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O comportamento do equilíbrio em crianças em idade pré-escolar

El comportamiento del equilibrio en niños en edad de preescolar

Pre-schoolar children’s balance behavior

 

*Fisioterapeutas, Santa Maria, RS

**Professoras do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal

de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS

(Brasil)

Vanessa Ceolin Dallasta*

Tiele Hermes*

Leonar Luís Mayer*

Ana Paula Ziegler Vey*

Cleia de Oliveira Rocha**

Melissa Medeiros Braz**

aninhaziegler@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A infância é o período que vai desde o nascimento até aproximadamente o décimo-primeiro ano de vida de uma pessoa. Para que se tenha um bom desenvolvimento, a criança precisa ter um equilíbrio satisfatório. Logo, o objetivo do trabalho foi avaliar o equilíbrio de crianças pré escolares, de quatro anos. Foram utilizados dois testes para avaliar o equilíbrio, o teste de Romberg e a Escala de Equilíbrio e Mobilidade de Tinetti. De acordo com o teste de Tinetti, uma criança do gênero feminino apresentava alto risco de quedas e nenhuma do sexo masculino. Apresentavam moderado risco de quedas três crianças do sexo masculino e uma do sexo feminino, totalizando quatro crianças. Já apresentavam baixo risco de quedas cinco crianças sendo destas três crianças do sexo masculino e duas do sexo feminino. Já no teste de Romberg a população estudada não apresentou deficiência de equilíbrio, sendo 100% das crianças com Romberg ausente. Os resultados obtidos foram que 50% da população estudada apresentou moderado e alto risco de quedas, o que poderá interferir no desenvolvimento motor das crianças.

          Unitermos: Crianças. Equilíbrio. Desenvolvimento motor. Fisioterapia.

 

Abstract

          Childhood is the period from birth until about the eleventh year of life of a person. In order to have a good development, the child must have a satisfactory balance. Therefore, the objective was to assess the balance of pre-school children of four years. We used two tests to assess balance, the Romberg test and Balance Scale and the Tinetti Mobility. According to the test of Tinetti, a female child had a high risk of falls and no males. They had a moderate risk of falls three children were male and one female, a total of four children. Already had a low risk of falls five children including three children were male and two females. In the Romberg test the population studied did not show deficiency balance, 100% of children with absent Romberg. The results were that 50% of the population studied had moderate to high risk of falls, which may interfere with motor development of children.

          Keywords: Children. Balance. Motor development. Physical terapy.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A infância é o período que vai desde o nascimento até aproximadamente o décimo-primeiro ano de vida de uma pessoa. É um período de grande desenvolvimento físico, marcado pelo gradual crescimento da altura e do peso da criança - especialmente nos primeiros três anos de vida e durante a puberdade, mais do que isto, é um período onde o ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo graduais mudanças no comportamento da pessoa e na adquisição das bases de sua personalidade. Umas das idades que mais há descobertas e novidades é a idade pré-escolar, que se dá dos três aos cinco anos de idade (ELIOT, 2000).

    É neste período (média dos quatro anos) que a criança consegue descer escadas alternando os pés, galopar, ficar sobre a ponta dos pés, girar o corpo para acompanhar a bola, cortar em linha reta com tesoura, copiar cruzes, utilizar tripé estável para segurar o lápis (EFFGEN,2007).

    O desenvolvimento motor, segundo Tecklin (2002) e Gesell (1999), inclui mudanças relacionadas à idade tanto na postura quanto no movimento, dois ingredientes básicos do comportamento motor. Por muitos anos, o meio científico atribuiu muitas das mudanças que vemos no comportamento motor a mudanças que ocorrem no sistema nervoso central (SNC). Pensava-se que as mudanças do desenvolvimento nas habilidades motoras refletiam a maturação do SNC. Recentemente, entretanto, os pesquisadores começaram a perceber que o SNC não é a única estrutura que determina as mudanças no desenvolvimento. Mudanças em outros sistemas do corpo, como as do sistema musculoesquelético e cardiorrespiratório, também não influenciam o desenvolvimento motor. Naturalmente o ambiente no qual se vive exerce uma influência muito forte e sistemática no desenvolvimento motor. Por conseguinte, as causas do desenvolvimento motor são muitas.

    O desenvolvimento motor durante a infância leva ao alcance de novas habilidades, mas necessariamente a novos padrões de movimento. Acredita-se que a criança tenha adquirido todos os padrões de movimento fundamentais e que, a partir de então, esteja aprendendo a colocá-los em uso de atividades significativas (TECKLIN, 2002 e GESELL ,1999).

