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Depressão pós-parto: identificando os riscos
para o seu desenvolvimento

La depresión postparto: identificando los riesgos de su desarrollo

 

*Enfermeira graduada pela Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, MG

**Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual

de Montes Claros, UNIMONTES, MG. Mestre em Ciências da Saúde

(Brasil)

Cleonice Barbosa Ribeiro*

Clara de Cássia Versiani**

Romualdo Gonçalves de Sousa**

Luciana Barbosa Pereira**

claraversiani@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A depressão pós-parto é uma patologia que ocorre nas primeiras semanas após o parto com conseqüências negativas não só para a mãe, como também para o bebê e para a família. Objetivo: identificar os fatores comportamentais e psicológicos que possam predispor as puérperas a depressão pós-parto. Métodos: Realizou-se uma Revisão Bibliográfica. Para seleção dos artigos utilizou-se a Base de Dados da BVS (Biblioteca Virtual da Saúde) e Portal CAPS dos quais foram selecionados 10 publicações conforme os critérios de inclusão, por meio dos descritores Depressão and Parto and Fatores de Risco. Resultados: Os resultados demonstraram que em grande parte das culturas e nas diversas áreas geográficas, os fatores de risco para o desencadeamento de um quadro depressivo no pós-parto são semelhantes: perda significativa, estresse, episódio depressivo prévio, gravidez indesejada, dificuldades para lidar com o bebê devido ao temperamento deste ou a doenças, conflito marital, baixo apoio social e dificuldades econômicas. Conclusão: Conclui-se, através deste estudo, que os fatores de risco para depressão no pós-parto são variáveis. Portanto um acompanhamento clínico e psicológico durante a gestação e após o parto poderá diminuir a incidência destes riscos.

          Unitermos: Parto. Depressão. Fatores de risco.

 

Abstract

          Postpartum depression is a disease that occurs in the first weeks after birth with negative consequences not only for the mother, but also for the baby and family. Objective: To identify behavioral and psychological factors that may predispose mothers to postpartum depression. Methods: We conducted a literature review. To select the articles used the Base of the VHL (Virtual Health Library) and CAPS Portal of which 10 publications were selected according to inclusion criteria, by means of descriptors Depression and Childbirth and Factors Risk. Results: Os results showed that in most cultures and in different geographical areas, the risk factors for triggering a depression in the postpartum period are similar: a significant loss, stress, previous depressive episode, unintended pregnancy, difficulties in dealing with the baby due to temperament this or illness, marital conflict, low social support and economic hardship. Conclusion: It is concluded from this study, the risk factors for postpartum depression vary. Therefore a clinical and psychological during pregnancy and after delivery may reduce the incidence of these risks.

          Keywords: Childbirth. Depression. Risk factors.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Na sociedade atual a gravidez, o parto e a criação de uma criança são acontecimentos muitos especiais que envolvem muita felicidade para família principalmente para a mãe (FELIPE, 2009). Entretanto embora seja a gravidez um momento repleto de alegria e expectativas boas pode também estar permeada de sentimentos e emoções decorrentes das várias mudanças físicas, psicológicas e sociais próprias do ciclo gravídico-puerperal.

    Nas quatro primeiras semanas do pós-parto há possibilidade maior de ocorrer vários transtornos do humor. Dentro do período mínimo de duas semanas o quadro depressivo pode se apresentar pela presença de determinados sintomas como diminuição ou perda de interesse nas atividades anteriormente realizadas além de mudança no peso, alteração do apetite, insônia ou sono excessivo, fadiga, agitação ou retardo psicomotor, sentimento de falta de valor ou culpa, falta de concentração e idéias de morte (TANNOUS, 2009).

    Segundo Zanotti e cols (2003) e também Silva e Botti (2005) os sintomas psicossociais como choro, flutuação do humor, irritabilidade, tristeza, ansiedade voltada para o recém-nascido e dificuldade de concentração, podem estar envolvidas em uma esfera de estresse causado pelas grandes transformações puerperais.

    Segundo as estatísticas mundiais os casos de depressão no pós-parto têm afetado cerca de 10% a 15% das mulheres, sendo que grande parte dos sintomas aparecem já no primeiro mês do pós-parto podendo se manifestar até no final da gestação (SOGIMIG, 2003). Myczkowski (2009) completa ainda que embora a depressão pós-parto seja detectada entre a sexta e oitava semana do puerpério, podendo perdurar mais tempo, ela pode ocorrer também nos primeiros dias após o parto sendo confundida com estresse comum neste período ou ainda na gravidez.

