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Deficiência Física e a Educação Física. A falta de informação e a relutância dos futuros profissionais em trabalhar com essa área

La Discapacidad Física y la Educación Física. La falta de información y el rechazo de los futuros profesionales a trabajar en esta área

 

*Discentes da graduação em Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Co-Orientador. Graduando em Educação Física Bacharelado pela UCB/RJ

Professor da Rede Body Tech, Pesquisador do Rio em Forma Olímpico da SMEL - RJ

***Orientador. Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB/RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB/RJ

Professor responsável pelo Grupo de Cultura Corporal da UCB/RJ

Subsecretário de esporte e lazer do município Rio de Janeiro SMEL

(Brasil)

Michel Antunes Barrinha Moreira*

Thaya Pereira*

Jéssica Rodrigues Borges*

Héron Salvini Olivares*

Amanda da Silva Lima*

Priscila Mendes da Costa*

Fernando Sant’anna Jorge*

Ryan Tiengo da Silva*

Guilherme Lopes de Souza**

Prof. Sérgio Tavares***

parede@msn.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo tem por objetivo abordar o tema inclusão e exclusão social em relação às pessoas com deficiência. Buscou-se avaliar através do método de pesquisa Ex-post-facto, o nível de interesse dos futuros profissionais de educação física em atuar no mercado de trabalho, tendo como principal contrapartida uma sociedade dividida em classes sociais e que ao longo do tempo, devido à predominância de umas sobre as outras, foi “adestrada” a promover a exclusão. Após palestra realizada em prol do mercado de trabalho que envolve pessoas com deficiência, obtiveram-se resultados significativos sobre as preferências dos alunos em relação a esse mercado de trabalho, porém, para obter-se um nível minimamente aceitável de conscientização para que haja inclusão social de PCD’s, depende-se de muitos fatores.

          Unitermos: Inclusão. Exclusão. Deficientes. Educação Física.

 

Abstract

          The purpose of this paper is to address the subject inclusion and social exclusion in relation to people with disabilities. We sought to assess through the research method Ex-post-facto, the level of interest of the future physical education professionals in the job market, having as main counterpart a society divided into social classes and that over time, due to the predominance of one over the other, was "adestrada" to promote the exclusion. After lecture held in favor of the labor market that involves people with disabilities, significant results have been obtained on the preferences of the students in relation to this labor market, however, to obtain a level minimally acceptable awareness that there is social inclusion of PCD's, is dependent on many factors.

          Keywords: Inclusion. Exclusion. Disabled. Education Physics.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A exclusão social de pessoas com deficiência (PCD's) é um assunto delicado, e em contrapartida, de suma relevância, tendo em vista que as discussões acerca do tema perduram até os dias de hoje. De fato, havia certo desleixo por parte do poder público, devido à ausência de políticas púbicas voltadas para este segmento. Apenas a partir da dec. de 80 cria-se uma política mais direcionada às PCD. Somente com a influência da declaração de Educação para todos (Brasil. UNICEF, 1990) e da declaração de Salamanca (Brasil. Ministério da justiça, 1994), passa-se a pensar na Educação inclusiva. Vale a pena ressaltar, também, que em 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz em seu Artigo primeiro, a seguinte afirmativa: “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e em direitos” (ONU, 1948). Porém, atualmente, o liberalismo econômico que é presente na sociedade, vai contra essa idéia, causando um abismo social e degradando o conceito de democracia.

    A lógica democrática de constituir o povo e inscrever direitos e igualdades na prática é necessário para subverter a tendência na direção ao universalismo abstrato inerente ao discurso liberal. Mas a articulação com a lógica liberal pode nos permitir desafiar constantemente através da referência à 'humanidade' e do uso polêmico de direitos humanos as formas de exclusão que são necessariamente inscritas na prática política de instalar estes direitos e definir 'o povo' o qual irá regular. (Mouffe, 2000, p. 44).

    Muitas situações são descritas como de exclusão, que representam as mais variadas formas e sentidos advindos da relação inclusão/exclusão. Sob esse rótulo estão contidos inúmeros processos e categorias, uma série de manifestações que aparecem como fraturas e rupturas do vínculo social (pessoas idosas, deficientes, desadaptados sociais; minorias étnicas ou de cor; desempregados de longa duração, jovens impossibilitados de aceder ao mercado de trabalho; etc.). A reflexão de Julien Freund, no Prefácio da obra de Martine Xiberras (1993), denota uma certa saturação da utilização indiscriminada dessa Noção. (As Artimanhas da Exclusão, Bader Sawaia, 2001, p. 17).

    Quando se fala de inclusão social de PCD’s, vale lembrar que inúmeras foram as discussões até que se chegasse ao foco principal. Desde a antiguidade clássica até a contemporaneidade fez-se necessário recriar políticas educacionais que visavam à integração em vez da inclusão de pessoas com necessidades especiais. Entretanto, a implementação de políticas educacionais inclusivas não foi suficientemente eficaz, já que implicava na mudança de toda infraestrutura da escola e no comportamento de uma sociedade que culturalmente foi “adestrada” a promover a exclusão. Apenas a partir da década de 90 consolida-se a proposta de Educação inclusiva, que deixa de ser a inserção física em si e é entendida como:

    (...) a inserção escolar de pessoas com deficiência no nível pré-escolar, infantil, fundamental, médio e superior. Esse paradigma é o da inclusão social as escolas (tanto comuns como especial) precisam ser reestruturadas para acolherem todo espectro da diversidade humana representado pelo alunado em potencial, ou seja, pessoas com deficiências físicas, mentais, sensoriais ou múltiplas e com qualquer grau de severidade dessas deficiências e pessoas com outras características atípicas, etc. É o sistema educacional adaptando-se às necessidades de seus alunos (escolas inclusivas), mais do que os alunos adaptando-se ao sistema educacional (escolas integradas). (Sassaki, 1998, p. 9 apud Santos J.B.)