    Para que se tenha um bom desenvolvimento, a criança precisa ter um equilíbrio satisfatório. O equilíbrio consiste na manutenção do centro de gravidade dentro da área da superfície de apoio e se apresenta de três formas: equilíbrio estático (exemplo: ficar parado em determinada posição); equilíbrio dinâmico, que é conseguido no movimento e que depende do dinamismo dos processos nervosos (exemplo: o andar); equilíbrio recuperado, que é a qualidade física que explica a recuperação do equilíbrio numa posição qualquer (exemplo: salto do cavalo, saída da barra fixa, cortada no voleibol). (AZEVEDO e SAMELLI, 2007).

    Teixeira et al (2009) afirmam que a tríade que sustenta o equilíbrio e é composto pelos sistema proprioceptivo, o vestibular e o visual. O equilíbrio é uma das capacidades importantes para a aquisição das habilidades esportivas e também para as atividades da vida diária. Logo, o objetivo do trabalho foi avaliar o equilíbrio de crianças de pré escolares, de quatro anos, que freqüentam o Pré-A de uma Escola Municipal de Ensino Infantil de Santa Maria, RS.

Materiais e métodos

    A pesquisa realizada teve uma abordagem quantitativa e foi de tipo descritiva, que tem por premissa buscar a resolução de problemas melhorando as práticas por meio da observação, análise e descrições objetivas, através de entrevistas com peritos para a padronização de técnicas e validação de conteúdo (CERVO e BERVIAN, 2000).

    A população foi composta por crianças que freqüentam o Pré-A da Escola Municipal de Ensino Infantil Darcy Vargas da cidade de Santa Maria. A amostra foi constituída de dez crianças, sendo seis do gênero masculino e quatro do gênero feminino, todos com quatro anos de idade. Foram excluídas do trabalho crianças com deficiência mental, visual ou auditiva com diagnóstico clínico comprovado. Foram utilizados dois testes para avaliar o equilíbrio, o teste de Romberg (LORD, SHERRINGTON e MENZ, 2001) e a Escala de Equilíbrio e Mobilidade de Tinetti (SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 2003).

    No teste de Romberg (LORD, SHERRINGTON E MENZ, 2001) é solicitado que o indivíduo permaneça em pé em distintas posições, com os olhos abertos e fechados, por um período de 30 segundos. Os sujeitos que apresentarem pequenas oscilações sem queda (chamado de Romberg ausente) têm uma condição de equilíbrio normal, a possibilidade de queda ou queda propriamente dita revelam uma condição de equilíbrio deficitária (Romberg presente).

    As posições utilizadas neste teste foram: 1-Pés separados confortavelmente; 2-Pés juntos; 3-Pés semi calcanhar-dedo; 4-Pés em posição calcanhar-dedo, conforme a figura 1.

    A Escala de Equilíbrio e Mobilidade de Tinetti (SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 2003) consiste em uma escala de 16 tarefas que são avaliadas por meio da observação do examinador. São atribuídos pontos de 0-2 na realização das tarefas totalizando no máximo 28 pontos. O escore abaixo de 19 pontos e entre 19 e 24 pontos representam respectivamente um alto e moderado risco de quedas. Do escore entre 24 e 28 pontos representam um baixo nível de quedas.

    Através deste teste podem ser identificados componentes da mobilidade que estejam afetando as atividades da vida diária; possíveis justificativas para as dificuldades apresentadas em manobras particulares; possíveis intervenções que auxiliem na reabilitação e na prevenção e que podem melhorar a mobilidade do sujeito.

    A coleta de dados foi feita no mês de junho de 2009, no horário de aula em um único dia, individualmente, em uma sala da Escola Municipal de Ensino Infantil Darcy Vargas. As crianças primeiramente foram submetidas à Escala de Equilíbrio e Mobilidade de Tinetti (SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 2003) e logo após ao de teste de Romberg (LORD, SHERRINGTON e MENZ, 2001). Para tratamento dos dados foi realizado o teste t de student com p>0,05 através do programa SPSS versão 12.0.

Resultados e discussão

    A população estudada tem quatro anos, sendo quatro crianças do sexo feminino e seis do sexo masculino. O equilíbrio foi avaliado pelas Escala de Equilíbrio e Mobilidade de Tinetti (SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT,2003) onde o escore abaixo de 19 pontos e entre 19 e 24 pontos representam respectivamente um alto e moderado risco de quedas. Do escore entre 24 e 28 pontos representam um baixo nível de quedas. Os resultados obtidos variam de no mínimo 18 pontos e máximo 26 pontos, com uma média de 23,9.

    O gráfico que analisa o risco de quedas avaliado através do teste de Tinetti 10% da população estudada apresenta alto risco de quedas, 40% risco moderado e 50% apresenta baixo risco de quedas.

Gráfico 1. Risco de quedas avaliado através do teste de Tinetti

    Logo, demonstra que 50% da população estudada apresenta algum risco de quedas, sendo que nesta idade a criança com um desenvolvimento motor normal deveria apresentar baixo risco ou nenhum risco de quedas.