    Sabe-se que a depressão pós-parto pode causar repercussões importantes na qualidade de vida da mulher, na dinâmica familiar e na interação mãe-recém-nascido. Diante deste quadro conclui-se que há necessidade de elaboração de estratégias que visem à prevenção, a proteção e o acompanhamento da mãe durante a gestação, durante o parto e no período puerperal com vistas a prevenir e tratar a depressão.

    Assim, a atenção básica à mulher no ciclo gravídico e puerperal compreende medidas de promoção e prevenção da saúde, além de detectar e tratar precocemente as intercorrências que levem a uma evolução desfavorável para a mãe e ou para o feto (TANNOUS, 2009).

    Portanto, este estudo tem como objetivo investigar a depressão pós-parto e seus fatores de risco e, dentro deste, identificar fatores comportamentais e psicológicos apontados na literatura brasileira como predisponentes ao desenvolvimento da depressão pós-parto, possibilitando que medidas e ações de saúde sejam pensadas e repensadas para auxiliar no tratamento da depressão pós-parto e melhorar a assistência e a qualidade de vida da mãe e conseqüentemente do recém-nascido.

Metodologia

    Neste estudo optou-se por fazer uma Revisão Bibliográfica que visa reunir idéias oriundas de diferentes fontes, visando construir uma nova teoria ou uma nova forma de apresentação para um assunto já conhecido (MARCONE e LAKATOS, 2006).

    A questão norteadora deste trabalho foi: quais são os principais fatores de risco para a depressão pós-parto e como eles influenciam o seu surgimento?

    Assim buscou-se por publicações relacionadas à depressão pós-parto indexados na biblioteca virtual da saúde (BVS) e portal CAPS., focando nos seguintes critérios de inclusão: Publicações nacionais, publicadas em português, no período de 2005 a 2010; Refinada pelo assunto: depressão pós-parto e artigos indexados pelos descritores: Depressão pós-parto and fatores e riscos que contemplasse, diretamente, o tema “depressão pós-parto: analisando os riscos para o seu desenvolvimento”.

    No final da pesquisa a amostra foi composta por dez artigos que se enquadraram ao objetivo do estudo.

    A análise ocorreu por meio de uma leitura e releitura criteriosa das publicações encontradas, foi feita uma organização dos dados contemplando o objetivo proposto deste estudo.

Resultado e discussão

    Dentre as 10 publicações encontradas, duas foram no ano de 2010, houve uma publicação no ano de 2009 e sete publicações entre os anos 2005 e 2008.

    Fatores como a incidência de depressão prévia, gravidez não desejada, ausência do progenitor, ou relacionamento conflituoso com o mesmo; gravidez de mulheres com pouca idade; condição socioeconômica, como a falta de emprego ou pobreza absoluta, entre outros são considerados relevantes, e requerem atenção e acompanhamento profissional (FONSECA, SILVA & OTTA, 2010).

    Por vezes, os autores concordam também que fatores de risco como o estilo de vida adotado, a incidência do uso de drogas, ocorrência de problemas no período gravídico, problemas hormonais após o puerpério, inclusive as condições de moradia precárias, poderiam ser considerados aspectos importantes para o desenvolvimento da depressão pós-parto. (CANTILINO et al., 2010).

    A partir dessas constatações, conclui-se que, são muitos os fatores de risco que somatizam e potencializam o índice desencadeador da depressão e outros transtornos mentais relevantes. As condições socioeconômicas da parturiente e a não aceitação da gravidez são os fatores que mais influenciam o aparecimento de depressão no puerpério. A prevalência elevada dos casos de depressão pós-parto encontrada reforça a idéia e a constatação de que este tornou-se um problema de saúde pública, que requer iniciativas urgentes de prevenção e tentativas apropriadas quanto à profilaxia e tratamento adequados.

    A gravidez na adolescência também foi levantada como um fator de risco para a depressão pós-parto, visto que muitas sofrem com o distanciamento da família, com as constantes mudanças que acontecem durante a adolescência e também com os conflitos dentro da família que gera um desequilíbrio emocional as deixando vulnerável ao quadro depressivo (COSTA, PACHECO & FIGUEIREDO, 2006).

    Assim, juntamente com a condição social precária provocada pela baixa renda per capta das famílias que estão inseridas estas adolescentes pode potencializar a probabilidade de surgimento da DPP nesta fase da vida. (BERETTA, FERNANDES, SCHNEIDER & RITTER, 2008).

