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Analisar a perspectiva da imagem corporal e da percepção 

corporal em adolescentes praticantes e não praticantes da dança jazz

Análisis de la perspectiva de la imagen corporal y la percepción corporal en adolescentes que practican y no practican danza jazz

Analyzing the perspective of the body image and body perception in adolescents not practicing and practicing jazz dance

 

Curso de Educação Física

Unip/Campinas

(Brasil)

Natália Vichi

pinknaty@hotmail.com

Carlos Aparecido Zamai

cazamai@fef.unicamp.br

 

 

 

 

Resumo

          Descrever sobre Imagem Corporal é entrar em um universo extremamente complexo e repleto de faces no qual as percepções e os movimentos corporais são imprescindíveis para a formação da mesma. A Imagem Corporal é singular para cada indivíduo, uma vez que ela reflete a síntese viva da história e das experiências emocionais de cada ser humano. Este artigo tem por objetivo apresentar as diferenciações existentes entre a imagem e a percepção corporal de adolescentes que praticam a dança jazz em relação á outro grupo de adolescentes que não pratica este estilo de dança. Para o desenvolvimento deste trabalho foi desenvolvido um questionário específico para a coleta de dados e o mesmo foi aplicado nos dois grupos mencionados.

          Unitermos: Imagem Corporal. Percepção Corporal. Adolescência. Dança Jazz.

 

Abstract

          Describe on Body Image is to enter a universe extremely complex and full of faces in which perceptions and body movements are essential for the formation of the same. Body image is unique to each individual, since it reflects the living synthesis of the history and emotional experiences of every human being. This article aims to present the differences between the image and body perception in adolescents practicing jazz dance in relation to other groups of adolescents who did not practice this style of dance. To develop this work was developed a specific questionnaire for data collection and it was applied in the two groups mentioned.

          Keywords: Body Image. Body Awareness. Adolescence. Jazz Dance.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

Imagem Corporal

    Segundo Tavares (2003), a Imagem Corporal é a maneira pela qual nosso corpo aparece para nós mesmo e engloba todas as formas pelas quais uma pessoa experiencia e conceitua seu próprio corpo. Ela está ligada a uma organização cerebral integrada, influenciada por fatores sensoriais, processo de desenvolvimento e aspectos psicodinâmicos.

    O fenômeno da Imagem Corporal foi apontado por Fisher (1990) e voltou a ser destacado por Thompson (1998) que trouxe uma lista de definições sobre Imagem Corporal: como satisfação com o peso, satisfação corporal, percepção do tamanho corporal, satisfação com a aparência, avaliação da aparência, orientação pela aparência, estima corporal, interesse pelo corpo, disforia corporal, esquema corporal, dismorfia corporal, distorção corporal, entre outras.

    A imagem corporal é a representação mental do próprio corpo, o modo como ele é percebido pelo indivíduo (SCHILDER, 1999).

    Para uma eficaz compreensão sobre imagem corporal, é necessário entender, que este termo está vinculado ao significado de imagem e de corpo. A primeira, de acordo com a definição de Cabral e Nick (2001), conceitua-se como o “produto da transposição psíquica da percepção de um objeto externo ou interno”. Podem ser divididas em imagens sensórias (expressões mentais da percepção da realidade exterior) e imagens resultantes da transposição psíquica da percepção de um objeto interno (se baseiam na atividade inconsciente e estão indiretamente relacionadas aos objetos externos). Tavares (2003) ressalta que o corpo é definido segundo os diferentes modos de abordagem, e que o corpo ao qual nos referimos muitas vezes não é o mesmo corpo entendido pelo outro.

    Ao nascermos, somos seres humanos com percepções desintegradas, sendo que a mãe atua como nosso primeiro objeto integrador

    Com o passar dos anos, crescemos e nos conscientizamos para a existência do nosso próprio corpo. Sacs afirma (2010) que cada indivíduo possui suas capacidades de adaptação, de encontrar modos novos ou diferentes de fazer as coisas quando o modo original não é possível. Desta maneira, quanto maior for a noção daquilo que somos e representamos, maior será a nossa facilidade em lidarmos com situações inesperadas e conflituosas.