    Portanto, se vimos anteriormente que a educação está envolvida nesse contexto de exclusão, o profissional de educação física não pode ser indiferente, pois sua profissão está diretamente ligada à essa área, como afirma a resolução do CONFEF nº (046/2002): “Art. 1º - O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações - ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais -, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para consecução da autonomia, da auto-estima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo.”

    Com base nas referências teóricas, e considerando todos os aspectos apontados anteriormente, identificamos que é de suma importância a inclusão dos PCD’s na sociedade e na escola, principalmente na atuação do profissional de Educação Física. Porém esse assunto não é tão debatido, e sabendo de sua relevância, por que o não interesse dos futuros profissionais em trabalhar com essa área?

    Sendo assim, tem-se por objetivo neste estudo, investigar o interesse dos futuros profissionais de Educação Física em atuarem nas áreas que englobem as pessoas com deficiência (partindo do pressuposto, ressaltado ao final do texto, que não há o interesse pela área).

Metodologia

    A pesquisa é de caráter experimental com delineamento Ex-post-facto que segundo Pedron (2003): é definida como um experimento que se realiza depois dos fatos acontecidos espontaneamente, e por isso não se tem controle sobre as variáveis. Neste modo de pesquisa são tomados como experimento, situações que se desenvolveram naturalmente, espontaneamente, e trabalha-se sobre como se estivessem submetidas a controles. Ela é usada nas ciências sociais e na história.

    Foi elaborado um questionário baseado no artigo I da resolução do Conselho Federal de Educação Física nº 046/2002, com opções de possíveis áreas no mercado de trabalho para um profissional de educação física, onde o avaliado deveria enumerar de acordo com a área de maior interesse profissional. Foram respondidos 60 questionários com estudantes do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco que é situada no bairro de Realengo na Avenida de Santa Cruz, nº: 163, Rio de Janeiro. No dia 12 de novembro de 2012 ás 11:30h foi realizada a intervenção com uma palestra, com o intuito de causar uma reflexão sobre o mercado de trabalho com PCD’s, ao final desta intervenção foi devolvido o mesmo questionário para assim analisar se houve alterações.

    Antes do evento de intervenção foram entregues 60 questionários, porém apenas 29 dos entrevistados participaram efetivamente do evento e tiveram a oportunidade de modificar o questionário respondendo-o novamente após a palestra, sendo assim 31 entrevistados foram desconsiderados. Após analisar os questionários, foram feitos gráficos onde foram considerados somente os 29 presentes que participaram efetivamente do evento, visando saber se houveram mudanças de interesse entre os participantes. A partir dos gráficos foi feito um ranking elaborado da seguinte forma: cada vez que a área foi escolhida como primeira opção era atribuída a ela cinco pontos, como segunda opção quatro, terceira opção três, quarta opção dois, quinta e última opção um ponto.

    Foi feito o Teste t de Student em cima dos dados obtidos antes e depois do evento, na área de atuação com PCD’s, cujo resultado foi 0,0555, ou seja, p≤0,05. Com o resultado obtido, conclui-se que houve mudanças significativas.

Resultados e discussões

    Após analisar os questionários, foram feitos gráficos que mostram o percentual de preferência entre as principais áreas de trabalho do profissional de educação física. Anteriormente ao evento, o primeiro colocado no ranking foi a área de Desportos, o último colocado foi a área de Relaxamento Corporal e PCD’s ficou com a sétima colocação. Posteriormente ao evento o primeiro colocado mudou para área Escolar, Relaxamento Corporal permaneceu em último lugar e PCD’s passou da sétima colocação para a quarta colocação.

    Com base nos resultados adquiridos, foi possível diagnosticar que algumas áreas mencionadas no artigo passaram a ser vistas de uma perspectiva diferente. No que diz respeito às áreas de atuação houve uma mudança significativa, pois, após a intervenção, a área de PCD’s que estava em sétimo lugar passou a ocupar o quarto lugar, fazendo com que a área escolar que está correlacionada à área de PCD’s também subisse no ranking, deixando de ocupar o terceiro lugar e passando a assumir o primeiro lugar.

Conclusão

    Concluiu-se que para atingir a plenitude da inclusão social, depende-se de uma série de fatores, dentre os quais é elucidativo citar a visão excludente da sociedade, a capacitação e valorização profissional e a acessibilidade. Vale ressaltar que ao serem abordados, alguns alunos não sabiam o que significa PCD’s, o que demonstra que a falta de informações é um dos fatores que contribuem para gerar o desinteresse pela área.

    Portanto, visando mudar a perspectiva do mercado de trabalho, a intervenção foi de suma relevância para expandir os horizontes dos alunos e conscientizá-los em relação à importância que é promover a inclusão.

Referencias bibliográficas

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