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Iniciação esportiva através do futebol, 

como acontece o desenvolvimento das aulas

La iniciación deportiva a través del fútbol, como se da el desarrollo de las clases

 

*Mestre em Ciências da Saúde UFG

Professora da UEG-ESEFFEGO e Universo-Goiânia

**Professor da Alphaville Flamboyant

***Discentes do curso de Educação Física da Universo-Goiânia

(Brasil)

Samanta Garcia de Souza*

Wesley Urzêda**

Thulio Alves Pinheiro Mendanha***

Willian Dias Machado***

samantagarciaef@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste relato é apresentar a experiência de estágio em uma escola de iniciação esportiva de futebol na cidade de Goiânia, ressaltando a concepção pedagógica utilizada no processo de ensino-aprendizagem desse esporte, bem como conhecer o trabalho realizado pelas escolinhas de futebol, sendo este um ramo de atividade da Educação Física. O presente estudo se constituiu de uma pesquisa do tipo descritiva, onde utilizamos para coleta de dados os relatórios de observação, preenchidos no decorrer das aulas observadas. A partir dos relatórios de observação constatamos a prevalência de idéias de aplicação do condicionamento da coordenação e do controle do comportamento dos jogadores, a apreseentação da técnica e o foco nos resultados, o que caracteriza bem uma concepção pedagógica tecnicista.

          Unitermos: Aulas de futebol. Iniciação. Tecnicismo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O presente estudo objetivou conhecer a concepção pedagógica do trabalho realizado em uma escola de iniciação esportiva de futebol além de verificar em que medida tal concepção é adequada aos objetivos do desenvolvimento da modalidade esportiva em questão.

    Sabe se que as intervenções significativas são de extrema importância para um desenvolvimento amplo dos indivíduos. Assim, a prática pedagógica deve ser fundamentada, crítica, reflexiva e ética para promover uma verdadeira transformação dos mesmos.

    A intenção é observar, conhecer e relatar as aulas deste esporte que é tido como “paixão nacional” e a concepção pedagógica que permeia o processo de ensino-aprendizagem desse esporte tão praticado por meninos e na atualidade por meninas no Brasil como todo, em especial, em um clube de iniciação esportiva da capital goianiense.

2.     Referencial teórico

    O esporte é um dos maiores fenômenos culturais no mundo contemporâneo (BENTO, 2006; PAES, 2006). Dentre vários esportes conhecidos e apreciados pela humanidade, o futebol é indiscutivelmente a paixão dos brasileiros. Meninos e meninas desde cedo já iniciam nesta paixão por influências sócio-econômicas e culturais, sendo então, o esporte mais praticado no Brasil.

    A paixão e prática sistematizada do futebol (entendido como esporte e também como atividade física sistematizada) vêm acompanhadas de um discurso acadêmico de melhoria na saúde e na qualidade de vida dos seus adeptos (NEGRÃO e FORJAZ, 1999).

    Sabe-se que o esporte deve se adaptar à condição técnica, física e psíquica da criança de forma adequada às suas necessidades e de acordo com a sua maturação orgânica funcional.

    O desenvolvimento motor é então um processo seqüencial, contínuo e relacionado também à idade cronológica dos indivíduos. Esse processo resulta em ampliação e progressão de habilidades motoras que evoluem positivamente de movimentos simples e até mesmo desorganizados para habilidades altamente organizadas e complexas. (WILLIRICH, AZEVEDO e FERNANDEZ, 2008).

    Para Gallahue e Ozmum (2003) as faixas etárias representam as possíveis atitudes que as crianças poderão desenvolver conforme sua maturidade. Neste sentido, subentende-se que a idade representa uma estimativa de determinadas características do desenvolvimento do individuo àquela determinada escala de tempo.

    Para alcançar os objetivos propostos em qualquer atividade as estratégias metodológicas bem como a fundamentação metodológica para conduzir o processo ensino-aprendizado é essencial. Neste estudo, a concepção pedagógica utilizada pelo profissional de Educação Física que conduziu o processo foi a abordagem tecnicista. Esta abordagem se fundamenta conforme Darido e Rangel (2005) nos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade. Na Educação Física essa abordagem se ancora em preceitos biológicos sistematizados e difundidos em conhecimentos científicos de áreas como a Fisiologia, a Cinesiologia e o Treinamento Desportivo.

    Segundo Filgueira (2006), a metodologia deve conter uma variação de exercícios a serem ministrados de acordo com o nível de idade do aluno, observando-se à complexidade, intensidade e duração. A iniciação ao futebol é ideal para adquirir habilidades coordenativas motoras básicas. A princípio, o treinamento técnico deve objetivar a aprendizagem de movimentos, e não o gesto técnico específico do futebol.

    Para Scaglia (1996), faz-se muito importante o uso de uma linguagem adequada, onde a comunicação deve ser um de seus pontos relevantes, pois é necessário se utilizar metódos diferntes para as faixas etárias. Contudo, tendo como foco principal o desenvolvimento técnico das habilidades.

    Na aprendizagem para o esporte de rendimento os treinos são sistematicamente técnicos com o objetivo de participar de competições. Devemos, portanto, nos atentar para que este treinamento garanta a variabilidade motora ao invés da especialização precoce (KUNZ, 2003).