    Toda mudança reconhecível na vida de um indivíduo, conscientiza-o para a comparação de situações já vivenciadas, realizando assim uma avaliação da nova situação, o que gera uma alteração na sua Imagem Corporal. Dolto (1984) diz que a imagem do corpo é a síntese viva de nossas experiências emocionais, repetitivamente vividas através das sensações erógenas eletivas, arcaicas ou atuais:

    [...] A imagem do corpo é a cada momento, memória inconsciente de todo o vivido relacional e, ao mesmo tempo, ela é atual, viva, em situação dinâmica, simultaneamente narcísica e inter-relacional: camuflável ou atualizável na relação aqui e agora (...) (p.14)

    A Imagem Corporal se apresenta dentro de uma estrutura complexa e subjetiva em constante desenvolvimento, desde o nascimento até a morte, sofrendo modificações que resultam na construção contínua, e reconstrução incessante, resultante do processamento de estímulos. Baseia-se em tendências, intenções e desejos e não somente em experiências, associações e lembranças. A construção da imagem corporal, portanto, é efetivada a partir da síntese de diversos aspectos subjetivos e do reconhecimento das percepções pessoais. Lacan (1949) propõe um corpo simbólico ao situá-lo como resultante de um processo subjetivo gradual.

    A relação entre imagem corporal e movimento é conhecida desde os primeiros estudos sobre este tema, contudo, foi a partir de Schilder que a intensidade desta relação adquiriu perspectivas mais ampliadoras e reflexivas, uma vez que ele introduziu á noção de imagem corporal, aspectos afetivos, sócias, mentais e psicanalíticos. Schilder (1994) declara que o corpo é uma unidade e uma entidade sempre presentes, não sendo um produto de sensações, mas sim coordenado a elas. O autor acredita que temos um "desejo de ultrapassarmos as fronteiras do nosso corpo" e que através dos movimentos das danças e das ginásticas poderíamos fazê-lo,pelo fato dos mesmos modificarem nossas imagens corporais. Durante a construção da imagem corporal, o corpo entra em contato com a realidade externa, e a partir deste momento, partes são aceitas e partes são recusadas. Neste contexto, diversas formas são construídas a partir de experiências do presente e do passado. Tavares (2003), afirma que o movimento e ação são necessários para esse desenvolvimento. A autora ressalta:

    [...] A imagem corporal é representada por processos psíquicos conscientes e inconscientes. O conhecimento do corpo (suas partes, a relação entre suas partes, as percepções) é a base para a ação. Quando esse conhecimento é insuficiente para iniciarmos um movimento, nós nos movemos para aumentarmos o conhecimento do nosso corpo. O conhecimento sem movimento é sempre incompleto. (p.77)

    Descrever sobre o movimento não significa caracterizá-lo generalizadamente como a ação de deslocar-se, mas sim enxergar no mesmo, possibilidades próprias de busca pelo autoconhecimento, auto-imagem e pela auto-estima. É de extrema relevância que as sensações e os movimentos humanos sejam evidenciados e interpretados para que a articulação sobre a imagem corporal seja eficaz. Falar sobre imagem corporal é entender que o aspecto fundamental para a formação da mesma está na construção da identidade pessoal. O sentido desta identidade se concretiza a partir da integração de vivencias de forças externas (incluem condições ambientais, culturais e afetivas) e de forças internas (se refere ao corpo em si).

Percepção Corporal

    Percepção Corporal é um termo auto-explicativo que significa “perceber o próprio corpo”, interpretá-lo, atribui significado a estímulos sensoriais, a partir do histórico de vivências passadas.

    McCabe (2006), diz que a percepção da Imagem Corporal resulta da recepção e integração de uma variedade de informações sensoriais-visuais, táteis e cinestésicas.