    No estudo de Figueiredo e Iwabe (2007), realizado com crianças de 5 anos, não se observou deficiência de equilíbrio em nenhuma das crianças nos testes realizados.

    Um estudo realizado por Martins, Gardelha e Leite (2009) que tinha por objetivo avaliar o equilíbrio de escolares de 7 a 8 anos constatou que as crianças apresentavam déficit de equilíbrio, sugerindo como causas a falta de encorajamento, oportunidade de prática e instrução adequada, condições estas indispensáveis para o alcance de um bom desenvolvimento motor.

    O gráfico de distribuição do equilíbrio por gênero no teste de Tinetti onde 1 representa alto risco de quedas,2 representa moderado risco de quedas e 3 representa baixo risco de quedas.

Gráfico 2. Distribuição do equilíbrio por gênero no teste de Tinetti

    Da população estudada, uma criança do gênero feminino apresentava alto risco de quedas e nenhuma do sexo masculino. Apresentavam moderado risco de quedas três crianças do sexo masculino e uma do sexo feminino, totalizando quatro crianças. Já apresentavam baixo risco de quedas cinco crianças sendo destas três crianças do sexo masculino e duas do sexo feminino.

    Não houve diferença estatisticamente significativa de equilíbrio entre as crianças do sexo feminino e crianças do sexo masculino, o que não corrobora com os dados de Machado, Rocha e Tudella (2009) que realizaram um estudo avaliando o equilíbrio estático e dinâmico de 10 crianças do gênero masculino e feminino, e observaram que as meninas apresentavam melhor equilíbrio dinâmico, enquanto os meninos apresentavam melhor equilíbrio estático.

    O equilíbrio estático foi avaliado com um segundo teste, chamado teste de Romberg (LORD, SHERRINGTON e MENZ, 2001). Neste a população estudada não apresentou deficiência de equilíbrio, sendo 100% das crianças com Romberg ausente, o que corrobora o estudo de Azevedo e Samelli (2007).

    Na educação psicomotora existem os elementos básicos do desenvolvimento psicomotor, que são: o esquema corporal, a estruturação espaço temporal e a coordenação motora. Dentro do esquema corporal está o equilíbrio postural. O equilíbrio é um estado particular no qual um indivíduo pode manter uma atividade ou gesto, ficar imóvel ou lançar seu corpo no espaço utilizando-se da gravidade ou pelo contrário resistindo-a. A postura equilibrada e econômica é diretamente associada aos exercícios de consciência e controle do próprio corpo. O equilíbrio do corpo é indispensável para qualquer ação de movimento (LE BOULCH, 1982).

    Na escola a criança recebe estímulos para facilitar a aprendizagem, trabalhando a educação na sua globalidade, porque age conjuntamente nos seus diferentes comportamentos: intelectuais, afetivos, sociais, motores e psicomotores. É um meio educativo que utiliza o movimento em todas as suas formas, para promover o desenvolvimento global da criança (LE BOULCH, 1980).

    O papel da escola é de formar alunos capazes de pensar e ter autonomia para tomar decisões. Os pais são fundamentais, se os pais não conseguirem educar os seus filhos, não vai ser o professor que vai conseguir fazer isso. A escola ensina, mas é em casa e no restante do seu dia que a criança vai assimilar o que aprendeu se for “cobrada”, se partir dos pais fazer com que a criança tenha disciplina na sua rotina diária, essa criança vai ter mais respeito e melhor desenvolvimento na escola também, a criança é o espelho da sua família. Os pais têm que colaborar e fazer a sua parte na educação das crianças, estimulando e dando novas oportunidades à criança, para ela se descobrir e ter novas experiências sensoriais e motoras, dessa forma, complementando o trabalho realizado na escola, e assim, tendo um desenvolvimento neuropsicomotor satisfatório e refletindo positivamente na sua qualidade de vida.

    Vários serviços, tais como creches, parques infantis, escola de educação pré--escolar e outras, atendem no país ao pré-escolar. Entretanto, o que se pode concluir é que as instituições, embora persigam os seus objetivos iniciais, não conseguem atender a fração significativa da população pré-escolar, pois que 95% dos pré-escolares nessa faixa etária não recebem nenhum atendimento complementar que assista ao seu desenvolvimento (GANDRA, 1981).

Conclusão

    Como se pode observar o equilíbrio é a base da qual todo movimento controlado emana logo tem influência direta com o desenvolvimento motor das crianças. Este desenvolvimento irá ser estimulado na escola. Os resultados obtidos foram que 50% da população estudada apresentou moderado e alto risco de quedas, o que poderá interferir no desenvolvimento motor das crianças. Assim sugerem-se estudos com maior número de crianças e trabalhos de estimulação motora nas escolas, bem como treinamento específico para professores de pré- escolares.

Referências bibliográficas

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