dados de Choma et al 1998, a redução rápida de peso prejudica a memória de curta duração e propicia um estado mental mais negativo quando são comparados com jovens da mesma idade que não praticam perda de peso (ARTIOLI, FRANCHINI e JUNIOR 2006). Isso nos levou a pensar no estado mental de indivíduos sedentários que pela sua situação se vêem ou num estado de nutrição debilitado ou se encontram obesos ou próximos da obesidade, o que leva a uma dificuldade de concentração e atrapalha o desenvolvimento cognitivo.

    Criado com a intenção de ampliar e aprofundar um debate educacional que envolva escolas, pais, governos e sociedade e dê origem a uma transformação positiva no sistema educativo brasileiro, os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem que, as lutas estejam contempladas no currículo escolar a fim de discipliná-los e contribuir para sua formação pessoal. Propõem também que os conteúdos atitudinais se façam presentes nas aulas, pois eles apresentam-se como objetos de ensino e aprendizagem, e apontam para a necessidade de o aluno vivenciá-los de modo concreto no cotidiano, buscando minimizar a construção de valores e atitudes por meio do currículo oculto (BRASIL, 1998, p.5, p.19, p.70).

    O processo motivacional é uma função dinamizadora da aprendizagem. Os motivos canalizam as informações percebidas na direção do comportamento. Para Nietzche, todo conhecimento nada mais representa do que a realização de uma vontade, que se revela como uma aspiração potencial. A aprendizagem esta ligada a um processo de mudança. Assim podem ser incluídos no campo de aprendizagem não apenas conhecimentos e habilidades, mas também preferências, preconceitos e relações afetivas (TRESCA & DE ROSE 2000) e como o aprendizado depende de motivação isso nos leva a acreditar que praticantes de atividades físicas e atletas têm um desempenho educacional melhor do que sedentários por terem uma motivação maior, desenvolverem mais suas habilidades suas preferências e terem mais relações afetivas, que são naturais em ambientes de praticas esportivas.

    De acordo com TRESCA & DE ROSE 2000 qualitativamente indivíduos que praticam alguma atividade física tem um aprendizado mais rico por aspectos que permitem maiores oportunidades para a manutenção da motivação e um campo propício para aprendizagens mais significativas, que contribuem na estrutura psicológica do educando.

    Laserre (1969) entende que o judô é um esporte que pode ser considerado como uma arte e uma filosofia, e que sua prática exercita e estimula as faculdades físicas e mentais.

    Para Derbabiux e Blaya (2002), os principais fatores psicológicos que levam a prever o mau comportamento são: a hiperatividade, a impulsividade, o controle comportamental e problemas de atenção.

    Pode-se dizer que o judô é um esporte que pode ser considerado um dos mais completos, pois filosoficamente seus princípios e sua disciplina complementam o trabalho, que permite um desenvolvimento global do indivíduo (CRUZ e MARCON).

Breve histórico do judô

    O Judô é uma arte marcial com raízes nipônicas criada em 1882 pelo professor Jigoro Kano. Homem de baixa estatura, franzino e pouco avantajado fisicamente, começou a praticar o ju-jitsu aos 18 anos pelo propósito de não ser dominado por sua fraqueza física. Desenvolveu um estilo de luta a partir do Ju-Jitsu, eliminando os golpes mais lesivos como socos e pontapés (SHIOZAWA, 1999). Graduado em filosofia pela Universidade Imperial de Tóquio, observou que suas técnicas poderiam ter valor educativo na preparação dos jovens, oferecendo a eles a oportunidade de aprimoramento do seu autodomínio para superar a própria limitação (Virgílio 2000). Jigoro Kano tentava dar maior expressão à lenda de origem do estilo Yoshin-Ryu (Escola do Coração de Salgueiro), esta se baseava no princípio de “ceder para vencer”, utilizando a não resistência para controlar, desequilibrar e vencer o adversário com o mínimo de esforço.

    Diz a lenda que durante uma caminhada nos bosques nevados do Japão, o mestre parou para observar um salgueiro que era atingido pela neve. Percebeu que enquanto os galhos mais grossos acumulavam a neve e depois de um tempo se quebravam, os galhos mais finos e flexíveis simplesmente se dobravam e deixavam a neve escorrer, mantendo-se intactos.