    A partir de pesquisas que objetivavam verificar a percepção do corpo, Smeets (1997), pontuou concepções sobre a percepção que embasavam seus estudos: 1) Concepção da imagem visual do indivíduo, o que resulta na memória visual que o mesmo tem de seu tamanho e de suas proporções, ou ainda na interpretação de impressões e sensações. 2) Concepção da avaliação da percepção visual do tamanho do corpo, ou seja o sujeito se percebe exatamente da forma que ele se enxerga no espelho, da maneira que ele realmente acredita ser. 3) Concepção de que a avaliação perceptiva é influenciada pelas atitudes, comprovando assim que a forma de enxergar o corpo também depende de aspectos cognitivos e não somente a capacidade de ver o corpo.Smeets ainda afirma que a insatisfação com o corpo influencia a percepção e vice-versa.

    Na opinião de Cobra (2010):

    [...] A falta da percepção corporal está intimamente ligada ao valor fundamental que a pessoa dá a si mesma. As pessoas têm que passar a existir dentro de suas vidas. Com essa sintonia, estarão atentas às solicitações do corpo físico. Mas com uma baixa auto-estima as pessoas não atendem, pois não gostam de si e preferem voltar à atenção à competitividade do mundo externo. (p.1)

    A percepção corporal está relacionada ao auto-conceito do indivíduo e á razões intrínsecas.A partir da forma pela qual o sujeito se enxerga no espelho, que realiza representações mentais de seu corpo, que age habitualmente é que se terá como resultado a percepção daquilo que se é, da onde se é e como se é para o mundo.

Adolescência

    Segundo a Organização Mundial de Saúde, a adolescência, é um período da vida que se inicia aos dez anos e se finaliza aos dezenove anos (1995).

    De acordo com o psicanalista Urribarri (2003), a adolescência é um período de mudanças e transformações e não de perdas. Sua origem etimológica vem do Latim “ad” (‘para’), juntamente com “olescere” (‘crescer’); sendo assim, ‘adolescência’ significaria strictu sensu, ‘crescer para’

    A adolescência feminina é um período de intensas transformações físicas, psicológicas e sócias, desencadeadas pelo advento da puberdade e da produção de hormônios. (ABERASTURY, 1990). As mudanças ocorridas no corpo das jovens são relevantes, devido ao crescimento de pêlos púbicos, axilares e em membros; crescimento de seios; ganho considerável de peso; mudança nos órgãos internos, incluindo o amadurecimento de ovários e útero e aliada á estas transformações se tem ainda, o aparecimento da menarca (primeira menstruação).Apesar da adolescência e da puberdade acontecerem praticamente ao mesmo tempo na vida das jovens, não se deve confundir o significado de cada uma delas; a primeira se refere as transformações biológicas, psicológicas e sociais, enquanto a segunda se refere aos processos biológicos que resultaram no amadurecimento dos órgãos sexuais.

    De acordo com Campagna e Souza (2005):

    [...] As mudanças corporais que ocorrem com nas garotas nesta fase do desenvolvimento, são consideráveis. Desencadeadas pela produção de hormônios, a partir dos oito ou nove anos, promovem mudanças no tamanho do corpo, nas suas proporções e o desenvolvimento das características primárias e secundárias. O surto de crescimento da puberdade começa um ano ou dois antes que os órgãos sexuais amadureçam, e depois disso, dura de seis meses a um ano. Nas meninas começa entre 8,5 e 11,5, com um pico de rapidez que ocorre em médias aos 12,5, declinando depois disso até parar por volta de 15 e 16 anos. O crescimento em altura segue um padrão regular e geralmente precede o aumento de peso. Em cerca de três anos, até uma no da puberdade, a menina ganha, em média, 17 quilos.

    Diante á estas mudanças que em um momento se apresentam quase que totalmente corporais, mas que, no entanto, assumem vertentes intensas emocionais e sociais, é natural que a visão que a jovem possuí de si, agora adolescente, se altere em relação á imagem que possuía de si enquanto criança. Calligaris (2000, p 25), ressalta: “entre a criança que se foi e o adulto que ainda não chegou, o espelho do adolescente é freqüentemente vazio”. Na adolescência feminina, se percebe uma grande confusão no que diz respeito á percepção corporal e isto reflete em uma conflituosa dificuldade em ter estruturas embasadoras para se definir o próprio “EU”.