    O mesmo autor demonstrou que o grau de escolaridade também pode interferir no processo da depressão pós-parto. A falta de escolaridade pode estar associada à falta de expectativa futura de vida profissional, sem enxergar um horizonte ou um norte para a sua vida fica fácil a depressão após o parto se instalar. (BERETTA, FERNANDES, SCHNEIDER & RITTER, 2008)

    A instabilidade da relação ou até mesmo a ausência desta relação que findou depois do processo de parto também consiste num dos fatores de riscos mais propícios a favorecer as condições da depressão pós-parto (CANTILINO et al., 2010).

    Percebe-se que o período da adolescência é o mais propenso ao surgimento da depressão, visto que a mulher cria diversas expectativas sobre ser mãe e estas expectativas são cercadas das melhores condições possíveis, mas quando esta expectativa não é correspondida na efetivação da realidade da gravidez esta pessoa fica vulnerável a contrair a depressão pós-parto. (SARAIVA & COUTINHO, 2008)

    Esta condição é confirmada quando a autora cita que as representações sociais da maternidade culturalmente estão assentadas em todas as condições que levam as pessoas crerem no mito da mãe perfeita. (SARAIVA & COUTINHO, 2008)

    E quando esta corrente de pensamento é cortada ou quebrada a ocorrência da depressão pós-parto fica mais perceptível e mais fácil de concretizar na vida destas pessoas, pois é a partir deste momento que se instala a tristeza de forma profunda que leva a mulher ao comportamento depressivo (BERETTA, FERNANDES, SCHNEIDER & RITTER, 2008).

    Os estudos tem mostrado que o leque de fatores que contribuem para o surgimento do quadro depressivo é variado e possui várias características, incluindo os fatores relacionados às condições sociais, emocionais e as relações interpessoais. A não aceitação da gravidez também é um fator que influencia o aparecimento de depressão no puerpério.

    Como destaca Moraes et al., (2006) a elevada prevalência dos casos de depressão pós-parto reforça a sua condição como problema de saúde pública, necessitando de um olhar diferenciado no que diz respeito às iniciativas de prevenção e tentativas quanto à profilaxia e tratamento adequado para o quadro depressivo. Cabe ressaltar que a proposta de identificar os fatores de risco para a depressão é uma importante ferramenta capaz de direcionar as ações logo que surja o quadro depressivo.

    Apesar de se constituir num grave problema de saúde pública a depressão pós-parto e os fatores de riscos são notórios e fáceis de serem identificados pelos profissionais da área da saúde e também os que lidam com as áreas das ciências sociais (MATTAR et al., 2007).

Considerações finais

    Esta pesquisa acerca da Depressão Pós-Parto buscou a elucidação quanto aos diversos fatores de riscos para contrair esta situação que está tomando dimensões incomensuráveis em todo o país, principalmente se comparado com outras nações. Seu estudo é relevante devido à possibilidade de subsidiar medidas preventivas, que impedindo o agravamento dessa situação na vida das mães recentes.

    Pôde-se constatar que a fase da adolescência é mais atingida para desenvolver sintomas da Depressão Pós-Parto.

    As parturientes com tendência à Depressão Pós-Parto são aquelas que têm dificuldades financeiras consideráveis como, por exemplo, nível de pobreza absoluta ou desemprego, insegurança, gravidez indesejada, problemas com o parceiro ou a falta do mesmo, dependência química, baixa aceitação da família, além da existência de um histórico positivo de transtornos mentais ou Depressão Pós- Parto, com a própria gestante ou um membro da família.

    Portanto, recomenda-se que seja feito um acompanhamento preventivo desde o início do período gestacional. O pré-natal é a primeira medida de suporte psicológico que oferece segurança, apoio e orientação quanto às formas de cuidados do recém-nascido e em relação à mãe. Acompanhamentos com ginecologista, enfermeiro ou psicólogos no sentido de apoiá-la em suas transformações dando suporte para as adequações nesta fase são considerados necessários, para que se previnam os transtornos mentais ou Depressão Pós-Parto.

    Esta pesquisa não tem a pretensão de ser uma obra acabada e definitiva sobre o tema proposto, mas ser uma ponte para novas pesquisas que tenham o interesse de identificar os fatores de risco que levam as mulheres a transformar o comportamento após o parto, assim subsidiando a construção de um conhecimento que proporcione base para a formação de profissionais aptos para o cuidado das puérperas que desenvolvam a DPP.

    Assim, sugere-se que outros trabalhos busquem o aprofundamento do tema que é de grande interesse para a sociedade, haja vista a crescente tendência da depressão pós-parto no país.

Referências

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