    Para tanto os profissionais da Educação Física devem estar atentos para que isso não aconteça, buscando analizar a individualidasde biológica e aadptação de cada aluno para com o esporte.

3.     Metodologia

    Pesquisa é do tipo descritiva, que, conforme Thomas e Nelson (2007) caracteriza-se por ser um estudo de status sendo que o seu valor está baseado na premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio de observação, análise e descrição objetivas e completas.

    Para coleta de dados os relatórios de observação, preenchido no decorrer de cada aula observada.

    As aulas seguiam um padrão específico, com aquecimento, alongamento e a apresentação dos exercícios propostos pelo treinador. Os conteúdos utilizados são técnicos, táticos coordenativos e de preparação física.

4.     Resultados e discussão

    A partir dos relatórios de observação constatamos que prevaleceram as idéias de aplicação do condicionamento e o controle físico e do comportamento dos jogadores, objetivando os resultados, dando uma caracterização pedagógica pouco humanista e mais tecnicista.

    Acontecia a mudança constante do treinador de local de treinamento, como uma estratégia que vem a dificultar a criação de vínculos entre o treinador e os jogadores, não permitindo que os alunos se tornem intimos dos professores mantendo um certo distanciamento pessoal.

    Na concepção pedagógica tecnicista as variações das técnicas de ensino quase inexistem, mas no decorrer da observação podemos identificar mudanças nos trabalhos apresentados pelos profesores, mesmo que o inicio das aulas seguissem o mesmo padrão o decorrer das mesmas podemos verificar mudanças de trabalhos.

    De acordo com Kunz (2003), o esporte de rendimento refere-se a um tipo de esporte que é sistematicamente treinado com o objetivo de participar periodicamente de competições. Desta forma, constatamos que esse também é um dos objetivos do trabalho realizado na presente instituição.

    Percebemos que os alunos já estão condicionados a seguir um ritual de trabalho voltado para o aperfeiçoamento da técnica. Desta forma, a metodologia utilizada nas aulas é basicamente a mesma: repetitiva, mecânica, acrítica e tecnicista.

    Para Scaglia (1996), parece ser função básica das escolinhas proporcionar um processo de ensino-aprendizagem, que venha a possibilitar um aprendizado da modalidade em questão, mas que este aprendizado técnico não tenha um fim em si mesmo. Para ele, devemos entender o aluno como um ser total, humano, um ser sujeito e nunca objeto.

    No que se refere às aulas, o que se pode verificar é que falta muita coisa para melhorar em relação ao tato dos profissionais com os alunos, as variações de táticas e planejamentos são muito escassos, o trabalho fica prejudicado podendo assim acarretar em uma falha ao se tratar de crianças, que por sua vez precisam experimentar todas as formas de os exercícios físicos e suas variações. Para tanto treinadores acabam por se respaldar nas suas experiências práticas de ex-atleta e reproduzindo suas vivências anteriores.

5.     Conclusão

    Sabemos que para ocorrer à aprendizagem motora é fundamental a repetição e para se chegar à automatização é preciso a execução correta dos movimentos, portanto não é possível desconsiderar a utilização de uma abordagem tecnicista quando se trata de treinamento de alguma modalidade esportiva.

    Constatamos também que é possível desenvolver um trabalho em escolinhas de futebol indo além do mero desenvolvimento e aprendizado do gesto técnico da modalidade esportiva, mas contemplar também aspectos mais amplos que contribuam com a formação do ser humano, onde o esporte seja entendido como fator cultural, estimular sentimentos de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade.

    Com isso, pode se vericar que para o desenvolvimento físico e psicológico das crianças como um todo, é preciso diversificar as atividades e modalidasdes esportivas que as mesmas praticam.

Referências bibliográficas

  • BENTO, J. O. Pedagogia do desporte: definições, conceitos e orientações. In: TANI, G.; BENTO, J. O.; PETERSEN, R. D. S. (Org.). Pedagogia do desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 03-97.

  • FILGUEIRA, M. F. Aspectos físicos, técnicos e táticos da iniciação ao futebol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Ano 11 - N° 103 – Dezembro de 2006. http://www.efdeportes.com/efd103/iniciaciao-futebol.htm

  • Fundamentos sócio-filosóficos da educação. Disponível em: http://pedagobioo.blogspot.com/2009/04/tendencias-tecnicistas.html. Acessado em: 30/05/11.

  • GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2003.

  • NEGRÃO, C. E. e FORJAZ, C. L. M. Fisiologia da atividade motora. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.13, p.69-63, 1999.

  • KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí. Ed. Unijuí. 2003.

  • THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S.J. Métodos de pesquisa em atividade física. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

  • SCAGLIA, A. J. Escolinha de futebol: uma questão pedagógica. Motriz - Volume 2, Número 1, Junho/1996.

  • WILLIRICH, A.; AZEVEDO, C. C. F., FERNANDES, J. O. Desenvolvimento Motor n Infância: influência dos fatores de risco e intervenção. Rev. Neurocienc, Porto Alegre, 2008.

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