    Desta maneira, a imagem corporal das adolescentes, necessita ser reformulada. Segundo Damásio (2000), as imagens são as moedas correntes de nossa mente. A imagem corporal Compreende não só o que é percebido pelos sentidos, mas também as idéias e sentimentos referentes ao próprio corpo, em grande parte inconsciente. (SCHILDER, 1999). Nesta fase da vida, as meninas possuem uma auto-imagem com características negativas, resultado do conflito em validar sua imagem corporal, devido às inúmeras transformações sofridas no corpo, por padrões estéticos desejados e ainda não alcançados e por uma dificuldade em se estabelecer como ser relevante na sociedade.

A Dança Jazz

    A dança é a arte na qual, através do corpo, realiza uma cadência de movimentos, que unidos e ritmados resultam em uma harmonia própria. De acordo com Tavares (2007), a dança pode representar um espaço de humanização pela descoberta e reconhecimento da originalidade dos movimentos de cada ser humano.

    É fato o quanto a dança é motivante, não apenas para aqueles que a praticam, mas também para aqueles que a admiram. A dança é capaz de atingir os mais diferentes perfis de indivíduos, proporcionando grande satisfação e paixão por esta arte. Desde crianças, adultos, idosos, ricos, pobres, portadores de necessidades especiais, todos estes podem ter uma vivencia com a dança e se envolver realmente com ela.

    Este envolvimento, inclusive, é extremamente positivo para o grupo específico das adolescentes, pois, no conturbado e fascinante contexto de transformações e adaptações em que as mesmas estão inseridas, a dança, (arte a qual corpo e mente estão altamente conectados), mas especificamente o estilo jazz, , surge para atuar como veículo de construção da imagem corporal e da percepção corporal em adolescentes. Segundo Rodrigues (1997);

    [....] A fragmentação do corpo freqüentemente é apresentada no bailarino como conseqüência de sua própria formação. A aquisição de habilidades físicas está centrada no seu anseio em dar uma resposta ao modelo que lhe é proposto. Uma auto-imagem é construída pelo bailarino a partir da modelagem física- que é externa a sua própria pessoa- e a cada dia ele a assume como sendo sua, sem questioná-la. O bailarino rejeita o próprio corpo para dar espaço ao o que é idealizado. A insatisfação e o vazio, decorrentes de tal empreendimento, são compensados pela segurança que este caminho oferece, pois a medida que o bailarino obedece ás instruções de comando, direcionados pelo modelo, ele alcança a esperada resposta que aceita socialmente. p(23)

    Esta segurança oferecida pela dança pode ser alcançada com o jazz, pois, este estilo é uma forma de expressão pessoal criada e mantida pelo improviso. Na sua origem a Dança Jazz tem raízes essencialmente populares, nascendo diretamente da cultura negra.

    Nas viagens dos navios negreiros da África para os Estados Unidos, os negros que sobreviviam ás doenças eram obrigados a dançar para manterem a saúde.

    As danças tradicionais dos senhores brancos eram as polcas, as valsas e as quadrilhas, e para ridicularizá-los, os negros os imitavam dançando de acordo com a visão que tinham da cultura européia, e misturando um pouco com suas próprias danças , utilizando instrumentos de sua cultura. Assim surgiu o jazz, resultado de uma mistura da imitação dos ritmos europeus com os costumes naturais dos negros.

    Em 1740, os tambores foram proibidos no sul dos Estados Unidos para evitar revoltas dos negros. Para realizar suas danças, eles foram obrigados a improvisar com outras formas de som, como palmas, sapateados, e o banjo. Novamente, a dança dos negros dava um salto, aproximando-se ainda mais com o jazz que conhecemos atualmente.

    No início deste século, as danças afro-americanas entraram para os salões, e sofreram novas influências: do can-can e do charleston. Posteriormente, essa dança "mista", foi para nos palcos da Broadway, se transformando na conhecida comédia musical que, por sua vez, é o outro nome dado ao jazz.