    Felizmente o Judô foi criado por Jigoro Kano, que foi muito ligado à Educação no Japão. Dentre seus feitos, incluiu a própria Educação Física na grade curricular das escolas quando foi secretário de Educação (Virgílio, 1986).

    Ele aprofundou seus conhecimentos tomando como base a força e a racionalidade. Além disso, criou novas técnicas para o treinamento de esportes competitivos, mas também pelo cultivo do caráter.

    A palavra Judô é composta por dois ideogramas japoneses, sendo que, “JU” significa agilidade, não resistência, suavidade e “DÔ” significa via, caminho, ou seja, a palavra Judô pode ser traduzida em Caminho Suave. Para Peruca (1996), Judô pode ser traduzido com a frase “Gentileza é mais importante que obstinação”.

    Essa busca pelo "Caminho Suave", do Judô, caracteriza um processo progressivo e contínuo mas não uniforme, individualizado mas com um condicionante social, específico mas com influência geral no desenvolvimento do ser humano e de suas atividades cotidianas. (CARVALHO 1995)

Judô no ambiente escolar

    De acordo com Pina (2005) a dimensão conceitual no Judô pode ser trabalhada juntamente com os alunos no aprofundamento do conhecimento das bases teóricas em que se apóia a prática e a importância dos exercícios que devem ser executados antes dos combates para se evitar lesões e acidentes, a dimensão atitudinal pode abranger instruções acerca da eliminação de estereótipos sociais, disposições favoráveis a auto-estima e auto-valorização, conscientização do Judô como prática desportiva com grandes virtudes formadoras e a dimensão procedimental engloba a aprendizagem dos exercícios da luta em geral e execuções corretas dos mesmos.

    O Mestre Jigoro Kano com seus princípios da formação educacional dos alunos, demonstrou que com um trato pedagógico bem assimilado, pode dar até mesmo a uma luta, o caráter educativo, com finalidades e objetivos pertinentes ao processo de formação (QUEIROZ, et al).

    Esta modalidade tem como meta principal, a procura de um equilíbrio entre o corpo e a mente em situação de combate. Desta maneira valorizam-se o respeito pelo ser humano, o raciocínio e a coordenação motora. É uma modalidade completa, onde todo o corpo trabalha formando um equilíbrio muscular. As atividades aplicadas devem ser alegres, divertidas, onde as crianças sintam prazer em praticá-las, o Judô nesta fase deve ser trabalhado de forma lúdica, sem cobrança de desempenho ou resultados. O importante é o contato inicial com a modalidade. Os equipamentos, vestuários e recursos indispensáveis à prática do Judô competitivo, podem ser adaptados para as aulas na escola. O tatame (piso para o Judô), e o judogui (vestimenta específica) podem ser substituídos por outros materiais que amorteçam as quedas e roupas comuns sem que se perca o objetivo do ensino nas aulas.

Considerações finais

    A prática de artes marciais nas escolas sofre resistência por parte dos professores regentes e coordenação pedagógica por motivos relacionados à “mítica” criada em torno do esporte, violência, mau comportamento e complexidade, a falta de material adequado e o alto preço desses materiais também dificultam o trabalho desses esportes pelos professores de Educação Física, e os professores de Educação Física não possuírem formação adequada nem conhecimento de esportes de lutas e o desconhecimento por parte dos profissionais da Educação além do não conhecimento dos benefícios físicos e cognitivos são as principais causas que levam os estabelecimentos de ensino a não incluírem os esportes de lutas em seus planos de ensino da Educação Física.

    Os conteúdos propostos para a Educação Física devem proporcionar aos alunos reflexão e discussão acerca da prática corporal numa perspectiva transformadora e crítica da realidade. Os professores devem trabalhar com conteúdos que abordem dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais, pois na escola não se ensina apenas conceito e fato, mas também habilidades, técnicas, atitudes, normas e valores.

    Na prática pedagógica da Educação Física escolar, devemos analisar e propor uma série de conteúdos que condizem com os objetivos da disciplina. Ao citar e propor o Judô e a sua aplicação na escola, entendemos que este pode contribuir com o processo de ensino-aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento físico e mental da criança, auxiliando em seu desenvolvimento intelectual e no desenvolvimento escolar.

Referencias bibliográficas

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