    Atualmente, existem diversas designações para se denominar numerosas características desta forma de expressão artística: jazz moderno, jazz lírico, musical, jazz dance, street jazz, entre outros. As diferentes técnicas do Jazz tem demonstrado que muitas bases de movimentações foram herdadas do Ballet Clássico e da Dança Moderna. Diversos professores tem divulgado e desenvolvido seus métodos de fundamentação técnica para a formação do bailarino cada vez mais ecléticos. Devido á estas novas influências o Jazz tem sido uma das formas mais importantes da expressão artística.

    Jack Cole, é considerado o criador da dança Jazz, foi um dos primeiros a interagir fundamentos da Dança Moderna e sua técnica de isolamento das partes do corpo. Sua técnica viria a influenciar toda uma geração como Matt Mattox, entre outros.

    O jazz possui características marcantes, como: movimentos amplos, especialmente da parte do tronco, que promovem uma grande mobilidade nas costas, inúmeros saltos e giros, movimentos charmosos com certa sensualidade contida, mas que em contrapartida também possuem a sua delicadeza, base clássica nele existente, personagens que ele permite atuar, o prazer por ele proporcionado, o isolamento, a explosão de energia,o dinamismo, a autenticidade, dos quadris e do ritmo pulsante que dá o balanço certo e a qualidade do movimento.

    Devido ás estas particularidades, as adolescentes praticantes desta arte tornam-se mais seguras, com uma auto-imagem mais confiante e concretizada. Tal fato se reflete em uma imagem corporal e uma percepção corporal diferenciadas em comparação ás adolescentes que estão isentas a esta prática corporal.

    A experiência, a vivência, o experimentar são fundamentais para o desenvolvimento da imagem corporal. Schilder (1994) ainda aponta para a conexão entre as questões musculares e o corpo como um todo. Assim, o movimento influencia a imagem corporal e nos leva de uma mudança da imagem corporal a uma mudança da atitude psíquica.

    [...] A inter-relação entre seqüência muscular e atitude psíquica é tão íntima que só a atitude psíquica se conecta com os estados musculares, como também toda seqüência de tensão e relaxamento provoca uma atitude específica. Uma seqüência motora específica altera a situação interna e as atitudes, provocando até uma situação fantasiada que se adapta á seqüência muscular. (p.32)

    O movimento realizado através do jazz influencia a formação da imagem corporal, pois oferece caminhos a se chegar a um destino que não é estipulado e tampouco estático.

    A proposta deste estudo foi avaliar a perspectiva da imagem corporal e a percepção corporal em adolescentes praticantes ou não praticantes da “dança jazz”.

    Ainda se pretendeu identificar a construção da imagem corporal nas adolescentes, resultado das intensas transformações corporais e emocionais sofridas durante a adolescência feminina; Analisar a influência positiva que o jazz pode proporcionar na imagem corporal das adolescentes que o praticam; Analisar se as adolescentes que praticam o estilo de dança jazz possuem uma imagem corporal e uma percepção corporal diferente daquelas que não o fazem; Avaliar as interferências positivas e negativas da imagem corporal e da percepção corporal em relação a qualidade de vida das praticantes e não praticantes.

Metodologia

    O presente estudo foi realizado de duas formas: a primeira através de pesquisa bibliográfica de autores conceituados que falam com propriedade de aspectos discutidos neste trabalho, como: adolescência feminina, imagem corporal, percepção corporal e a dança jazz.

    Participaram desta pesquisa, jovens que atendam aos seguintes pré-requisitos: meninas que tenham entre dez e dezenove anos período considerado da adolescência, e que não estejam no momento fazendo psicoterapia (é necessário que as jovens não possuam nenhum quadro clínico, para que este não interfira no resultado da pesquisa). Posteriormente, foi aplicado a dois grupos diferentes de adolescentes (o primeiro de praticantes da dança jazz e o segundo de não praticantes da dança jazz) um questionário específico para a coleta de dados que possibilitasse a obtenção de resultados para a conclusão da análise proposta pela pesquisa. Juntamente a este questionário, foram realizadas nestas bailarinas, medidas de indicadores antropométricos como índice de Massa Corporal-IMC, Duarte e Gaya (2007) e Relação Cintura-Quadril-RCQ Lopes e Martins (1999).

    O procedimento se procedeu da seguinte maneira: as adolescentes em questão foram divididas em dois grupos; entre aquelas que praticam o estilo de dança jazz (Grupo I) e aquelas que não praticam a dança jazz (Grupo II). Tanto o Grupo I quanto o Grupo II, foram compostos por quinze integrantes. É relevante salientar que parte destas meninas que fazem aula de jazz são alunas do Clube Atlético Valinhense, da Academia de dança Viva Arte, (ambos de Valinhos), do Centro Cultural de Louveira e do Colégio Novo Anglo de Vinhedo.

    Para ambos os grupos foram aplicados questionários com perguntas sobre a auto-imagem, autoconhecimento e informações pessoais, das pesquisadas. A estrutura do questionário do Grupo I e do Grupo II foi praticamente a mesma, com diferenciações somente nas primeiras questões dos mesmos. A pesquisa foi realizada no próprio ambiente de aula das adolescentes e com o consentimento de seus responsáveis, uma vez que todas elas são menores.

Resultados

    A partir da análise dos percentuais obtidos através das respostas referentes ao questionário aplicado para ambos os grupos, pode-se ressaltar algumas das questões mais relevantes desta pesquisa sendo:

Considerações finais

    Analisando e comparando os resultados de ambos os grupos, se torna nítido que as adolescentes praticantes de jazz não apenas possuem facilidade em se aceitarem como também conseguem lidar com questões diárias com maior segurança e menos estresse se comparadas com as adolescentes não praticantes de jazz. Fato marcante na pesquisa se refere à questão do conhecimento do que é Imagem Corporal.

    Constatou-se que praticamente todas as meninas do Grupo 1 sabiam o significado deste termo,enquanto que menos da metade das meninas do Grupo 2 sabiam o que é Imagem Corporal. Além disso, parte destas meninas do Grupo 2 que afirmaram saber o que é Imagem Corporal não souberam escrever a sua definição.

    Tais aspectos são reflexos de uma percepção da Imagem Corporal consciente e concretizada. Esta realidade comprova que o jazz promove uma consciência do corpo nas bailarinas e proporciona um conhecimento que ultrapassa os fins físicos, e que ganham benefícios psicológicos, emocionais e sociais. É uma conscientização daquilo que se é, de como se é e para o que se é, através de uma percepção de si para o mundo.

    Promover a sensibilização da Imagem Corporal não é algo súbito e imediato; baseia-se em um processo repleto de descobertas e compreensões. Por esta razão, seria de extrema importância que desde a iniciação escolar fosse introduzida como matéria obrigatória na rede de ensino, uma disciplina que possibilitasse a conscientização da Imagem Corporal.

    Iniciar um trabalho de iniciação á dança desde as bases do desenvolvimento do indivíduo certamente seria algo extremamente benéfico em um futuro próximo. A presente pesquisa acredita que esta disciplina poderia vir através da Dança, mas especificamente do jazz, estilo dinâmico, descontraído e enérgico que estimula e motiva á todos que o praticam. Deve-se ser entendido que aqueles que praticam o jazz conseguem se enxergar na sociedade de forma coesa como ser ativo e consciente.

    A maior contribuição deste estudo encontra-se neste fato: cidadãos conscientes daquilo que representam conseguem distinguir melhor valores de si com o próximo e isto sem dúvida é fundamental para se conviver em uma sociedade e permitir que futuramente tenham-se pessoas de bom caráter e de boa índole construindo aspectos positivos para a humanidade. Os resultados desta pesquisa foram encaminhados aos pais das adolescentes, bem como para os coordenadores dos espaços realizados as coletas de dados, para que assim seja possível iniciar uma conscientização sobre as contribuições que o jazz pode proporcionar na vida social, física e emocional das adolescentes.

Referências

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